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O riso na visão de Nietzsche, alguém pode me dizer alguma coisa a respeito!?

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Larisse Rodrigues

 

A risada dos deuses do olimpo, a de constrangimento ou causada pelas cócegas, do bom-humor, a risada sobre si mesmo, uma outra que soa como um relinchar, ou ainda aquela que o solitário ri num monólogo consigo mesmo. No pensamento e filosofia de Friedrich Nietzsche a capacidade e o poder de rir representam em suas mais diversas formas um elemento definidor e multiplicador da desmedida vontade de viver tão cara ao artista nietzschiano. Como traço característico do homem, encontrado na obra de Aristóteles, o riso passa a exercer em Nietzsche uma função estética-filosófica até então nunca vista na filosofia do ocidente. A ação que se porta por trás do riso determina essencialmente as características e os atos dos personagens conceituais que ocupam a obra nietzschiana. Não apenas em Zaratustra, a força do riso de natureza satírica abre o caminho e determina a ação da transvaloração de todos os valores e sua ruptura com o pessimismo bem como com o niilismo. Para Nietzsche o riso determina e acompanha, portanto, não apenas a destruição de todos os valores, mas também o fundamento de uma nova moral e o estabelecimento de valores mundanos. Partindo de seu aspecto estético, centrado na figura do artista – cujo maior representante é o sátiro, primeiro ator do ocidente e da tragédia grega –, o riso alcança seu âmbito político e moral. Por todo a obra nietzschiana, encontramos o riso como um símbolo e expressão maior da vida como vontade de potência. A ação do riso provoca ainda a ressonância que atingirá os ouvidos daqueles que Nietzsche acredita ser os verdadeiros artistas. A esses irmãos de Zaratustra, Nietzsche escreve na parte quatro de seu livro, dedicado a todos e a ninguém: “esta coroa do ridente, esta coroa grinalda-de-rosas: a vós, meus irmãos, eu vos atiro esta coroa! O riso eu declarei santo: vós homens superiores, aprendei – a rir!” O riso em Nietzsche assume, assim, um patamar estético-filosófico do qual é possível vislumbrar o verdadeiro filósofo e livre pensador nietzschiano – poeta e ator, músico e artista, personagem conceitual e dançarino em uma única pessoa. Com o riso santificado, mas não apenas, com seu papel filosófico redefinido frente à tradição da cultura ocidental, Nietzsche afirmará em ecce homo: “eu sou um discípulo do filósofo Dionísio, eu preferiria ser um sátiro do que um santo.” Como o caráter santificado do riso de Nietzsche constitui-se como um evangelho para o filósofo do futuro e livre pensador será tematizado por nossa apresentação a qual encontra também no final do livro I de humano demasiado humano uma reveladora dimensão do riso frente à vida: Entre amigos

É belo guardar silêncio juntos Ainda mais belo sorrir juntos - Sob a tenda do céu de seda Encostado aos musgo da faia Dar boas risadas com os amigos Os dentes brancos mostrando.

Se fiz bem, vamos manter silêncio; Se fiz mal – vamos rir então E fazer sempre pior, Fazendo pior, rindo mais alto Até descermos à cova.

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