A passagem do Estado absolutista para o Estado liberal abriga o surgimento da proporcionalidade. O primeiro modelo, com o poder concentrado nas mãos do monarca, já não conseguia dar as respostas esperadas aos apelos da população e as liberdades individuais ficavam a serviço dos interesses da Administração. A proporcionalidade surge então como meio de coibir os desmandos, delimitando os mecanismos que poderiam ser empregados para obter as finalidades perseguidas. Se antes a lei garantia a totalidade do poder do monarca, agora ela serve de freio aos seus atos. No Brasil, a Constituição de 1988 estabeleceu um pacote de direitos essenciais à manutenção do Estado Democrático de Direito, da dignidade da pessoa humana, das liberdades e garantias individuais, dentre outros pressupostos erigidos à condição de direitos fundamentais. o princípio da proporcionalidade representa um avanço, até mesmo no que se refere ao controle de constitucionalidade e na defesa dos tão arduamente conquistados direitos e garantias fundamentais, bem assim, na solução de eventuais conflitos entre princípios.
Segundo Daniel Sarmento e Claudio Pereira de Souza Neto (2014): "um ato estatal qualquer só será considerado compatível com o princípio da proporcionalidade se satisfizer, simultaneamente aos três subprincípios: primeiro, verifica-se se a medida satisfaz o subprincípio da adequação; se a resposta for positiva, passa-se ao subprincípio da necessidade; se, mais uma vez, o resultado for favorável à validade do ato, recorre-se ao subprincípio da proporcionalidade em sentido estrito."
Assim, deve-se observar se o ato, administrativo, legislativo ou jurisdicional, é compatível com o princípio da proporcionalidade, sob pena de ser considerado inconstitucional, posto que o princípio é trazido pela CRFB/88.
Quanto a essas etapas, é preciso verificar se o ato é adequado a conseguir o fim a que se destina (adequação), se não existe outro meio menos oneroso (necessidade) e se existe a proporção entre o cerceamento de um direito para consecução do direito contraposto, buscando sempre, na medida do possível, a maior efetividade de um, com preservação do outro.
A análise, como se depreende, deve ser feita no caso concreto, sempre observando as três etapas, na ordem exposta acima.
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