Quais são as diferenças nas perspectivas de comunidade de Federic E. Clementes e Henry Gleason?

Os ecológos nem sempre concordam com o significado da palavra "comunidade",e que muito da história pregressa da disciplina tenha consistido em debates acirrados entre defensores de diferentes escolas. Alguns ecológos tem afirmado que comunidade é uma unidade de organização ecológica com fronteiras reconhecíveis e cuja estrutura e funcionamento são regulados pelas interações entre as espécies. Outros olham para a comunidade como um conjunto pouco definido de espécies que podem tolerar as condições de um lugar ou habitat específico, mas que não tem fronteiras distintas onde um tipo de comunidade se encontra com outro.

A ideia de que as comunidades são unidades ecológicas organizadas atingiu seu extremo, com o conceito de comunidades como superorganismos. Desta perspectiva,as funções das diversas espécies estão conectadas como as partes de um corpo e evoluíram tal que intensificam essa interdependência. Esse ponto de vista requer que as comunidades sejam entidades discretas que podem ser distinguidas uma das outras,no sentido como dintinguimos os indivíduos nas populações ou as diferentes espécies numa comunidade. A defesa mais influente deste ponto de vista organicista foi a do ecológo vegetal americano Frederic E. Clements (1874-1945). As ideias de Clements da comunidade eram intimamente ligadas aos tipos de vegetação (só observar a denominação que ele fez sobre os variados clímaxes). Ele colocou algumas fronteiras nas comunidades...ex: entre florestas decíduas e a pradaria no meio oeste dos Estados Unidos, ou simplesmente entre florestas de folhas largas e florestas de acículas no sul do Canadá, são claramente definidas e respeitadas pela maioria das espécies de plantas e animais. O conceito Holístico de Clements de comunidade parece correto de certa forma, não se pode ponderar o significado do funcionamento de um rim separado do organismo ao qual ele pertence. Muito ecológos argumentam que as bactérias do solo não fazem sentido sem uma referência aos detritos sobre os quais se alimentam, seus consumidores e as plantas nutridas pelos seus rejeitos. Analogamente, pode-se compreender cada espécie somente em termos de sua contribuição para a dinâmica do sistema todo. Mais importante é que de acordo com o conceito holístico, as relações ecológicas e evolutivas entre as espécies intensificam as características da comunidade, tais como estabilidade de fluxo de energia e os padrões de ciclagem dos nutrientes, tornando uma comunidade muito mais do que a soma de suas partes individuais.

Em resposta a Clements, o botânico Henry A. Gleason (1882-1975) defendeu o Conceito Individualista da organização das comunidades. Gleason acreditava que uma comunidade, muito diferente de ser uma unidade distinta como um organismo, é meramente uma associação fortuita de espécies, cujas adaptações e requisitos as capacitam viver juntas sob condições físicas e biológicas de um determinado lugar. Uma associação de plantas,ele disse, é "não um organismo, raramente mesmo uma unidade vegetal, mas meramente uma coincidência". Analogamente, a estrutura e o funcionamento das comunidades simplesmente expressam as interações de cada espécie que constituem as associações locais, não refletem qualquer orgaização, propósito ou qualquer outra coisa acima do nível das espécies. Lembre-se de que a seleção natural age sobre o ajustamento dos indivíduos, e assim cada população numa comunidade evolui para maximizar o sucesso reprodutivo de seus membros individuais, e não para beneficiar a comunidade como um todo.

A ecologia moderna integra a premissa individualista, de que a maioria dos conjuntos de espécies carecem de fronteiras distintas, a premissa holística,de que os atributos da estrutura e funcionamento da comunidade surgem das interações entre as espécies.

Concordo em numero, gênero e grau com o Rhian Vilar, apenas "trocando em míudos", a grande diferênça se dá no fato de Clements ver a comunidade como um "super organismo" paralelo a um organismo indivídual, ou seja, cada população composta pelas diferentes espécies presentes na comunidade, tem um valor de importância para a comunidade e um motivo para pertencer a mesma. Já H. Gleason, atribui as relações entre as populações de determinada comunidade ao acaso, ao simples fato de estarem mais bem adaptadas a mesma região coincidentemente. E esse debate se estende até hoje por autoecologos e sinecologos. rsrsrs.

A Ecologia, como ciência, começou a ser institucionalizada durante as primeiras décadas do século XX. Nesse contexto muitos conceitos passaram a ter destaque, dentre ele os conceitos sobre comunidades e sucessão ecológica. Dois pesquisadores, Clements e Gleason apresentaram esses conceitos de maneiras divergentes.

Alguns nomes foram importantes para a construção dos conhecimentos em ecologia, ao longo das últimas décadas, como Frederic Edward Clements, botânico e ecólogo norte-americano, que propôs um conceito de “organismo complexo” para descrever as dinâmicas das comunidades vegetais que estudava. Ele via seu objeto de estudo como um “superorganismo”, um sistema integrado com diversas propriedades, e o processo de sucessão ecológica, para ele, seria algo extremamente ordenado e previsível. Os conceitos de Clements de um modo geral foram bem recebidos em sua época, no entanto, algumas de suas ideias provocaram intensos debates.

Por outro lado, o botânico e taxonomista norte-americano, Henry Allan Gleason, tinha ideias contrárias às de Clements, propondo o conceito “individualístico” da Ecologia, em que as comunidades de plantas seriam uma reunião -ao acaso- de espécies adaptadas, que não apresentavam propriedades típicas de organismos integrados como homeostase, reestabelecimento e desenvolvimento previsível. Dentro da comunidade científica da época, de um modo geral, as ideias de Clements foram mais aceitas e difundidas.

Portanto, os dois ecólogos, Clements e Gleason expuseram seus conceitos, que embora divergentes, foram importantes na difusão de debates sobre sucessão ecológica e estudo de comunidades, e essa discussão favoreceu uma maior aceitação das ideias propostas por Clements.