Analise a crítica abaixo e considere as assertivas a seguir:
“Quando não concorda com os pressupostos de uma pergunta, uma de suas estratégias recorrentes é desqualificá-la como algo procedente de um campo político que ele considera ilegítimo em si mesmo: para ele, é suficiente enquadrar uma questão como ‘esquerdismo’, ‘direitos humanos’ ou ‘ideologia de gênero’ para não tomá-la a sério. Esse ponto é importante: se, antes de ser ungido como justiceiro dos homens bons, bolsonaro recusava-se a debater com a ‘pauta da esquerda’ porque seu posicionamento ideológico era de confrontação total e irreconciliável com esse campo (como, aliás, o da esquerda em relação a ele), agora essa recusa implica a deslegitimação da esquerda como interlocutora política em qualquer sentido. Isto tem sido fortemente incorporado ao discurso dos jovens que se politizam à direita”. (VALADARES, Alexandre. Análise dos discursos de Jair Bolsonaro, 2017. Disponível em: <https://goo.gl/XxkYvt>)
I. A questão da “ideologia de gênero” pode ser tomada como um termo guarda-chuva, uma abstração categórica que serve para agrupar os dizeres que contrariam a ordem sustentada pela moral conservadora no que diz respeito à manutenção da instituição da família. Incialmente foi tomada como propagadora de uma espécie de “catequização” operada pela parcela gay população, que teria intenção de “doutrinar” as crianças para que “virassem homossexuais”. Além de infundada, a designação é confusa em vários aspectos. Pode ser equiparada à lenda dos comunistas que comiam criancinhas, difundida durante a Segunda Guerra Mundial. No texto, o apontamento faz referência às questões problemáticas que deixam de ser discutidas por Bolsonaro. Não por coincidência, está em paralelo com “esquerdismo”, já que a memória cristalizada daquilo que tange à normatização congrega todos os pressupostos e pautas de inspiração “esquerdista”.
II. Na passagem “uma de suas estratégias recorrentes é desqualificá-la como algo procedente de um campo político que ele considera ilegítimo em si mesmo” está ilustrada uma das falácias mais comuns em discursos políticos, já que cria a sensação de verdade no interior da sequência sem, necessariamente, averiguar os fatos trazidos nos argumentos. Aplica-se, assim, um non sequitur, ou “não se segue”, mecanismo que opera com a afirmação do consequente e negação do antecedente, de maneira a gerar inconsistências entre duas instâncias: A e B, por exemplo.
III. Pelo menos duas figuras de linguagem manifestam-se na passagem “Esse ponto é importante: se, antes de ser ungido como justiceiro dos homens bons”, quais sejam: a hipérbole, que se revela no exagero em dizer que o político foi “ungido”, ato que consiste, de acordo com o Antigo Testamento, no derramamento de azeite sobre a cabeça de alguém na intenção de consagrá-la; e a ironia, manifestada pela arquitetura do título “justiceiro dos homens bons”, sentido oposto àquele trazido à tona pela concatenação dos argumentos utilizados no excerto.
IV. O excerto pode ser considerado como representante do tipo textual dissertação de cunho argumentativo, já que se utiliza da exposição de argumentos para a defesa de um ponto de vista. Pressupõe um exame crítico do assunto, baseado na lógica, com objetividade na exposição. Na mesma medida, se caracterizado o gênero textual desta sequência, pela sua função comunicativa, teríamos um exemplo de artigo de opinião.
Estão incorretas as sequências:
a.
I e II
b.
I e IV
c.
III, II e I
d.
IV apenas.
e.
II apenas.
RD Resoluções
Há mais de um mês
Ana Carla Lima
Há mais de um mês
Apenas a II é a resposta certa .
Logo a letra e) II apenas