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Semiologia em Pediatria II 6 1 Regras gerais: Criança deverá ser examinada completamente despida e sob boa iluminação. Mesmo que a queixa recaia sobre o abdome, uma inspeção geral e exame dos outros aparelhos devem ser efetuados. Variáveis influenciam o estado geral da criança: temperatura ambiente, temperatura da mão do examinador, manipulação desnecessária, fome. Ter paciência e usar o tempo que for necessário para obtenção dos dados objetivado pelo exame. Anatomia do abdome Limites do abdome: As paredes anterior e posterior em conjunto com as laterais configuram o abdome em externo e interno, superior e inferior. Externo: Superior: apêndice xifoide e arcada costal até a coluna vertebral Inferior: crista ilíacas, crista pubiana, pregas inguinais e base do sacro Semiologia em Pediatria II 6 2 Interno: Superior: cúpula diafragmática Inferior: estreito superior da bacia Divisão do abdome: Exame Físico Inspeção normal: RN apresenta abdome globoso com relação ao tórax, Pré escolar e escolar apresentam conformação mais próxima do adulto. Inspeção anormal: Agenesia dos músculos abdominais - associada a malformações do trato urinário. Diástase dos músculos reto abdominais Exposição dos órgãos – Extrofia de bexiga Na região lombar presença de massas: teratoma sacrococcígeo e meningomielocele. 1) Agenesia dos músculos abdominais: Síndrome de Prune-Belly é caracterizada por uma tríade de anomalia sendo a deficiência ou ausência da musculatura da parede abdominal, criptorquidia bilateral ( quando os testículos Semiologia em Pediatria II 6 3 não descem até a bolsa testicular) e malformação do trato urinário. Se classifica esse abdome como abdome em ameixa passa. 2) Diástase dos músculos retos abdominais É a separação parcial ou completa dos músculos retos abdominais. A diástase do reto abdominal pode ou não estar associada a sintomas. A separação excessiva dos músculos abdominais pode comprometer a função da parede abdominal anterior e tornar-se óbvia através de uma protusão visível na linha média do abdômen Apesar de ser parecida, a diástase do reto abdominal não é uma hérnia da parede abdominal; não há defeito da fáscia que recobre o abdômen, portanto, não há risco de encarceramento ou estrangulamento. Fora a protusão, que não necessariamente está presente em todos os pacientes, a diástase retal não costuma provocar outros sintomas. Caso o paciente tenha fraqueza muito importante da parede abdominal, ele pode ter dor lombar, constipação intestinal e alguma dificuldade de levantar pesos que estejam no chão 3) Exposição dos órgãos – Extrofia de bexiga A extrofia de bexiga é uma anomalia congênita rara decorrente de falha da fusão dos tecidos da linha média da pelve durante a embriogênese e caracteriza-se por má formação da região inferior da parede abdominal 4envolvendo o trato geniturinário e o sistema musculoesquelético. Extrofia de bexiga é um defeito congênito que consiste em uma má formação da bexiga e uretra, na qual a bexiga fica exposta para fora do abdome. Semiologia em Pediatria II 6 4 4) Teratoma sacrococcígeo e Meningomielocele O teratoma sacrococcígeo é um tumor benigno, composto pelas três camadas de células germinativas e com origem na falha de migração das células pluripotenciais que se originam no nodo de Hense A mielomeningocele é um defeito da coluna vertebral e da medula espinhal, que acontece nas primeiras semanas de gestação. A coluna vertebral, a medula espinhal e o canal da medula não se formam normalmente. Existe um defeito na formação dessas estruturas, cuja causa ainda não é bem definida Abaulamentos: modo de instalação Súbito: ▪ Perfuração Intestinal – formação pneumoperitônio ▪ Entecolite necrotizante Progressivo: ▪ Megacólon aganglionar (é causado pela ausência de inervação do intestino grosso. Na maioria dos casos, a falta de inervação ocorre na sua porção final) Localizados: ▪ Tumores Semiologia em Pediatria II 6 5 ▪ Visceromegalias ▪ Abcesso de parede ▪ Distensão de bexiga Abaulamento Global Processo obstrutivo baixo – Imperfuração anal 2) Intussuscepção intestinal A invaginação intestinal, que também pode ser conhecida como intussuscepção intestinal, é uma condição grave na qual uma parte do intestino desliza para dentro de outra, podendo interromper a passagem de sangue para essa porção e causando obstrução, perfuração do intestino ou até morte dos tecidos. Esta alteração do intestino é mais frequente em crianças até aos 3 anos. Semiologia em Pediatria II 6 6 Depressões: Hérnia diafragmática: As hérnias diafragmáticas são doenças de origem congênita causadas pelo fechamento incompleto do diafragma. Dessa forma, permitem a passagem de órgãos intra-abdominais para a cavidade torácica do feto. “Assim, os órgãos do abdômen que ocupam a cavidade torácica comprimem os pulmões Aderência entre peritônio parietal e visceral: Tuberculose peritoneal (A tuberculose peritoneal consiste num processo inflamatório crônico causado pelo Mycobacterium tuberculosis. Sua sintomatologia é inespecífica, com comprometimento sistêmico – dor abdominal DIFUSA + ascite) Respiração: Respiração paradoxal: é quando o peito e o a bdome movem-se em direções opostas um ao outro. Na inspiração, o peito subirá, mas o abdome descerá, e na expiração o peito descerá e o bdômen subirá – pode ser sintoma de poliomielite Peritonite: A peritonite é a inflamação decorrente de infecção que acomete o peritônio, tecido que reveste a parede interna do abdômen e recobre a maioria dos órgãos da região abdominal, como o estômago, os intestinos, o fígado e o baço. Essa infecção pode ser provocada por bactéria ou fungo – Diminuição dos movimentos peristálticos Ondas peristálticas: normalmente não são visíveis Visíveis: em Estenose hipertrófica de piloro (É a obstrução quase completa do canal pilórico – ligação do estomago com o intestino, m decorrência de hipertrofia da musculatura circular Semiologia em Pediatria II 6 7 do piloro. Forma-se um verdadeiro tumor ao nível do piloro, duro, quase sempre palpável através da parede abdominal) Circulação colateral: Veias dilatadas na parte inferolateral da parede abdominal: significativo de trombose, ascite abundante ou massas Veia cava superior: veias dilatadas na parte superior do tórax Veia porta: desenvolve na parte superior do abdome entre o umbigo e o apêndice xifoide e da parte inferior do tórax: indicativo de trombose, tumores e mecanismos extra-hepáticos Umbigo: Artéria umbilical única: ocorre em um terço dos casos – malformações do trato urinário e gastrointestinal Malformações de parede abdominal: Onfalocele Gastroquise 1) Onfalocele Malformação de fechamento abdominal a partir do umbigo, o cordão sai da lesão e as vísceras são cobertas com âmnio e peritônio. Associa-se com cardiopatias, malformações renais e de coluna vertebral Semiologia em Pediatria II 6 8 2) Gastroquise Evisceração paramediana direita e lateral do cordão umbilical, as vísceras não apresentam cobertura. As vísceras não apresentam cobertura Associa-se ao íleo paralítico, atresia de delgado, intestino curto e criptorquidia Hérnia umbilical: Hérnia umbilical é um deslocamento anormal de tecido pela parede abdominal atrás do umbigo. Esse tipo de hérnia se desenvolve quando uma porção do revestimento do abdômen, de parte do intestino e/ou fluido do abdômen se acumula através do músculo da parede abdominal Granuloma umbilical: O granuloma umbilical é a anormalidade do umbigo mais frequente em recém-nascidos1 e resulta de um supercrescimento do tecido de granulação, que persistena base do cordão umbilical após a sua queda. TTO é nitrato de prata ou sal de cozinha Umbigo cutâneo: Quando a pele do abdômen do bebê se prolonga por cerca de 1 a 2 centímetros, cobrindo o início do coto umbilical. É uma forma de cicatriz umbilical, não é patológico. Semiologia em Pediatria II 6 9 Palpação superficial: Verificar sensibilidade Verificar espessura da parede Tumoração da parede Continuidade Tensão Piparote ou sinal de onda liquida Palpação profunda: Regras Decúbito dorsal e o examinador a direita Mãos aquecidas Nunca pressionar a ponta dos dedos sobre o abdome Criança deve estar calma e respirar ritmadamente Deixar por último as regiões dolorosas Nos derrames líquidos – manobras intermitentes Inicialmente não direcionar a palpação para órgãos específicos Na evidência de qualquer anormalidade procurar descrever a sensibilidade, a forma, a consistência, o volume, a mobilidade, a localização e a relação com os planos Palpação específica: 1) Fígado Palpação simples Palpação Bimanual de Fleckel/Lemos Torres : realizada colocando a palma da mão direita no ponto do limite inferior (que você marcou durante a percussão). A mão direita do examinador deve estar apoiada sobre a parede abdominal, e a ela deve ir se movimentando na direção do fígado, sendo que os movimentos devem ser realizados pressionando a região, na tentativa de palpar o fígado, e o ideal é que sejam realizados na inspiração, pois é o momento em que há a descida do diafragma e consequentemente a descida do fígado. Após esses movimentos, a mãe esquerda deve ser colocada na loja renal direita, de modo a “empurrar” o fígado para cima, aproximando o da mão direita e assim facilitando a sua palpação. Após realizar esse posicionamento das mãos (uma mão próxima a borda hepática inferior e outra na loja renal), deve-se pedir que o paciente inspire e expire lentamente e nesse momento o examinador deve tentar sentir o fígado, buscando-o com a mão direita Palpação em garra de Mathieu: o examinador deve estar à direita do paciente, e apoia as polpas digitais no rebordo costal, como se estivesse tentando “entrar por baixo do rebordo”, e pede-se que o paciente inspire, para que assim ocorra a descida do fígado. Descrever a borda inferior, a superfície e a ocupação além do rebordo costal Semiologia em Pediatria II 6 10 2) Baço Palpação Percussão Timpanismo exagerado: Aerofagia com meteorismo: É considerado, em alguns casos, uma consequência da aerofagia, que é a deglutição de ar excessiva durante a alimentação. “O meteorismo se refere à distensão, ao som e ao desconforto causados pelo acúmulo de gases no sistema digestivo Obstrução intestinal Pneumoperitônio: é a presença de ar na cavidade abdominal. Pode ser uma condição patológica, devida à perfuração de vísceras ocas Ausculta: Único ponto de observação: quadrante inferior direito Ruídos exagerados - peristaltismo de luta ( pseudo-obstrução intestinal é uma forma de abdome agudo obstrutivo no qual não se identifica um ponto mecânico de obstrução. s sintomas obstrutivo decorrem de um mau funcionamento da musculatura lisa do intestino) Observação evolutiva pós operatório Sopros por estenoses ou aneurisma arteriais Casos Clínicos Rx de tórax com padrão de normalidade Semiologia em Pediatria II 6 11 RX de tórax: ingestão de corpo estranho – criança engoliu um parafuso RX de tórax: as setas apontam distensão abdominal importante devido a grande quantidade de gases nas alças intestinais e quadro de condensação pulmonar – Pneumonia RX de tórax: ingestão de corpo estranho a criança engoliu uma moeda Semiologia em Pediatria II 6 12 Caso Clínico: criança de 6 anos, febre alta de 38 º C há 2 dias, nega coriza, nega tosse e nega secreção. Exame físico: Orofaringe com placas purulenta bilateral Amoxicilina é prescrita Caso Clínico: dor abdominal é uma manifestação prevalente em crianças com pneumonia após quadro gripal não significante. Se a criança der entrada no PS com dor abdominal após quadro gripal pedir RX de tórax para investigar pneumonia caso não seja identificado causas abdominais como retenção de fezes.
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