A professora Dra. Anita Novinsky, pesquisadora da resistência judaica, analisou os hábitos da Inquisição no território colonial português na América. Dentre as análises, ressaltou o papel da mulher na permanência das práticas culturais de cristãos-novos no Brasil colônia. Descreve ela que: (...) proibida a sinagoga, a escola, o estudo, sem autoridades religiosas, sem mestres, sem livros, o peso da casa foi grande. A casa foi o lugar do culto, a casa tornou-se o próprio Templo. No Brasil Colonial, como em Portugal, somente em casa os homens podiam ser judeus. Eram cristãos para o mundo e judeus em casa. Isso teria sido impossível sem a participação da mulher. (NOVINSKY, Anita W. "O papel da mulher no cripto-judaísmo português". In Comissão para a igualdade e para os direitos das mulheres. O rosto feminino da expansão portuguesa. Congresso Internacional. Lisboa, 1994. Lisboa, 1995, pp. 549-555). Observando o trecho acima, assinale a única alternativa que contenha o sentido de tais proibições apresentadas pela fonte:
A - A cristianização dos povos judeus deu-se mais por uma procura de salvação do que propriamente uma imposição de crenças não semitas, pois se assim fosse, não haveriam judeus convertidos durante o período colonial
B - A naturalidade com que os povos judeus aceitaram a cristianização impressionou as autoridades da Igreja Católica após o acordo de culto ser restritivo aos lares e espaços exclusivamente judeus
C - A valorização do sincretismo religioso presente em vários momentos do Brasil colonial fez da fé de cristãos-novos um exemplo singular; proibições e perseguições foram necessárias para não desvirtuar o ideal unificador da religião judaico-cristã na colônia
D - Além da perseguição religiosa, havia ainda o interesse por parte da aristocracia portuguesa dominante no Brasil em usar o Santo Ofício como instrumento de regulação da burguesia colonial em ascensão
E - O interesse fundamental estava na vantagem com que católicos e cristãos-novos obtinham com a conversão de novos fiéis, assim, apesar da distância, o reino português via a sua fé divulgada por todo o seu território
Letra D
“O século XVII viu novas visitações, à medida que se fortalecia uma rede agentes laicos, assim como os bispos, que buscavam suspeitos nas congregações locais, denunciando-os para as autoridades. Ao longo de sua ação no Brasil, a Inquisição encarcerou 1.074 indivíduos, a maior parte por ação judaizante, oriundos principalmente da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro. Alguns destes encarcerados seriam condenados à “pena do fogo”. No todo, tal como na metrópole portuguesa, os principais alvos dos inquisidores não seriam alquimistas ou feiticeiros, mas os cristãos-novos, sob as mais diversas suspeitas. Parece razoável supor que, para além do componente religioso, havia um interesse da aristocracia dominante em usar o Santo Ofício como ferramenta para regular a burguesia ascendente.”
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História do Direito Brasileiro
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