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Infecção das Vias Aéreas Superiores


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Infecção das Vias Aéreas Superiores 
As infecções das vias aéreas se dividem em superior e 
inferior a partir da carina. As infecções das vias aéreas 
superiores (IVAS) compreendem cerca de 40 a 60% do 
total de atendimentos na faixa etária pediátrica. Os 
agentes etiológicos mais frequentes são os virais 
(dos quais o rinovírus o principal entre todos – 30 a 40% 
dos casos), seguido dos bacterianos, apresentando um 
curso benigno e autolimitado na maioria dos casos. 
Em média, uma criança tem cerca de 8 a 10 quadros 
de IVAS por ano. 
Rinofaringite Aguda 
A rinofaringite aguda é o resfriado comum, 
correspondendo a inflamação aguda da mucosa do 
nariz, seios paranasais e faringe. É a doença mais 
comum entre as IVAS, sendo provocada por um amplo 
grupo de vírus, dentre os quais o principal é o 
rinovírus, sendo responsável por cerca de 50% dos 
casos. Costuma atingir principalmente as crianças 
menores de 5 anos de forma inversamente 
proporcional à idade. As crianças que frequentam 
escolas e creches são as mais susceptíveis, 
apresentando maior risco de contrair a doença. Outro 
fator a se levar em consideração é a sazonalidade dos 
vírus, a qual é maior nos meses frios. 
O quadro clínico se dá por coriza, espirros, 
obstrução nasal e febre baixa. Eventualmente, pode 
ocorrer dor de garganta e sintomas inespecíficos, 
como dor muscular, cefaleia, mal-estar, etc. Com a 
evolução, a secreção tende a se tornar 
amarelada/esverdeada em virtude da presença de 
leucócitos, não necessariamente representando 
infecção bacteriana secundária. Os sintomas 
costumam se resolver em torno de 5 a 7 dias, 
podendo persistir tosse seca por tempo maior. 
Ao exame físico, há congestão nasal e hiperemia 
das mucosas nasal e faríngea, membranas 
timpânicas e da conjuntiva ocular. Não há 
desconforto respiratório, uma vez que o vírus não 
coloniza as vias aéreas inferiores. Dessa forma, a 
criança se apresenta, na maioria das vezes, em bom 
estado geral. 
O diagnóstico é essencialmente clínico e baseado 
nos sintomas supracitados. 
O tratamento é realizado com sintomáticos e 
medidas de suporte, como lavagem nasal, inalação 
com soro fisiológico, antitérmicos e analgésicos. O ácido 
acetilsalicílico deve ser evitado pela associação à 
síndrome de Reye em pacientes infectados pela 
influenza (A e B) e varicela. Em casos suspeitos de 
infecção por influenza e em indivíduos susceptíveis, o 
oseltamivir pode ser utilizado as primeiras 48 horas 
de sintomas. 
A complicação mais comum é a ocorrência de otite 
média aguda (OMA) em razão da disfunção tubária 
concomitante. A OMA ocorre em até 30% dos casos. 
Influenza – Síndrome Gripal 
A gripe é uma síndrome clínica causada pela influenza 
A e B que se diferencia do resfriado comum por conta 
da maior repercussão sistêmica e que pode atingir 
as vias aéreas inferiores. Em crianças, o vírus 
acomete principalmente escolares e pré-escolares. O 
vírus pode destruir o epitélio escamoso e leva a perda 
de função ciliar, facilitando infecções bacterianas. 
Apesar disso, geralmente possui um curso benigno, 
autolimitado e com bom prognóstico, com exceção 
das crianças menores de 2 anos, as quais estão 
sujeitas a maior mortalidade e complicações, consideras 
como população de risco por apresentarem falta de 
imunidade e por conta do menor calibre das vias aéreas. 
Seu período de incubação varia de 1 a 3 dias, sendo 
que o indivíduo é mais infectante durante 24 horas 
antes do início dos sintomas e durante o período 
mais sintomático, mas pode transmitir a doença até 7 
dias após. 
Ao quadro clínico, a principal diferenciação da gripe 
são as manifestações sistêmicas mais 
predominantes que as respiratórias. Dessa forma, a 
doença costuma se manifestar com febre alta, coriza, 
obstrução nasal, tosse, anorexia, náuseas, vômitos, 
cefaleia, mal-estar, adinamia, fadiga, etc. A doença 
costuma ser autolimitada, sendo que os sintomas 
melhoram ao longo de 3 a 7 dias. 
O diagnóstico é feito de forma presuntiva, mas pode 
ser realizada por exames laboratoriais, como cultura 
de swab nasal, testes rápidos, PCR, etc. 
O tratamento é feito com sintomáticos e medidas de 
suporte, como lavagem nasal, inalação com soro 
fisiológico, antitérmicos e analgésicos. Também pode-se 
utilizar alguns medicamentos específicos em crianças 
com fatores de risco, sendo eles o zanamivir, em 
crianças acima de 7 anos, e o oseltamivir, 
amantadina e a rimantadina para crianças acima 
de 1 ano. Esses medicamentos devem ser iniciados nas 
primeiras 48 horas dos sintomas, mas casos graves, 
progressivos ou complicados podem apresentar 
benefício na melhora do quadro clínico mesmo após 48 
horas. 
Como complicações, cita-se a miosite e a 
rabdomiólise (influenza B – maior ocorrência de dor na 
panturrilha), Guillain-Barré, meningite, otite média 
aguda (até 50% dos pacientes menores de 3 anos) etc. 
A vacinação deve ser feita de forma anual, sendo que 
na primeira imunização, deve-se realizar um esquema 
com duas doses para melhorar a resposta imune, com 
tempo de, no mínimo, 1 mês de intervalo, realizadas 
em crianças com mais de 6 meses de vida. 
Faringoamigdalites Agudas 
As faringoamigdalites são as doenças que acometem a 
faringe, amígdalas e tecidos adjacentes. Na maioria das 
vezes, ocorre infecção por vírus respiratórios, mas 
também pode ser causada por bactérias, como o 
Streptococcus pyogenes (grupo A), a principal delas, 
mas rara em menores de 2 anos. 
No quadro clínico, há início agudo de dor de 
garganta, odinofagia, febre, cefaleia, 
adenomegalia cervical, etc. Muitas vezes, pode haver 
concomitantemente sintomas de infecção das vias 
aéreas, com coriza, tosse, conjuntivite, entre outros, 
principalmente quando a etiologia é viral. Na 
bacteriana, há maior comprometimento do estado geral 
e associação com petéquias no palato, rash cutâneo, 
exsudato purulento, sendo pouco comum sintomas de 
infecção de vias aéreas. 
É válido ressaltar que na herpangina, causada pelo 
Coxsackie A, há pequenas vesículas no palato mole, 
úvula e pilares amigdalianos, que podem se espalhar 
pelo corpo, principalmente mãos e pés, constituindo a 
síndrome mão-pé-boca. Já na infecção por Epstein-
Barr há a formação de um exsudato com falsa 
membrana, gerando a mononucleose, que pode ser 
confundida com faringite bacteriana. 
O diagnóstico é clínico de acordo com os sinais e 
sintomas do paciente. Porém, para a diferenciação entre 
faringite bacteriana ou viral, pode-se utilizar o teste 
rápido, que possui especificidade de 98 a 99%, mas 
sensibilidade de 70%. 
Para saber quem deve ou não realizar teste rápido, 
pode-se optar pelos critérios de Centor e McIsaac 
que demonstram a probabilidade de ser infecção 
bacteriana por Streptococcus pyogenes: 
Um diagnóstico diferencial é a difteria, principalmente 
em crianças não vacinadas, havendo uma faringite com 
presença de membrana exsudativa nas amigdalas, 
coloração acinzentada e de difícil remoção, 
acompanhada de intensa toxemia. 
O tratamento da faringite viral é sintomático, feito 
com analgésicos e antitérmicos. Do contrário, na 
bacteriana deve-se impor o uso de antibióticos. A 
principal classe de antibióticos utilizados são as 
penicilinas, principalmente a benzatina (600.000 UI 
IM para crianças de até 25 kg ou 1.200.000 UI IM em 
crianças acima desse peso) e a amoxicilina (50 
mg/kg/dia para crianças com até 30 kg ou 500 mg para 
crianças acima desse peso em 2 a 3 tomadas por dia por 
10 dias). Também pode-se associar o clavulanato ou 
dobrar a dose em casos refratários. Em caso de alergia 
a penicilina, a azitromicina e a claritromicina são as 
drogas de escolha. 
Otite Média Aguda 
É a inflamação do ouvido médio e de seus anexos. Na 
grande maioria das vezes, é secundária a um 
processo infeccioso bacteriano. Os agentes 
etiológicos bacterianos mais comuns são a Moraxella 
catarralis,Streptococcus pneumoniae e o 
Haemophilus influenzae. Já entre os virais, o principal 
é o VSR, seguido do adenovírus, rinovírus, 
enterovírus, etc. Na prática, é muito difícil diferenciar 
entre a etiologia viral e bacteriana. 
No quadro clínico, crianças mais novas podem 
apresentar apenas irritabilidade, febre, não aceitação 
alimentar, vômitos, inapetência, etc. Já as crianças mais 
velhas podem apresentar também otalgia, sensação de 
plenitude, entre outros. 
O tratamento é feito com sintomáticos, podendo, em 
alguns casos, associar a antibioticoterapia (a qual 
deve ser obrigatória caso a criança seja menor que 2 
anos). Para tal, a amoxicilina é o antibiótico de 
escolha, podendo ser administrada de 50 a 90 
mg/kg/dia em 2 a 3 tomadas diárias por 10 a 14 
dias. Dobrar a dose do antibiótico ou associar 
clavulanato deve ser feita nos casos onde a criança 
recebeu antibiótico nos últimos 3 meses ou em caso 
de falha do tratamento com apenas amoxicilina. Em 
caso de alergia a penicilina, a azitromicina e a 
claritromicina são as drogas de escolha. 
Rinossinusite Aguda 
É a infecção de 1 ou mais seios paranasais. As 
cavidades etmoidais estão presentes desde o 
nascimento, enquanto a frontal e esfenoidal só 
começam a se formar em torno dos 3 anos. A maioria 
dos quadros de rinossinusite é viral, sendo 
consequência das rinofaringites virais, onde há bloqueio 
da drenagem dos seios com consequente acúmulo de 
líquidos e secreções. Entre os agentes bacterianos, os 
mais comuns são a Moraxella catarralis, 
Streptococcus pneumoniae e o Haemophilus 
influenzae. 
O quadro clínico é composto por coriza, obstrução e 
congestão nasal, tosse (caracteristicamente que 
piora à noite), cefaleia, dor facial em peso ou à 
palpação. Ao exame físico, é possível encontrar a 
mucosa nasal edemaciada ou eritematosa e a 
ocorrência de secreção pós-nasal. 
O diagnóstico é clínico e não requer exames de 
imagem. Porém, caso opte-se por realizar, a 
radiografia e a tomografia dos seios da face são os 
melhores exames a serem solicitados. 
O tratamento deve ser feito com amoxicilina e 
clavulanato por 14 dias, uma vez que os germes da 
rinossinusite apresentam grande resistência bacteriana 
apenas com amoxicilina. Também deve-se impor os 
medicamentos sintomáticos e lavagem nasal.

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