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135 PR O D UÇ Ã O D E T EX TO M Ó D UL O 8 1 O que nos possibilita afirmar seguramente que o texto lido é uma ficção que se opõe à realidade cotidiana? O fato de objetos de costura conversarem: agulha, linha e alfinete. 2 Sabendo que se trata de um conto, por que a narrativa não provoca dúvidas ou indignação no leitor? Porque a narrativa se inicia com “Era uma vez”, recurso típico dos contos de fadas. Sendo assim, o leitor espera ler situações inventadas que nem por isso são mentirosas. 3 Com base nas respostas dadas às questões 1 e 2 e na definição da palavra apólogo no Glossário, explique como podemos verificar a verossimilhança interna no texto de Machado de Assis. O texto tem coerência com a proposta de um apólogo, uma vez que ilustra comportamentos humanos em seres inanimados, evidentes nos diálogos entre linha, agulha e alfinete. As personalidades desses personagens, embora sejam absurdas para objetos inanimados, têm compatibilidade com a postura arrogante, submissa ou conselheira de seres humanos reais. 4 A verossimilhança interna sustenta-se pela criação de um mundo ficcional no qual os fatos e as características possuem uma coerência que nos permite estabelecer relações e fazer previsões. O próprio discurso dos per- sonagens linha, agulha e alfinete já nos aponta como eles vão se comportar na narrativa. a) Retire do texto uma fala que melhor represente o comportamento de cada um dos personagens. Agulha: “Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...”. Linha: “Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.”. Alfinete: “Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.”. b) Defina cada personagem. Resposta pessoal. O aluno pode interpretar a agulha como esforçada e ressentida pela ausência de reconhecimento, já que realiza um “trabalho de bastidor” para a linha aparecer; porém, também pode julgá-la vaidosa, afinal é ela quem começa a discussão com a linha, quando se sente incomodada com seu “ar insuportável”. No mesmo sentido, a linha pode ser vista como arrogante e soberba, pois se considera mais importante que a agulha; ou apenas uma vítima da percepção alheia, já que ela somente se manifesta diante das provocações da outra. Por fim, o alfinete provavelmente será descrito como observador e conselheiro, por perceber a dinâmica da relação das duas e alertar a agulha. 5 As possíveis interpretações da história, juntamente com a própria definição de apólogo, indicam que também há verossimilhança externa na narrativa. Explique. É evidente que o autor se inspirou em situações e personalidades reais para compor o texto, que guarda coerência com a vida que levamos. De acordo com a interpretação adotada, a linha pode representar as pessoas soberbas que se consideram melhores que as demais, ao passo que a agulha simbolizaria os indivíduos que, sem perceber, servem a essas pessoas que os inferiorizam e não têm nenhum reconhecimento pelo seu esforço; finalmente, o alfinete tomaria a posição dos que percebem as injustiças e abrem os olhos dos que se submetem aos arrogantes. 6 Cite ao menos duas situações reais presentes na socie- dade que foram representadas pelo relacionamento entre linha e agulha. Para isso, adote a vertente inter- pretativa que classifica a linha como arrogante e a agu- lha como injustiçada. Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Os jovens que alcançam suas vitórias pessoais e não valorizam todas as condições que os pais lhes deram para que isso acontecesse; os artistas que desprezam os próprios fãs, os quais contribuíram para o seu sucesso; os políticos que ignoram as necessidades da população que os elegeu e muitas vezes desviam o dinheiro público, entre outras situações. PH_EF2_6ANO_PT_125a137_CAD2_MOD08_CA.indd 135 11/14/19 3:34 PM 136 PR O D UÇ Ã O D E T EX TO M Ó D UL O 8 7 No final do texto (parágrafos 23 e 24), há um diálogo entre o narrador e um personagem a quem chama “pro- fessor de melancolia”, ou seja, uma pessoa experiente e conhecedora desse sentimento de tristeza. Nesse momento, notamos que a narrativa é realista, ou seja, ela apresenta de forma clara a verossimilhança externa. Interprete a fala do “professor”, levando em considera- ção que ele é uma pessoa experiente e madura. A que espécie de situação ele estaria se referindo? Por se tratar de uma pessoa madura, mais experiente que o narrador, é provável que ele tenha se lembrado de vários momentos de sua vida. Assim, estaria se referindo à totalidade de múltiplas situações de não reconhecimento acumuladas ao longo da vida. 8 No conto “Um apólogo”, você deve ter notado que além de os personagens, em sua maioria, serem ob- jetos e não terem nome próprio, são usados termos generalizantes, como “uma agulha”, “um novelo”, “mui- ta linha ordinária”, entre ou- tros. Qual é o efeito de sen- tido que essa generalização produz? Explique. A generalização torna a situação retratada exemplar. A presença de elementos textuais indefinidos e o fato de os protagonistas serem objetos garantem a possibilidade de associação das ideias às mais variadas situações cotidianas. DESENVOLVENDO HABILIDADES 1 A imagem acima é famosa. Nela, há uma frase em fran- cês que, traduzida para o português, significa “Isso não é um cachimbo”. Essa referência artística se aplica ao conteúdo de verdade, mentira, ficção e verossimilhança porque: a) a imagem não é de um cachimbo, logo, a frase é verdadeira por isso. b) a frase é uma mentira, já que na imagem vemos realmente um cachimbo. c) vemos a imagem de um cachimbo, e não o objeto em si; logo, a frase trata da verossimilhança. d) a arte, representada pela pintura, trabalha com a verdade real, e a imagem do cachimbo está enga- nando o leitor, conforme diz a frase. Leia a seguir o trecho de uma reportagem da revista Veja para responder às questões 2 a 4: Nesta sexta-feira, a internet brasileira foi tomada pela história de Katie e Dalton Prager, que morreram com poucos dias de diferença, e são conhecidos nos Estados Unidos como o casal de carne e osso de A culpa é das estrelas, o best-seller de John Green leva- do ao cinema com Shailene W oodley (Divergente) no papel principal. A associação de Katie e Dalton com o enredo é, na verdade, posterior à eclosão do livro: os dois são chamados pela imprensa americana de “the real couple” (“o casal real”) de A culpa pela semel hança entre a sua história e a de Green. O autor, porém, teve inspiração em outra pessoa para o livro: uma outra menina que ele conheceu e morreu de câncer em 2010, Esther Grace Earl. René Magritte. La trahison des images (A traição das imagens), 1929 (óleo sobre tela, de 63,5 cm x 93,98 cm). Museu de Arte do Condado de Los Angeles. © P h o to th è q u e R . M a g ri tt e /A U T V IS , B ra s il, 2 0 1 9 ./ M u s e u d e A rt e d o C o n d a d o d e L o s A n g e le s , C A . Id e á ri o L a b /A rq u iv o d a e d it o ra PH_EF2_6ANO_PT_125a137_CAD2_MOD08_CA.indd 136 11/14/19 3:34 PM 137 PR O D U« √ O D E T EX TO M ” D UL O 8 Esther Grace Earl teria inspirado o amigo John Green a escrever A culpa é das estrelas. Esther morreu em 2010, aos 16 anos de idade, de câncer de tireoide. Ela era uma grande amiga do autor John Green, e apoiou seu desejo de escrever o livro. Em 2006, a garota foi diagnosticada com câncer e passou a ter dificuldades pararespirar, necessitando de um tanque de oxigênio sempre ao lado. Esther tinha uma presença muito grande na internet em redes sociais como Twitter e Tumblr, mas ficou bem conhe- cida por ser uma vlogger (na era pré-Youtubers) com vídeos engraçados. Em 2009, John Green e a garota se conheceram em uma conferência de fãs de Harry Potter e ali iniciaram uma ami- zade, que durou até 25 de agosto de 2010, quando ela morreu. O autor lamentou muito a morte da amiga e até gravou um vídeo que foi publicado no canal dela no Youtube. CONHEÇA a menina que inspirou ‘A Culpa É das Estrelas’. Veja, 23 set. 2016. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/entretenimento/conheca-a-menina-que-inspirou-a-culpa-e-das- estrelas>. Acesso em: 14 ago. 2019. 2 A história de Katie e Dalton Prager, assim como a pin- tura do cachimbo, trabalha o tema da verossimilhança. Podemos afirmar isso porque: a) a imagem parece ser um cachimbo, mas não é, assim como a história do livro parece ser a desse casal, o que é negado pela reportagem. b) a imagem é de um cachimbo, tal como a história do casal inspirador da obra é exatamente igual à narrativa desenvolvida no livro. c) a imagem representa criativamente o objeto real do cachimbo, do mesmo modo que a história ficcional do casal ilustra os personagens do livro. d) a imagem, com base nas cores e na forma, tem coe- rência com a proposta de uma pintura, assim como os fatos vividos pelo casal também têm coerência interna com uma narrativa ficcional. 3 O fato de a história de Katie e Dalton Prager ter ocorri- do após a publicação do livro e de eles serem tratados pela imprensa americana como “o casal real” mostra que o livro: a) conta uma mentira. b) não tem verossimilhança externa. c) conta uma verdade exata e específica. d) tem verossimilhança externa. 4 Sabendo que o livro A culpa é das estrelas é classificado como “ficção juvenil”, assinale a alternativa correta: a) Devemos acreditar que a história publicada por John Green é completamente real, pois conta a verdadeira história de Esther Grace Earl. b) Os dados biográficos de Esther Grace Earl nos aju- dam a entender a história do livro, proporcionando- -nos até mesmo maior prazer na leitura. c) O livro pode até ser “baseado em uma história real”, mas, como toda ficção que se inspira na realidade, não podemos crer que tudo no enredo ocorreu exa- tamente daquele modo. d) É impossível encontrar acontecimentos típicos de adolescentes e de pacientes com câncer diferentes dos que aconteceram com Esther Grace Earl, pois isso prejudicaria a verossimilhança externa da história. R e p ro d u ç ã o /< w w w .T S W G O .o rg > ANOTA‚ÍES PH_EF2_6ANO_PT_125a137_CAD2_MOD08_CA.indd 137 11/14/19 3:34 PM
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