Para responder esta questão vamos precisar de entender um pouco da doutrina empirista de Hume, o papel que a justiça ocupa dentro deste pensamento e, por fim, entender qual seu papel. Hume é um filósofo empirista e isto quer dizer que ele acredita que todo nosso conhecimento provém de experiências sensíveis. Neste sentido, a justiça não é um valor real para Hume, mas artificial. Para ele não existe a justiça, mas ações justas que formam um senso de justiça na mente de cada um dos indivíduos. Deste modo, o que é justo não existe sempre do mesmo jeito, é algo subjetivo, e assim, tem suas características ligadas às experiências de cada um. Quando pensamos em um contexto de muita fartura ou escassez, a justiça perde este valor abstrato, de uma justiça única, porque depende inteiramente do que é importante e útil naquela situação. Quando não estamos num meio termo, o que indica o que é justo ou injusto são os valores de cada ação ou experiência. Numa situação de escassez, por exemplo, a justiça não faz sentido porque é muito mais importante sobreviver, ou seja, comendo e se preservando, do que ser justo. Em um cenário de fartura, com todas as pessoas possuindo tudo o que elas quisessem, mais uma vez a justiça não seria necessária, pois todos teriam tudo. Portanto, só podemos falar de justiça, na visão de Hume, quando é necessário regrar a sociedade, fazendo com que ela seja mais adequada para se viver. Neste sentido, a justiça está intimamente ligada a utilidade social, ou seja, uma sociedade precisa de justiça para se manter.
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