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Fases da Execução

Quais as fases da execução no atual código de processo civil, e se possivél, identificar as alterações feitas pelo NCPC.

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Letícia Neves

"Temos, no CPC/15, a execução tratada em dois livros (Livro I e Livro II, na parte especial).

No Brasil, a execução se desenvolve de formas diferenciadas. Nós podemos identificar execução – atividade executiva quer diante de um título judicial, quer diante de um título extrajudicial. As formas executivas são, assim, diferenciadas, havendo procedimentos diversos conforme a natureza do título e conforme a natureza da obrigação.

Então, se eu estiver diante, por exemplo, de uma sentença condenatória, que é um título executivo judicial, o caminho, o procedimento a ser seguido é um, que é o chamado cumprimento de sentença. Se, no entanto, eu estiver diante de um título extrajudicial, a forma executiva é outra (o processo de execução). Se eu estiver diante de uma obrigação de fazer posta num título judicial, o caminho é um, se eu estiver diante de uma obrigação de fazer posta num título extrajudicial, o caminho é outro etc.

Logo, não temos uma única forma executiva, mas várias formas executivas, vários procedimentos de execução que variam conforme a natureza do título e que variam conforme a natureza da obrigação.

Assim, o legislador, no sumário do CPC/15, destina dois Livros. O Livro I é destinado ao chamado cumprimento de sentença, que é uma forma executiva diante de título judicial, e destina o Livro II ao processo de execução, que é, na verdade, uma forma executiva diante de títulos extrajudiciais.

Por que o legislador reúne, no CPC/15, o cumprimento de sentença com o processo de conhecimento? Porque o cumprimento de sentença é uma fase do processo de conhecimento, que é sincrético.

Em 2005, foi implementada uma lei chamada Lei da Execução (Lei nº 11.232. Nós tínhamos, até 2005, um modelo de tutelas que foi alterado por essa lei.

No modelo anterior à lei, o autor ingressava em juízo, apresentava sua pretensão perante o Poder Judiciário por meio de uma petição inicial e instaurava o chamado processo de conhecimento, sobre o qual era proferida, pelo juiz, uma sentença3. Se esta fosse condenatória e o réu se negasse a cumpri-la, a única solução apresentada pelo sistema era a propositura de uma outra demanda pelo credor, ou seja, um outro processo: o processo de execução. Assim, teria que ser peticionada uma nova inicial, ser feita uma nova citação, aberto um novo contraditório e proferida uma nova sentença. Ocorre que se essa sentença, proferida ao final do processo de conhecimento, não fosse líquida, ela deveria ser liquidada antes do processo de execução. Essa liquidação era feita mediante um outro processo, que ensejava, obviamente, o seguimento de todos as formalidades (da inicial até a sentença) anteriores.

Cada uma dessas sentenças (do processo de conhecimento, do processo de liquidação e do processo de execução) fazia coisa julgada e se houvesse vício de rescisória, todas elas ensejavam o cabimento de rescisória.

Obviamente, esse modelo não era efetivo, gerando uma crise de insuficiência da tutela condenatória. Ou seja, a sentença condenatória não bastava para a satisfação do direito material, pois se o devedor se negasse a cumpri-la, era necessário que o credor fizesse nova demanda.

O modelo, então, foi alterado em 2005 e vigorará, também, no NCPC. Nele, quem se sentir lesado ou ameaçado de lesão bate, uma única vez, às portas do terceiro. Segundo a mais tradicional classificação, qual seja, a classificação trinaria, segundo a qual a sentença se classifica de acordo com a natureza da ação, podendo ser meramente declaratória, constitutiva ou desconstitutiva, sentenças auto exequíveis, e condenatórias.

O Judiciário assegura uma primeira fase de conhecimento (fase cognitiva), a prolação de uma sentença e, na própria relação processual, caso a sentença não seja cumprida, nós temos a fase de cumprimento de sentença (execução). Assim, uma única provocação inicial assegura ao autor, que presume-se credor, uma primeira fase de acertamento material, a fase de conhecimento, e uma segunda fase, chamada fase de cumprimento de sentença ou fase de execução, na mesma relação processual. Se essa sentença for ilíquida, fruto de um pedido genérico, nós temos uma fase de liquidação intercalada.

Logo, em 2005, pela Lei da Execução, o legislador transformou aqueles processos autônomos compartimentalizados, distintos, em uma única relação processual, em um único processo de natureza de processo de conhecimento, que contem uma fase cognitiva, uma fase de cumprimento de sentença e uma fase de liquidação intercalada. Houve, assim, uma simplificação procedimental, não havendo, em nenhuma dessas fases, autonomia processual, sendo elas parte de um processo.

No entanto, as fases de execução e de liquidação não se iniciam de ofício, em respeito ao princípio dispositivo e à iniciativa da parte. O CPC/15 é expresso nesse sentido ao dispor que, qualquer que seja a execução, ela depende de requerimento do credor.

Esse modelo que foi substituído era pautado em Liebman, foi conceituado por ele. Dá-se a ele o nome de modelo dicotômico de tutelas. O novo modelo recebe o nome de modelo sincrético de tutelas.

De forma sucinta, o legislador da Lei de Execução desestruturou o processo autônomo de execução fundado em título judicial, e o legislador do NCPCdesestruturou o processo cautelar, que subsiste como medidas acautelatórias".

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