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Qual o procedimento cabível para reexaminar processo criminal cuja sentença já tenha transitado em julgado?

💡 3 Respostas

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Cleyton Hettwer

O procedimento cabível é a Revisão Criminal conforme previsto no artigo 621 do CPP.

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João Carlos Stogmuller

A revisão criminal está erroneamente posicionada na estrutura do Código de Processo Penal, visto que se encontra no título referente aos recursos em geral (Título II). Todavia, como já foi visto neste trabalho, tal colocação não torna a revisão criminal um recurso, é, diversamente, uma ação de impugnação autônoma e, como tal, não se sujeita aos requisitos de todo e qualquer recurso e, tampouco, exige uma decisão não transitada em julgado, porquanto pode atacar, até mesmo, uma decisão acobertada pela coisa julgada formal e material. (LOPES JÚNIOR, 2011, p. 613).

Conforme esclarece o doutrinador Fernando da Costa Tourinho Filho (209, p. 921):

Por isso, uma condenação injusta é prejudicial não somente ao réu, mas também à sociedade, que passa a desacreditar da Justiça. Em virtude dessa situação, desde épocas remotas, se admitem providências para impugnar a injustiça de uma decisão condenatória.

Hoje, em todos os ordenamentos jurídicos ditos civilizados, a coisa julgada penal, a despeito de necessária à ordem pública, pode ser atacada diante de uma sentença condenatória manifestamente injusta. E “o remédio jurídico-processual que permite reabrir-se o processo, em que se cometeu a injustiça, rasgando-se o selo da intangibilidade, é a revisão criminal.” (TOURINHO FILHO, 2009, p. 922).

Trata-se, portanto, a revisão criminal de um meio extraordinário de impugnação que não se submete a prazos e se destina a rescindir uma sentença transitada em julgado, assumindo por vezes papel similar ao de uma ação de anulação, ou constitutiva negativa, sem ver-se obstaculizada pela coisa julgada. (LOPES JÚNIOR, 2011, p. 613).

Com efeito, há uma linha de tensão entre o valor “segurança jurídica” instituída pela imutabilidade da coisa julgada, que tem assento constitucional no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, e o valor “justiça”. Tal tensão não poderia ser resolvida de outro modo, a não ser pela necessidade de relativização do mito da coisa julgada imutável e indiscutível em nome da verdadeira justiça.

Frise-se que a revisão criminal é uma medida excepcional cabível apenas nas situações expressamente previstas em lei. Sua aplicação deve ser restrita, exatamente para preservar também o instituto da coisa julgada. Logo, “não se pode aplaudir a linha doutrinária que tende a ver na revisão criminal um meio comum de impugnação da decisão judicial, equiparável à apelação”, por exemplo. (PELLEGRINI, 2009, p. 237).

 

Espero que ajude ...

Abs

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Thereza Cristina Faccio de Castro

Fellipe,

o procedimento cabível é a proposição de revisão criminal, com fulcro no art. 621 do CPP, como bem exposto pelo colega Cleyton, e portanto, só pode ser usada para o reexame de processo criminal transitado em julgado quando atendido alguma das hipóteses elencadas no referido artigo, quais sejam:

 

I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;

 

II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;

 

III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

 

De fato, como comentou o outro colega, João, apesar de a revisão criminal vir posicionada na parte reservada aos recursos sua natureza é de ação revisional, seu posicionamento cumpre somente manter uma lógica processualistica já que se presta a pedir revisão de processo já findo.

O exemplo clássico é a do inciso III, do art. 621 do CPP: Digamos que o Sr. X seja acusado de furtar a casa do Sr. Y e a única testemunha do crime, tenha visto o criminoso de longe e assegurado ter sido o Sr. X a que ela tenha visto, além disso, imagens de camêra indicassem que o criminoso usava mesmo modelo, ano e cor, do veículo que o Sr. X possuia, mesmo não havendo registro da placa. O Sr. X alegou inocência mas não tinha testemunhas nem provas que lhe dessem álibi. O processo correu e transitou em julgado com a condenação do Sr. X. Passado algum tempo chegou as mãos da esposa do Sr. X multa de transito, com foto do rosto do Sr X, no mesmo dia e hora do incidente, dirigindo seu veículo em outra cidade bastante afastada do local do crime. Este é caso de revisão criminal por novas provas que inocentam o acusado.

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