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LÚDICO COMO ESTÍMULO NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS DA ESCOLA MARIA CLARA PEREIRA DE OLIVEIRA
Daniele Nogueira de Santiago 1
Prof. Fellipe Fernandes Cavallero da Silva 2
RESUMO
Este trabalho tem como tema o lúdico como estímulo na contação de histórias nas séries da Escola Maria Clara Pereira de Oliveira. Nesse sentido pretende-se refletir acerca das práticas da contação de história no Ensino Fundamental, como mecanismo do processo de construção da personalidade, visando a importância das histórias infantis para o desenvolvimento cognitivo, emocional, físico e social da criança. O material tem como base as contribuições teóricas de Alves (2006), Abramovich (1994), B.Coelho (1986), N.Coelho (2000), Dohme(2005), Gauthier(1998), Goes(1991), Kieran(1994), Machado(1994), Mendonça (2008), Priolli (2008), Ribeiro (2008), Stefani (1997), Vygotsky (1984), Zumthor (1993) e trabalha com a questão da aprendizagem adquirida nos momentos de ouvir e ler histórias. Espera-se que esse trabalho sirva para que possamos compreender que o lúdico usado como ferramenta metodológica favorece a aproximação e melhora na aprendizagem em geral do ser.
Palavra- chave: Contação de história, Educação, Criança, Professor.
1 Aluna concludente do curso de Graduação em Letras na Universidade Estácio de Sá
2 Professor orientador do artigo da Universidade Estácio de Sá
1. INTRODUÇÃO
Cada cultura tem um estoque de histórias que, originárias ou não daquela cultura, objetivam fundamentalmente atingir as preocupações inerentes a todo ser humano. O significado de escutar histórias é tão grandioso e inerente o crescimento humano. É uma mais rápida e extraordinária possibilidade de descobrir o mundo, em sua imensidão, atravessando as barreiras dos conflitos, das dificuldades, dos impasses, desvendando as melhores soluções, através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados com ganhos e fracassos, resolvidos ou prolongados a resolutividade, pelos personagens de cada história com suas particularidades e assim esclarecer melhor os nossos ou encontrar um caminho possível para a resolução deles.
Na atualidade passamos por um período que a tecnologia, as mídias de informações vêm desempenhando um papel de gerador de informações. Este ciclo está sendo marcado por aumento no conhecimento geral, e diminuição na interação interpessoal. A facilidade no acesso as informações estão acontecendo de forma rápida e eficiente, contudo, em meios a tantos favorecimentos e acessibilidade, podemos visualizar o desprendimento e a exclusão das informações adquiridas a partir da leitura, e com contato direto com livros e meios impressos. Na educação infantil não está sendo diferente. As crianças por ter acesso e ou contato direto com redes sociais, aplicativos de vídeos, musicas, jogos e brincadeiras, estão perdendo o interesse gradativamente pela leitura infantil, isso torna mais difícil o papel do professor no incentivo a prática da leitura e da contação de história.
Outrora, o contar histórias em rodas de conversas ou em salas de aula era uma rotina comum, e bastante atraente para as crianças, no intuito de distraí-las, e prender a atenção por alguns minutos, essa prática diminuía as práticas de indisciplinas por parte dos menores. Sobreposto a essa vivência pedagógica a contação de história começou a ser admirada pelos estudiosos, e iniciaram realização de estudos para comprovar a eficácia dessa ferramenta como método de ensino para séries iniciais. No momento do contar de história a imaginação ganha espaço, o desejo de aproximação da personagem principal ganha interesse das crianças, e logo, inicia-se um processo de interação interpessoal.
“Para se tornar um contador de história é preciso saber apreciar a essência de cada fato, de cada personagem, de cada lugar, precisa fazer uso do místico, da metodologia, da essência. É preciso que favoreça um clima, a fim de propiciar para a escuta, um ambiente que retrate aquilo que está sendo, para que haja um envolvimento entre o ouvinte e o conto. Para que aconteça um encantamento por parte da criança, é necessário que se tenha uma harmonia no contar, o contador deve sentir a emoção e retratar para o ouvinte, para que a imaginação das crianças aconteça com eficiência”. (ABRAMOVICH, 1994, p. 20).
Contar histórias é uma arte. É tão linda. É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declamação ou teatro. Ela é o uso simples e harmônico da voz (ABRAMOVICH, 1999, P.9).
 Contar histórias para crianças é desenvolver o gosto pelo novo, e incentivar o prazer de uma boa leitura. Porém precisamos saber fazer separação de história para cada fase da infância, pois cada uma delas tem sua predileção. Precisamos respeitar as particularidades de cada público, desde os gostos mais peculiares. Os pais assim podem também ajudar os professores e a escola na tarefa de contador de história, assim como, auxiliar nas melhores escolhas de temas que venham desenvolver a curiosidade, a percepção e o aprendizado da criança. (COELHO, 2000).
O presente trabalho justificou- se pelo desejo do pesquisador associado sobre o tema do lúdico como promoção da aprendizagem na rede de ensino regular. Buscou-se criar uma discussão em cima dessa narrativa com o anseio de trazer respostas a diversas indagações preestabelecidas. Ele emergiu ao longo da vivência acadêmica com a aproximação que tive em sala de aula, quando pude observar a relação entre o ensino e o aprender atribuído a partir da ferramenta lúdica. Nesse instante foi possível notar um crescente desejo dos alunos no momento da roda de leitura.Com isso cheguei a conclusão que a contaçao de história, o lúdico,a roda de conversa,o professor e sua interpretação propiciam a aprendizagem e seus resultados são relevantes para o processo educativo.
Por conseguinte, o presente trabalho tem como relevância cientifica levar uma discussão acerca do lúdico e da contação de história usando como instrumento uma linguagem formal e objetiva. Isto posto, servirá como embasamento para a escola, alunos e professores usarem como ferramenta de aproximação no intuito de averiguar possibilidades de inserir essa modalidade em sala de aula. Já sua relevância para a sociedade se dar, pois, levará respostas para as indagações preexistentes sobre o que tange a temática. Logo reafirmo a relevância cientifica que esse trabalho trará para o meio em que estamos inseridos.
Este trabalho tem como objetivo compreender se a contação de histórias e o lúdico usados como ferramenta metodológica favorece a aproximação e melhora na aprendizagem em geral do ser,analisando como o lúdico pode favorecer o entendimento das crianças no momento da contaçao de história.
 Busca-se também compreender como as obras literárias podem auxiliar o pedagogo no momento da escola do lúdico para a contação de história.
2 . REFERENCIAL TEÓRICO
O contar e o ouvir histórias permitem ao sujeito a apropriação de sua própria história. É uma forma de auto expressão e de encontrar o seu lugar no mundo, de entrar em contato com as suas verdades, desejos e, especialmente, de dar significado à sua existência (SANDRONI; MACHADO, 2000).
Segundo Coelho (1998, p. 14), algumas atividades enriquecedoras podem ser trabalhadas a partir das histórias, pois elas permanecem na mente da criança e podem ser digeridas em práticas artísticas e educativas. São exemplos dessas atividades:
· Dramatizações: Participação espontânea e dramatização sem ensaio. O narrador deixa-os agir livremente. A dramatização ajuda a desinibir alunos tímidos, chegando até a nos surpreender. - Pantomima: Mímica, com expressão corporal, sem o uso da voz.
· Desenhos, recortes, modelagem, dobradura: Oportunizar a expressão de acordo com as preferências do aluno, não somente através do desenho.
· Criação de textos orais e escritos: Fazer propostas que permita a criança refletir sobre a história, ter um final diferente, redigir uma cara para alguém, inventar um caso, quadrinhas, prosas e versos. Incentivar o gostopela escrita ilustrando e até confeccionados livros. - Brincadeiras: Adivinhas, Cantigas de roda, parlendas.
· Construção de maquete: Reproduzir, construir uma ou mais cenas da história. Devem ser trabalhadas espontaneamente, sem imposições.
Através das histórias o educador infantil pode estimular as crianças e despertar o gosto pela leitura, pois como diz Nellardi (1997) não basta ensinar a ler, é preciso ensinar a gostar de ler, com prazer isto e possível com uma história contada com muita arte, que será fundamental para uma vida feliz e saudável, e para o fortalecimento das crianças na sociedade e inibir a violência, contribuindo diretamente para a formação do caráter e da personalidade e indiretamente para a sobrevivência do homem.
A criança começa a participar do conto de histórias, citando informações detalhadas, criando essência para os personagens, enumerando a sequência de fatos decorridos que foram narrados pelo contador. Contar fatos reais é de suma necessidade para que a criança possa vivenciar através dos contos a realidade presente fora da sala de aula, e do convívio da família. Essas explanações faz a criança compreender a essência familiar. Outro fato relevante é o vínculo afetivo que se estabelece entre o contador das histórias e a criança. Contar e ouvir uma história aconchegada a quem se ama é compartilhar uma experiência gostosa, na descoberta do mundo das histórias e dos livros (ABRAMOVICH, 1997).
Algum tempo depois, as crianças passam a se interessar por histórias inventadas e pelas histórias dos livros, como: contos de fadas ou contos maravilhosos, poemas, ficção, etc. Tem nesta perspectiva, a possibilidade de envolver o real e o imaginário. Sandroni e Machado (1998, p.15) afirmam que “os livros aumentam muito o prazer de imaginar situações. A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real”. Por isso é tão importante contar histórias mesmo para as crianças que já sabem ler, pois, segundo Abramovich (1997, p.23) “quando a criança sabe ler é diferente sua relação com as histórias, porém, continua sentindo enorme prazer em ouvi-las”.
Quando as crianças maiores ouvem as histórias, aprimoram a sua capacidade de imaginação, já que ao ouvi-las, elas podem estimular o pensar, o desenhar, o escrever, o criar, o recriar. Num mundo hoje tão cheio de tecnologias, onde as informações estão tão prontas, a criança que não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário, poderá no futuro, ser um indivíduo sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade para compreender a sua própria realidade (ABRAMOVICH, 1997).
Portanto, garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico, e também de sua imaginação, que segundo a definição de Vygotsky (1992, p.128): “é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista”.
Neste sentido, o autor enfoca que na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade. Esse distanciamento da realidade através de uma história, por exemplo, é essencial para uma penetração mais profunda na própria realidade: “afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece” (VIGOTSKY, 1992, p.129).
Através da contação de história o professor deve sempre instigar o aluno a reflexão, problematizar situações que façam a criança pensar descobertas e construir sua aprendizagem (VYGOTSKY, 1999).
O aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento real, que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperações com seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança (VYGOTSKY, 1999, p 117-118).
A arte de narrar histórias encontra suas raízes nos povos ancestrais que contavam e encenavam histórias para difundirem seus rituais, os mitos, os conhecimentos acerca do mundo sobrenatural ou não, e sobre as experiências adquiridas pelo grupo ao longo do tempo. Além da comunicação oral e gestual, ao narrarem suas histórias, também, registravam nas paredes das cavernas, com desenhos e pinturas, suas experiências, algumas delas vividas no cotidiano (CAMPBELL, 2005).
A memória auditiva e a visual eram, então, essenciais para a aquisição e o armazenamento dos conhecimentos transmitidos. Campbell (2005) ponderou acerca dessas práticas, dizendo que elas serviam como meio de sintonizar o sistema mental com o sistema corporal, levando essas populações a viver e a sobreviver, além de servirem para justificar e interpretar fenômenos naturais que vivenciavam. Desde há muito, a transmissão oral, passada de geração em geração, foi uma das soluções encontradas pelas comunidades que não possuíam a escrita, para informar as gerações mais novas os seus saberes, valores e crenças. Por conseguinte, aqueles saberes considerados imprescindíveis para a sobrevivência individual e grupal.
Isso nos leva a pensar em Platão, que na República já se referia à importância de contar contos, primeiro os contos, depois a ginástica. Para a educação ética das crianças gregas, sem, contudo, negar a função de entretenimento que esses mesmos contos podiam proporcionar. E isso nos obriga ainda a pensar em Aristóteles: ouvir uma boa história é também experimentar o efeito catártico. E podemos ainda pensar nos jograis, trovadores, saltimbancos, menestréis, bufões que, de diversas formas contavam histórias e difundiam obras. E o que dizer de um dos livros mais antigos: a Bíblia que também fala através de histórias?
E como esquecer os contadores de histórias das sociedades tribais primitivas, em seus papéis de transmissores da história e do conhecimento acumulado por gerações, em crenças, mitos, costumes e valores preserváveis pela comunidade (DOHME, 2005).
De acordo com Bettelheim (1979, p. 117), essas histórias oferecem soluções para possíveis conflitos e transmitem a mensagem de que a luta contra as dificuldades e os medos é inevitável, mas a vitória é possível, por que:
“O ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatral, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, histórias, mitos... São temas que fascinam e estimulam a fantasia dos adultos e em especial das crianças, mexendo com a imaginação e a percepção, mas do que isso: a fantasia ajuda a formar a personalidade dos indivíduos através da interiorização dos valores que estão explícitos ou implícitos nas histórias o querer ouvir de novo (a mesma história ou outra). Afinal, tudo pode nascer de um texto”.
A prática de contar histórias se desenvolveu muito do fim do século passado aos nossos dias. Hoje, como atividade artística, se beneficia de normas e técnicas. E, para não ficar reduzida à “hora do conto” em escolas e bibliotecas, exigem do contador um aperfeiçoamento técnico, uma prática de leitor e um apuro crítico (DOHME, 2005).
O faz de conta da criança podem ser comparadas as aguas correntes, quando lançamos um objeto nas águas, ondas são criadas pela força da correnteza e aparece uma corrente circular ao redor do objeto atirado, e cada vez mais o círculo o redemoinho entre as águas vai ganhando força, e indo cada vez mais distante. Isso faz distancias os peixes e atraindo os curiosos que ali estão a observar, e logo a rotina daquele ambiente é mudado completamente (DOHME, 2005).
Em se tratando de ouvir histórias, algo semelhante ocorre com uma criança, pois ao ouvir histórias de fadas, é como se a pedra se transformasse em cada uma das palavras que lhe são contadas, trazendo lembranças, sonhos, desejos, personagens, dúvidas, medos e associações (MACHADO, 1994).
Na visão de Marcel Postic (1993 apud Gurvitch, 1996):
“imaginar não é só pensar, não significa apenas relacionar fatos, e analisar situações, tirando-lhe significados. Imaginar épenetrar, explorar fatos dos quais se retira uma visão. Esta só poderá ser comunicada ao outro através de símbolos, que provocam harmônicos e estabelecem a comunhão”.
Assim sendo o símbolo que seria o elo, que promoveria a harmonia entre as partes, nada mais é que a performance do narrador e ouvinte. Assim, quando se alcança uma aproximação dos sentidos, a mensagem é captada e os obstáculos são derrubados, deixando a aprendizagem mais eficaz (Marcel Postic, 1993).
Na história antiga a criança era tida como adulto pequeno, elas tinham os mesmos conhecimentos literários de qualquer indivíduo adulto. Daí acredita-se que culminou na experiência de contação de contos e história. Desde cedo que a criança era forçada a fazer suas próprias interpretações, desenvolver suas habilidades, experimentar outra forma de ver o mundo, aprender a encarar a sociedade. Portanto a criança ganhou vários papeis diante da contação de histórias (MACHADO, 1994).
Quando a criança adentra ao mundo das fantasias ela desenvolve um aclive na percepção, a imaginação se torna mais apurada, sonha com o irreal, cria amigos imaginários, acredita na existência de fadas, ela formula sua própria hipótese de como viver no mundo, as indagações feitas, são sempre adquiridas a partir de vivências com adultos no dia-a-dia. Por fim ela sonha em transformar o mundo em que vive num lugar mágico onde tudo funciona (DOHME, 2005).
Convém destacar que um contador de histórias contemporâneo difere de um contador popular, de um declamador, de um ator, ainda que a prática se beneficie de elementos também utilizados por esses artistas, para não haver confusão de linguagens (DOHME, 2005).
É necessário também sublinhar as diferenças de naturezas do texto escrito e da narração oral: a do primeiro aponta para o consumo solitário, a do segundo para o consumo solidário. A transposição de um meio para outro vai determinar outras exigências; não mais a descrição, mas a síntese: não só a palavra, mas o gesto, as pausas, os silêncios, os movimentos corporais e as expressões faciais (MACHADO, 1994).
No momento da contação as crianças envolvem-se em um mundo de fantasias, ficam fascinadas pela leitura. E por assim dizer, isso é o alicerce, o início, a formação psicológica da criação para o gosto da leitura. Algumas histórias funcionam como válvula de escape e permitem que a criança vivencie seus problemas psicológicos de modo simbólico (MACHADO, 1994).
Escolher o que contar nem sempre é tarefa fácil, pois são muitas as variantes que precisam ser controladas quando se escolhe uma história: o gosto pessoal, o público, o espaço da apresentação, o evento, etc., que implica em um trabalho de pesquisa: ler muitas histórias, procurar, procurar, até que apareçam aquelas que nos digam coisas de uma forma toda especial (DOHME, 2005).
O trabalho do contador de histórias obedece certo ritual: O do autoconhecimento, o da observação do outro, o de abrir o imaginário com a chave que cada um escolher, pelo exercício de contar uma história como se conta um fato da vida pessoal, com envolvimento, emoção, naturalidade, credibilidade (DOHME, 2005).
A arte de contar histórias deve dar prazer tanto a quem conta, quanto ao ouvinte. Contadas ou lidas, elas constituem sempre uma fonte de alegria, por isso as atividades devem ser leves e espontâneas. A dramatização, por exemplo, é uma das melhores atividades de enriquecimento, pois além de ser uma das preferidas pelas crianças, oferece valores imprescindíveis ao desenvolvimento (MACHADO, 1994).
O objetivo das histórias é a familiarização com a literatura. Desde muito cedo, a criança gosta de ouvir a história de sua vida, que é a mais importante para ela. À medida que cresce, começa a pedir determinadas passagens que deseja ouvir (MACHADO, 1994).
As histórias sobre fatos reais são importantes, porque ajudam a criança a entender sua origem e que tipo de relações existem entre ela, as pessoas e os lugares.
A arte de contar histórias depende, frequentemente, do poder de sedução do contador, poder resultante das relações que ele, ao contar, faz com a vida dos seus ouvintes e do modo como trabalha o objeto, o texto narrado, nem sempre de sua autoria, que deu suporte para a sua ação. Como ensina Patrini (2005, p.105), “o ato de narrar significa também o encontro com os mistérios que envolvem o homem e a vida nos diversos momentos de sua existência”.
Benjamin (1994) assim define o narrador:
[...] figura entre os mestres e os sábios. Ele sabe dar conselhos: não em alguns casos, como o proverbio, mas para muitos casos, como o sábio, pode recorrer ao acervo de toda uma vida [...] Seu dom e poder contar sua vida; sua dignidade e conta-la inteira. O narrador e o homem que poderia deixar a luz tênue de sua narração consumir a mecha de sua vida
(BENJAMIN, 1994, p.221. Grifos nossos).
A atividade de se reunir em grupos para ouvir e contar estórias é uma das grandes e marcantes necessidades das pessoas das mais diversas nacionalidades, raça, ou classe social. O que se pretende neste capítulo é apresentar o quanto isto colabora ao desenvolvimento da inteligência, do interesse pela vida escolar, da criatividade, dentre outros. Além disso, também será apontado o quanto é importante o papel do contador de histórias, posto que através dele as histórias ganhem mais sonoridade e expressão (PATRINI, 2005).
É função primordial de a escola ensinar a ler, bem como ampliar o domínio da leitura e orientar, juntamente com os professores, a escolha dos materiais de leitura. Cabe formalmente à escola, desenvolver as relações entre leitura e indivíduo em todas as suas interfaces (VILLARDI, 1999).
Sabemos que o primeiro contato que a criança tem com a leitura é através da audição, quando alguém está lendo para ela. É por meio dessa prática que a leitura vai se apresentando para a criança. Segundo Villardi (1999, p. 11): “Há que se desenvolver o gosto pela leitura, afim de que possamos formar um leitor para toda vida”.
São de suma relevância que a criança, seja criada e educada em um ambiente familiar que a proporcione tranquilidade, afetividade, amor, segurança, felicidade, brincadeiras e valores na qual essa interação mutua trará bem-estar e condições apropriadas para o seu desenvolvimento cognitivo, humano e emocional. Além da interação da criança com os seus entes queridos e pessoas que fazem parte do seu cotidiano. Convém destacar o pensamento de Lajolo (1991, p. 13), ao afirmar que:
“se a literatura infantil se destina a crianças e se acredita na qualidade dos desenhos como elemento a mais para reforçar a história e a atração que o livro pode exercer sobre os pequenos leitores, fica patente a importância da obra infantil. É o caso, por exemplo, da ilustração”.
Através das histórias, a criança cria seu próprio inventário moral, elabora questões que a angustiam e se sente alimentada. Através de personagens que têm que vencer obstáculos, sair do âmbito familiar e conseguir sucesso no mundo externo é que se prepara o pequeno ouvinte para vivenciar com mais segurança suas próprias derrotas e perdas (PATRINI, 2005).
Contudo, é preciso ter muito cuidado ao eleger as versões que são contadas para as crianças, pois grandes partes das publicações que encontramos nas livrarias foram de tais formas destituídas que perderam elementos importantes para atingirmos nossos objetivos (PATRINI, 2005).
As histórias familiares, de nossos entes queridos, histórias que vão construindo sagas fantásticas e que estão tão pertinho de nós: aquela tia que nunca se casou porque preferiu ir viajar pelo mundo para conhecer outros lugares e povos; aquele primo adorado que se foi; aquela avó cheia de maluquices e sabedorias etc. Você se lembra daquele verso do Drummond que diz: “e eu não sabia que a minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé? Pois é, eu acredito demais nessas fontes (LAJOLO, 2002).
Em nossa prática docente, o objetivo que procuramos atingir na formação do leitor é que a criança consiga divertir-se, chorar, admirar-se, ficar extasiada diante de uma história envolventeque ouve ou realiza a leitura. O primeiro contato com a leitura deve ser uma fonte de entretenimento, prazer e valorização da própria leitura. Algumas crianças têm a sorte de morar num lar que a leitura se faz presente desde berço (RIBEIRO, 2008).
Outras só têm a sorte de encontrá-la ao chegar na escola. É muito importante que pais e professores valorizem e incentivem o ato de ler. É comum observarmos crianças da Educação Infantil que têm exemplos de leitores em casa, pegar um livro e começar a lê-lo sem saber ler. Segundo Lajolo (2002, p. 7): “quanto mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mas intensamente se lê, numa espiral quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas não pode (nem costuma) encerrar-se nela”. O incentivo ou estímulo é a peça-chave para formar leitores.
Segundo os PCN’s, 1997, p.58:
“para tornar os alunos bons leitores – para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura – a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender), requer esforço”.
Esse esforço deve ser entendido como do professor na tentativa de fazer uma apresentação da leitura de forma cativante, despertando nas crianças curiosidades, simpatia e admiração pelo livro. Também deve ser entendido como do aluno, no sentido de ele querer aprender a ler, gostar de ler e também dos incentivos dos pais que fará diferença na formação de crianças leitoras (RIBEIRO, 2008).
De acordo com o Referencial curricular nacional para a Educação Infantil, 1998, p.135:
“O ato de ler é cultural. Quando o professor faz uma seleção prévia da história que irá contar para as crianças, independentemente da idade delas, dando atenção para a inteligibilidade e riqueza do texto para a beleza das ilustrações, ele permite às crianças construírem um sentimento de curiosidade pelo livro (ou revista, gibi, etc) e pela escrita”.
É interessante que os professores da Educação Infantil organizem um ambiente especial para os livros na sala de aula, criem rodas de leituras, num clima aconchegante e prepare um ambiente que entusiasme os alunos, fazendo com que eles construam uma relação prazerosa com a leitura. Os professores podem e devem ler histórias de fadas para cativar as crianças (RAMOS, 2011).
A contação de histórias não é uma estratégia criada e exclusiva para o estímulo a leitura em sala de aula. Se olharmos e observarmos o nosso cotidiano, estamos cercados de histórias e mais histórias. Contamos histórias quando estamos entre amigos, contamos histórias do trabalho, contamos histórias para explicar algum fato ou acontecimento. Lemos histórias nos jornais e consumimos histórias pela TV, pelo rádio e pelas redes sociais (RAMOS, 2011).
Antes de nascermos, há uma história entre duas pessoas que nos gerou, que já foram geradas por outro casal com outras histórias e assim é a humanidade. Na antiguidade, antes da invenção e produção da escrita, as pessoas se reuniam e contavam suas histórias. Reunir-se para ouvir as histórias era um ato de acolhimento, de prazer e de trocas de experiências. Na opinião de Ribeiro (2008, p. 21) “Contamos histórias porque sentimos prazer em dançar com as palavras, em sentir o ruído de seus passos em nossos ouvidos, pois contar histórias nada mais é do que dançar”.
A arte de contar histórias é uma das soluções encontradas para educar e repassar valores, crenças e mitos para crianças em uma localidade. As histórias despertavam nos ouvintes, curiosidade e por vezes, conforto e reflexão. Enquanto seres humanos, carregados de defeitos, estresses, sonhos, desejos as sessões de histórias tinham a incrível magia de transportar as pessoas de um lugar ao outro e por algum tempo, essas pessoas alimentavam esses sentimentos (RAMOS, 2011).
Com o avanço das tecnologias, êxodo rural e expansão dos centros urbanos, a contação de contos tradicionais ficou esquecida e subalterna. Porém, a contação de história ganhou cunhos pedagógicos e didáticos para incentivar e estimular a leitura de crianças e adolescentes. Os novos contadores, dos centros urbanos são chamados de contadores urbanos e suas histórias são contadas com algumas técnicas de voz, entonação e corpo. A pesquisadora Ramos (2011, p. 124) cita:
“Com o surgimento dos contadores urbanos, a arte de contar histórias passou a ser reconhecida também no campo pedagógico. Esses novos contadores já não realizam apenas a transmissão oral do que vivenciaram, mas, isso sim, a transmissão oral de histórias de outros autores e impressa. Suas performances, hoje, deixam de ser narrativas de experiências por eles vivenciadas; e dos contadores de histórias hoje é exigido o domínio de outras técnicas para que possam (re)contar as histórias narradas por outros, algumas impressas, outras disponíveis em espaços da web”.
A contação de histórias ganhou notoriedade no campo pedagógico, pois se mostrou uma estratégica inovadora para o estimulo a leitura. Para Matos (2014), o sentimento de unidade que esta atividade possibilita em sala de aula, também fortalece os vínculos entre as crianças, estreita as relações fora do ambiente escolar e diminui a indiferença e intolerância.
Contudo, novos desafios e reflexões surgiram: como contar uma história? Uma história lida é diferente de uma história contada? Quais são as histórias apropriadas para a faixa etária das crianças? Como escolher uma história? Como eu me preparo para contar? (MATOS, 2014).
Antes de buscarmos as respostas para tais indagações, precisamos compreender que a contação de história é um ato afetivo e envolve uma relação entre o contador e o leitor. Desde a escolha da história que será lida ou contada até a escolha do figurino é valido destacar que, o ponto de partida é o encantamento pela palavra. A palavra proferida, bendita, anunciada é o que alinha os ouvintes com o fio invisível da narrativa. Ficamos embalados pela voz do narrador, embevecidos pelas palavras, encantados com a beleza pronunciada. Assim, conforme Matos (2014, p.28):
“Existe na fala dos contadores de histórias uma constante que é sua “total entrega ao conto”. O conto para eles, mais que um texto, é uma mensagem ancestral que alimenta o espírito e deve ser transmitida. O conto é uma palavra viva e o contador, alguém que pode testemunhá-lo, pois foi escolhido por ele”.
Entendendo a importância da palavra dita, partimos para o princípio dos contadores de histórias de que cada pessoa tem seu jeito singular de contar uma história. Não há fórmulas mágicas e prontas para uma história ser bem contada ou lida. Mas, um fator é essencial para uma história encantar os ouvintes: planejar a contação antes à apresentação. Isso sugere que, leiamos e absorvamos o texto, as palavras, as pausas, a entonação e intenção da palavra (RAMOS, 2011).
Segundo Abramovich (2006, p. 18) seja qual for à história em sala de aula, a professora tem por compromisso com a mediação da leitura, ler e estudar a história antes de apresenta-la as crianças. Ou seja, práticas de buscar um livro na prateleira e lê-lo sem preparo na sala de aula é incabível e inaceitável.
Algumas pessoas perguntam qual é a melhor maneira de transmitir uma história: lida ou contada? Acreditamos que não exista a “melhor”, mas que são duas formas de transmissão diferentes. Por exemplo, enquanto a contação de história o alvo do sentido é a audição, a história lida, torna-se a visão, mesmo não apresentando as ilustrações, pois o ouvinte estará vendo o objeto livro (MATOS, 2014).
A contação oral permite que adaptemos o texto e utilizamos o corpo, que também se expressa. A leitura da história torna-se inflexível, por usar o livro e não existem ou são pouquíssimas as adaptações da história. “Existe diferença entre uma história contada e uma história lida? Sim, existem diferenças entre contar e ler uma história, por que também existe uma diferença entre palavra oral e palavra escrita”. (MATOS, 2009, p. 06).
A literatura infantil, apesar do nome, destina-se apenas as crianças? Ilan Brenman relata, no livro Através da vidraça da escola: formandonovos leitores (2012) que contava histórias para as crianças e os pais das crianças ficavam encantados. “Emoção, riso, susto e, de vez em quando, esses adultos brigavam com algumas crianças que falavam mais alto durante a apresentação” (BRENMAN, 2012, p. 144).
Geralmente, os adultos encantam-se pelas histórias, pois retornam à infância. Então, qual a história indicada para as faixas etárias? Para Brenman (ibid) adultos ou crianças, enquanto sujeitos leitores deveriam escolher seus livros e suas histórias. Já que, crianças das mesmas idades não estão na mesma fase e no mesmo estágio cognitivo (p. 152). Porém, para Moraes (2012, p. 50), a faixa etária predominante, no momento da contação de história diz como será o ato de narrar, pois para as crianças menores, o tempo de duração de uma história deverá ser inferior, a uma história para adultos, por exemplo.
Concordamos com Moraes visto que para contar histórias são necessários alguns fatores externos e internos à narradora. Por exemplo, a quantidade de crianças e a disparidade das idades entre elas influenciará a escolha das histórias. O tempo das narrativas, a entonação da voz, a escolha por músicas ou não. A intimidade da contadora com a história será decisiva para o ato de narrar. Porém, não podemos, em suposição nenhuma subestimar o nível de leitura de uma criança.
Para as professoras, a indicação das escolhas das histórias é a partir das perspectivas e expectativas dos alunos. E o processo de encantamento pela leitura dar-se a partir das experiências enquanto sujeito protagonista da própria história (BRENMAN, 2012).
Então quer dizer que, numa sala de crianças economicamente vulneráveis contaremos apenas histórias de pobreza, fome e miséria? Claro que não! Isso seria até cruel com essas crianças. Mas o que queremos dizer, é que a escolha da história precisa ser socialmente referenciada, ou estar envolvida num contexto, ou fazer parte de uma explicação de conteúdo. “Geralmente, uma boa história agrada a todos. Ocorre, entretanto que, no caso de uma narrativa para crianças pequenas, é necessário respeitar-lhes as peculiaridades, sobretudo seu estágio emocional” (COELHO, 2010, p. 14).
Os contadores de histórias de tradição tinham uma habilidade natural para contar as histórias. Alguns narradores defendem inclusive que, não se aprende a contar histórias, você nasce com esse dom. Já os contadores urbanos, ou professoras – mediadoras da leitura, necessitam preparar-se para contar uma história. Esse planejamento vai desde a escolha da história, a preparação de voz e corpo. Não podemos ignorar a expressividade corporal durante uma contação de histórias. A voz e o corpo são instrumentos fundamentais para uma professora e contadora de histórias (COELHO, 2002).
Vivemos em uma sociedade, onde as letras predominam por toda a parte e isto nos leva a compreender a importância da leitura na vida das pessoas. A todo o momento estamos cercados de revistas, outdoors, cardápios, anúncios, nome de ruas, precisamos ler o tempo todo para realizar as atividades diárias. No presente artigo, no entanto, abordamos a leitura de textos literários, em que ler é bem mais do que decifrar códigos (COELHO, 2002).
Para os amantes da leitura (literária), é indiscutível que ela pode e muito contribuir na vida de uma pessoa, de acordo com Tzvetan Todorov (2010), filósofo búlgaro, que em suas palavras, afirma que entre as funções de um professor, cabe também ensinar o aluno a amar os livros:
Os livros acumulam a sabedoria que os povos de toda a terra adquiriram ao longo dos séculos. É improvável que a minha vida individual, em tão poucos anos, possa ter tanta riqueza quanto a soma de vidas representada pelos livros. Não se trata de substituir a experiência pela literatura, mas multiplicar uma pela outra. Não lemos para nos tornar especialistas em teoria literária, mas para aprender mais sobre a existência humana. Quando lemos, nos tornamos antes de qualquer coisa especialistas em vida. Adquirimos uma riqueza que não estão apenas no acesso as ideias, mas também no conhecimento do ser humano em toda a sua diversidade (TODOROV, 2010, 38-39).
Ao nos depararmos com essas palavras, somos estimulados a indagar: por que mesmo sendo da ciência de todos educadores o peso da leitura na vida do estudante, o incentivo e os métodos utilizados, muitas vezes, parecem não funcionar? Até onde vai o papel da escola e dos pais na formação de leitores? Por que tantas pessoas encaram a leitura literária como uma atividade penosa? Porque os livros clássicos não são desejados pelos jovens como os computadores e eletrônicos? São questionamentos que nos levam a buscar o entendimento do por que no Brasil se lê tão pouco, sim, sabemos que aqui se lê o tempo todo, mas como dissemos anteriormente, estamos nos referindo às obras literárias, e não aos best-sellers (tão procurado pelos jovens), revistas ou placas (TODOROV, 2010).
A criança traça um perfil modificável se for incentivada a essa transformação através de meios externos, e o contação de história favorece essa mudança, pois propicia na criança uma aproximação com o seu interior, forçando-a a diferenciar o real do imaginário. Dentre as facetas desenvolvidas pela criança através do que houve nas histórias são destacadas por Dohme (2005, p.19) alguns aspectos relevantes, tais como a formação do caráter, o desenvolvimento do raciocínio, o estimula para imaginação, a criatividade plena, o senso crítico apurado, e por fim a disciplina.
Quando falamos em leitura, logo, lembramo-nos de um acervo de livros, onde poderíamos nos deleitar a diversas horas com olhos fixados nas entrelinhas de um livro, em meios a regras linguísticas, concordâncias verbais, e verbos nominais, um texto com enfoque bem literário. Porém a leitura vai além das pautas de um livro, ela viaja pelos ensinamentos sociais, vai além da linguagem oral e escrita (ZUMTHOR, 2005).
A leitura é uma prática escola mais utilizada na atualidade. Pois é através dela que desenvolvemos nosso senso comum. Muitas vezes a leitura é ofertada em sala de aula pelo professor, outros momentos pelo próprio aluno. Essa mescla de personagem e envolvimento entre eles favorece a formação e possibilita na melhora da escolarização, e no conhecimento literário.
O contador de contos a partir de leitura iniciou-se na comunidade em rodas de conversa, onde eles passavam horas narrando uma situação encontrada nas linhas de um livro antigo. Esse mensageiro apresentava sugestões, conselhos, fundamentava fatos, trazia a ideia do novo, atribuía a realidade com mitos e contos de fadas eram tidos como destaque por todos os presentes. Ele retirava ensinamentos de suas vivencia na sociedade antiga, assim como saberes passados de geração a geração. O narrar de história era o desprender da vida real, para invadir os sonhos (SISTO, 2005).
Sabe-se que atualmente as fontes do contador são, na maioria das vezes, escritas, fazendo-se necessário por parte desse contador uma leitura solitária antes da transmissão oral. Uma das características principais de que o contador de história não pode abrir mão e a da qualidade literária dos textos que escolhe para narrar. Ele precisa conhecer e investigar o que é produzido na área de literatura e possui uma boa bagagem pessoal de leitura (ZUMTHOR, 2005).
Ao escolher e logo depois interpretar uma história o narrador deve primeiramente conhecer o público ouvinte, e saber os seus interesses. Precisa anteriormente, fazer um estudo sobre o contexto geral, como o local, o público, se a narrativa trará ensinamentos, qual mensagem estará levando para os ouvintes. A forma como ele levara o conto têm que ser particularmente atribuída pelo contador de história, ele precisa viver o personagem, sentir as dores, as alegrias, as emoções, e logo em seguida fazer com que os ouvintes, sintam os mesmos sentimentos Por isso, os contadores são vistos com atores de uma peça teatral real. Além de o ator saber ser, e saber fazer, ele precisa saber aplicar nos momentos certos, com exatidão para que haja verdade na transmissão(ZUMTHOR, 1997).
Nas palavras de Sisto (2005, p.22) “O contador de história não pode ser nunca um repetidor mecânico do texto que ele escolhe contar. Alguns aspectos essenciais precisam compor o rendimento do contador, como emoção, texto, adequação, corpo, voz, clima e memória” (SISTO, 2005).
Os principais instrumentos mais relevantes do narrador são sua voz, seu corpo, e o olhar. Essa junção promove a emoção. Esses são elementos naturais que ajuda na ideia central que é favorecer o entendimento e a aproximação do que é real, com o que é imaginário (ZUMTHOR, 2005). No que tange a voz no ato de contação de história, já podemos perceber que a principal ferramenta, pois é através dela que se é transmitido a informação, ela sofre modulações a cada acontecimento, quanto intensidade, clareza, conhecimento (COELHO, 1986). Já o corpo é responsável por levar os movimentos, as nuances dos gestos, transmitindo verdade e emoção. Por finalmente o olhar é o mediador, aquele que leva a sensibilidade, a dor, aquele que melhor exprime a performance do autor. Portanto para ser um contador de história antes devemos dominar cada um dos nossos sentidos, assim como o nosso corpo, atitudes e pensamentos (ZUMTHOR, 2005).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi relevante, pois trouxe reflexões acerca da importância de contar história, desde as histórias contadas para entreter até as histórias para desafiar o pensamento e promover aprendizagens. Contar e ler histórias implica também em desenvolver todo o potencial crítico da criança, pois através das histórias a criança é levada a pensar, questionar e duvidar, compreendendo que ela também está desenvolvendo a sua oralidade.
O que se observa durante a pesquisa bibliográfica é que muitos pesquisadores educacionais estão cada vez mais desenvolvendo estudos sobre os impactos da contação na educação e na construção dos aspectos cognitivos, pois é através da interação dos conteúdos ministrados de forma teórica e prática que o educando vivencia o contar e ouvir história decorrentes de aprendizagens do seu cotidiano e usam os seus conteúdos ministrados nas aulas como forma de interação e construção de soluções para os problemas.
Contar história estabelece uma vivência com a imaginação, é um importante recurso tanto para criança resolver seus conflitos, são repletos de dramas familiares, com os quais os alunos puderam identificar-se e contribuir assim para que “resolvessem” seus dramas.
Portanto, a contação de histórias na educação ou no dia a dia é fator didático altamente importante; mais do que um passatempo, ela se torna um elemento indispensável na alfabetização, ajudando na aquisição da escrita e da oralidade, pois traz descontração e entretenimento às aulas, fazendo com que as crianças se sintam mais à vontade e mais motivadas a aprender, as fontes pesquisadas deixa bem claro o potencial do contador de história.
Além de oferecerem um imenso lado da leitura que pôde ser explorado e contribuiu à formação de valores e atitudes num mundo globalizado e neoliberal, onde estão em altos valores como a competição e o individualismo. Bem como para colaborar com a aquisição de conhecimentos, valores e habilidades necessários à inserção consciente na sociedade.
São recomendadas novas pesquisas e discussões sobre assunto "contar história" e suas atribuições para o conhecimento acadêmico, pois tema é pertinente e merece grandes trabalhos que venha a ser realizado para o crescimento de nossa ciência. A discussão atual sobre o assunto, ainda é precoce para a edificação de uma posição consensual. Com isso faz-se necessário dar continuidade a este estudo, pois é cabível discussões e indagações a cerca desse assunto. Portanto, um ingresso outrora sobre o lúdico e a contação de história é de suma importância para trazer informações não contidas nesse artigo, e logo, os estudos posteriores se tornaram tão relevante quanto o que acabará de ser concluído.
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