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Artigos sobre restituição tributária

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Estudante PD

O direito à restituição do pagamento de valor indevido ou a maior está previsto no art. 165 do Código Tributário Nacional (CTN), conforme:

"Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4.0 do art. 162, nos seguintes casos:

I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o

devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias

materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;

II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência

de qualquer documento relativo ao pagamento;

III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória".

 

Esse direito à restituição do valor, descrito no referido artigo, vem do âmbito cível, onde vigora o princípio da vedação ao enriquecimento sem causa, pois não se pode permitir que alguém obtenha um aumento patrimonial em decorrência do erro de outrem.

O legislador foi claro, em outro aspecto, ao estabelecer que o exercício desse direito não depende de prévio protesto, ou seja, não leva-se em conta a vontade do contribuinte ao tempo da realização do pagamento. Não aplica-se, no presente caso, o art. 877 do Código Civil, segundo o qual, "aquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feito por erro".

Para o CTN, se o tributo for pago a maior, o contribuinte tem direito à restituição, e qualquer óbice criado pelo fisco, poderá configurar uma tentativa de enriquecimento sem causa, o que é vedado.

Já o art. 166 do referido Diploma Legal estabelece que, em caso de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do encargo financeiro, a restituição só poderá ser feita por quem assumiu o encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este devidamente autorizado a recebê-la.

Para melhor elucidação, cabe relembrar que esses tributos são denominados indiretos, em que existem um contribuinte de fato e um contribuinte de direito. O primeiro é aquele que efetivamente arca com o encargo. Já o segundo, é o sujeito passivo definido por lei e responsável pelo cumprimento da obrigação.

É possível perceber que nos tributos diretos, não existem maiores problemas, pois quem pagou o valor indevido ou a maior tem direito à restituição. Já no caso de tributos indiretos, nos deparamos com a seguinte questão: Quem tem o direito à restituição, o contribuinte de fato ou o contribuinte de direito?

Após muitas divergências entre entendimentos jurisprudenciais e doutrinadores, a posição que prevalece hoje é a contida no art. 166 do CTN. Segundo ele, a restituição de tributos indiretos só é direito daquele que assumiu o encargo financeiro (contribuinte de fato), ou de terceiro que estiver por ele autorizado.

Não poderia ser outro o entendimento jurisprudencial, pois caso contrário, em que o contribuinte de direito pudesse ser "restituído", estaríamos diante de um enriquecimento sem causa, tendo em vista que ele seria "restituído" por um pagamento indevido ou a maior que nem foi por ele realizado - o contribuinte de fato que efetivamente arca com o pagamento do imposto.

Não podemos esquecer da aplicação do direito à restituição sobre o juros e multa eventualmente pagos.

Os juros de mora e as multas de mora são definidos em lei e calculados sobre o total devido a título de tributo. Conseqüentemente, havendo o pagamento a maior de um tributo, os juros e multa eventualmente pagos serão, logicamente, pagos a maior.

E é por isso que o art. 167 do CTN estipula que a restituição de juros e multa ocorrerá na mesma proporção que a restituição do tributo. No entanto, o referido artigo esclarece que as infrações de caráter formal como, por exemplo, a multa por atraso na declaração, não poderão ser restituídas, pois independem da quantia paga.

Posto isso, veremos agora qual o prazo previsto para o contribuinte pleitear a restituição no âmbito administrativo.

CTN é muito claro ao estabelecer que:

"Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados:

I - nas hipóteses dos incisos I e 11 do art. 165, da data da extinção do crédito tributário;

II - na hipótese do inciso III do art. 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória".

 

Contudo, existe uma grande controvérsia sobre a natureza jurídica desse prazo de 5 anos. Para alguns, trata-se de prazo prescricional e, para outros, prazo decadencial. Nos parece, no entanto, que o referido prazo tem natureza decadencial, pois trata do próprio direito material do contribuinte.

Por outro lado, o referido artigo é expresso ao estabelecer que o prazo para se repetir o valor pago indevidamente ou a maior é de 5 anos, a contar da extinção do crédito tributário. Desse modo, por exemplo, o tributo pago indevidamente ou a maior em janeiro de 2010 poderá ser pleiteado até janeiro de 2015.

Imperioso ressaltar que, após vários anos de discussão, hoje em dia está consolidado que, no caso de tributo sujeito a lançamentos por homologação, a data de extinção do crédito se dá no momento do pagamento antecipado, conforme disposto no art.  da Lei Complementar 118/2005.

Por outro lado, o prazo para pleitear a restituição no âmbito judicial também é de 5 anos.

É possível que o contribuinte ajuíze ação de repetição do débito mesmo sem anterior pleito administrativo, pois no Brasil não existe o chamado "curso administrativo forçado".

Todavia, caso opte por formular o pleito inicialmente na via administrativa e o mesmo vier a ser indeferido, resta ao contribuinte o prazo de dois anos para o ajuizamento de ação anulatória de decisão administrativa, nos termos do art. 169 do CTN.

Por fim, cabe citar outro modo de o contribuinte ser restituído: quando houver o pagamento após a prescrição.

Uma das formas de extinção do crédito tributário, segundo o art. 156V, do CTN, é a prescrição. A prescrição e decadência, apesar de serem diferentes, na prática têm o mesmo resultado: a extinção do crédito tributário.

Como podemos ver, então, no âmbito tributário a prescrição não trata apenas do direito de ação, pois afeta o próprio direito.

Apesar desse entendimento ter sido discutido ao longo de vários anos, o seguinte julgado, proferido no Superior Tribunal de Justiça, consegue ilustrar muito bem essa linha de raciocínio utilizada em nossos tribunais:

"Processual Civil e Tributário. Repetição de Indébito. IPTU. Artigos 156, inciso V, e 165, inciso I, do CTN. Interpretação Conjunta. Pagamento de Débito Prescrito. Restituição Devida.

A partir de uma interpretação conjunta dos artigos 156, inciso V, (que considera a prescrição como uma das formas de extinção do crédito tributário) e 165, inciso I, (que trata a respeito da restituição de tributo) do CTN, há o direito do contribuinte à repetição do indébito, uma vez que o montante pago foi em razão de um crédito tributário prescrito, ou seja, inexistente. Precedentes: (REsp 1004747/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 18/06/2008; REsp 636.495/RS, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 02/08/2007).

3. Restituição de Receitas administradas pela Secretaria da Receita Federal

A restituição e a compensação de quantias recolhidas a título de tributo administrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil vêm dispostos em Instruções Normativas deste órgão desde 28 de dezembro de 2005 com a Instrução Normativa SRF nº 600, que foi alterada pela Instrução Normativa SRF 728/2007, esta posteriormente foi revogada pela atual Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008 (publicada em 31 de dezembro deste mesmo ano), que continua vigente, apesar de ter recebido alterações pelas instruções normativas nº 973, de 27 de novembro de 2009; 981, de 18 de dezembro de 2009; 1.067, de 24 de agosto de 2010; 1.224, de 23 de dezembro de 2011; e finalmente pela 1.300, de 20 de novembro de 2012.

Com as supracitadas alterações, a Receita Federal passou a disciplinar não somente a restituição e a compensação de quantias recolhidas a título de tributo ou contribuição, administrados pela Secretaria da Receita Federal, mas também a restituição e a compensação de outras receitas da União arrecadadas mediante Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) ou Guia da Previdência Social (GPS) e o ressarcimento e a compensação de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra).

3.1 Objeto de pedido de restituição:

 

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