A tireoide funciona como uma glândula endócrina, participando de diversos eventos metabólicos (basal e de forma geral, de todo o organismo). Todas as ações tireoidianas tem efeito direto no metabolismo tecidual. Os hormônios produzidos pela tireoide são o T3 e T4, sendo o T4 em grande quantidade e o T3 em pequena. O hormônio tireoidiano tem uma forma ativa, que é o T3, porém ela produz mais T4 pois é a forma mais estável para circular no sangue. A diferença de T4 para T3 é uma molécula de iodo. Nos tecidos existe uma enzima chamada de desiodase, responsável por retirar uma molécula de iodo, e assim o T4 é transformado em T3, que é a forma usualmente ativa para o metabolismo. Vale ressaltar que o T4 também tem ação própria, mas a preferencial é a de T3.
A tireoide é uma glândula formada por células epiteliais especializadas que tem uma organização folicular, e essas células que são responsáveis pela síntese dos hormônios tireoidianos. Há também uma estrutura chamada de colóide, que é onde se encontram as reservas de iodo e tirosina. Nós observaremos que a síntese hormonal não ocorre exclusivamente dentro da célula. Esses hormônios sintetizados pelas células foliculares vão exercer funções sobre todos os sistemas, e como atua no metabolismo celular, vai desencadear respostas principalmente no crescimento e no desenvolvimento dos tecidos.
Anatomicamente, a glândula tireoide se encontra anteriormente a traqueia, com um formato de borboleta, se aderindo na própria traqueia e na laringe. É uma estrutura altamente vascularizada e necessita de iodo para seu funcionamento, e esse iodo vem da dieta. O iodo foi colocado no sal propositalmente, pois antes era muito comum se observar problemas de hipotireoidismo por falta de consumo na dieta.
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Então novamente, as células epiteliais se organizam em folículos, e vão ser responsáveis pela síntese hormonal. Primeiramente a síntese ocorre no interior das células, depois chega até o colóide para a participação do iodo e da tirosina, e então retorna para a célula, onde é finalizado o processo. Uma vez que os hormônios foram sintetizados, já podem atingir a circulação sanguínea. Quando a tireoide não recebe estímulo da hipófise (a função da tireoide é mediada pelo eixo hipotálamo/hipófise) as células foliculares não vão endocitar nenhum tipo de líquido do colóide. Quando a glândula está ativa ocorrem alterações na estrutura celular, e vão existir várias vesículas par fazer a endocitose.
Os hormônios produzidos pela tireoide são Tri-iodotironina – T3 e Tetraiodotironina – T4, sendo a diferença uma única molécula de iodo. Dependendo do local onde ocorre a desiodação para transformar o T4 em T3, pode-se ser transformado em forma ativa (anel externo) ou inativa (anel interno). A desiodade do tipo III é a única que faz desiodação no anel interno, sendo uma quantidade praticamente insignificante. Nos tecidos, vamos ver principalmente a ação das desiodases tipo I e II.
Como foi dito, parte da síntese vai ser realizada nas células foliculares e parte no colóide, e essa síntese é mais complexa pois também vai depender do iodo vindo da dieta. O iodo ingerido tem que ser reduzido a iodeto para ser absorvido e no folículo é transformado em iodo novamente através de uma oxidação no coloide para ser ligado a tirosina, formando os hormônios.
Uma outra molécula importante na síntese do T4 é a tireoglobulina (TG), que é uma glicoproteína formada pela união de várias moléculas de tirosina, que vai ser produzida pelas células epiteliais foliculares exclusivamente. A síntese da TG ocorre no citosol pela ligação de aproximadamente 70 moléculas de tirosina. A partir dessa tirosina que forma a TG é que são sintetizados os hormônios T3 e T4. O iodeto que veio da dieta utiliza um transportador do tipo simporte chamado NIS, e esse iodeto entra na célula folicular junto com sódio, que vai entrar a favor de seu gradiente de concentração através de uma bomba de Na/K. O iodeto entra pela membrana basal, passa pela célula folicular e na membrana apical passa por um trocador com cloreto, que é chamado de pendrina, que vai liberar o iodeto no coloide. No coloide, o iodeto é oxidado pelo peróxido de hidrogênio, formando o iodo. Na célula, além do transporte de iodo, ocorre a formação da tireoglobulina através da síntese de proteínas, e essa molécula também é liberada no colóide. No colóide ocorre a iodização e a conjugação, e na membrana dessa célula existem peroxidases. As peroxidases vão ligar moléculas de iodo à tirosina. A iodização pode ocorrer ligando uma ou duas moléculas de iodo a tirosina (TG). Quando ocorre a ligação de uma molécula de iodo, forma-se o MIT, e quando ocorre a ligação de duas moléculas de iodo, forma-se o DIT. A primeira peroxidase vai iodizar a tirosina, e a segunda peroxidase vai conjugar esses dois formados (DIT + MIT ou DIT + DIT). Quando une-se MIT + DIT ocorre formação de T3, e quando une-se DIT + DIT, forma-se T4. A maioria das peroxidases unem DIT + DIT. Tudo isso ocorre na tireoglobulina. Durante esse processo nem todos os MIT e DIT são conjugados. Este complexo de TG é pinocitado, voltando para a célula folicular, que é a terceira e última etapa da formação do hormônio. De novo dentro da célula folicular este complexo sofre ação de enzimas do lisossomo, que vai quebrar a cadeia, liberando MIT, DIT, T3 e T4. T3 e T4 são a forma final do hormônio, e após esse processo ganham a circulação sanguínea. Já o MIT e DIT vão ser desiodizados, liberando tirosina e iodo, que voltam para o colóide. A tirosina será usada para a formação de uma nova TG. Este iodo reaproveitado é uma quantidade muito pequena.
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Fisiologia Humana I
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