Publicado dia 28 de agosto de 2016
GILLES B. DE PAULA
Pode até parecer engraçado a primeira vista, mas aqui na Treasy já presenciamos algumas discussões sobre o “melhor método de custeio”. Os adeptos do Custo Variável argumentam que “minha empresa trabalha com Método de Custeio Variável por A, B e C motivos”. Já os defensores do Custo por Absorção rebatem que “a minha adotou com sucesso o Método Custeio por Absorção por X, Y e Z razões”. Cada lado tem ótimos argumentos e a discussão pode ir longe.
Mas vale sempre lembrar que não se trata aqui de um duelo entre Honda x Yamaha ou Android x Iphone. Na Gestão Empresarial não existe certo ou errado. Existe o que funciona para cada empresa. Neste sentido, não há como comparar o Método de Custeio Variável e o Método de Custeio por Absorção e tentar achar um “vencedor”. Até porque eles são totalmente complementares.
Neste artigo vamos entender a fundo como funciona o Método de Custeio Variável e o Método de Custeio por Absorção, sendo que a o longo do post vamos conferir vários exemplos, com aplicações práticas. Além disto, disponibilizamos para download a planilha que utilizamos nos exemplos. Você pode baixa-la gratuitamente no botão abaixo.
Esperamos que o post seja útil para você e sua empresa e seria ótimo receber um comentário seu ao final da leitura. Bom proveito!
O que você vai encontrar neste artigo:
Antes entrarmos mais a fundo nos conceitos de Custo Variável e Custo por Absorção, precisamos dar um passo atrás e reforçar um conceito que costuma confundir bastante os marinheiros de primeira viagem e algumas vezes prega peças até nos mais experientes: a diferença entre custos e despesas.
De maneira bem resumida, são considerados Custos, todo e qualquer desembolso relativo à aquisição ou produção de mercadorias. Alguns exemplos de custos são: matérias-primas, insumos e embalagens. Também compõem Custos os chamados Gastos Gerais de Fabricação (GGF), como depreciação de máquinas e equipamentos, energia elétrica, manutenção, materiais de conservação e limpeza para fábrica, viagens de pessoas ligadas à fábrica, etc.
Já as Despesas são todos gastos relativos à administração da empresa que não estão diretamente ligados à produção ou compra de mercadorias. Como exemplo podemos citar os desembolsos com salários e demais gastos de áreas como comercial, marketing, design, desenvolvimento de produtos e o financeiro. Ou seja, são os gastos que a empresa precisa ter para manter a estrutura funcionando, porém não contribuem diretamente para geração de novos itens que serão comercializados.
Mas esta é uma definição bem resumida para um assunto bem mais longo. Portanto, se você quiser se aprofundar para entender bem as diferenças, recomendamos o artigo Custos x Despesas – Saiba a diferença. Neste post, inclusive disponibilizamos para download gratuito uma planilha para gestão de custos e despesas e também um infográfico sobre classificação de desembolsos.
Pois bem. Agora que já estamos conceituados sobre as diferenças de Custos e Despesas, vamos seguir em frente com nosso artigo e entender um pouco mais sobre o Custo Variável e o Custo por Absorção.
O Método de Custeio Variável (também conhecido por Método de Custeio Direto, como o soco do Rocky Balboa) é um dos Métodos de Custeio mais conhecidos e utilizados entre as empresas, principalmente aquelas que trabalham no modelo industrial ou comércio. E um dos principais motivos para isto é sua simplicidade e objetividade.
Os Custos Variáveis (ou Custos Diretos), como o próprio nome sugere, são aqueles que variam de acordo com o volume de produção e vendas da empresa. Ou seja, seus valores dependem diretamente do volume produzido, que por sua vez vai variar conforme volume de vendas efetivadas em um determinado período de tempo.
Veja alguns exemplos de itens classificados custos variáveis:
De acordo com as atividades realizadas pela empresa, podemos classificar os custos de vendas de três formas: CPV, CMV e CSV. Neste artigo, vamos detalhar um pouco mais o CPV (por ser o mais complexo), mas antes vamos ver um pouco sobre cada um deles:
PS: vale lembrar que os custos (sejam eles CPV, CMV ou CSV) só acontecem quando ocorre a venda dos produtos ou serviços, do contrário deverão ser considerados como Estoques. Mas este já é assunto para um novo post.
Para ficar mais fácil de entender, vamos partir para um exemplo prático utilizando uma empresa fictícia que produz chocolates. Vamos imaginar que em um determinado mês esta empresa está planejando vender 10.000 unidades de trufas e 10.000 unidades de bombons, a R$ 3 e R$ 2 cada unidade respectivamente. Este volume de vendas gerará então para a empresa um faturamento de R$ 50.000, conforme imagem abaixo:
Todavia, para produzir as trufas e bombons, a empresa precisará adquirir as matérias-primas e insumos (chocolate, recheios, etc.) utilizados na produção dos itens vendidos. Independente do quanto de matéria-prima a empresa comprar, o que importa para o cálculo do Custo Variável é a quantidade realmente utilizada na produção dos itens vendidos.
Sendo assim, é de extrema importância conhecermos a quantidade de cada matéria-prima utilizada para produzir 1 unidade de trufa e também para a produção de 1 unidade de bombom. Assim, fazendo um calculo simples podemos chegar ao Custo Variável Unitário de cada produto (quantidade de matéria-prima necessária multiplicada pelo preço de compra da matéria-prima). E por fim, multiplicando o custo unitário pela quantidade total do item vendida, temos o Custo Variável Total ou CPV (Custo dos Produtos Vendidos).
Até aqui foi fácil, certo? Afinal, calcular o Custo Variável é simples, não é mesmo? Se sabemos que precisamos de 30g de chocolate para produzir uma trufa, que o chocolate custa R$ 30 o quilo e que vamos vender 10.000 trufas, fica fácil calcular que vamos gastar R$ 9.000 em chocolate para produzir as 10.000 trufas. Mas quando falamos do Custeio por Absorção, o buraco é um pouco mais embaixo!
O Custeio por Absorção, também chamado Custeio Integral ou Custo Integral, recebe esse nome exatamente por absorver os Custos Fixos no custo final de cada produto vendido.
Ou seja, o Custo por Absorção tem como premissa debitar ao Custo dos Produtos Vendidos todos os custos da área de fabricação, sejam esses custos definidos como custos diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, de estrutura ou operacionais. O próprio nome do Método de Custeio por Absorção deixa claro o que precisa ser feito: garantir que cada produto absorva uma parcela dos custos diretos e indiretos, relacionados à fabricação.
E o fator fundamental para a utilização do Método de Custeio por Absorção está na correta distinção entre Custos e Despesas. Apenas os desembolsos relativos aos produtos vendidos (sejam eles diretos ou indiretos) deverão ser alocados no Custo dos Produtos Vendidos. Todas os demais desembolsos (Despesas Administrativas, Despesas Financeiras, Investimentos, etc.) devem ficar de fora da composição.
Vale aqui o mesmo tratamento em relação a “ativação dos custos”. O Custo por Absorção só acontece no momento da venda dos produtos. Do contrários os custos relativos aos produtos em elaboração e aos produtos acabados que ainda não tenham sido vendidos devem ser tratados como Estoques de Produtos em Elaboração ou Estoques de Produtos Acabados.
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