Reduzir a maioridade Penal é dar uma resposta rasa à um profundo problema. Eu explico:
O Direito Penal foi pensado para proteger os bens jurídicos mais importantes (Vida, integridade física, etc.). Penalizar deve ser a última medida tomada como forma de sanar algum grave desvido e na maioria das vezes esta medida falha na tal correção. Quer saber o motivo da falha?
Em tese o condenado deve pagar apenas com sua liberdade, mas na prática, o indivíduo acaba pagando com sua saúde física e mental. No Brasil, o sistema carcerário há não muito tempo já foi avaliado como um dos piores do mundo em relação à higiene e estrutura. Todos nós estudantes de Direito já ouvimos - Ou deveriamos ter ouvido - Sobre os surtos de piolho, sarna e outras pragas em presídios brasileiros. Colocar "pré-adultos" em situações como essas é o mesmo que criar uma fábrica de monstros revoltados, muitas vezes sem motivos conscientes, e prontos para penalizar o mundo, reproduzindo o que a sociedade lhes ensinou.
Para finalizar meu breve artigo, deixo um argumento fatal: As penas nunca impediram alguém de cometer crime. Gerivaldo Neiva diz que:
"(...) Na verdade, cometemos crimes pelas mesmas razões que não os cometemos: o decisivo são sempre as motivações humanas, que mudam permanentemente, as quais podem ter, inclusive, como a história - de ontem e de hoje - o demonstram fartamente, os mais nobres pretextos: a pátria, o amor, a honra, a lei, a justiça, a religião, Deus etc.
Sendo assim, continua professor Paulo Queiroz, as leis se tornam meros instrumentos retóricos e demagógicos para criar uma impressão (falsa impressão), de segurança, criando no imaginário social a ilusão de que os problemas foram ou estão sendo resolvidos, até porque de nada valem se não existirem mecanismos reais de efetivação. Assim, “ninguém deixa de matar, estuprar, furtar, etc. Porque existem leis que incriminam tais comportamentos; afinal, as pessoas cometem ou deixam de cometer crimes porque tem ou não motivação para tanto”, conclui o professor."
Cabe a nós darmos motivos para as crianças cuidarem do coletivo ao invés de punir com pedras o adulto que não cuidou.
"Eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos."
- Pitágoras
Dependendo de onde a discussão parar eu falo mais sobre o tema.
Abraços!
A redução da maioridade penal, sob o ponto de vista meramente formal, é inconstitucional, porquanto viola flagrantemente direitos e garantias individuais sob interpretação extensiva do artigo 5º da Carta Magna. Do ponto de vista material, a questão da criminalidade juvenil é reflexo e consequência da ineficiência estatal da aplicação de políticas públicas de educação, empregabilidade, saúde e segurança. Pesquisas mostram que mais da metade dos jovens infratores abandonaram a escola; uma grande parte deles já desenvolveu distúrbios mentais considerados graves pelos especialistas; a grande maioria não possui vínculos familiares solidificados. Em outra esfera, a quantidade de crimes cometidos com violência ou grave ameaça pelos jovens é pequena parte da fração total. Destarte, a imprensa em seu fulgor midiático, eleva a proporções catástróficas crimes hediondos cometidos por jovens, criando um estado de medo generalizado e sentimentos revanchistas. A redução da maioridade penal é um grande erro e representa mais uma medida daquelas que tentam corrigir graves problemas de Estado a partir de medidas paliativas de governo.
Em países com estrutura social sedimentada a redução da maioridade penal pra
16 anos funciona. Mas para países emergentes como o Brasil, cujo sistema Common
Law demonstra precariedade e os aparelhos estatais não suportam a demanda de
conflitos e sempre está em antagonismo isso é perigoso referente a
maioridade penal não encontram respaldo legal, isso porque é país ancorado na
democracia. Então para tomar esse posicionamento, os representantes devem consultar
os representados por referendo.
O que se nota é que pretendem dar a maioria penal respaldo legal para aplicação
de coerção a depender da infração, mas não há cogitação de formas de ressocialização.
Jurisprudências inglesas presumem que o menor seja capaz de compreender o valor da
vida humana somente a partir dos 14 anos de idade e, no Brasil se entende que aos 18
anos, por força do sistema Civil Law que presume a incapacidade intelectual antes dessa
Fora o sistema jurídico, o que influencia a maioridade penal são condições
sociais as quais no Brasil são marcadas por desestruturação e precariedade da educação
escolar, diferenças socais gritantes, discriminação racial e social; o que é oposto na
Inglaterra que, além de garantias e sensibilização do indivíduo sobre o que é respeito e
tolerância com o próximo, o sistema jurídico garante atendimento ao delituoso; no
Brasil, não há suporte estatal assegurando eficácia ou mesmo pretensão da
ressocialização do infrator.
Então a discrepância do direito no Brasil está na aplicação das sanções aos
infratores. A eficácia da adoção da maioridade penal para 16 anos pode surtir efeito se
houver presença do Estado em se preocupar com a ressocialização do delituoso e
acompanhar seus familiares também nesse processo de reinserção social. Punir só serve
de alerta e talvez diminuísse a participação dos adolescentes em ações criminosas.
Mesmo com todos os problemas elencados, discordo e acho desnecessária a redução da
maioridade penal para 16 anos no Brasil. O país precisa de políticas públicas e não de
punição aos adolescentes. Por ser um país multicultural deixa a desejar quando
marginaliza os jovens.
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