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Metodologia do ensino de historia. - UNOPAR. Acredito que a resposta correta é III e IV.

O documento não é inócuo. É antes de mais nada o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziu, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio. O documento é uma coisa que fica, que dura, e o testemunho, o ensinamento (para evocar a etimologia) que ele traz, devem ser em primeiro lugar analisados desmistificando-lhe o seu significado aparente.

(LE GOFF, Jacques. Historia e memoria. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1990, pp. 547-548)

"(...) um exemplo clássico dessa concepção de documento seria a carta escrita por Pero Vaz de Caminha e que relata o 'descobrimento' do Brasil. (...) Enviada no navio de mantimentos para Portugal, foi recebida com interesse na corte de D. Manuel, o Venturoso, mas não pelo 'achamento' do que viria a ser o Brasil, mas em função das notícias da viagem que estabeleceria o comércio com a Índia. Para o ansioso monarca e seus cortesãos, o objetivo central era a rota para o Oriente. (...) Por mais de duzentos anos, o documento que temos na conta de preciosíssima certidão de nascimento do Brasil ficou na Torre do Tombo em Portugal, sem que ninguém tivesse um interesse específico por ele. Apenas em 1773, um funcionário chamado José de Seabra da Silva mandou tirar cópia do texto. Quase meio século depois, em 1817, ele seria publicado pela primeira vez na Corografia Brasílica ou Relação Histórico-geográfica do Reino do Brazil, pelo padre Manuel Aires de Casal."

(KARNAL, Leandro; TATSCH, Flavia Galli. A memória evanescente. In: PINSKY, Carla Bassanezi; LUCA, Tania Regina de. O historiador e suas fontes. São Paulo: Editora Contexto, 2009. p. 9-28.)

É essencial para o trabalho com as fontes históricas saber realizar a leitura crítica delas. Aponte a alternativa que faça a correlação apropriada dos textos acima: 

 

I - Depois da Independência do Brasil, em 1822, a carta foi relegada ao esquecimento pelo desejo do Estado brasileiro de se desvincular de Portugal. 

II - Há diversas temporalidades diferentes inscritas no percurso documental da carta de Caminha: seguir a trajetória desse documento permite que façamos questionamentos sobre diferentes épocas em que a carta foi manipulada, deixada de lado e revisitada.   

III - A leitura critica de fontes, como afirma Le Goff, envolve entender também possíveis silêncios em relação ao documento ao longo do tempo, o que é exemplificado pela situação narrada no texto de Karnal e Tatsch.

IV- Entre os séculos XVIII e XIX, foi possível reencontrar a verdade a respeito dos acontecimentos do descobrimento do Brasil a partir da reprodução e divulgação de documentos da época, como a carta.


💡 1 Resposta

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A alternativa correta é a III e IV. A leitura crítica de fontes históricas, como afirmado por Le Goff, envolve entender possíveis silêncios em relação ao documento ao longo do tempo, o que é exemplificado pela situação narrada no texto de Karnal e Tatsch. Além disso, entre os séculos XVIII e XIX, foi possível reencontrar a verdade a respeito dos acontecimentos do descobrimento do Brasil a partir da reprodução e divulgação de documentos da época, como a carta.

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