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Como é feiro a contagem de prazos no direito penal?

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Kelly Lima

O artigo 10 do Código Penal prescreve a contagem de prazo no Direito Penal: “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. Este artigo disciplina a contagem de prazo no Direito Penal, que é empregada nos casos de duração de pena, do livramento condicional, do sursis, da decadência e da prescrição, todos institutos do direito penal.

Existe crítica doutrinária à contagem penal prevista no artigo 10 do Código Penal, uma vez que não define qual seria o calendário comum a ser adotado (gregoriano, Juliano, judaico, romano, árabe, islâmico). Para a contagem penal no que tange ao dia não importa a que horas do dia o prazo começou a contar (correr). Para este efeito, o dia termina às 24 (vinte e quatro) horas. No caso de uma determinada pena iniciar o seu cumprimento às 23h55min, os cinco minutos são considerados para a contagem da pena como sendo o dia todo.

Em relação ao mês, não importa se são de 30 (trinta) ou 31 (trinta e um) dias. No que se refere ao ano o modo de contagem é o mesmo usado para o mês, ou seja, não importa se o ano é bissexto ou com 365 dias. Exemplo prático é lecionado por Fernando Capez (2006), em que cita o caso de alguém que foi condenado à pena de 6 anos, 9 meses e 23 dias para cumprir. O condenado começa a cumprir pena às 19h27min do dia 5 de agosto de 2003. Qual seria a data do término?

Fase 1ª: Primeiro acha-se o número de anos que ele tem a cumprir:
2003 (início da pena) + 6 (condenação) = 2009 (término da pena). Assim, no primeiro passo o condenado terminaria de cumprir a pena em 05 de agosto de 2009, mas ainda falta encontrar os números de meses.

Fase 2ª: Segundo acha-se o número de meses:
Agosto (mês de início da pena) de 2009 (resultado 1º passo) + 9 meses (número de meses condenado) = maio de 2010 (somando 9 meses a agosto resulta o mês de maio em outro ano). Assim, no segundo passo o condenado terminaria de cumprir a pena em 5 de maio de 2010, mas ainda falta encontrar o número de dias.

Fase 3ª: Terceiro acha-se o número de dias:
5 (dia do início do cumprimento da pena) de agosto + 23 (número de dias da condenação) = 28.

Analisando os resultados obtidos nas etapas concluímos que o agente que foi condenado à pena de 6 anos, 9 meses e 23 dias e que iniciou o seu cumprimento em 5 de agosto de 2003 terá a pena totalmente cumprida no dia 27 de maio de 2010 (não seria no dia 28 de maio, uma vez que o dia do começo nos termos do artigo 10 do código Penal deve ser computado).

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Mayara Correa

1) INÍCIO DO PRAZO

Uma grande diferença dos prazos processuais penais para os processuais civis está no momento em que se considera o início do prazo.

Nesse sentido, segundo a Súmula 710 do STF, “no processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem”.

 

2) CONTAGEM DO PRAZO

Agora que sabemos que o início do prazo processual penal será na data da intimação, temos que analisar o artigo 798 do Código de Processo Penal, o qual, em seus §§ 1º e 3º, estabelece que “Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento”; bem como que “O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato”.

Dessa feita, percebe-se que na contagem do prazo não se leva em consideração o primeiro dia, o da intimação, mas leva em consideração o último dia do prazo, o que demonstra semelhança com os prazos processuais civis.

Assim, se o prazo é de 05 (cinco dias) e a intimação ocorreu na data de 09/05, por exemplo, a contagem se dará da seguinte forma:

09/05 – intimação (início do prazo)

10/05 – primeiro dia (início da contagem do prazo)

11/05 – segundo dia

12/05 – terceiro dia

13/05 – quarto dia

14/05 – quinto dia (último dia do prazo)

 

Diante do cenário hipotético acima, o último dia do prazo para, exemplificando, que a parte apresente as alegações finais, cujo prazo é de 05 dias, será o dia 14/05.

Necessário destacar que a contagem dos prazos processuais penais será feita de forma contínua e não levando em consideração apenas os dias úteis, conforme estabelecido no Novo Código de Processo Civil, sendo essa mais uma diferença quanto as matérias.

2.1) Disponibilização, publicação e início da contagem do prazo

Caso a intimação tenha sido realizada por meio do Diário da Justiça, a contagem do prazo sofre algumas alterações.

A primeira questão é a “disponibilização” “publicação”.

Disponibilização é aquele momento em que a informação foi lançada do Diário da Justiça.

Já a publicação será considerada realizada no primeiro dia útil após a disponibilização, de acordo com o artigo 4º, § 3º, Lei 11.419/2006, o qual determina que “Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico”.

Somente após a publicação é que terá início a contagem dos prazos (artigo 4º, § 4º, Lei 11.419/2006), visto que “Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da publicação”.

Assim, se a disponibilização da informação no Diário ocorreu em 09/05, a data da publicação será no dia 10/05 e o prazo, que é de 05 dias, terá início no dia 11/05 e fim no dia 15/05:

09/05 – disponibilização

10/05 – publicação

11/05 – primeiro dia (início da contagem do prazo)

12/05 – segundo dia

13/05 – terceiro dia

14/05 – quarto dia

15/05 – quinto dia (último dia do prazo)

 

É claro que se o início ou final do prazo (que é contado em dias corridos) cair em um final de semana ou feriado, será considerado o início ou o final no primeiro dia útil subsequente.

2.2) Intimação da parte e da defesa técnica

Por fim, outra questão que gera dúvida é aquela em que a parte e a defesa técnica são intimados em datas diferentes.

Nesse caso, a fluência do prazo recursal terá início a contar da última intimação, sendo irrelevante a ordem. Ou seja, independentemente de quem foi o último a ser intimado (parte ou defesa técnica), para fins de esgotamento do prazo será considerada a intimação que for feita posteriormente.

Assim, se o réu é intimado dia 09/05 e a defesa dia 15/05, o prazo levado em consideração será o da intimação da defesa e não o da intimação do réu.

Vejamos o que decidiu o STJ, no HC 217554 SC 2011/0209532-2:

HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. TEMPESTIVIDADE. NECESSÁRIA INTIMAÇÃO DO RÉU E DEFENSOR. FLUÊNCIA A PARTIR DO ÚLTIMO ATO. INÍCIO DO PRAZO RECURSAL. CONTAGEM A PARTIR DA INTIMAÇÃO, E NÃO DA JUNTADA DA CARTA PRECATÓRIA DEVIDAMENTE CUMPRIDA AOS AUTOS. ORDEM DENEGADA. 1. Devem ser intimados da sentença condenatória tanto o acusado quanto o seu defensor, não importando, porém, a ordem dos referidos atos processuais, sendo certo que o prazo para a interposição de recurso será contado da data da última intimação. 2. O início da contagem do prazo para interposição do recurso de apelação conta-se da intimação da sentença, e não da juntada aos autos do mandado respectivo. (Súmula 710 do Supremo Tribunal Federal e precedentes desta Corte). 3. Na hipótese em apreço, publicada a sentença condenatória, o defensor foi intimado em 30/11/2010, e o réu em 16/12/2010, iniciando-se o prazo para interposição de recurso em 17/12/2010, com expiração em 10/1/2011, em razão do recesso forense, período esse transcorrido in albis, fazendo com que transitasse em julgado a sentença condenatória, sem que se verifique aí qualquer vício. 4. Não cabe a essa Corte de Justiça manifestar-se originariamente sobre questão não debatida no Tribunal de origem, sob pena de indevida supressão de instância.

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Andre Smaira

Nesse caso deve-se contar os dias, os meses e os anos através de um calendário comum, e nesse âmbito existe uma crítica doutrinária à contagem penal que é indicada no artigo 10 do Código Penal, uma vez que não se pode definir, qual seria o calendário comum a ser adotado (gregoriano, Juliano, judaico, romano, árabe, islâmico).

Sendo assim, para a realização da contagem penal no que tange ao dia não importa a que horas do dia o prazo iniciou a contagem.

Além disso, dentro desse âmbito, o dia acabará às 24 (vinte e quatro) horas, e se acontecer de uma determinada pena começar com o seu cumprimento às 23h55min, os cinco minutos serão contados para a contagem da pena como sendo o dia inteiro.

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