Desde o iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um indivíduo se sensibiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa a imigração no Brasil, hodiernamente, evidência-se que, ainda, há desafios de políticas públicas e também sócio-culturais a serem vencidos, para que se tenha uma inclusão imigratória efetiva no país.
A princípio, a falta de infraestrutura para o acolhimento de refugiados ou imigrantes, se deve à ausência de uma política pública voltada para correntes humanitárias, que se sensibilize com os problemas sofridos, com os seres humanos, num espectro mundial. Dessa forma, emigrantes, principalmente do Oriente Médio, como os Sírios, partem para países como o Brasil, na perspectiva de ao menos sobreviverem do caos que seu país se encontra. Todavia, a falta de um programa de integração de imigrantes à sociedade brasileira, acaba que criando uma barreira que faz que os refugiados não permaneçam no país por muito tempo. Tal fato se deve, à dificuldade de inserção cultural, seja pela língua, religião e costumes diferentes, ou pelo preconceito sofrido.
Outrossim, a discriminação contra imigrantes está diretamente associada à formação sócio-cultural do brasileiro. Nesse contexto, em uma visão sociológica, tanto para Durkheim, quanto para Sartre, os cidadãos são frutos de um modelo de construção social, ou seja, o que o indivíduo pensa ou se torna está associado à carga cultural que recebe durante sua formação como indivíduo. Dessa forma, a aversão a estrangeiros e o preconceito estão ligados a concepção que se tem dos imigrantes. Por exemplo, os migrantes de raízes mulçumanas são taxados como potenciais "homens bombas" e, isso, se deve a impressões falsas e genéricas de uma sociedade que são introjetadas na população e, que devem ser combatidas.
Nesse ínterim, portanto, a ação conjunta do governo e da sociedade podem modificar o caráter humanitário dos brasileiros, corroborando para que os imigrantes tenham condições de serem inseridos na população brasileira. Ao Ministério de planejamento e infraestrutura, cabe criar um programa que oferte vagas de empregos à imigrantes, de caráter refugiado, e uma moradia provisória. Ademais, o Ministério da Educação, deve ofertar curso de idiomas para àqueles que não falam português e, também, incorporar à matriz escolar, disciplinas de Consciência Universal e Ação Humanitária, pois, dessa maneira, os estudantes brasileiros terão maior sensibilidade quanto aos problemas do próximo, não tendo um pensamento preconceituoso e egoísta, quanto as dificuldades dos cidadãos de outros países. As aulas, podem ser dinâmicas com a presença de imigrantes, que relatem suas experiências, dificuldades e anseios e, também, é necessário ter aulas ministradas por psicólogos, que realizem atividades que despertem a consciência de coletividade. Cabe à Secretaria de Saúde dos Estados brasileiros, ofertar assistência médica e psicológica para os refugiados, por meio de um cadastro nacional de acesso, garantindo o uso das UBS (Unidade Básica de Saúde). Compete à ONU (Organização das Nações Unidas), criar um fundo internacional que mantenha imigrantes com subsídios, por um determinado tempo, até que o indivíduo consiga se inserir em sua completude, no novo país. Para esse fundo, poderia ser destinado uma cota anual, mínima, de todos os países, àqueles que possuem maior fluxo migratório. Deve haver uma fiscalização da ONU sobre o cumprimento das ações humanitárias, através de um portal de transparência que mostre todos os investimentos e beneficiários. Sendo assim, não haverá uma sobre responsabilidade de alguns países, uma vez que o mundo passará a ter maior humanização. Logo, se afirmará a ideia iluminista de progresso a partir da solidariedade de uns para com os outros.
De acordo com a pesquisa “Migrantes, Apátridas e Refugiados”, cerca de 16,8% dos recém-chegados ao país apontaram a língua como a barreira à compreensão das instituições públicas. O índice vale tanto para o fato de o próprio imigrante não saber o português, quanto os serviços de atendimento e recepção brasileiros não terem o domínio de outros idiomas.
A falta de comunicação é o principal ponto que mostra a necessidade de uma mudança dos processos de recepção, junto com uma padronização de processos. “É preciso uma reavaliação integral da acolhida e proteção aos imigrantes no país para que a mesma seja pautada pelos direitos humanos”, diz o texto.
De acordo com o estudo, o fato de cada tipo de imigrante ter um diferente processo de integração de acordo com sua classificação (refugiado, apátrida, entre outros) torna difícil a compreensão de qual a via que os estrangeiros devem requisitar para entrar no país.
Um exemplo é que boa parte dá entrada nos pedidos de refúgio sem ser propriamente um refugiado. A documentação (14,2%) e a informação (9,4%) são outras duas dificuldades bastante citadas por imigrantes.
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