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MATERIAL DE ESTUDO AV1 - CIENCIAS DO ESTADO E TEORIA POLITICA

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MATERIAL DE ESTUDO PARA AV1
DIREITO | PRIMEIRO SEMESTRE | ESTÁCIO
CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO
CARACTERÍSTICAS DAS TEORIAS POLÍTICAS DE THOMAS HOBBES, JOHN LOCKE E JEAN-JACQUES ROUSSEAU
1- DIFERENCIE O CONCEITO DE PACTO SOCIAL EM HOBBES, LOCKE E ROSSEU:
HOBBES: FUNDA-SE NA IDEIA DE SEGURANÇA, POIS PARTE DO PRESSUPOSTO QUE O GOVERNANTE OFERECE PROTEÇÃO.
LOCKE: CONSIDERA-SE QUE TODOS OS HOMENS NASCEM LIVRES E IGUAIS, VIVEM NA SOCIEDADE PARA ATINGIR O BEM COMUM DESSA FORMA CONFIAM QUE O ESTADO É UM DIREITO COMO A VIDA A LIBERDADE E OS DEMAIS DIREITOS NATURAIS.
ROUSSEAU: PARTE DA IDEIA QUE O HOMEM SOMENTE SE REALIZA POR MEIO DA COMIDADE A QUAL CEDEM A SUA INDIVIALIDADE PREVALECENDO OS INTERRESES DA COMUNIDADE.
Hobbes (1588-1679) acreditava que o contrato foi feito porque o homem é o lobo do próprio homem. Há no homem um desejo de destruição e de manter o domínio sobre o seu semelhante (competição constante, estado de guerra). Por isso, torna-se necessário existir um poder que esteja acima das pessoas individualmente para que o estado de guerra seja controlado, isto é, para que o instinto destrutivo do homem seja dominado. Neste sentido, o Estado surge como forma de controlar os "instintos de lobo" que existem no ser humano e, assim, garantir a preservação da vida das pessoas. Para que isso aconteça, é necessário que o soberano tenha amplos poderes sobre os súditos. Os cidadãos devem transferir o seu poder ao governante, que irá agir como soberano absoluto a fim de manter a ordem.
Locke (1632-1704) O Estado deve preservar o direito à liberdade e à propriedade privada. As leis devem ser expressão da vontade da assembleia e não fruto da vontade de um soberano. Locke é um opositor ferrenho da tirania e do absolutismo, colocando-se contra toda tese que defenda a ideia de um poder inato dos governantes, ou seja, de pessoas que já nascem com o poder (por exemplo, a monarquia).
John Locke, filósofo empirista inglês, em seu “Segundo Tratado do Governo Civil”, no Capítulo II, trata do estado de natureza, onde propõe que para uma compreensão correta sobre o poder político e uma compreensão correta sobre a primeira instituição, faz-se necessário examinar o estado de natureza dos homens, ou seja, a condição natural dos homens.
Qual seria essa condição natural dos homens? A condição natural é o modo como os homens agiriam naturalmente, sem nenhum tipo de subordinação ao Estado. Seria um estado de igualdade, onde ninguém seria subordinado a ninguém. Onde ninguém teria mais que ninguém, porém todos desfrutariam de vantagens comuns.
Locke cita Hooker, que defende a igualdade natural entre os homens, defendendo que no estado de natureza todos são iguais, e nessa igualdade todos os homens são independentes.
Fica evidente tratar-se de um “estado de liberdade”. Porém, ainda que se trate de um estado de liberdade, o mesmo não implica em permissividade. Para Locke, a liberdade não é considerada no sentido de livre-arbítrio. O homem desfruta dessa liberdade sem, contudo, usar dela para prejudicar os outros.
Embora considerando assim, o estado de natureza como um “estado de liberdade”, e admitindo que esse estado de natureza não seja de guerra, mesmo assim Locke reconhece que sem um contrato não haveria condição para preservar a propriedade. Ele reconhece que a sociedade e o Estado nascem do direito natural, que torna todos os homens iguais e independentes, entendendo como direito natural o direito à vida, à liberdade, à propriedade e o direito à defesa desses direitos.
Para Locke, a razão leva os homens à reunirem-se em sociedade, é aí que entra a figura do Estado, quando os homens, os cidadãos, renunciam ao direito de defenderem-se cada um por conta própria, passando ao Estado o poder de fazer as leis que asseguram esses direitos.
Locke reconhece que quando os homens passam seus direitos para a proteção do Estado não deve haver um enfraquecimento do direito individual, mas sim o fortalecimento dos direitos de todos.
Por fim, Locke, embora apresente a necessidade do Estado, é contra o absolutismo e o poder centralizador. Mostrando que o Estado está sujeito ao julgamento do povo, quando atuar contrariamente às finalidades para as quais nasceu: tornar todos iguais e independentes, sem prejuízos na vida, na saúde, na liberdade e nas posses.
Rousseau (1712-1778) considera que o ser humano é essencialmente bom, porém, a sociedade o corrompe. Ele considera que o povo tem a soberania. Daí, conclui que todo o poder emana (tem sua origem) do povo e, em seu nome, deve ser exercido. O governante nada mais é do que o representante do povo, ou seja, recebe uma delegação para exercer o poder em nome do povo. Rousseau defende que o Estado se origina de um pacto formado entre os cidadãos livres que renunciam à sua vontade individual para garantir a realização da vontade geral. Um tema muito interessante no pensamento político de Rousseau é a questão da democracia direta e da democracia representativa. A democracia direta supõe a participação de todo o povo na hora de tomar uma decisão. A democracia representativa supõe a escolha de pessoas para agirem em nome de toda a população no processo de gerenciamento das atividades comuns do Estado.
EXTRA
Teoria de Maquiavel
Apesar de ser uma república, Florença não era exatamente democrática. Os cargos políticos, sobretudo o Executivo, eram dados a uma classe de pessoas ligada à burguesia e à nobreza. Os Médici, por exemplo, eram uma família de duques, nobres donos de terras originários da Toscana. A teoria política de Maquiavel reflete o que ele vivenciou: uma política não democrática em uma cidade cheia de conflitos internos e externos pelo poder, além de sofrer a forte influência da Igreja Católica.
Em sua teoria política, Maquiavel destacou a importância de se manter o poder, ou seja, do governante manter-se no governo, para que o Estado e a ordem social sejam preservados. Ele se destacou como um teórico do absolutismo, mas é necessário observar o porquê: mais por conservação da ordem do que por concordar com qualquer formação de privilégios políticos.
Assim como outros renascentistas, ele inovou ao separar o domínio religioso dos demais domínios. No caso, Maquiavel foi importante por separar o domínio religioso do domínio político. Isso foi inaugurado pelos humanistas cívicos que surgiram com o Renascimento. Conforme o professor João Aparecido Gonçalves Pereira:
“Como o humanismo cívico foi um movimento que aconteceu nas diversas áreas do conhecimento, quando se trata do âmbito político, ele não significou somente uma recuperação do discurso filosófico greco-romano e dos assuntos que haviam sido desconsiderados da pauta da filosofia cristã, mas também uma mudança de paradigma do pensamento em torno da condição humana inserida no mundo empírico. Isto é, passou-se a considerar como importante a vida terrena dos homens com os seus respectivos desdobramentos, como as atividades políticas e sociais.”
Ora, a obra de Maquiavel demarcou essa mudança de paradigma do Renascimento no âmbito político, na vida política, na vida pública, no âmbito jurídico, no funcionalismo público etc.
NAZIFASCISMO
O que foi - Significado
O nazifascismo foi uma doutrina política que surgiu e desenvolveu, principalmente, na Itália e Alemanha entre o começo da década de 1920 até o final da Segunda Guerra Mundial. Esta doutrina ganhou o nome de nazismo na Alemanha e teve como principal representante Adolf Hitler. Na Itália, ganhou o nome de fascismo e teve Benito Mussolini como líder.
 
Principais características do nazifascismo:
- Nacionalismo: valorização exacerbada da cultura, símbolos (bandeiras, hinos, heróis nacionais) e valores da nação. 
- Totalitarismo: concentração de poderes nas mãos do líder da nação. Falta total de democracia e liberdade. No sistema totalitário as pessoas devem seguir tudo que é determinado pelo governo. Os opositores são presos e, em muitos casos, executados. 
- Militarismo: investimentos pesados no desenvolvimento e produção de armas. Além de proteção, os nazifascistas defendiamo uso deste poderio militar para fins de expansão territorial. 
- Anticomunismo: os comunistas foram culpados pelos nazifascistas como sendo os grandes responsáveis pelos problemas sociais e econômicos existentes. Muitos comunistas foram perseguidos, presos e executados pelos nazifascistas da Alemanha e Itália. 
- Antiliberalismo: ao invés da liberdade econômica, defendiam o controle econômico por parte do governo. O governo deveria controlar a economia, visando o desenvolvimento da nação. 
- Romantismo: para os nazifascistas a razão não seria capaz de gerar o desenvolvimento de uma nação, mas sim o auto sacrifício, as atitudes heroicas, o amor à pátria e a fé e dedicação incondicional ao líder político. 
- Antissemitismo: atitudes de preconceito e violência contra judeus. De acordo com os seguidores do nazifascismo, os judeus eram, junto com os comunistas, os grandes responsáveis pelos problemas econômicos do mundo. Dentro deste pensamento, Hitler tentou eliminar os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, matando-os em campos de concentração. Este evento ficou conhecido como Holocausto. 
- Idealismo: transformação das coisas baseada nos anseios e instintos. 
- Expansionismo: busca de expansão territorial através de invasões, ocupação e domínios de territórios de outros países. Para isso era necessário investir no setor bélico e promover guerras. Baseado neste ideal, a Alemanha Nazista invadiu a Polônia em 1939, dando início a Segunda Guerra Mundial. 
- Superioridade racial: linha de pensamento que defende a ideia de que algumas raças são mais desenvolvidas do que outras. Os nazistas, por exemplo, defendiam que os arianos (no caso homens brancos alemães) eram superiores às outras raças e, portanto, deveriam exercer a supremacia mundial.
LIBERALISMO E CONSERVADORISMO
Liberalismo é uma corrente política (ver filosofia política) e moral (ver moral) baseada na liberdade, consentimento dos governados e igualdade perante a lei.
O conservadorismo ou conservantismo é uma filosofia social que defende a manutenção das instituições sociais tradicionais no contexto da cultura e da civilização. Há dois tipos de conservadorismo: um, metafísico, e outro, empírico.
Conservador
Na prática, o conservador é aquele que acredita que existe uma moral eterna por trás de cada ação. E cada uma dela possui uma ordem: a ordem interior e a exterior. Quem defende o conservador acredita que foi a falta de moral que provocou grandes problemas enfrentados pela humanidade.
O artigo ‘Os 10 princípios conservadores’ do blog ‘Tutores da Direita’, traz essa perspectiva: “o mundo do século XX experimentou as consequências hediondas do colapso da crença na ordem moral. Como as atrocidades e desastres da Grécia cinco séculos antes de Cristo, a ruína das grandes nações no século XX mostra-nos o fosso no qual caem as sociedades que erradamente tomam o hábil interesse próprio ou engenhosos controles sociais como agradáveis alternativas a uma ordem moral antiquada”.
Dessa forma, podemos afirmar que o conservadorismo relaciona as questões sociais a uma moralidade privada, como afirma o mesmo post “uma sociedade na qual homens e mulheres sejam regidos pela crença numa ordem moral permanente, por um forte senso de certo e errado, por convicções pessoais sobre justiça e honra, será uma boa sociedade”.
Política conservadora
A política conservadora é aquela que acata o código moral e a estrutura social tradicionais. Ela leva a sério os valores como a ordem, a diversidade do individualismo e a igualdade político-jurídica, responsável por garantir o bem comum. Já a desigualdade social é resultado das diferenças naturais entre os indivíduos e fruto dos esforços individuais e decisões.
Liberal
Para o Movimento Liberal Social, o liberalismo tem a liberdade individual como objetivo central, uma vez que ele acredita que a falta de estrutura básica para viver bem é tão prejudicial quando um Estado opressor.
Por isso, eles lutam para que o Estado tenha apenas o papel de regulador e garantidor de acessos, mas sem intervir nas questões.
Política liberal
Os políticos liberais são aqueles que defendem a mudança sem o apego às tradições. Por isso, eles acreditam em políticas públicas progressistas, eles são totalmente ao contrário das doutrinas socialistas e comunistas, por exemplo.
REVOLUÇÃO FRANCESA
A Revolução Francesa, um dos maiores acontecimentos da humanidade, foi um processo revolucionário inspirado em ideais iluministas contra a monarquia absolutista.
A Revolução Francesa foi um ciclo revolucionário de grandes proporções que se espalhou pela França e aconteceu entre 1789 e 1799. Foi inspirada nos ideais do Iluminismo e motivada pela situação de crise que a França vivia no final do século XVIII. Causou também profundas transformações e marcou o início da queda do absolutismo na Europa.
Resumo
Dentre os principais acontecimentos e informações relativos à Revolução Francesa, podem ser destacados:
· A Revolução Francesa retirou sua base ideológica dos ideais iluministas.
· Antes da revolução, a França era uma monarquia absolutista governada por Luís XVI.
· A França vivia uma intensa crise econômica durante as décadas de 1770 e 1780, e essa, em partes, motivou o início da revolução.
· O estopim que espalhou o ímpeto revolucionário pela França foi a Queda da Bastilha, que aconteceu em 14 de julho de 1789.
· Ao longo da revolução, a França viveu as seguintes fases: Assembleia Nacional Constituinte, Assembleia Legislativa, Convenção Nacional e Diretório.
· Os principais partidos eram girondinos, defensores de que medidas conservadoras fossem realizadas, e jacobinos, defensores de que profundas transformações sociais, econômicas e políticas acontecessem.
· Durante o período do terror, os jacobinos, liderados por Maximilien Robespierre, guilhotinaram milhares de opositores.
· Os girondinos derrubaram os jacobinos do poder por meio de um golpe conhecido como Reação Termidoriana.
· A Revolução Francesa encerrou-se por meio do golpe organizado por Napoleão Bonaparte e conhecido como Golpe do 18 de Brumário.
Causas
Luís XVI era o rei francês durante a década de 1780.
A Revolução Francesa foi resultado direto da crise que a França vivia no final do século XVIII. A insatisfação popular (com a crise econômica e política que o país vivia) aliou-se com os interesses da burguesia em implantar no país as ideias do Iluminismo como forma de combater os privilégios da aristocracia francesa.
No final do século XVIII, a França era uma monarquia absolutista em que o rei era Luís XVI. O poder de Luís XVI, como em todo regime absolutista, era pleno, e a sociedade francesa era dividida em grupos sociais muito bem definidos. A composição social da França era a seguinte:
· Primeiro Estado: clero;
· Segundo Estado: nobreza;
· Terceiro Estado: restante da população.
Essa divisão social na França tinha uma clara desigualdade social, uma vez que Primeiro e Segundo Estados possuíam privilégios que não se estendiam ao Terceiro Estado. O destaque vai para as isenções de impostos que ambas as classes possuíam e para o direito de alguns nobres de poderem cobrar impostos dos camponeses que trabalhavam em suas terras.
O Terceiro Estado, por sua vez, era um grupo bastante heterogêneo, isto é, composto por diferentes grupos, como a burguesia e os camponeses (os segundos correspondiam a 80% da população francesa). Os camponeses viviam na pobreza ao passo que a aristocracia francesa vivia uma vida de luxo. Para os burgueses, os privilégios da aristocracia do país eram um entrave para o desenvolvimento de seus negócios. A desigualdade social é a primeira causa da revolução.
Toda essa situação de desigualdade agravou-se com a crise social que existia na França. A crise econômica francesa era motivada pelos elevados gastos do país (o governo francês gastava 20% a mais do que arrecadava). Esses gastos foram agravados pelo envolvimento do país em conflitos no exterior. A existência de privilégios de classe no país também contribuía para a crise.
A crise econômica na França aumentava apressão, principalmente, para as classes de baixo, uma vez que o custo de vida aumentou, a oferta de empregos foi reduzida, e os impostos cobrados pela nobreza aumentaram. Essa situação, em si, já era o suficiente para levar os camponeses à fome, mas, em 1788 e 1789, o país ainda enfrentou um inverno rigoroso, que prejudicou as colheitas e contribuiu para que o alimento ficasse mais caro ainda.
Tentativas de reforma haviam sido propostas, mas não avançaram porque a aristocracia francesa havia mostrado-se resistente às possibilidades de reformas que viessem a retirar parte de seus privilégios. Assim, em 1789, a França vivia uma situação complicada, pois a crise econômica era grave, e a pobreza e a fome levaram a população a um estado de quase rebelião.
O resultado encontrado pela nobreza francesa foi convocar os Estados Gerais, uma reunião criada na França feudal e que era convocada só em momentos de emergência. Essa saída era agradável para a aristocracia francesa, pois, nos moldes antigos do Estado Geral, Primeiro e Segundo Estados uniam-se contra o Terceiro Estado.
O Terceiro Estado, porém, não estava disposto a manter-se nos Estados Gerais dentro dos moldes em que ele funcionava em tempos passados. Com isso, foi proposto pelos representantes desse Estado uma alteração no funcionamento dos Estados Gerais. Em vez de o voto ser por Estado, foi proposto que ele fosse individual, isto é, todos os membros dos Estados (incluindo os mais de 500 do Terceiro Estado) teriam direito ao voto.
O rei francês não aceitou a proposta e, assim, o Terceiro Estado rompeu com os Estados Gerais e fundou a Assembleia Nacional Constituinte, com o propósito de redigir uma Constituição que proporia mudanças para a França, tornando-a uma monarquia constitucional. Quando Luís XVI tentou fechar a Constituinte à força, a população parisiense rebelou-se em sua defesa.
No dia 12 de julho de 1789, a população francesa tomou as ruas de Paris. No dia 13, foi criado uma Comuna para governar Paris e uma Guarda Nacional, espécie de milícia popular. No dia 14, a população partiu para tomar armas e pólvora do governo e, com isso, atacou a Bastilha, antiga fortaleza convertida em prisão que era usada para aprisionar opositores dos reis franceses.
No dia 14 de julho, então, houve a Queda da Bastilha, em que a população francesa invadiu e tomou o controle da prisão que era o símbolo da opressão absolutista. Depois disso, a revolução espalhou-se pelo país, alcançando novas cidades e chegando ao campo.
• Iluminismo
A Revolução Francesa inspirou-se nos ideais iluministas, que defendiam que a autoridade deveria basear-se na razão. Os iluministas defendiam ideais como liberdade e constitucionalismo, eram fortes defensores da separação entre Igreja e Estado e, além disso, eram opositores da monarquia absolutista e defensores do método científico. As revoluções burguesas do século XVIII — americana e francesa — tiraram dos ideais iluministas a sua base ideológica.
Etapas da Revolução Francesa
Depois da Queda da Bastilha, o processo de revolução espalhou-se pela França e estendeu-se pelos dez anos seguintes, sendo somente encerrado quando Napoleão Bonaparte assumiu o poder do país por meio do Golpe de 18 de Brumário. A Revolução Francesa pode ser dividida dentro do período das instituições políticas que atuaram no país:
· Assembleia Nacional Constituinte e Assembleia Legislativa (1789-1792);
· Convenção Nacional (1792-1795);
· Diretório (1795-1799).
• Assembleia Constituinte e Assembleia Legislativa
Trata-se do período inicial da Revolução Francesa, o qual foi marcado por grandes transformações, por meio da redação de uma Constituição para a França e pela atuação da Assembleia Legislativa. Após a Queda da Bastilha, muitos camponeses, no interior do país, temendo ficar sem alimentos e muito endividados, partiram para o ataque.
Esse foi o período do Grande Medo, que ocorreu entre julho e agosto de 1789, e durante o qual camponeses começaram a atacar aristocratas e suas propriedades. Assim, residências da nobreza foram invadidas, saqueadas e destruídas, cartórios foram atacados para que os títulos de propriedade fossem destruídos etc. Os camponeses exigiam o fim de alguns impostos e maior acesso aos alimentos.
A burguesia francesa, temendo esse ímpeto popular, resolveu tomar decisões que aceleraram as transformações na França e que tinham como objetivo principal controlar o povo. Assim, no dia 4 de agosto de 1789, foi decretada a abolição dos direitos feudais que existiam na França. No mesmo mês, foi convocada a redação da Constituição e foi anunciada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
No dia 4 de agosto de 1789, os parlamentares da Assembleia Constituinte aboliram os privilégios oriundos do Antigo Regime da França.
Esse foi um dos documentos mais importantes da Revolução Francesa e, na teoria, decretava que todos os seres humanos eram iguais perante a lei. No entanto, é importante considerar que essa ideia de igualdade, para os liberais do século XVIII, estendia-se apenas ao âmbito jurídico e não alcançava uma dimensão democratizante como o nome do documento pode sugerir.
Nesse contexto de radicalização popular, a classe média e a burguesia francesa assumiram posições conservadoras para controlar a ação do povo. A nobreza e o clero, por sua vez, começaram a fugir da França, pois temiam tudo que acontecia no país. Essa aristocracia francesa começou a ser abrigada nas nações absolutistas vizinhas, sobretudo na Áustria e Prússia. Essa nobreza também começou a planejar a contrarrevolução, com o objetivo de reverter tudo que acontecia na França.
Até mesmo o rei francês, sentindo-se ameaçado, organizou sua fuga da França, em 1791, com sua esposa, Maria Antonieta. Luís XVI, porém, foi reconhecido quando estava em Varennes, próximo à fronteira com a França, e reconduzido para a Paris. Antes disso, ele e sua esposa tinham sido obrigados a abandonarem o Palácio de Versalhes e a instalarem-se no Palácio de Tulherias.
Além de atacar os privilégios da nobreza, a burguesia francesa também se voltou contra o clero. Isso aconteceu por meio da Constituição Civil do Clero, aprovada em 1790. Essa medida legal promoveu a separação do Estado e da Igreja e tentou colocar a segunda sob a autoridade do primeiro, uma vez que os padres tinham de jurar obediência ao Estado. Essa medida e outras tomadas contra o clero lançaram-no para o esforço contrarrevolucionário.
Os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte estenderam-se até 1791, quando, finalmente, foi promulgada a Constituição da França. No texto da Constituição, determinava-se o fim da monarquia absoluta e estipulava-se que a França era transformada em uma monarquia constitucional. Isso decepcionou uma ala mais popular da revolução que almejava que o país fosse transformado em uma república democrática.
A atuação conservadora da burguesia francesa à frente da Assembleia Constituinte é exemplificada pelo historiador Eric Hobsbawm no seguinte trecho que aborda os objetivos econômicos e políticos dessa classe:
Economicamente as perspectivas da Assembleia Constituinte eram inteiramente liberais: sua política em relação aos camponeses era o cerco das terras comuns e o incentivo aos empresários rurais; para a classe trabalhadora, a interdição dos sindicatos; para os pequenos artesãos, a abolição dos grêmios e corporações […]. A Constituição de 1791 rechaçou a democracia excessiva através de um sistema de monarquia constitucional baseada em um direito de voto censitário dos “cidadãos ativos” reconhecidamente bastante amplo.
Com a Constituição de 1791, a Assembleia Constituinte encerrou seu período de funcionamento e foi substituída pela Assembleia Legislativa. Nessa assembleia, consolidaram-se dois grupos políticos que possuíam visões bastante diferentes a respeito dos rumos da revolução. Os girondinos eram parte da burguesia que acreditava que as grandes mudanças necessárias já tinham acontecido e, por isso, possuíam uma visão mais conservadora. Já os jacobinos eram membros da burguesiaque acreditavam que as mudanças deveriam ser ainda mais radicais do que as que estavam em curso.
A primeira reunião da Assembleia Legislativa iniciou-se em 8 de outubro de 1791, e a atuação dessa instituição durou até 7 de setembro de 1792. Nesse período, a França teve de lidar com a ação estrangeira contra a revolução, pois Áustria e Prússia, liderando os esforços contrarrevolucionários, invadiram o país e forçaram a França a declarar guerra a ambos.
A ação de Áustria e Prússia contra a França deveu-se pelo fato de que o processo revolucionário francês era visto como grande ameaça por todas as nações absolutistas da Europa. Com a guerra, os jacobinos declararam “pátria em perigo”, uma vez que as tropas estrangeiras aproximavam-se de Paris, e a população francesa começava a se armar para resistir.
A guerra também contribuiu para a radicalização da revolução e deu início a uma fase conhecida como Terror. Esse clima de guerra fez com que os jacobinos e os sans-culottes tomassem a frente da revolução, e, com isso, a monarquia francesa acabou sendo derrubada pelos sans-culottes, instaurando-se a República em 1792.
• Convenção
A Convenção Nacional iniciou seus trabalhos a partir de 20 de setembro de 1792 e substituiu a Assembleia Legislativa. Os participantes da Convenção Nacional foram eleitos por sufrágio universal masculino, e, com ela, a França transformou-se em uma República. Antes da posse da Convenção, o rei francês havia sido capturado e feito prisioneiro. Daí surgiu um grande debate: a execução do rei.
Esse debate dividiu a Convenção com os girondinos defendendo que o rei fosse exilado enquanto os jacobinos defendiam que o rei fosse executado. O destino do rei e de sua esposa foi decidido quando foram encontrados documentos que atestavam o envolvimento de Luís XVI com o rei austríaco. Resultado: Luís XVI e Maria Antonieta foram acusados de traição e guilhotinados em 1793.
Com o endurecimento da guerra, a França ficou sob o controle dos jacobinos, que contavam com o apoio popular. Os jacobinos criaram o Comitê de Salvação Pública, instituição em que eles tomavam as decisões mais importantes da França. Iniciou-se uma intensa perseguição a todos aqueles que, aos olhos jacobinos, representavam uma ameaça à revolução. O regicídio foi uma dessas execuções voltadas para os que conspiravam contra a revolução.
Os jacobinos conseguiram colocar as massas populares sob seu controle, mas a situação da guerra agravou-se com a execução de Luís XVI. As nações absolutistas europeias ficaram indignadas com a execução do rei e reagiram formando uma coalizão para derrubar a revolução na França. Esse grande exército contrarrevolucionário era financiado pela Inglaterra.
O período em que os jacobinos, sob a liderança de Maximilien Robespierre, estiveram à frente da revolução ficou conhecido como Terror. O nome faz menção à perseguição dos opositores por meio da Lei dos Suspeitos, que julgava e condenava aqueles considerados traidores com morte na guilhotina. Estima-se que cerca de 17 mil pessoas tenham sido mortas nesse período em cerca de 14 meses.
Maximilien Robespierre foi o líder dos jacobinos durante a fase da revolução conhecida como Terror.
Apesar da radicalidade, os jacobinos conseguiram resolver problemas imediatos da França, pois estabilizaram o valor da moeda francesa, aumentaram o exército francês gastando menos, conseguiram derrotar as tropas que tinham invadido a França e conseguiram estabilizar a situação das rebeliões pelo país.
De toda forma, essa atuação radical dos jacobinos gerou uma natural reação dos grupos conservadores da França. Assim, os girondinos conspiraram e articularam, com o apoio da alta burguesia da França, um golpe contra os jacobinos conhecido como Reação Termidoriana e que aconteceu em 1794. Com esse golpe contra os jacobinos, muitas medidas tomadas por eles foram revertidas, e a liderança jacobina (incluindo Robespierre) foi sumariamente guilhotinada.
Consequências
A Revolução Francesa estendeu-se por dez anos e, nesse período, uma série de transformações aconteceu naquele país. As transformações trazidas pela Revolução Francesa, porém, não se mantiveram apenas na França e espalharam-se pelo mundo. Elas foram:
· Fim dos privilégios da aristocracia (nobreza e clero) na França;
· Fim dos resquícios do feudalismo e início da consolidação do capitalismo;
· Queda do absolutismo em toda a Europa;
· Inspirou os movimentos de independência na América, sobretudo das nações colonizadas pela Espanha;
· Popularizou a república como forma de governo;
· Popularizou a ideia de separação dos poderes;
· Garantiu a aplicação dos ideais liberais de liberdade individual do lema “todos os homens são iguais perante a lei”;
· Consolidou o nacionalismo enquanto ideologia de reconhecimento do dever patriótico.
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