Explique os planos de existência, validade e eficácia no negocio jurídico?

No plano da existência temos os elementos essenciais que pressupõem a própria existência do negócio jurídico; sem eles, não há negócio válido ou inválido, eficaz ou ineficaz. São eles a vontade e sua declaração, o agente, o objeto e a forma.

Uma vez que estes elementos essenciais existam, parte-se à análise de sua validade, qualificando a vontade como livre, o agente como capaz, o objeto como lícito, entre outros requisitos. Pode-se pensar no plano da validade como os “adjetivos” pros “substantivos” do plano de existência. Sem os qualificativos de validade dados aos elementos essenciais, um negócio jurídico existente pode ser inválido, e portanto nulo — ou anulável.

Finalmente, verificados e validados os elementos essenciais, estuda-se a repercussão do negócio jurídico no plano social, identificando os efeitos materiais por ele produzidos; isto é, a sua eficácia. Um negócio existente e válido pode ser ineficaz enquanto pender sobre ele uma condição suspensiva, por exemplo. Sendo opcional ao negócio jurídico, este plano é composto de elementos acidentais (não essenciais): a condição, o termo e o encargo.

O plano da existência do ato demanda a presença de alguns elementos, a saber:

- Agente capaz de ser sujeito de direitos, definido no art.1º do Código Civil.

- Vontade. Será inexistente ato ocorrido sob o emprego de violência física, por exemplo.

- Objeto. Não necessariamente bem material.

- Forma. Não se refere a estar prescrita ou não em lei, mas à necessidade de exteriorização.

 O plano da validade (art.104 CC) passa a ser analisado quando da existência de todos os elementos acima elencados, sendo, portanto, necessário o seguinte:

- Agente capaz. Capacidade para praticar os atos da vida civil, ou estar representado/assistido por alguém.

- Vontade livre, consciente e de boa fé. Não pode haver vícios decorrentes de erro, dolo, coação, lesão e estado de perigo.

- Objeto lícito, possível, determinado ou determinável. O objeto não pode ser proibido por lei. Tampouco, impossível juridicamente, nem indeterminável. Ou seja, não é lícito negociar um furto, impossível negociar uma viagem até uma estrela e indeterminável um objeto que não se pode identificar.

- Forma prescrita ou não defesa em lei. Via de regra, a forma será livre, a não ser que a lei o exija. Como exemplo de forma prescrita ou solene, temos a exigência de escritura pública para os negócios reais imobiliários cujo valor supere 30 salários mínimos.

O plano da eficácia trata dos negócios jurídicos que existem e têm validade, mas apresentam ineficácia no mundo jurídico. Isso acontece porque eles estão subordinados a elementos que interferem na produção dos efeitos a que o negócio se destina. Tais elementos são os seguintes:

- Condição. De acordo com o art.121 do CC, considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Futuro quer dizer que o evento está por vir; incerto significa que o evento pode ocorrer ou não. Além disso, as condições só derivam da vontade; se derivam da lei, ou da natureza do negócio, não são condições no sentido da palavra, mas requisitos de validade ou existência do negócio.

- Termo. Subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e certo. A certeza reside no caráter inevitável da ocorrência do evento previsto na cláusula.

- Encargo. É um ônus imposto a uma das partes para a validade de um negócio jurídico de liberalidade. Quando for exigido como obrigação a ser realizada antes da aquisição do direito, considera-se condição suspensiva, fazendo com que o direito não seja adquirido enquanto não for cumprido o ônus imposto ao contratante. Se o encargo for ilícito ou impossível, deve ser tido como não escrito, a não ser que constitua o motivo determinante da liberalidade, caso em que o próprio negócio jurídico é inválido.