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Introdução à Educação de Jovens e Adultos

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Aula 01
Educação de 
Jovens e Adultos
Márcia Justino da Silva
Educação de Jovens 
e Adultos
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor 
ANALICE OLIVEIRA FRAGOSO
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Autor 
MÁRCIA JUSTINO DA SILVA
Olá, Caro estudante! 
Sou Márcia Justino da Silva e serei sua professora executora 
nesta disciplina de Educação de Jovens e Adultos. Sou Licenciada em 
Pedagogia, Pós-Graduada em Psicopedagogia Diferencial: Diferenças na 
Aprendizagem, Especialista em Psicanálise Aplicada à Educação e em 
Metodologia do Ensino na Educação a Distância e Mestre em Psicanálise 
Aplicada à Educação e Saúde (Curso Livre). Fui ex-coordenadora do 
Curso de Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional 
– FAJOLCA. Atualmente atuo como professora de Graduação e Pós-
Graduação em diversos cursos na área de educação, sou Coordenadora 
Pedagógica da Consultoria Didática Escolar – Reforço Escolar, 
Professora Conteudista e Executora da EaD da UNINASSAU (Curso de 
Licenciatura em Pedagogia), do Instituto Federal de Educação ( Curso de 
Licenciatura em Matemática) e da Secretaria de Educação do Estado de 
Pernambuco (Curso Técnico em Secretaria Escolar). Tenho muito orgulho 
de minha profissão, pois acredito que só a educação é o caminho para o 
desenvolvimento pessoal, social e nacional. Estou muito honrada e feliz 
por ter a oportunidade de ajudá-los na construção do conhecimento, 
tornando-o uma aprendizagem significativa.
Estamos juntos nessa jornada!
Um abraço!
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimen-
to de uma nova 
competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram 
que ser prioriza-
das para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e 
links para aprofun-
damento do seu 
conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoapren-
dizagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
SUMÁRIO
Educação de Jovens e Adultos: Pensamento Político 
Pedagógico ao Longo da História ................................................... 12
Dos Jesuítas a Revolução Industrial ............................................................12
Período Jesuítico (1549-1759) ..................................................................12
Período Pombalino (1760 - 1808) ...................................................... 15
Período Joanino (1808 – 1821) ..............................................................16
Período Imperial ..................................................................................................17
Período Republicano: redemocratização e os dias atuais ......19
A importância da EJA como modalidade da Educação 
Básica e a escola .....................................................................................29
Inclusão Social e Diversidade Cultural: Escola como Espaço 
de Interações e Relações Democráticas na EJA ..................... 31
Inclusão Social e a Diversidade Cultural .................................................. 31
Orientações Curriculares para a EJA .............................................35
O Processo de Alfabetização e Letramento: ressignificando os 
saberes escolares ........................................................................................................37
Conceitos de Alfabetização e Letramento de Jovens e 
Adultos .................................................................................................................................. 39
Educação de Jovens e Adultos 7
UNIDADE
01
Educação de Jovens e Adultos8
Caro estudante, seja muito bem-vindo a nossa disciplina! Chegou 
a hora de complementar seus estudos sobre a Educação Básica, 
adentrando em uma modalidade muito interessante, a Educação de 
Jovens e Adultos (EJA).
Você sabia que esta modalidade é relativamente jovem? Pois é, 
a princípio seu objetivo era apenas ensinar os adultos, que por algum 
motivo não foram alfabetizados na escola regular, a ler e escrever. 
Contudo, através dos tempos, houve mudanças significativas em 
sua proposta e objetivos, respaldada pela legislação e pelas políticas 
públicas educacionais.
Exatamente isto que veremos nesta unidade. Faremos uma viagem 
no tempo para que possamos compreender como se deu a construção 
do pensamento pedagógico da Educação de Jovens e Adultos- EJA- ao 
longo da história de nosso país, até os dias atuais. Vamos lá?
INTRODUÇÃO
Educação de Jovens e Adultos 9
Segundo Perrenoud (1999, p. 30): “Competência é a faculdade de 
mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, 
informações etc.). Para solucionar com pertinência e eficácia uma série 
de situações”.
Seguindo este princípio estabelecemos algumas competências 
para esta Unidade. Nosso objetivo é auxiliá-lo no desenvolvimento desta 
etapa de estudos, ajudando a:
 • Compreender a trajetória histórica da Educação de Jovens e 
Adultos no Brasil;
 • Refletir a respeito da importância da Educação de Jovens e 
Adultos como uma das modalidades da Educação Básica a partir da sua 
evolução histórica;
 • Identificar a importância da EJA no processo da inclusão social;
 • Verificar como se dá o processo de alfabetização dos 
jovens e adultos, enfatizando a importância de uma didática e uso de 
metodologias adequadas.
Preparado para nossa viagem no tempo? Tenho certeza que será 
muito gratificante!
OBJETIVOS
Educação de Jovens e Adultos10
Educação de Jovens e Adultos: Pensamento 
Político Pedagógico ao Longo da História
Dos Jesuítas a Revolução Industrial 
Você certamente se recorda do que estudou em História da 
Educação, certo? Mas, vamos refrescar um pouco a sua memória. Agora 
numa perspectiva da EJA.
Período Jesuítico (1549-1759)
Lembra-se que os jesuítas foram os primeiros educadores em 
terras brasileiras e que o seu principal objetivo era a catequese dos 
índios que aqui viviam? Pois bem, para que alcançassem seu objetivo 
era primordial que houvesse a alfabetização desse povo na língua 
portuguesa. Contudo, o Projeto Educacional Jesuítico não era apenas 
um projeto de catequização, mas sim um projeto bem mais amplo, pois 
havia um projeto de transformação social, implementando mudanças 
radicais na cultura indígena brasileira, obtendo uma transformação 
social colônia.
Apesar de existirem indícios de que os jesuítas e membros de 
outras ordens religiosas também catequizaram e instruíram escravos, 
não se encontram registros históricos sobre essas experiências. Nem 
outras que possam ter sido realizadas com mulheres adultas.
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de:
Entender como iniciou a Educação de Jovens e Adultos no 
Brasil – EJA - em seus aspectos gerais e específicos, ao 
longo de nossa história, contextualizando as suas diferentes 
fases até hoje.
Então vamos lá!
Educação de Jovens e Adultos 11
Cabe ressaltar o que nos dizem Maciel e Neto (2008, p. 01) quanto 
ao ensino jesuítico:
O ensino jesuítico implementado no período colonial brasileiro 
era adequadopara o momento histórico vivenciado, levando-
se em consideração quatro aspectos: os objetivos do Projeto 
Português para o Brasil; o projeto educacional Jesuítico; a 
própria estrutura social brasileira da época; e o modelo de 
homem necessário para a época Colonial.
Figura 1: Cenas de Catequese
Fonte: Wikicommons
Educação de Jovens e Adultos12
Ao longo de 210 anos (1549-1759) os jesuítas implantaram um 
Plano Educacional elaborado pelo Padre Manoel da Nóbrega – Ratio 
Studiorum - que servia às várias classes da população, contudo de 
acordo com a classe social a que a pessoa pertencia, era designado um 
tipo de Educação.
Figura 2: Ratio studiorum
Fonte: Wikicommons
SAIBA MAIS:
Quer saber (ou relembrar um pouco) mais sobre a educação 
jesuítica? Assista o vídeo, bastante ilustrativo sobre este 
período de nossa história. Link: https://youtu.be/AfArxoWl9rQ.
https://youtu.be/AfArxoWl9rQ
Educação de Jovens e Adultos 13
Período Pombalino (1760 - 1808) 
Em 1759 os jesuítas foram expulsos do Brasil pelo Marquês de 
Pombal, que modificou todo o sistema educacional instaurado. Os 
jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, 
além de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas 
em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus, foram 
todos desativados.
 A educação brasileira vivenciou, nesta fase, uma grande ruptura 
de um método educacional implantado e até então consolidado. 
Foi estabelecido um novo modelo e estrutura educacional que se 
diferenciava do Ratio Studiorum, conhecido como “Aulas Régias”. O 
resultado da decisão de Pombal foi que, no princípio do século XIX, a 
educação brasileira estava reduzida a praticamente nada. O sistema 
jesuítico foi desmantelado e nada que pudesse chegar próximo deles foi 
organizado para dar continuidade a um trabalho de educação.
Figura 3: Aulas Régias
Fonte: Wikicommons
Educação de Jovens e Adultos14
De acordo com Stephanou (2005c, apud SACRAMENTO, 
2008), a expulsão dos jesuítas aparentemente não teve experiências 
sistemáticas e significativas em relação à alfabetização de adultos. A 
ênfase pombalina estava no ensino secundário, organizado através do 
sistema de Aulas Régias.
Período Joanino (1808 – 1821) 
A vinda da Família Real, em 1808, foi marcada por mais uma 
ruptura no sistema educacional. Embora D. João VI tenha criado diversas 
instituições de ensino, tais como Academias Militares, Escolas de Direito 
e Medicina e escolas noturnas, havia uma dificuldade de manter estas 
instituições em funcionamento. 
O surgimento da imprensa Régia na colônia contribuiu para divulgação 
de fatos e pensamentos para a população letrada. Entretanto a educação, mais 
uma vez, era relegada a segundo plano.
Figura 4: Chegada da família real no Brasil
Fonte: Wikicommons
Educação de Jovens e Adultos 15
D. João VI volta a Portugal em 1821. Em 1822 seu filho D. Pedro 
I proclama a Independência do Brasil e, em 1824, outorga a primeira 
Constituição brasileira. O Art. 179 desta Lei Magna dizia que a “instrução 
primária é gratuita para todos os cidadãos”.
Isto veremos a seguir, continuando nossa retrospectiva histórica.
Vamos lá!
Período Imperial
A Constituição de 1824, como já mencionada, estabeleceu o 
ensino primário e gratuito a todos, mas nem todos tinham acesso à 
educação. 
Em 1826 um Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias 
(escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias. Só em 1827 é que 
foi promulgada a lei geral sobre a instituição do ensino primário Tal lei 
determina que as escolas ensinem a ler, escrever e a utilizar as quatro 
operações, além de noções gerais de geometria, gramática, moral cristã 
e doutrina católica. pela primeira vez as meninas foram incluídas no 
sistema educacional, mas com um currículo diferenciado. 
Em 1831, cedendo às pressões da corte portuguesa e por 
atravessar uma grave instabilidade política, D. Pedro I abdica do trono 
brasileiro e, como seu pai, deixa no Brasil seu filho - D. Pedro II - com 
apenas 5 anos de idade. Por não ter idade para assumir o trono, o 
governo de D. Pedro II é dividido em dois momentos: Período Regencial 
(1831 - 1840) e Segundo Reinado (1840 - 1889).
SAIBA MAIS:
Aprofunde um pouco seu conhecimento sobre o Período 
Joanino e suas mudanças sociais. Acesse: https://youtu.
be/4Dtte78JGKs.
https://youtu.be/4Dtte78JGKs
https://youtu.be/4Dtte78JGKs
Educação de Jovens e Adultos16
 Dom Pedro II apoiou as ciências, letras e artes e fez muito para o Brasil 
se desenvolver no campo econômico, industrial e científico, mesmo 
enfrentando conflitos e guerras.
Em 1834 o Ato Adicional à Constituição dispõe que as províncias 
passariam a ser responsáveis pela administração do ensino primário e 
secundário. A intenção era de que pobres (brancos ou negros) tivessem 
acesso a escolaridade, adquirindo a cultura e a civilização europeia. 
A ideia era que somente a educação conseguiria desenvolver o país. 
Surgem, então, em 1835 as primeiras Escolas Normais para formação de 
professores. 
Embora possa ter havido a intenção de obter bons resultados, 
não foi o que aconteceu, tendo em vista uma barreira: as dimensões 
do país. Assim, a educação brasileira perdeu-se mais uma vez, obtendo 
resultados muito pouco expressivos.
Em 1837, é criado no Rio de Janeiro, o Colégio Pedro II, com o 
objetivo de se tornar um modelo pedagógico para o curso secundário. 
Porém, o Colégio não conseguiu se organizar até o fim do Império para 
atingir tal objetivo.
Figura 5: Colégio Pedro II no Rio de Janeiro
Fonte: Wikicommons
Educação de Jovens e Adultos 17
Quanto a educação para jovens e adultos, foi somente em 1879 
que Carlos Leôncio de Carvalho elaborou uma reforma educacional. 
Através do decreto 7.247, foram criados cursos noturnos para adultos, do 
sexo masculino, nas escolas públicas de instrução primária.
Infelizmente, caro estudante, até a Proclamação da República, 
em 1889 praticamente pouco foi feito de concreto pela educação 
brasileira, apesar da consideração de D. Pedro II pela tarefa educativa, 
numa consolidação de um sistema educacional em nosso país. 
Período Republicano: redemocratização e os dias 
atuais
 O primeiro período republicano foi marcado por uma grande 
mudança social, política, econômica e, consequentemente, educacional. 
A primeira Constituição da República, datada de 1891, reafirma 
a proibição ao voto do analfabeto às eleições. O censo de 1890 já 
havia constatado a existência de 85,21% de analfabetos na população 
total. Nesta época ainda não havia ações políticas voltadas para esta 
necessidade.
As mobilizações da sociedade a favor da alfabetização dos 
adultos só aconteceram nas primeiras décadas do século XX. 
SAIBA MAIS:
Caro estudante, acredito que seja interessante fazer uma 
revisão sobre: O Império e as primeiras tentativas de 
organização da educação nacional. Acesse: https://bit.
ly/2EE7bsB.
https://bit.ly/2EE7bsB
https://bit.ly/2EE7bsB
Educação de Jovens e Adultos18
Surgiram, então, várias campanhas de alfabetização, como a Liga 
Brasileira Contra o Analfabetismo (1915) no Rio de Janeiro.
A Revolução Industrial, a partir de 1930, trouxe a necessidade de 
uma mão de obra qualificada e especializada. Nesse momento houve 
um considerável aumento da migração para as capitais, de pessoas que 
viviam na zona rural, em busca de novas oportunidades de trabalho. 
Havia uma grande preocupação e mobilização para erradicar 
o analfabetismo no país e em um curto espaço de tempo. Algumas 
experiências foram realizadas, havendo o surgimento do ensino supletivo 
destinado aos adultos. Todavia, durante o Estado Novo, quase não há 
registros de iniciativas voltadas para a alfabetização de adultos, pois o 
novo regime não estava interessado com a instrução popular.
Contrariando a ação oficial de oferecer soluções para a alfabetização 
de adultos, os analfabetos, moradores de área urbana, eram participantes depráticas de uso da leitura e da escrita.
Constata-se, ainda, que a participação dos homens era distinta 
à das mulheres. Elas, mesmo pertencentes às elites econômicas 
(principalmente rurais) não podiam frequentar a escola, pois era os 
homens considerado perigoso o seu ingresso no mundo letrado.
VOCÊ SABIA?
Você Sabia que nos anos 30 foram iniciadas em Pernambuco 
práticas de leitura oralizada de folhetos de cordel em feira. 
Em reuniões poemas e contos eram lidos. Assim facilitando 
o contato do adulto com o mundo da escrita.
Educação de Jovens e Adultos 19
A partir do fim da Segunda Guerra Mundial e do Estado Novo, e 
com a volta da democracia no país, ocorreram novas medidas voltadas 
para a alfabetização de adultos.
O ensino supletivo foi organizado a partir da Lei Orgânica do Ensino 
Primário, de 1946, mas é apenas em 1947 que o governo brasileiro lança, 
pela primeira vez, uma campanha de âmbito nacional visando alfabetizar 
a população, conhecida como Campanha de Educação de Adultos (CEA) 
ou Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA) extinta 
apenas em 1963. Criou-se uma infraestrutura para atender à educação 
de jovens e adultos, sendo criadas classes de alfabetização distribuídas 
em todos os municípios.
A Campanha recrutava voluntários para erradicar o analfabetismo 
no país. Era evidenciada a redenção do analfabetismo, continuando a 
ênfase no assistencialismo nesta iniciativa governamental.
Não havia uma preocupação com um material didático específico 
os adultos. O material utilizado era o mesmo da educação das 
crianças. Verificamos, assim, que o adulto analfabeto continuava sendo 
considerado incapaz, sendo comparado a uma criança.
Caro estudante, chegamos aos anos 50. Verifica-se, no início 
desta década, muitas críticas à CEAA, com origem no seu próprio núcleo. 
Assim, um importante movimento surgirá em 1958, através de um grupo 
experimental em Pernambuco, liderado por Paulo Freire.
No II Congresso Nacional de Educação de Adultos, Freire coloca 
que a organização dos cursos deveria ter como base a própria realidade 
dos alunos e o trabalho educativo deveria ser feito “com” o homem e 
não “para” o homem. Nessa nova perspectiva o material didático não 
poderia ser uma mera adaptação das propostas infantis. Houve uma 
mudança na percepção do adulto não-alfabetizado, não sendo mais 
tomado como alguém ignorante e imaturo, mas visto como produtor 
de cultura e de saber. 
Educação de Jovens e Adultos20
Como podemos perceber no vídeo, a proposta de alfabetização 
era que a leitura do mundo viria antes da leitura da palavra. Considerava, 
ainda, que o analfabetismo não era o único e grave problema do país e 
sim as condições de miséria em que vivia o não-alfabetizado.
Outras campanhas foram sendo criada como a Campanha Nacional 
de Educação Rural (1950) e a Campanha Nacional de Erradicação do 
Analfabetismo (1958). Contudo, infelizmente, não obtendo o êxito 
esperado no que se refere ao projeto de tornar os jovens e adultos 
leitores e produtores de texto proficientes.
No final da década de 1950 e início de 1960, verificamos 
movimentos de educação e de cultura popular, quase todos inspirados 
nos ideais de Paulo Freire, são: o Movimento da Educação de Base 
(MEB), que consistia em um convênio entre o Governo Federal e o 
Conselho Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); o Movimento de Cultura 
Popular da Prefeitura do Recife (MCP); os Centros Populares de Cultura 
(CPCs) organizados pela União Nacional dos Estudantes no Rio de 
Janeiro (UNE - 1961-1964); o CEPLAR, ou seja, a Campanha de Educação 
Popular; a CAMPANHA DE PÉ NO CHÃO TAMBÉM SE APRENDE A LER, 
desenvolvida pela prefeitura de Natal, RGN.
Cabe ressaltar que, apesar desses movimentos emergirem de 
vários pontos do país, sua expressividade se deu no Nordeste, em 
decorrência da alta taxa de analfabetismo, como já citamos, e de sua 
organização. 
Esse pensamento se tornou muito forte e a bandeira pelo 
desenvolvimentismo nacional e as reformas de base tomaram conta 
da sociedade civil organizada, com a finalidade de alterar esse quadro 
socioeconômico e político.
ACESSE:
Saiba mais sobre o método Paulo Freire de Alfabetização. 
Disponível em: https://youtu.be/2DAOO8jPyCU.
https://youtu.be/2DAOO8jPyCU
Educação de Jovens e Adultos 21
Agora há um novo olhar especial para analfabetismo, que 
passa a ser visto não como causa da situação de pobreza, mas como 
consequência de uma sociedade injusta e desigual. Assim, o não-
alfabetizado conquista um novo patamar, pois agora é considerado 
produtor de conhecimento. Nesse sentido a educação deveria ser 
dialógica e com a participação de todos.
A influência de Paulo Freire abrangeu de forma significativa 
todos os espaços, possibilitando uma educação popular, entre 1960 e 
1964. Junto com o MEC (Ministério da Educação e Cultura), o educador 
organizou o Plano Nacional de Alfabetização de Adultos, que foi 
interrompido pelo golpe militar de 31 de março de 1964.
Durante a ditadura militar as experiências de educação de 
adultos com objetivo de conscientização sofreram interdição e, devido 
a repressão militar, foram extintas e Paulo Freire foi posteriormente 
exilado.
O Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) foi criado 
em 1967, começando suas atividades em Recife, Paraíba e Sergipe 
apenas em 1969. Tinha duas características básicas: contribuir com a 
aprendizagem do desenho do nome pelo educando e interditar todas as 
experiências voltadas para a transformação da realidade.
Era recrutado para o Mobral quem poderia ensinar, sem 
se preocupar com sua formação docente. Bastava a pessoa ter 
disponibilidade para ser treinada e interessada em ganhar uma baixa 
remuneração.
Embora o material didático fosse semelhante ao usado na 
educação popular, o potencial crítico do conteúdo era bastante 
esvaziado, além de ser padronizado para todo a País.
Educação de Jovens e Adultos22
 O Mobral foi marcado por denúncias de corrupção que culminaram 
na instalação de uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – para 
apurar desvios de dinheiro e divulgação de falsos dados sobre o 
analfabetismo, sendo extinto em 1985, juntamente com o Regime Militar.
Os anos 80 foram marcados pela abertura política, quando 
surgiram diversos projetos e experiências de alfabetização de iniciativa 
de associações de moradores, sindicatos e comunidades religiosas. Em 
1985 o regime militar dá lugar a Nova República.
Em substituição ao Mobral nasce, durante o governo Sarney (1985-
1990), a Fundação Educar, com o propósito de organizar programas 
destinados àqueles que não tiveram acesso à escola ou que foram 
anteriormente excluídos.
Diferente do Mobral, essa fundação funcionava em sintonia com 
o MEC e recebia o apoio financeiro das prefeituras ou de associações da 
sociedade civil. Sua atuação era, basicamente, nos municípios, onde exercia 
a supervisão e o acompanhamento junto às instituições e secretarias, que 
recebiam recursos para execução de seus programas locais.
Em 1988 foi promulgada a nova Constituição Federal, dessa 
vez estabelecendo uma nova ordem jurídica. Sendo considerada a 
“Constituição Cidadã”, ela estabelece um tratamento específico à 
educação nacional, em seu Capítulo III, dos art. 205 ao 214, abrindo 
caminho para novas regras educacionais.
Vemos em 1989 novamente no cenário educacional o educador 
Paulo Freire que assume a Secretaria Municipal de Educação do estado 
de São Paulo, lançando o MOVA (Movimento de Alfabetização de 
Jovens e Adultos da Cidade de São Paulo), envolvendo a participação 
de movimentos populares da cidade de São Paulo. Acreditava-se 
que o MOVA-SP possibilitaria o prosseguimento dos estudos pós-
alfabetização, garantindo, assim, a escolarização básica formal. Não 
havia preferência por um determinado método de alfabetização. Pelo 
contrário, havia uma valorização do pluralismo, sendo recusados apenas 
métodos pedagógicosautoritários ou racistas, já que bebiam da fonte 
freireana de educação libertadora. Em 1993, o projeto foi extinto pela 
nova gestão municipal.
Educação de Jovens e Adultos 23
Chegamos aos anos 90, caro estudante! E por volta de 1990, 
comemorou-se o Ano Internacional da Alfabetização. O governo de 
Fernando Collor de Mello tem início em março deste mesmo ano, mas 
não vai adiante, devido ao seu impeachment, sendo encerrado em 
dezembro de 1992. Neste cenário, extinguiu-se a Fundação Educar e 
criou-se o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC), em 
decorrência das discussões que circularam na época. Contudo, verifica-
se que não há nenhuma intenção de estabelecer como uma política de 
alfabetização para jovens e adultos.
Nos anos de 1995 e 1996, continuamos com diversas mudanças 
legislativas. Alguns projetos que foram levados adiante nesse período 
são influenciados pelas pesquisas realizadas nas áreas da Psicologia 
Cognitiva, Linguística e Educação, levando uma proposta pedagógica 
para a EJA, associada às práticas sociais de leitura e escrita.
SAIBA MAIS:
Conheça mais sobre o MOVA de Paulo Freire em https://
bit.ly/34KDyQL.
https://bit.ly/34KDyQL
https://bit.ly/34KDyQL
Educação de Jovens e Adultos24
Figura 6: Ex-presidente Fernando Henrique
Fonte: Wikicommons
No governo FHC (1995-2003) é aprovada em 1996, a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Um marco importante para 
a educação. A Educação de Jovens e Adultos - EJA- passa a ser parte 
integrante da Educação Básica, como uma de suas modalidades de 
ensino, tendo garantidas a obrigatoriedade e gratuidade de sua oferta, 
de acordo com a Constituição Federal de 1988.
Bem, caríssimo estudante, vamos avançar um pouco no tempo, 
indo para os anos 2000, OK?
Sigam-me!
No começo do século XXI, em 2000, surgem as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e Adultos. Elas 
reafirmam a exigência do direito à educação escolar para jovens e 
adultos, reconhecendo a importância da formação inicial e continuada 
de professores e a elaboração e execução de propostas pedagógicas 
em consonância com a identidade dessa modalidade.
Educação de Jovens e Adultos 25
Nessa época o Ministério da Educação elabora e disponibiliza 
um vasto material didático e pedagógico aos sistemas de ensino, 
promovendo formação continuada de professores, além de dar apoio 
financeiro federal às ações de políticas locais.
O governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (2003 
-2010) lança o Programa Brasil Alfabetizado em 2003, em parceria 
com os estados e municípios, juntamente com empresas privadas, 
universidades, organizações não governamentais e instituições civis. 
Esse programa tem como objetivo alfabetizar jovens a partir dos quinze 
anos, de maneira descentralizada, com o apoio de voluntários. Foi 
desenvolvido em todo o território nacional, com o atendimento prioritário 
a municípios que apresentam alta taxa de analfabetismo, sendo que 
90% destes localizam-se na região Nordeste.
Não podemos deixar de reconhecer que o Programa Brasil 
Alfabetizado representa uma porta de entrada na cidadania, pois 
promove o acesso à educação como direito de todos em qualquer 
momento da vida.
A população contemplada inclui indígenas, ribeirinhos, caiçaras 
e urbanos. O Programa tem como prioridade diminuir as estatísticas, 
partindo da concepção de que em seis meses é possível alfabetizar um 
adulto, disseminando o discurso de que o “analfabetismo é um mal em 
si mesmo, uma mazela social semelhante à escravidão”.
Nessa perspectiva, o Programa Brasil Alfabetizado percebe o 
adulto um produtor de saber e de cultura, e, que embora não saiba 
ler, nem escrever, convive nos espaços sociais onde a escrita circula, 
participando assim de algumas práticas de letramento nos centros 
urbanos. Enfim, é um sujeito que tem uma história de construção de sua 
identidade.
Educação de Jovens e Adultos26
Em 2019 o Programa Brasil Alfabetizado pretende alfabetizar 1,5 
milhão de jovens e adultos nas cinco regiões do país, com exceção de 
São Paulo que não aderiu ao programa.
O índice maior de analfabetismo continua concentrado nas 
regiões Norte e Nordeste. De acordo com o censo do Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, da população com 
15 anos ou mais, 13,9 milhões são considerados analfabetos. A estatística 
do IBGE ainda mostra que os homens aparecem com 9,9% do índice e 
as mulheres com 9,3%. Quanto a divisão territorial, o IBGE aponta que a 
área rural é responsável por 23,18% da população analfabeta do país; a 
área urbana, por 7,28%.
Veja na tabela abaixo a divisão por faixa etária, os jovens também 
estão presentes nos índices: de 25 a 29 anos, eles são 4% e de 15 a 17 
anos, 2,2%. 
Tabela 1
Fonte: https://bit.ly/2PK2ow0
Idade Porcentagem
60 anos ou mais 26,5%
50 a 59 anos 13,8%
40 a 49 anos 9,9%
30 a 39 anos 6,6%
25 a 29 anos 4,0%
18 a 24 anos 2,6%
15 a 17 anos 2,2%
SAIBA MAIS:
Quer saber mais sobre o Programa Brasil Alfabetizado? 
Acesse o Portal do MEC: https://bit.ly/2Zf79ks.
https://bit.ly/2PK2ow0
https://bit.ly/2Zf79ks
Educação de Jovens e Adultos 27
A importância da EJA como modalidade 
da Educação Básica e a escola 
Caro estudante, nas últimas décadas verificamos a intensificação 
dos debates sobre uma escola mais democrática, onde haja o respeito 
à diversidade, a heterogeneidade que encontramos no âmbito 
escolar. Constatamos, também, na legislação e as políticas públicas 
educacionais desenvolvidas a preocupação com uma educação para 
todos, priorizando a qualidade e o respeitando as diversas formas e 
ritmos de aprendizagem.
Há um consenso de que para alcançarmos esta qualidade na 
educação, faz-se necessária a renovação de sua estrutura, abandonando 
o ensino tradicional. Nesse cenário, está a escola atual, que enfrenta 
vários desafios para que seja efetivamente, inclusiva, interativa e 
democrática.
Uma escola democrática é aquela que permite a participação 
de alunos, professores e funcionários nos processos decisórios da 
comunidade escolar. Essa escola também deve considerar de suma 
importância a Educação de Jovens e Adultos, enquanto modalidade da 
Educação Básica.
Ela é a oportunidade de estudo, alfabetização, letramento e 
crescimento, deste público que não conseguiu finalizar seus estudos em 
tempo hábil, na idade oportuna.
Nesse sentido, a escola tem papel essencial para a inserção e 
consideração desse aluno em sua rotina.
De acordo com Candau (2011, p 253):
A escola tem um papel importante na perspectiva de reconhecer, 
valorizar e empoderar sujeitos socioculturais subalternizados e 
negados. E esta tarefa passa por processos de diálogo entre 
diferentes conhecimentos e saberes, a utilização pluralidade 
de linguagens, estratégias pedagógicas e recursos didáticos[...] 
e o combate a toda forma de preconceito e discriminação no 
contexto escolar.
Educação de Jovens e Adultos28
Portanto, esse espaço torna os alunos atores centrais do processo 
educacional, sendo os os professores facilitadores, orientadores das 
atividades, de acordo com a bagagem cultural dos seus alunos e de 
seus interesses.
Numa perspectiva inclusiva, é fundamental que a escola 
proporcione espaços para discussão sobre a diversidade e pluralidade, 
proporcionado à sua comunidade um olhar diferenciado de sua 
realidade social, estimulando o respeito e aceitação das diferenças e 
individualidades.
Sendo assim, constata-se, mais uma vez, a necessidade de uma 
formação para os professores que irão atuar na EJA, com o objetivo de 
prepará-los para lidar com esta diversidade encontrada na escola. Deve-
se priorizar uma formação que alinhe a teoria com a prática e que permita 
que o professor se torne um docente reflexivo, crítico e pesquisador, 
mudando sua prática educacional, atualizando-se sempre em prol de 
seu aluno e de uma aprendizagem que o leve a uma cidadania ativae 
participativa.
Educação de Jovens e Adultos 29
Inclusão Social e Diversidade Cultural: 
Escola como Espaço de Interações e 
Relações Democráticas na EJA
Caro estudante, abordaremos agora um assunto muito importante 
no contexto da EJA: como se concebe a inclusão e a diversidade cultural 
nos espaços escolares que oferecem esta modalidade de ensino. 
Espero que seja uma oportunidade, não só de análise, mas de reflexão 
dessa realidade.
Sigamos!
Inclusão Social e a Diversidade Cultural
A Educação de Jovens e Adultos - EJA - é a modalidade de 
ensino onde mais encontramos turmas absolutamente heterogêneas, 
desenhando uma diversidade não só social, mas racial, cultural, 
econômica, religiosa, etária, dentre outras. 
A LDB/96 em seu capítulo II, seção V: A Educação de Jovens 
e Adultos, artigo 37, define que: “A educação de jovens e adultos será 
destinada àqueles que não tiveram acesso ou oportunidade de estudos 
no ensino fundamental e médio na idade própria” (BRASIL, 1996). 
Portanto, devemos tomar cuidado para que não sejam 
reproduzidas em nossas escolas atitudes e práticas educacionais 
excludentes, se distanciando de seu verdadeiro papel, que é zelar 
pela formação de indivíduos críticos e reflexivos, que atuem de forma 
autônoma e democrática, solucionando e superando os obstáculos no 
seu cotidiano e ao longo de sua vida.
Devemos considerar que grande parte desses alunos chegam 
à escola com seus próprios saberes, adquiridos ao longo de sua vida, 
através de suas relações familiares e sociais. Essas experiências não 
devem ser desprezadas, pelo contrário, devem ser o elo de ligação 
os novos conhecimentos propostos pela escola, evitando, assim, o 
desinteresse, o fracasso e a evasão. 
Educação de Jovens e Adultos30
Outrossim, devemos considerar que a EJA, na atualidade, deve 
assumir como princípio norteador o mundo do trabalho.
Nesse cenário é imprescindível que os educadores da EJA 
estejam preparados para trabalhar com tantas variantes, respeitando as 
individualidades, mediando conflitos, agregando os diversos grupos, em 
prol de uma aprendizagem significativa e da inclusão social.
No entanto sabemos que, um número considerável de professores 
(iniciantes ou veteranos) que atuam na EJA não está preparado para tal 
função. Os novatos por não terem nos cursos de formação (graduação) 
disciplinas que os capacitem para assumir uma turma tão diversificada e 
os veteranos por estarem, em sua maioria, acostumados com as turmas 
regulares, sem tanta heterogeneidade ( etária e social), acabam por 
replicar a mesma prática pedagógica, que, obviamente, não funciona.
Assim temos um grande problema a ser resolvido: Como 
assegurar a inclusão e o respeito às diferenças?
Primeiramente é necessário que haja um projeto eficaz de 
formação continuada para os professores que irão trabalhar (e já 
trabalham) na EJA. É de fundamental importância da troca de experiência 
vivenciadas e dos saberes que são compartilhados, além de ficarem a 
par de novas metodologias e tecnologias educacionais. 
Os professores da EJA precisam mudar seus paradigmas, rever 
sua prática pedagógica, não se contentando apenas em ensinar a ler, 
escrever e contar. Infelizmente o que vemos na realidade das salas de 
EJA são professores que atuaram (ou atuam) no Ensino Fundamental 
e/ou Médio, sem preparo para lidar com a diversidade lá encontrada e 
pouco preocupados com a formação integral dos alunos, possibilitando 
que exerçam sua cidadania de forma plena
Podemos constatar nas Diretrizes Curriculares Estaduais de 
EJA (DCEs) a ênfase à função social dessa modalidade de ensino, 
delineando o perfil de seus alunos, as formas de avaliação, metodologia 
e especialmente, os três eixos articuladores do currículo de EJA, a saber: 
cultura, trabalho e tempo. 
Educação de Jovens e Adultos 31
A partir das reflexões durante o processo de elaboração das 
DCE para a Educação de Jovens e Adultos, identificaram-se os eixos 
cultura, trabalho e tempo como os que deverão articular toda a ação 
pedagógico-curricular nas escolas. Tais eixos foram definidos tendo 
em vista a concepção de currículo como um processo de seleção de 
cultura, bem como pela necessidade de atender o perfil do educando 
da EJA. (DCE/EJA, 2005, p.37).
Você se lembra que no começo da EJA eram utilizados materiais 
didáticos iguais ou adaptados daqueles que eram utilizados para a 
educação das crianças? percebemos que havia na verdade uma ênfase 
maior no ensino infanto-juvenil do que para os jovens e adultos que por 
algum motivo não conseguiram cumprir o tempo normal na escola.
Pois bem, a partir de 1970 houve um olhar diferenciado para a 
educação de jovens e adultos, através da definição de Malcolm Knowles 
de andragogia, que remetendo-a à educação voltada para o adulto, em 
contraposição à pedagogia, que se refere à educação de crianças (do 
grego paidós, criança).
 Segundo Gadotti (2001, p.124), linhas de ação podem ser adotadas 
para que a EJA atenda às perspectivas de seu alunado:
 • Adotar modelos de atendimento em EJA, respeitando suas 
características de aluno trabalhador; 
 • Considerar as características psicossociais próprias do jovem 
e do adulto que nunca foi à escola ou que volta aos bancos escolares;
SAIBA MAIS:
Você Sabia que há uma diferenciação entre Pedagogia e 
Andragogia? Veja em: https://bit.ly/2POVCVT.
https://bit.ly/2POVCVT
Educação de Jovens e Adultos32
 • Promover maior flexibilidade na metodologia, na organização 
curricular e na duração dos programas de atendimento educacional;
 • Avaliar contínua e sistematicamente a educação de jovens e 
adultos em virtude de sua flexibilidade e diversidade;
 • Apoiar propostas feitas pelos movimentos sociais com vistas a 
resolver problemas específicos (GADOTTI, 2001, p. 124)
Você percebe, caro estudante, que o conceito da EJA, na 
perspectiva colocada acima, se expande? Isso acontece na medida que 
há a compreensão de que os processos educativos são desenvolvidos 
em várias dimensões: a do conhecimento, das práticas sociais, do 
trabalho, do confronto de problemas coletivos e da construção da 
cidadania.
“Embora a perspectiva seja libertadora, precisa-se somar a 
outros esforços para apresentar alternativas emancipatórias, 
pois a escola sozinha não dá conta. Na EJA menos ainda, pois lá 
estão também os moradores de rua (andarilhos), adolescentes 
explorados no turismo sexual, mulheres que sofrem violência, 
jovens marginalizados, drogadito, negro, portadores de 
necessidades educacionais especiais e o sistema prisional.” 
LOPES, 2016, P.12)
Enquanto educadores, não podemos esquecer que essas pessoas 
que chegam A EJA vêm em busca, primeiramente de acolhimento, 
desejando (re)encontrar um (seu) caminho. Para tanto, precisam de 
profissionais que os conduza nessa trajetória. 
É imprescindível que não esqueçamos que o atendimento de 
alunos na EJA constitui-se no avanço, efetivo, da educação para todos, 
conforme está prevista em nossa Constituição de 1988 e na LDB/96.
Nessa perspectiva, podemos considerar que todos devem 
ter oportunidade de participação, adquirindo autonomia, através do 
conhecimento, do desenvolvimento de suas competências e habilidades 
e possam ser capazes de serem inseridos no mercado de trabalho. 
Educação de Jovens e Adultos 33
Orientações Curriculares para a EJA
Caro estudante! Vimos em nossos estudos recentes que A EJA 
tem como finalidade incluir aqueles que por algum motivo não tiveram 
acesso a escola em sua infância ou adolescência, caracterizando-se em 
uma modalidade que busca atender as particularidades desses sujeitos 
que a integram.
Ao contrário das demais modalidades de ensino, os alunos 
matriculados na EJA são pessoas diversas, com seus traços de vida, 
origens, idades, vivências profissionais, históricos escolares, ritmos e 
estruturas de aprendizagem bastante diferenciadas.
Na história da educação mais recente percebemos um avançonas 
discussões, não só dando uma maior relevância, quanto em com relação 
às orientações curriculares específicas para EJA. A Conferência Nacional 
de Educação Básica de 2008, corroboram com a Constituição Federal 
de 1988, voltando à pauta a questão da isonomia e da acessibilidade à 
educação.
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) 
já havia estabelecido no capítulo II, seção, artigo 37, que a EJA se 
destina aos indivíduos que, por algum motivo, não tiveram acesso ou 
oportunidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade 
correta. estabelece, também, que os sistemas de ensino devem 
assegurar gratuidade aos a estes jovens e adultos, considerando suas 
características e necessidades.
Ainda na referida Lei, no art.38, encontramos a proposição de 
que os sistemas de ensino mantenham “cursos e exames supletivos, 
que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando 
ao prosseguimento de estudos em caráter regular”. Quanto à avaliação, 
acontece através de provas que comprovam a fluência e capacitação 
para a conclusão do Ensino Básico. sendo feitas em duas etapas: 
primeiramente o Ensino Fundamental (para maiores de 15 anos) e, em 
segunda etapa, para o Ensino Médio (para maiores de 18 anos).
Educação de Jovens e Adultos34
Você percebeu que a Base Nacional Comum Curricular já havia 
sido mencionada na LDB? Pois bem, com as discussões advindas de 
sua criação, a EJA voltou a ser debatida. Portanto, podemos verificar 
analisando os documentos, que no primeiro momento, nas versões 1 
(2015) e 2 (2016) surgidas do debate nacional houve algum foco específico 
em EJA.
Contudo, não verificamos nas versões finais, esta especificidade 
em relação a EJA. 
Isso ocorre, segundo Maria Helena Guimarães, do MEC, para 
que o segmento não seja “estigmatizado” e percebido como 
outsider (exterior) em relação ao ensino regular. Segundo a 
educadora Guiomar Namo de Mello, uma das profissionais 
responsáveis pela elaboração da 3ª versão da BNCC, a EJA 
“está incluída na educação regular e, como tal, foi considerada 
no conjunto dos direitos de aprendizagem de todos”, já que, 
“a base não é currículo” e as especificidades de EJA devem 
ser discutidas relativamente aos pormenores de currículo. 
(MACHADO,2018)
Entretanto, alguns estudiosos não concordam com o MEC, no que 
se refere a elaboração da 3ª versão da BNCC (2018), pois acreditam que 
as especificidades da EJA debatidas, conforme já foi dito anteriormente, 
desde a Constituição de 1988, sendo corroboradas pela LDB/96 e revistas 
em 2008 na Conferência Nacional da Educação Básica, devem ser 
consideradas pela BNCC.
ACESSE:
Veja como se deu o histórico da BNCC, https://bit.ly/2MjGhdy. 
https://bit.ly/2MjGhdy
Educação de Jovens e Adultos 35
O Processo de Alfabetização e Letramento: 
ressignificando os saberes escolares
O homem é essencialmente um ser social, pois desde o seu 
nascimento interage com os outros (pais e familiares) e é inserido na 
sociedade e em sua cultura. Tal interação se dá de forma contínua e é 
marcada por símbolos, que são internalizados através da leitura e da 
escrita.
Com o advento da globalização, da informação, da inovação da 
sociedade contemporânea, percebemos que nosso dia a dia se tornou 
cada vez mais letrado. Isto implica na necessidade de que todos sejam 
alfabetizados. Contudo, o Brasil está muito distante dessa meta. Em 
pleno século XXI, segundo estatísticas, 11% da população acima de 25 
anos, é analfabeta. 
Soares (2011) considera que a alfabetização se constitui em 
tornar o sujeito capaz de ler e escrever. Nessa perspectiva seu objeto 
é a aquisição da escrita por parte de uma pessoa ou de um grupo de 
pessoas. 
Sendo um processo, segundo a autora, pelo qual adquire-se 
o domínio de códigos e habilidades necessárias para ler e escrever. 
Adquirindo, assim o domínio da técnica.
Contudo, sabemos que a alfabetização vai muito além do domínio 
da técnica (codificar e decodificar) e das habilidades de ler, na medida 
que envolve outros processos como a interpretação, a compreensão, a 
crítica e a produção de conhecimento. A alfabetização, envolve, ainda, o 
desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da linguagem 
de uma maneira geral (SOARES, 2011).
O Processo de Alfabetização e Letramento: 
ressignificando os saberes escolares
O homem é essencialmente um ser social, pois desde o seu 
nascimento interage com os outros (pais e familiares) e é inserido na 
sociedade e em sua cultura. Tal interação se dá de forma contínua e é 
marcada por símbolos, que são internalizados através da leitura e da escrita.
Educação de Jovens e Adultos36
Com o advento da globalização, da informação, da inovação da 
sociedade contemporânea, percebemos que nosso dia a dia se tornou 
cada vez mais letrado. Isto implica na necessidade de que todos sejam 
alfabetizados. Contudo, o Brasil está muito distante dessa meta. Em 
pleno século XXI, segundo estatísticas, 11% da população acima de 25 
anos, é analfabeta. 
Soares (2011) considera que a alfabetização se constitui em tornar o 
sujeito capaz de ler e escrever. Nessa perspectiva seu objeto é a aquisição 
da escrita por parte de uma pessoa ou de um grupo de pessoas. 
Sendo um processo, segundo a autora, pelo qual adquire-se 
o domínio de códigos e habilidades necessárias para ler e escrever. 
Adquirindo, assim o domínio da técnica.
Contudo, sabemos que a alfabetização vai muito além do domínio 
da técnica (codificar e decodificar) e das habilidades de ler, na medida 
que envolve outros processos como a interpretação, a compreensão, a 
crítica e a produção de conhecimento. A alfabetização, envolve, ainda, o 
desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da linguagem 
de uma maneira geral (SOARES, 2011).
Já o letramento, de acordo com a referida autora, se dá quando 
o indivíduo ou ou um grupo adquire um estado ou condição como 
consequência de ter-se apropriado da escrita, como por exemplo: usar 
a leitura e a escrita para seguir instruções (receitas, bula de remédio, 
manuais de jogo), apoiar à memória (lista), comunicar-se (recado, bilhete, 
telegrama), divertir e emocionar-se (conto, fábula, lenda), informar 
(notícia), orientar-se no mundo (o Atlas) e nas ruas (os sinais de trânsito). 
(SOARES, 2011)
O que diferencia a alfabetização de crianças e a alfabetização de 
jovens e adultos, além do público da aprendizagem, são os processos 
cognitivos que têm suas semelhanças, mas guardam diferenças bastante 
relevantes.
Nesse sentido não cabe a utilização da mesma didática e 
metodologia para realidades distintas.
Veremos, a seguir, os processos de alfabetização e letramento e 
instrumentos de alfabetização para jovens e adultos.
Educação de Jovens e Adultos 37
Conceitos de Alfabetização e Letramento 
de Jovens e Adultos
Estudos nos indicam que o conceito de alfabetização, em seu 
primórdio, era identificado como apenas o ensino e aprendizagem do 
sistema alfabético de escrita.
 Durante momentos distintos na sociedade, a alfabetização 
assumiu diversos conceitos. Podemos citar que no início do século 
XX, era considerada alfabetizada a pessoa que soubesse codificar e 
decodificar. Na década de 50, esse conceito assumiu outro significado, 
estando relacionado à interpretação do que é escrito e lido. Atualmente, 
constata-se uma ampliação do significado da alfabetização que 
contempla a apropriação do sistema de escrita que possui dois aspectos 
indissociáveis: codificação e produção (escrita) e decodificação e 
compreensão (leitura) de gêneros textuais diversos (SOARES, 2003). 
Deste modo, para a autora, a alfabetização pode ser considerada 
como um processo complexo e multifacetado que envolve duas 
dimensões: uma individual – caracterizada pela capacidade do indivíduo 
ler e escrever – e outra social, que se refere à utilização social da leitura 
e da escrita. 
Assim a leitura se limitaria a capacidadede decodificar os sinais 
gráficos transformando-os em sons, e a escrita, a capacidade de codificar 
os sons da fala e transformá-los em sinais gráficos. 
 Com os estudos realizados por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, 
observando 108 crianças e seu sistema de escrita, o conceito de 
alfabetização foi sendo ampliado. 
De acordo com as referidas autoras, a escrita não se reduz ao 
domínio e a correspondência entre grafemas (letras/decodificação) 
e fonemas (sons/codificação), mas, se caracteriza como um processo 
ativo, por meio do qual a criança constrói e desconstrói suas hipóteses 
acerca do funcionamento da língua escrita para compreendê-la como 
um sistema de representação da fala.
Emília Ferreiro (2011) defendeu a importância da compreensão do 
mecanismo de interação da criança com a língua, deixando claro que 
esta aquisição não pode estar vinculada a uma simples reprodução do 
Educação de Jovens e Adultos38
falado para o escrito, mas que é preciso um nível de significância para 
que a criança assimile o aprendizado. 
Não podemos deixar de mencionar as grandes contribuições à 
educação de jovens e adultos, sobretudo no que se refere à alfabetização 
de Paulo Freire. O educador e estudioso realizou uma crítica à concepção 
mecanicista da alfabetização, a qual enfatiza um trabalho com os 
aspectos ligados à codificação e decodificação da língua, em detrimento 
dos processos de produção e compreensão. Para ele, a alfabetização 
deve ser um instrumento que faça com que os indivíduos analfabetos 
tenham consciência dos seus direitos políticos, sociais e econômicos 
(FREIRE apud CARVALHO, 2009). 
Emília Ferreiro (2011, p.56) corrobora com este pensamento 
quando afirma que “[...] analfabetismo e pobreza caminham juntos, não 
são fenômenos independentes; analfabetismo e marginalização social 
caminham juntos, não são fenômenos independentes,” sendo este um 
problema, sobretudo, político. 
Caro estudante, chegamos ao final da Unidade I. Fizemos uma 
viagem no tempo como o objetivo de compreender a trajetória histórica 
da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. Nesse sentido, verificamos 
a influência dos valores e cultura indígena em nossa cultura. Vimos 
que 49 anos depois da “descoberta” do Brasil, aportou em nossa terra 
a Companhia de Jesus, cujos padres eram denominados jesuítas. 
Estes tinham como objetivo principal, catequizar os nativos, através da 
alfabetização em português e, concomitantemente, introduzir a cultura 
portuguesa na colônia. 
Os jesuítas abriram muitos colégios no Brasil, tendo como 
método o Ratio Studiorum. Duzentos e dez anos depois, os jesuítas 
SAIBA MAIS:
Sobre a teoria da Psicogênese da Escrita de Emília Fer-
reiro e Ana Teberosky , acesse: https://bit.ly/2Q9UtHm.
https://bit.ly/2Q9UtHm
Educação de Jovens e Adultos 39
foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal, que fechou os 
colégios jesuítas e instaurou um novo método conhecido como “Aulas 
Régias”, que não obteve muito sucesso. Com a chegada da Família Real 
ao Brasil em 1808, houve mais uma ruptura no sistema educacional. 
Contudo, foram criadas algumas instituições como:Academias Militares, 
Escolas de Direito e Medicina e escolas noturnas, havia uma dificuldade 
de manter estas instituições em funcionamento. Foi criada, também, a 
imprensa Régia na colônia, que contribuiu para divulgação de fatos e 
pensamentos para a população letrada. Entretanto a educação, mais 
uma vez, era relegada a segundo plano. Por pressão dos portugueses, 
em 1821 D. João VI e sua comitiva, volta à Portugal, deixando seu filho D. 
Pedro I no Brasil. Em sete de setembro de 1822, D. Pedro I proclama a 
Independência do Brasil de Portugal. Porém, este período não é muito 
profícuo para educação. Podemos destacar um marco na educação 
brasileira, que foi a Constituição de 1824, que determina a obrigatoriedade 
do ensino público primário. 
Em 1831, D. Pedro I abdica do trono brasileiro, retorna a Portugal 
e deixa seu filho D. Pedro II, apenas uma criança à época. Embora tenha 
sido um entusiasta da ciência e da educação, o reinado de D. Pedro 
II pouco solidificou o sistema educacional. Em relação a educação 
para jovens e adultos, somente em 1879, Carlos Leôncio de Carvalho, 
elaborou uma reforma educacional. Através do decreto 7.247, foram 
criados cursos noturnos para adultos, do sexo masculino, nas escolas 
públicas de instrução primária. Foi um período marcado por conflitos e 
guerras , o que culminou, em 1889, a Proclamação da República e o exílio 
de D. Pedro II, retornando a Portugal. O primeiro período republicano foi 
marcado por uma grandes mudanças sociais, políticas, econômicas e, 
consequentemente educacionais. 
Havia uma grande mobilização para erradicação do analfabetismo 
do país. Além disso, a Revolução Industrial, a partir de 1930, trouxe a 
necessidade de uma mão de obra qualificada. Passamos por momentos 
bastante conturbados econômica, política e socialmente,mas a partir de 
1932, como o Manifesto dos Pioneiros, a educação brasileira vai solidificar 
seu sistema educacional e voltar seus olhos para a Educação de Jovens 
e adultos (EJA). Em 1947 o governo lança a Campanha de Educação de 
Educação de Jovens e Adultos40
Adultos (CEA) ou Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos 
(CEAA). Em 1950, em Pernambuco, o educador Paulo Freire e seus 
colaboradores insurgem à campanha e surge o Método Paulo Freire, 
que alfabetizou milhares de brasileiros. Com o Golpe Militar de 1964 os 
movimentos que seguiam as ideias de Paulo Freire foram extintos. Em 
1967 é criado o MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização. Após 
sua criação, vários outro programas governamentais irão se preocupar 
com a EJA, principalmente no que se refere a inclusão social, o respeito à 
diversidade, a singularidade das pessoas que por algum motivo deixam 
seus estudos e os retoma fora do momento regular de educação. 
Destacamos, então, a Constituição de 1988, a Lei de Diretrizes 
e Bases de 1996, as Diretrizes Curriculares para Educação de Jovens 
e Adultos e, mais recentemente a Base Nacional Comum Curricular. 
Toda esta trajetória objetivou, ainda, a identificação da importância da 
EJA no processo de inclusão social. Finalmente analisamos o processo 
de alfabetização e letramento, as opções metodológicas no trabalho 
docente.
Educação de Jovens e Adultos 41
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Diretrizes Curriculares 
para Educação de Jovens e Adultos. Brasília, DF, 2000
Eja: Traçando um Perfil de Estudantes e suas Expectativas nos Estudos, 
9º SIEPE, 2017. disponível em https://bit.ly/34HGhuh acesso:10/10/2019
GADOTTI, M; ROMÃO J. E. Educação de Jovens e adultos: teoria, 
prática e proposta. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001. 
MACIEL, Francisca Izabel Pereira. Alfabetização de jovens e adultos. 
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MACHADO, João Luís de Almeida.Diretrizes Curriculares Nacionais para 
EJA e a BNCC, 2018. Disponível: https://bit.ly/2tzuEIW acesso: 10/10/2019
NETO, Alexandre Shigunov, MACIEL, Lizete Shizue Bomura.O 
ensino jesuítico no período colonial brasileiro: algumas discussões. 
Educar, Curitiba, n. 31, p. 169-189, 2008. Editora UFPR. disponível em: 
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Período Jesuítico (1549 - 1759) ao Período da Primeira República (1889 
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SANTOS, Eunice Lopes dos. A EJA Numa Perspectiva de Inclusão in: Os 
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SANTOS, Ivonete Maciel dos. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E 
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SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento. Disponível em: 
https://bit.ly/38ZWmPm Acesso: 06/11/2019
	Educaçãode Jovens e Adultos: Pensamento Político Pedagógico ao Longo da História
	Dos Jesuítas a Revolução Industrial 
	Período Jesuítico (1549-1759)
	Período Pombalino (1760 - 1808) 
	Período Joanino (1808 – 1821) 
	Período Imperial
	Período Republicano: redemocratização e os dias atuais
	A importância da EJA como modalidade da Educação Básica e a escola 
	Inclusão Social e Diversidade Cultural: Escola como Espaço de Interações e Relações Democráticas na Eja
	Inclusão Social e a Diversidade Cultural
	Orientações Curriculares para a EJA
	O Processo de Alfabetização e Letramento: ressignificando os saberes escolares
	Conceitos de Alfabetização e Letramento de Jovens e Adultos

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