VITOR VENDEU 100 CABEÇAS DE GADO PARA MANUELA. AO RECEBÁ-LAS, MANUELA FOI MULTADA PELO INEMA COM BASE NO SEGUINTE HISTÓRICO: "AQUELE QUE SE BENEAFICIA QUANDO OUTROS FAZEM, TAMBÉM PARTICIPAM DO NEXO DE CAUSALIDADE DO DANO AMBIENTAL, MOTIVO PELO QUAL RESTA CARACTERIZADA A RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA INFRACIONAL".
PROMOVA A DEFESA DE MANUELA.
QUAL DEFESA É CABÍVEL?
A responsabilidade administrativa nos termos em que apresentada encontra fundamento no art. 2º da Lei 9.605/1998.
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
Sobre o tema, Fabiano Melo aduz:
“(...) Édis Milaré defende um sistema híbrido entre a responsabilidade civil objetiva e a responsabilidade penal ambiental, uma vez que, de um lado, a responsabilidade administrativa prescinde da culpa (conforme o art. 70, Lei nº 9.605/1998), e, de outro, não dispensa a ilicitude da conduta para que seja infracional, além de ser caracterizada pela pessoalidade (uma vez que de natureza repressiva).
Em que pesem essas leituras, o STJ adentrou na questão em julgado em que se discutia o ajuizamento de execução fiscal para cobrança de multa administrativa de outrem que não cometeu o ilícito administrativo (no caso, o pai cometeu a infração e o filho estava sendo demandado). A propósito:
(…)
7. A questão, portanto, não se cinge ao plano da responsabilidade civil, mas da responsabilidade administrativa por dano ambiental.
8. Pelo princípio da intranscendência das penas (art. 5º, inc. XLV, CR/1988), aplicável não só ao âmbito penal, mas também a todo o Direito Sancionador, não é possível ajuizar execução fiscal em face do recorrente para cobrar multa aplicada em face de condutas imputáveis a seu pai.
9. Isso porque a aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano (REsp nº 1251697/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17.04.2012).” (Direito Ambiental. 2ªed. e-book. Pg. 464)
Diante do exposto, Vitor pode alegar que a responsabilidade administrativa deve observar a teoria da culpabilidade, de modo que, se não concorreu direta e pessoalmente para o dano, não pode ser penalizado.
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