Para o marxismo, as classes sociais são expressões da exploração, dominação e desigualdade impostas pelas relações econômicas do modo de produção capitalista. Entretanto, se pergunta Marx, por que os trabalhadores não se revoltam contra a condição de exploração na qual vivem? A resposta se dá em termos ideológicos: para Marx, a classe que domina os meios de produção é também a que domina a superestrutura política e ideológica, fazendo com que a exploração que ela exerce não seja percebida como tal pelos dominados. Sempre que a classe trabalhadora assume para si o discurso dominante da burguesia de que a desigualdade social seria natural e eterna, ela produz uma “falsa consciência” da situação de classe. A ideologia dominante seria mais eficaz quanto maior fosse sua capacidade de esconder a origem da divisão social e o antagonismo entre as classes.
Porém, o antagonismo entre as classes só assumiria um significado político no momento em que o conflito ultrapassasse a mera oposição entre o operário e o capitalista, ou entre os trabalhadores de uma fábrica e o seu patrão, e se convertesse num conflito generalizado, entre toda a burguesia e todo o proletariado. Isso só seria possível a partir da tomada de consciência da classe proletária e a consequente organização política dos interesses de todos aqueles que se encontram na mesma posição dominada no processo produtivo.
As ideias da classe dominante são, em todas as épocas, as ideias dominantes, ou seja, a classe que é o poder material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, o seu poder espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios para a produção material dispõe assim, ao mesmo tempo, dos meios para a produção espiritual, pelo que estão assim, ao mesmo tempo, submetidas em média as ideias daqueles a quem faltam meios para a produção espiritual. As ideias dominantes não são mais do que a expressão ideal das relações materiais dominantes concebidas como ideias; portanto, das relações que precisamente tornam dominante uma classe, portanto, ideias do seu domínio. Os indivíduos que constituem a classe dominante também têm, entre outras coisas, consciência, e daí que pensem; na medida, portanto, em que dominam como classe e determinam todo o conteúdo de uma época histórica, é evidente que fazem em toda a sua extensão, e, portanto entre outras coisas, dominam também como pensadores, como produtores de ideias, regulam a produção e a distribuição de ideias do seu tempo; que, portanto, as suas ideias são as ideias dominantes da época.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo Editorial, 2007.
O trecho do texto acima faz referência ao conceito de ideologia, que corresponde ao processo no qual as ideias da classe dominante adquirem a aparência de serem universais e naturais, escondendo o seu caráter de dominação de uma classe sobre a outra. No processo ideológico, a escola assume um papel essencial na sociedade capitalista. Assinale a opção correta que descreve o referido papel:
Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta.
Compartilhar