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É possível a inscrição em Divida Ativa de débitos não-tributários originários de processos judiciais?

💡 2 Respostas

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Paula Leal

o controle de legalidade desses débitos devem atender, antes de sua cobrança, aos seguintes pressupostos: (i) certeza — é aquele débito "cujos elementos da relação jurídica obrigacional estão evidenciados com exatidão"; (ii) liquidez do débito é quando o "valor do objeto da relação jurídica obrigacional é evidenciado com exatidão"; e, (iii) exigibilidade do débito, quando este o é "vencido e não pago, que não está mais sujeito a termo ou condição para cobrança judicial ou
extrajudicial".

Não nos parece razoável a permissão de inscrição de empresas idôneas no Cadastro Informativo dos Débitos Não Quitados de Órgãos e Entidades Federais (Cadin), antes da consolidação desses débitos, bem como, antes do julgamento pelo Tribunal de Contas da União do processo de Tomada de Contas Especial, devendo prevalecer a previsão contida no §2º do art. 7º, da Instrução Normativa n. 13/1996 do TCU.

Com a mesma intensidade, esse errôneo entendimento anotado pelo Tribunal de Contas vai de encontro, diretamente, ao princípio da presunção de inocência, previsto no artigo 5°, LVII, da Constituição Federal. Ora, o processo administrativo sancionador deve buscar, tanto quanto possível, a aplicação de sanção somente após o julgamento final do processo.

Neste caso, a rigor, questiona-se a legalidade da edição da regra contida no art. 15, inciso I, IN 71/2012 do TCU, no anseio de fazer sobreposição da vontade política sobre a da maioria constituinte. Nesse sentido nos ensina Lenio Streck:

A soberania do parlamento cedeu o passo à supremacia da Constituição. O respeito pela separação dos Poderes e pela submissão dos juízes à lei foi suplantada pela prevalência dos direitos dos cidadãos face ao estado. A ideia base é a de que a vontade política da maioria governante de cada momento não pode prevalecer contra a vontade da maioria constituinte incorporada na Lei Fundamental. O poder constituído, por natureza derivado, deve respeitar o poder constituinte, por definição originária

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Pedro Mercadante

Conforme o parágrafo primeiro, do artigo 39, da Lei 4.320/64, serão inscritos na Dívida Ativa os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária e não tributária.

O parágrafo segundo, do mesmo dispositivo legal, afirma que, constituem-se créditos não tributários os “demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais.”

Assim sendo, os créditos oriundos de processos judiciais, de natureza não tributária, poderão ser inscritos em Dívida Ativa.

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