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2ª Turma defere redução de pena para acusado de furto de fios de cobre (Fonte: www.stf.jus.br )
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal concedeu Habeas Corpus (HC 96843) a um homem condenado a dois anos e quatro meses de reclusão por furto de fios de cobre no valor de R$ 125,00. Os ministros entenderam, por unanimidade, que, como o réu é primário, possui bons antecedentes e o objeto furtado tem pequeno valor, pode ser aplicado ao caso o benefício do parágrafo 2º
do artigo 155
do Código Penal
, que prevê a redução da pena em até dois terços.
A pena foi, então, reduzida para nove meses e dez dias, podendo ser transformada em serviços comunitários.
O privilégio de redução foi aplicado pela Segunda Turma mesmo com o crime tendo sido cometido pelo réu,----------------, na companhia de outra pessoa. O concurso de pessoas é uma qualificadora que aumentaria a pena (artigo 155, parágrafo 4º).
"Considero que o critério norteador deve ser o da verificação da compatibilidade entre as qualificadoras (artigo 155, parágrafo 4º) e o privilégio (artigo 155, parágrafo 2º). A esse respeito, no seguimento do crime de furto, não há incompatibilidade entre as regras constantes dos dois parágrafos referidos", explicou a relatora, ministra Ellen Gracie. MG/IC
NOTAS DA REDAÇÃO:
O caso em tela refere-se ao caso de um homem que foi condenado pelo crime de furto qualificado, por ter em concurso, furtado fios de cobre no valor de 125 ,00 Reais.
O STF, entendeu de como o réu não é reincidente, e o valor da coisa subtraída é de pequeno valor, deve aplicado o benefício do furto privilegiado, mesmo que o furto em questão tenha sido qualificado.
Vejamos, assim dispõe o art. 155
do Código Penal
:
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
(...)
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
do art. 155
do Código Penal
trata do furto privilegiado, que é o furto de pequeno valor ou furto mínimo. Seus requisitos são: primariedade e pequeno valor da coisa subtraída.
Primário é todo aquele que não é reincidente. É esse o primeiro requisito para que se configure o privilégio. A lei não exige que os antecedentes do réu sejam verificados para concessão do privilégio, de modo que a presença de maus antecedentes não impede a incidência dessa causa de diminuição de pena.
Quanto ao pequeno valor da coisa subtraída, que é o segundo requisito para que o furto privilegiado seja reconhecido, a jurisprudência firmou entendimento no sentido de que o furto é mínimo quando a coisa subtraída não alcança o valor correspondente a um salário vigente à época do fato.
O pequeno valor da coisa subtraída não deve ser avaliado em função da situação da vítima, pois dessa maneira, o furto de uma BMW para um milionário acabaria sendo considerado uma subtração de pequeno valor.
O STJ, o Tribunal da Cidadania, se posiciona contrariamente à possibilidade de aplicação do privilégio ao crime de furto qualificado. Vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. INADMISSIBILIDADE DA INCIDÊNCIA DA FORMA PRIVILEGIADA NO FURTO QUALIFICADO. PRECEDENTES DESTA CORTE SUPERIOR. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. Seguindo orientação firmada nesta Corte, ainda que reste demonstrado o preenchimento das condições para a aplicação da minorante do furto privilegiado, quais sejam, primariedade do réu e pequeno valor da res furtivae, a forma qualificada do furto inibe o seu emprego.
2. Agravo Regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1052856 / RS Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO T5 - QUINTA TURMA 11/12/2008
HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO DUPLAMENTE QUALIFICADO. APLICAÇÃO DA MINORANTE DO FURTO PRIVILEGIADO. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA.
1. Ainda que reste demonstrado o preenchimento das condições para a aplicação da minorante do furto privilegiado, quais sejam, primariedade do réu e pequeno valor da res furtivae, a forma qualificada do furto inibe o seu emprego. Precedentes do STJ.
2. Ordem denegada, em conformidade com o parecer ministerial. HC 102863 / MG Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO T5 - QUINTA TURMA 25/09/2008
Nota-se, portanto, mais um conflito jurisprudencial entre o STF e o STJ.
Correto o entendimento do STF, pois nada impede que seja reconhecido o furto privilegiado-qualificado, pois as qualificadoras têm natureza objetiva, sendo, desta feita, compatível com o privilégio.
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