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Livro - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia

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CCoonnhheecceennddoo aass DDoouuttrr iinnaass ddaa 
BBííbbll iiaa 
Myer Pearlman 
 
 
Editora Vida, 2006 
ISBN 8573671440 
Título original: Knowing the Doctrines of the Bible 
Tradução: Lawrence Olson 
 
 
Reeditado por SusanaCap, a partir de arquivo txt encontrado 
na web.* 
Agradecimentos ao Dumane pela digitalização do Cap.VIII, 
que faltava. 
 
 
www.semeadores.net 
 
Nossos e-books são disponibilizados gratuitamente, com a 
única finalidade de oferecer leitura edificante a todos aqueles 
que não tem condições econômicas para comprar. 
Se você é financeiramente privilegiado, então utilize nosso 
acervo apenas para avaliação, e, se gostar, abençoe autores, 
editoras e livrarias, adquirindo os livros. 
 
Semeadores da Palavra e-books evangélicos 
 
* Obs.: Algumas referências bíblicas estavam ilegíveis e não puderam ser 
recuperadas 
 
CONTEÚDO 
 
Introdução: Um confronto teológico 5 
I. A natureza da doutrina .............................................................6 
II. O valor da doutrina..................................................................8 
III. A classificação da doutrina ...................................................10 
IV. Um sistema de doutrina........................................................11 
Capítulo I: As Escrituras 14 
I. A necessidade das Escrituras..................................................15 
II. A inspiração das Escrituras ...................................................17 
III. A verificação das Escrituras..................................................22 
Capítulo II: Deus 27 
I. A existência de Deus ...............................................................27 
II. A natureza de Deus................................................................43 
III. Os atributos de Deus ............................................................49 
IV. O Triúno Deus ......................................................................59 
Capítulo III: Os anjos 67 
I. Os Anjos..................................................................................67 
II. Satanás..................................................................................72 
III. Espíritos Maus......................................................................77 
Capítulo IV: O Homem 80 
I. A origem do homem ................................................................80 
II. A natureza do homem ............................................................84 
III. A imagem de Deus no homem...............................................95 
Capítulo V: O pecado 99 
I. O fato do pecado .....................................................................99 
II. A origem do pecado ..............................................................101 
III. A natureza do pecado..........................................................106 
IV. Conseqüências do pecado ...................................................111 
Capítulo VI: O Senhor Jesus Cristo 115 
I. A natureza de Cristo..............................................................115 
II. Os ofícios de Cristo ..............................................................134 
III. A obra de Cristo ..................................................................139 
Capítulo VII: A Expiação 149 
I. A Expiação no Antigo Testamento .........................................149 
II. A Expiação no Novo Testamento ..........................................157 
Capítulo VIII: A Salvação 175 
I. A natureza da salvação .........................................................175 
II. A Justificação.......................................................................183 
III. A Regeneração.....................................................................194 
IV. A Santificação .....................................................................201 
V. A Segurança da Salvação .....................................................217 
Capítulo IX: O Espírito Santo 225 
I. A natureza do Espírito Santo. ...............................................225 
II. O Espírito no Antigo Testamento..........................................233 
III. O Espírito em Cristo. ..........................................................240 
IV. O Espírito na experiência humana......................................244 
V. Os Dons do Espírito Santo...................................................259 
VI. O Espírito na Igreja.............................................................267 
Capítulo X: A Igreja 274 
I. A natureza da Igreja ..............................................................274 
II. A Fundação da Igreja ...........................................................278 
III. Os membros da Igreja. ........................................................279 
IV. A obra da Igreja...................................................................280 
V. As ordenanças da Igreja.......................................................281 
VI. A Adoração da Igreja. ..........................................................287 
VII. A Organização da Igreja .....................................................289 
Capítulo XI: As últimas coisas 293 
I. A morte .................................................................................293 
II. O estado intermediário.........................................................295 
III. A ressurreição. ....................................................................297 
IV. A vida futura.......................................................................301 
V. O destino dos justos.............................................................304 
VI. O destino dos ímpios...........................................................308 
VII. A segunda vinda de Cristo. ................................................310 
Questionário 316 
 
 
INTRODUÇÃO: UM CONFRONTO 
TEOLÓGICO 
A teologia, sobre a qual versa este livro, no sentido 
etimológico, é: "o assunto acerca de Deus", assunto o mais elevado 
de que é capaz de se ocupar a mente humana. Vários métodos 
de teologia têm sido propostos, como sejam: especulativo, 
deístico, racionalista, dogmático e místico.Esses têm conduzido os 
homens a conclusões contrárias às Escrituras, conclusões que 
violam ao mesmo tempo a nossa natureza moral. 
O método teológico, que ao mesmo tempo honra as Escrituras 
e também satisfaz à alma do homem é o método indutivo, tal 
qual o autor deste livro, Myer Pearlman, o emprega. A Bíblia é para 
o teólogo o que a natureza é para o homem de ciência. É sua fonte 
de fatos concretos. O teólogo reverente adota, para averiguar o que 
a Bíblia ensina, o mesmo método que o filósofo adota 
para averiguar o que a natureza ensina. 
Nesse processo, que requer grande diligência, precaução 
e exaustivo trabalho, derivam-se os princípios dos fatos, e não 
os fatos dos princípios. Os grandes fatos da Bíblia devem ser 
aceitos tais quais são, e deles edificar-se o sistema teológico, a 
fim de abraçá-lo na sua integridade. 
É motivo de grande satisfação notarmos que as Escrituras 
contêm todos os fatos da teologia, admitindo verdades intuitivas, 
tanto intelectuais como morais, por causa da nossa constituição 
como seres racionais e morais. Ao mesmo tempo admitem as 
Escrituras o poder controlador sobre as crenças exercido pelo 
ensino intimo do Espírito Santo, ou seja a experiência religiosa. 
Esta verdade ao bem se ilustra na palavra do apóstolo Paulo que 
disse: "A minha palavra, e a minha pregação não consistiu em 
palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração 
de Espírito e de poder" (1 Cor. 2:4). Esse ensino ou "demonstração" 
íntima do Espírito Santo limita-se às verdades objetivamente 
reveladas nas Escrituras, não como revelação de novas verdades, 
mas como iluminação da mente que a torna apta para perceber a 
verdade, a excelência e a glória das coisas anteriormente reveladas. 
Assim disse o apóstolo Paulo em continuação da passagem: 
"Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque oEspírito 
penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, 
qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do 
homem, que nele está ? Assim também ninguém sabe as coisas de 
Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito 
do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que 
pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. 
As quais também falamos, não com palavras de sabedoria 
humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as 
coisas espirituais com as espirituais. Ora o homem natural não 
compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem 
loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem 
espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de 
ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, 
para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo" (1 
Cor. 2:10-16). 
Essa posição doutrinária e bíblica, simples e espiritual, é 
a posição tomada pelo autor, o irmão Myer Pearlman, posição do 
apóstolo Paulo. 
Nessa posição a Bíblia contém todos os fatos e todas as 
verdades reveladas pelo Espírito de Deus ao homem. 
N. Lawrence Olson 
 
I. A NATUREZA DA DOUTRINA 
A doutrina cristã (a palavra "doutrina" significa "ensino" 
ou "instrução") pode definir-se assim: as verdades fundamentais 
da Bíblia dispostas em forma sistemática. Este estudo chama-
se comumente: "teologia", ou seja, "um tratado ou um discurso 
racional acerca de Deus". (Os dois termos serão usados 
alternadamente nesta seção.) A teologia ou a doutrina assim se 
descreve: a ciência que trata do nosso conhecimento de Deus e das 
suas relações para com o homem. Trata de tudo quanto se 
relaciona com Deus e com os propósitos divinos. 
Por que descrevemos a teologia ou a doutrina como sendo 
uma "ciência"? A ciência é a disposição sistemática e lógica de 
fatos comprovados. A teologia é chamada ciência porque consiste 
em fatos relacionados com Deus e com as coisas de ordem 
divina, apresentadas de uma maneira lógica e ordenada. 
Qual é a conexão entre a teologia e a religião? Religião vem 
da palavra latina "ligare" que significa "ligar"; religião representa as 
atividades que "ligam" o homem a Deus numa determinada 
relação. A teologia é o conhecimento acerca de Deus. Assim 
a religião é a prática, enquanto a teologia é o conhecimento. 
A religião e a teologia devem coexistir na verdadeira 
experiência cristã; porém, na prática, às vezes, se acham 
distanciadas, de tal maneira que é possível ser teólogo sem ser 
verdadeiramente religioso, e por outro lado a pessoa pode ser 
verdadeiramente religiosa sem possuir um conhecimento 
sistemático doutrinário. 
"Se conheces estas coisas, feliz serás se as observas", é 
a mensagem de Deus ao teólogo. "Procura apresentar-te a 
Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, 
que maneja bem a palavra da verdade" (2Tim. 2:15), é a mensagem 
de Deus ao homem espiritual. 
Qual é a diferença entre doutrina e dogma? Doutrina é a 
revelação da verdade como se encontra nas Escrituras; dogma é 
a declaração do homem acerca da verdade quando apresentada em 
um credo. 
 Esperamos confiadamente que a teologia ou doutrina 
encontre o lugar que merece no pensamento e na educação 
religiosa. 
Para um ser imortal, a verdade acerca de Deus, do destino 
humano e do caminho para a vida eterna, nunca pode ser de 
pouca importância. 
Todos os homens que raciocinam devem tomar em 
consideração essas coisas. São perguntas tão antigas quanto a 
própria raça humana e só podem ser esquecidas quando a raça 
houver submergido na idiotice ou houver perdido a imagem de 
Deus. 
"Assim como o homem pensa no seu oração, assim ele é. 
Toda a existência do homem gira em torno do que pensa, 
especialmente do que pensa acerca de Deus" 
— David S. Clarke. 
 
II. O VALOR DA DOUTRINA 
1. O conhecimento (doutrinário) supre a necessidade de haver uma declaração autoritária e sistemática sobre a verdade. 
Há uma tendência em certos meios de não somente procurar 
diminuir o valor de ensinos doutrinários como também de 
dispensá-los completamente como sendo desnecessários e inúteis. 
Porém, enquanto os homens cogitam sobre os problemas da sua 
existência, sentirão a necessidade de uma opinião final e 
sistemática sobre esses problemas. A doutrina sempre será 
necessária enquanto os homens perguntarem: "De onde vim? 
quem sou eu? e para onde vou?" 
Muitas vezes se ouve esta expressão: "não importa o que a 
pessoa crê uma vez que faça o bem." Essa opinião dispensa a 
doutrina por julgá-la de nenhuma importância em relação à vida. 
Mas todas as pessoas têm uma teologia, queiram ou não 
reconhecê-lo; os atos do homem são fruto de sua crença. Por 
exemplo, quão grande diferença haveria no comportamento da 
tripulação um navio que estivesse ciente de que viajava em direção 
a um destino determinado, e o comportamento da tripulação dum 
navio que navegasse à mercê das ondas e sem rumo certo. 
A vida humana é uma viagem do "tempo" para a eternidade, e 
é de grande importância a pessoa saber que essa viagem não tem 
significado ou rumo certo, ou que é uma viagem planejada pelo 
seu Criador e dirigida por ele para um destino celestial. 
 
 2. O conhecimento doutrinário é essencial para o pleno desenvolvimento do caráter cristão. 
As crenças firmes produzem caráter firme; crenças bem 
definidas produzem também convicções bem definidas. 
Naturalmente, a crença doutrinária da pessoa não é sua religião, 
assim como a espinha dorsal do seu organismo não é a sua 
personalidade. Mas assim como uma boa espinha dorsal é parte 
essencial do corpo, assim um sistema definido de crença é uma 
parte essencial da religião. 
Alguém disse: "O homem não precisa expor a sua espinha 
dorsal, no entanto deve possuí-la para estar bem aprumado. Da 
mesma forma, o cristão precisa de uma definição doutrinária para 
não ser um cristão volúvel e até corcundo!" Certo pregador 
francês unitáriano fez a seguinte declaração: "A pureza de coração 
e de vida importa mais do que a opinião correta." A essa 
declaração outro pregador francês respondeu: "A cura também é 
mais importante que o remédio; mas sem o remédio não haveria 
cura!" Sem dúvida é mais importante viver a vida cristã do que 
apenas conhecer as doutrinas cristãs; porém não pode haver 
experiência cristã enquanto não houver conhecimentos das 
doutrinas cristãs. 
 
3. O conhecimento doutrinário é um baluarte contra o erro. (Mat.22:29; Gál. 1:6-9; 2 Tim. 4:2-4.) 
Diz-se com razão, que as estrelas surgiram antes da 
astronomia, e que as flores existiram antes da botânica, e que a 
vida existia antes da biologia, e que Deus existia antes da teologia. 
Isto é verdade. Mas os homens em sua ignorância 
conceberam idéias supersticiosas acerca das estrelas, e o resultado 
foi a pseudociência da astrologia. Os homens conceberam falsas 
idéias acerca das plantas, atribuindo-lhes virtudes que não 
possuíam, e o resultado foi a feitiçaria. O homem na sua cegueira 
formou conceitos errôneos acerca de Deus e o resultado foi o 
paganismo com suas superstições e corrupção. 
Porém surgiu a astronomia com seus princípios verdadeiros 
acerca dos corpos celestes e dessa maneira expôs os erros 
da astrologia. Surgiu a botânica com a verdade sobre a vida vegetal 
e dessa maneira foram banidos os erros da feitiçaria. Da 
mesma maneira, as doutrinas bíblicas expurgam as falsas idéias 
acerca de Deus e de seus caminhos. 
"Que ninguém creia que erro doutrinário seja um mal de 
pouca importância", declarou D. C. Hodge, teólogo de renome. 
"Nenhum caminho para a perdição jamais se encheu de tanta 
gente como o da falsa doutrina. O erro é uma capa da consciência, 
e uma venda para os olhos." 
 
4. O conhecimento doutrinário é uma parte necessária do equipamento de quem ensina a Palavra de Deus. 
Quando uma remessa de mercadorias chega a uma casa 
comercial, essas mercadorias são desempacotadas, devidamente 
registradas, e colocadas em seus devidos lugares nas prateleiras 
paraserem vendidas. Essa ilustração mostra que deve haver certa 
ordem. Da mesma maneira, um dos propósitos do estudo 
sistemático é pôr as doutrinas em ordem. A Bíblia obedece a um 
tema central. Mas existem muitas verdades relacionadas com o 
tema principal que se encontram nos diversos livros da Bíblia. 
Assim sucede que, para adquirir um conhecimento satisfatório das 
doutrinas, e para poder entregá-lo a outrem, devem-se combinar 
as referências relacionadas ao assunto e organizá-las em tópicos e 
subtópicos. 
 
 
III. A CLASSIFICAÇÃO DA DOUTRINA 
A teologia inclui muitos departamentos: 
1. A teologia exegética (exegética vem da palavra grega 
que significa "sacar"ou "extrair" a verdade) procura descobrir 
o verdadeiro significado das Escrituras. Um conhecimento 
das línguas originais nas quais foram escritas as Escrituras 
pertence a este departamento da teologia. 
2. A teologia histórica traça a história do desenvolvimento 
da interpretação doutrinária, e envolve o estudo da história 
da igreja. 
3. A teologia dogmática é o estudo das verdades 
fundamentais da fé como se nos apresentam nos credos da igreja. 
4. A teologia bíblica traça o progresso da verdade através 
dos diversos livros da Bíblia, e descreve a maneira de cada 
escritor apresentar as doutrinas importantes. 
Por exemplo: segundo este método ao estudar a doutrina da 
expiação estudar-se-ia a maneira como determinado assunto foi 
tratado nas diversas seções da Bíblia — no livro de Atos, nas 
Epístolas, e no Apocalipse. Ou verificar-se-ia o que Cristo, 
Paulo, Pedro ou João disseram acerca do assunto. Ou descobrir-
se-ia o que cada livro ou seção das Escrituras ensinou concernente 
às doutrinas de Deus, de Cristo, da expiação, da salvação e 
de outras. 
5. A teologia sistemática. Neste ramo de estudo os 
ensinos bíblicos concernentes a Deus e ao homem são agrupados 
em tópicos, de acordo com um sistema definido; por exemplo, as 
Escrituras relacionadas à natureza e à obra de Cristo são 
classificadas sob o título: "Doutrina de Cristo". 
A matéria contida no presente livro é uma combinação 
de teologia bíblica e sistemática. É bíblica no sentido de que 
as verdades são extraídas das Escrituras e o estudo acompanha 
as perguntas: "Que dizem as Escrituras (exposição) e que 
significam as Escrituras (interpretação)"? É sistemática no sentido 
de que a matéria está agrupada segundo uma ordem definida. 
 
 
IV. UM SISTEMA DE DOUTRINA 
Qual é a ordem a que vai obedecer o agrupamento desses 
tópicos? Não se pode fazer uma regra rígida. Há muitos modos de 
fazer esses agrupamentos, cada qual possuindo o seu valor 
peculiar. 
Procuraremos seguir a ordem baseada sobre as relações de 
Deus com o homem, nas quais Deus visa a redenção da 
humanidade. 
1. A doutrina das Escrituras. De que fonte extrairemos 
a verdade inerente acerca de Deus? A natureza, na verdade, revela 
a existência, o poder e sabedoria de Deus. Mas não expõe o 
caminho do perdão, e nenhum meio provê de escapar ao pecado e 
suas conseqüências.Ela não supre incentivo algum para a 
santidade e nenhuma revelação fornece acerca do futuro. Deixando 
de lado o primeiro livro de Deus — a natureza — vamos ao outro 
livro de Deus — a Bíblia — na qual encontramos a revelação 
perfeita de Deus concernente a esses assuntos. 
Qual a razão de se aceitarem as opiniões bíblicas como sendo 
a pura verdade? A resposta a tal pergunta leva-nos ao estudo 
da natureza das Escrituras, a sua inspiração, precisão e confiança. 
2. A doutrina de Deus. Procuramos verificar o que 
as Escrituras ensinam acerca do maior de todos os fatos — o fato 
de Deus, sua natureza e existência. 
3. A doutrina dos anjos. Do Criador naturalmente passamos 
ao estudo de suas criaturas, e, portanto, vamos considerar as 
mais elevadas de suas criaturas: os anjos. Este tópico também 
inclui os anjos maus, Satanás e os demônios. 
4. A doutrina do homem. não nos demoraremos muito tempo 
no tema dos espíritos maus e bons, mas passaremos a considerar 
a opinião bíblica acerca do homem, porque todas as verdades 
bíblicas se agrupam ao redor de dois pontos focais — Deus e o 
homem. Em segundo lugar em importância, apos o estudo de 
Deus, está o estudo acerca do homem. 
5. A doutrina do pecado. O fato mais trágico em conexão com 
o homem é o pecado e suas conseqüências. As Escrituras nos 
falam de sua origem, natureza, conseqüências e remédio. 
6. A doutrina de Cristo. Segue-se, depois do pecado do 
homem, o estudo da pessoa e da obra de Cristo, o Salvador do 
homem. 
7. A doutrina da expiação. Sob este título consideramos 
os fatos que esclarecem o significado da obra de Cristo a favor 
do homem. 
8. A doutrina da salvação. Como se aplica a expiação 
às necessidades do homem e como se faz real em sua experiência? 
Os fatos que nos dão essa resposta agrupam-se sob a doutrina da 
salvação. 
9. A doutrina do Espírito Santo. Como se faz real no homem 
a obra de Cristo? Isto é assunto tratado na doutrina da natureza e 
da obra do Espírito Santo. 
10. A doutrina da igreja. Os discípulos de Cristo 
obviamente necessitam de alguma organização para se realizarem 
os propósitos de adoração, instrução, comunhão e propagação 
do Evangelho. O Novo Testamento nos fala acerca da natureza e da 
obra dessa organização. 
11. A doutrina das últimas coisas. É natural dirigirmos 
o nosso olhar para o futuro e pensar: "Qual será o resultado 
final de todas as coisas — a vida, a história, o mundo?" — Tudo 
o que se relaciona com o futuro então se agrupa sob o título: 
"As últimas coisas". 
 
CAPÍTULO I: AS ESCRITURAS 
 
"O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não 
hão de 
passar" (Mat. 24:35). 
 
"Seca-se a erva, e caem as flores, porém a palavra de 
nosso 
Deus subsiste eternamente" (Isa. 40:8). 
 
"Quem destruísse este Livro, como já tentaram fazer os 
inimigos da felicidade humana, nos deixaria profundamente 
desconhecedores do nosso Criador, da criação do mundo que 
habitamos, da origem e dos progenitores da raça, como também do 
nosso futuro destino, e nos subordinaria para sempre ao domínio 
do capricho, das dúvidas e da concepção visionária. A destruição 
deste Livro nos privaria da religião cristã, com todos os seus 
confortos espirituais, esperanças e perspectivas animadoras, e no 
lugar desses, nada nos deixaria a não ser a penumbra triste da 
infidelidade e as monstruosas sombras do paganismo. A destruição 
deste Livro despovoaria o céu, fechando para sempre suas portas 
contra a miserável posteridade de Adão, restaurando ao rei dos 
terrores o seu aguilhão; enterraria no mesmo túmulo que recebe os 
nossos corpos, todos os que antes de nós morreram, e deixando a 
nós o mesmo triste destino. Enfim, a destruição deste Livro 
nos roubaria de uma vez tudo quanto evita que a nossa existência 
se tome a maior das maldições; cobriria o sol; secaria o oceano 
e removeria a atmosfera do mundo moral, e degradaria o homem 
a ponto de ele ter ciúmes da posição dos próprios animais." 
 
I. A NECESSIDADE DAS ESCRITURAS 
"Que é a verdade?" perguntou Pilatos, e o tom de sua voz 
inferiu que em vão se buscaria essa qualidade. 
Se não houvesse um meio de chegar ao conhecimento de 
Deus, do homem e do mundo, Pilatos então teria razão. 
Mas não há razão de andar às apalpadelas nas dúvidas e 
no ceticismo, porque existe um livro — as Sagradas Escrituras — 
que "podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há 
em Cristo Jesus" (2 Tim. 3:15). 
 
1. Essa revelação é desejável. 
O Deus que criou o universo só pode ser um Deus sábio, e 
um Deus sábio certamente terá um propósito para suas criaturas. 
Negligenciar esse propósito é loucura e contrariá-lo constitui 
pecado. "Mas, como se verifica com certeza o propósito divino? A 
história prova que os homens chegam a conclusões muito diversas 
e muitas pessoas não chegam a conclusão nenhuma! A experiência 
demonstra que esse problema não se resolve somente pelos 
estudos. Alguns não dispõem de tempo suficiente, e outros, ainda 
que tenham o desejo, não possuema habilidade; mesmo que 
alcançassem êxito, suas conclusões seriam alcançadas lentamente 
e com grande desconfiança. Os sábios são capazes de levantar 
escadas de pensamentos no esforço de alcançarem as verdades 
celestiais, mas a escada mais elevada ainda estaria muito aquém 
da necessidade. "O mundo pela sabedoria (filosofia) não conheceu 
a Deus." As verdades que informam o homem como passar da terra 
para o céu devem ser enviadas do céu à terra. Em outras palavras, 
o homem precisa de uma revelação. 
 
2. Essa revelação é de se esperar. 
A natureza é a revelação de Deus que se alcança pela razão. 
Mas quando o homem está algemado pelos seus pecados e 
sobrecarregada a alma, a natureza e a razão são impotentes para 
esclarecer e aliviar a situação. Vamos permitir que os homens da 
razão testifiquem. Disse Kant, um dos maiores pensadores de 
todos os tempos, acerca dos cristãos: "Fazem bem em basear a sua 
paz e piedade nos Evangelhos porque somente neles está a fonte 
das verdades profundas e espirituais, depois de a razão haver 
explorado em vão todas as possibilidades." Outro físico de 
renome, Hegel, quando estava no leito de morte, não permitiu que 
se lesse nenhum outro livro para ele a não ser a Bíblia. Ele disse 
que no caso de se prolongar a sua vida ele faria desse Livro o seu 
único estudo, pois nele encontrara o que a razão não lhe pudera 
proporcionar. 
Se existe um bom Deus, como cremos, é razoável crer que ele 
conceda às suas criaturas uma revelação pessoal de si mesmo. 
Assim escreveu David S. Clarke:" não podemos crer que um pai se 
oculte para sempre de seu filho, sem nunca se comunicar com ele. 
Nem tampouco podemos imaginar um Deus que retivesse o 
conhecimento do seu ser e de sua vontade, ocultando-o às suas 
criaturas que ele criara à sua própria imagem. 
Deus fez o homem capaz e desejoso de conhecer a realidade 
das coisas. Será que ele ocultaria uma revelação que satisfizesse 
esse anelo? A mitologia egípcia antiga conta a história da 
fabulosa Esfinge que propunha enigmas aos transeuntes e como os 
matava quando não lhe podiam decifrá-los. Não é de crer que um 
Deus amoroso e sábio permita que o homem pereça por falta de 
conhecimento, perplexo diante do enigma do universo.E o Dr. 
Hodges escreve: "A inteligência divina nos leva a crer que Deus 
tenha adaptado os meios ao fim, e que ele, enfim, coroará essa 
natureza religiosa com uma religião sobrenatural. A 
benevolência de Deus nos conduz a esperar que ele solucione a 
grave perplexidade e evite o perigo para as suas criaturas. A justiça 
de Deus nos conduz à esperança de que falará ele em tons claros e 
com autoridade à nossa consciência." 
 
3. Essa revelação deveria estar em forma escrita. 
É razoável que sua mensagem tomasse forma de livro. Como 
disse o Dr. Keyser: "Os livros representam o melhor meio de 
preservar a verdade em sua integridade e transmiti-la de geração a 
geração. A memória e a tradição não merecem confiança. Portanto, 
Deus agiu com a máxima sabedoria e também dum modo normal 
dando ao homem a sua revelação em forma de livro. De nenhuma 
outra maneira, pelo que podemos ver, podia ter ele entregue aos 
homens um ideal infalível que estivesse acessível a todos os 
homens e que continuasse intacto através dos séculos e do qual 
todos os povos pudessem obter a mesma norma de fé e prática." 
É razoável concluir que Deus inspirasse os seus servos a 
arquivarem essas verdades, verdades que não poderiam ser 
descortinadas pela razão humana. E, finalmente, é razoável crer 
que Deus tivesse preservado, por sua providência, os manuscritos 
das escrituras bíblicas e que tivesse influenciado a sua igreja a 
incluir no cânon sagrado somente os livros que fossem 
divinamente inspirados. 
 
II. A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS 
É possível que haja uma religião divina sem uma 
literatura inspirada. O professor Francis L. Patton observa: Se o 
simples testemunho histórico prova que Jesus operou milagres, 
pronunciou profecias e proclamou a sua divindade — se pode ser 
demonstrado que ele foi crucificado para redimir os pecadores, e 
que foi ressuscitado dentre os mortos e que fez com que o destino 
dos homens dependesse de aceitá-lo como o seu Salvador 
então, sejam inspirados ou não os registros, aí daquele que 
descuidar de tão grande salvação." 
Todavia, não tomaremos mais tempo com isso, pois não 
existe nenhuma dúvida quanto à inspiração da Bíblia. "Toda a 
Escritura é divinamente inspirada" (1iteralmente: "é dada pelo 
sopro de Deus"), declara Paulo. (2 Tim. 3:16.) "Porque a profecia 
não foi antigamente produzida por vontade de homem algum", 
escreve Pedro, "mas os homens santos de Deus falaram, inspirados 
pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:21). 
Assim define Webster a inspiração: "A influência sobrenatural 
do Espírito de Deus sobre a mente humana, pela qual os profetas, 
apóstolos e escritores sacros foram habilitados para exporem 
a verdade divina sem nenhuma mistura de erro." 
Segundo o Dr. Gaussen, "é o poder inexplicável que o 
Espírito Divino exerce sobre os autores das Escrituras, em guiá-los 
até mesmo no emprego correto das palavras e em preservá-los de 
todo erro, bem como de qualquer omissão". 
Assim escreveu o Dr. William Evans: "A inspiração divina, 
como é definida por Paulo nesta passagem (2 Tim. 3:16), é a forte 
inspiração espiritual de Deus sobre os homens, capacitando-os 
a expressarem a verdade; é Deus falando pelos homens, e, 
por conseguinte, o Antigo Testamento é a Palavra de Deus. é como 
se o próprio Deus houvesse falado cada palavra do livro. 
As Escrituras são o resultado da divina inspiração espiritual, 
da mesma maneira em que o falar humano é efetuado pela 
respiração pela boca do homem." Podemos dizer que a declaração 
de Pedro revela que o Espírito Santo estava presente duma 
maneira especial e milagrosa sobre os escritores das Escrituras, 
revelando-lhes as verdades que antes não conheciam e guiando-os 
também no registro dessas verdades e dos acontecimentos, dos 
quais eram testemunhas oculares, de maneira que as pudessem 
apresentar com exatidão substancial ao conhecimento de outrem. 
Alguém poderia julgar, pela leitura dos vários credos 
do Cristianismo, tratar-se de assunto bastante complexo, cheio 
de enigmas teológicos e tumultuado por definições obscuras. 
Mas esse não é o caso. As doutrinas no Novo Testamento, 
como originalmente expostas, são simples e se podem definir de 
maneira simples. Mas, com o passar dos tempos, a igreja teve de 
enfrentar doutrinas e opiniões erradas e defeituosas e, por 
conseguinte, se viu obrigada a cercar as doutrinas certas e 
protegê-las com definições. Deste processo de definições exatas e 
detalhadas surgiram os credos. As declarações doutrinárias 
ocuparam uma parte importante e necessária na vida da igreja, e 
constituíram impedimento a seu progresso unicamente quando 
uma aquiescência formal a essas doutrinas veio substituir a viva 
fé. 
A doutrina da inspiração, como é apresentada na Palavra, 
é relativamente simples, mas o surgimento de idéias errôneas 
criou a necessidade de proteger a doutrina certa com 
definições completas e detalhadas. Contra certas teorias, é 
necessário afirmar que a inspiração das Escrituras é a seguinte: 
 
1. Divina e não apenas humana. 
O modernista identifica a inspiração das Escrituras Sagradas 
com o mesmo esclarecimento espiritual e sabedoria de que foram 
dotados tais homens como: Platão, Sócrates, Browning, 
Shakespeare e outros gênios do mundo literário, filosófico e 
religioso. A inspiração, dessa forma, seria considerada apenas uma 
coisa puramente natural. Essa teoria rouba à palavra inspiração 
todo o seu significado e não combina, em absoluto, com o caráter 
sobrenatural e único da Bíblia. 
 
2. Única e não comum. 
Alguns confundem a inspiração com o esclarecimento. Refere-
se à influência do Espírito Santo, comum a todos os cristãos, 
influência que os ajuda a compreender as coisas de Deus. (1 Cor. 
2:4; Mat. 16:17.) Eles mantêm a opinião de que esseesclarecimento espiritual seja a explicação adequada sobre a 
origem da Bíblia. Existe uma faculdade nos homens, assim 
ensinam eles, pela qual se pode conhecer a Deus — uma espécie 
de olho da sua alma. Quando os homens piedosos da antiguidade 
meditavam em Deus, o Espírito Divino vivificava essa faculdade, 
dando-lhes esclarecimentos dos mistérios divinos. 
Tal esclarecimento é prometido aos crentes e tem sido 
experimentado por eles. Mas este esclarecimento não é o mesmo 
que inspiração. Sabemos, segundo está escrito em 1Ped. 1:10-12, 
que às vezes os profetas recebiam verdades por inspiração e lhes 
era negado esclarecimento necessário à sua compreensão dessas 
mesmas verdades. O Espírito Santo inspirou-lhes as palavras mas 
não achou por bem conceder-lhes a compreensão do seu 
significado. Descreve-se Caifás como sendo o veículo duma 
mensagem inspirada (se bem que o foi inconscientemente), apesar 
de não estar ele pensando em Deus. Nesse momento ele foi 
inspirado mas não esclarecido. (João 11:49-52.) 
Notemos duas diferenças especificas entre o esclarecimento e 
a inspiração: 
1) Quanto à duração, o esclarecimento é, ou pode ser, 
permanente. "Porém a vereda dos justos é como a luz da aurora, 
que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito" (Prov. 4:18). A 
unção que o crente recebeu do Espírito Santo permanece nele, diz 
o apóstolo João (1 João 2:20-27). Por outro lado, a inspiração 
também era intermitente; o profeta não podia profetizar à vontade, 
porém estava sujeito à vontade do Espírito. "Porque a profecia 
não foi antigamente produzida por vontade de homem algum", 
declara Pedro, "mas os homens santos de Deus falaram, inspirados 
pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:21). Que a inspiração profética 
viesse repentinamente está implícita na expressão comum: "A 
palavra do Senhor veio" a este ou àquele profeta. Uma distinção 
clara se faz entre os verdadeiros profetas, que profetizam 
unicamente quando lhes vem a palavra do Senhor, e os profetas 
falsos que proferem uma mensagem de sua própria invenção. (Jer. 
14:14; 23:11, 16; Ezeq. 13:2, 3.) 
2) O esclarecimento admite a graduação, enquanto a 
inspiração não admite graduação alguma. Varia de pessoa para 
pessoa o grau de esclarecimento, mas no caso da inspiração, no 
sentido bíblico, a pessoa ou recebeu ou não recebeu a inspiração. 
 
3. Viva e não mecânica. 
A inspiração não significa ditado, no sentido de que os 
escritores fossem passivos, sem que tomassem parte as suas 
faculdades no registro da mensagem, embora sejam algumas 
porções das Escrituras ditadas, como por exemplo os Dez 
Mandamentos e a Oração Dominical. A própria palavra inspiração 
exclui o sentido de ação meramente mecânica, e a ação mecânica 
exclui qualquer sentido de inspiração. Por exemplo, um homem de 
negócios não inspira sua secretária ao ditar-lhe as cartas. Deus 
não falou pelos homens como quem fala por um alto falante. Antes 
seu Divino Espírito usou as suas faculdades mentais, produzindo 
desta maneira uma mensagem perfeitamente divina, e que, ao 
mesmo tempo, conservasse os traços da personalidade do autor. 
Embora seja a Palavra do Senhor, é ao mesmo tempo, em certo 
sentido, a palavra de Moisés, ou de Paulo. 
"Deus nada fez a não ser pelo homem; o homem nada fez, a 
não ser por Deus. é Deus quem fala no homem, é Deus quem fala 
pelo homem, é Deus quem fala como homem, é Deus quem fala a 
favor do homem." 
O fato de haver cooperação divina e humana na produção 
duma mensagem inspirada é bastante conhecido; mas "como" se 
processa esta cooperação é mais difícil de explicar. Se o 
entrosamento de mente e corpo já é um mistério demasiado 
grande, mesmo para o homem mais sábio; quanto mais não é o 
entrosamento do Espírito de Deus e o espírito do homem! 
 
4. Completa e não somente parcial. 
Segundo a teoria da inspiração parcial, os escritores 
seriam preservados do erro em questões necessárias à salvação 
dos homens, mas não em outras matérias como sejam: história, 
ciência, cronologia e outras semelhantes. Portanto, segundo 
essa opinião, seria mais correto dizer que "A Bíblia contém a 
Palavra, em lugar de dizer que é a Palavra de Deus". 
Essa teoria nos submergiria num pântano de incertezas, pois 
quem pode, sem equívoco, julgar o que é e o que não é essencial 
à salvação? Onde está a autoridade infalível que decida qual parte 
é a Palavra de Deus e qual não o é? E se a história da Bíblia 
é falha, então a doutrina também o é, porque a doutrina bíblica 
se baseia na história bíblica. Finalmente, as Escrituras 
mesmas reivindicam para si a inspiração plenária. Cristo e seus 
apóstolos aplicaram o termo "Palavra de Deus" a todo o 
Antigo Testamento. 
 
5. Verbal e não apenas de conceitos. 
Segundo outra teoria, Deus inspirou os pensamentos mas 
não as palavras dos escritores. Isto é, Deus inspirou os homens, e 
deixou ao critério deles a seleção das palavras e das expressões. 
Mas a ênfase bíblica não está nos homens inspirados, mas sim nas 
palavras inspiradas. "Havendo antigamente falado aos pais pelos 
profetas" (Heb. 1:1). "Homens santos de Deus falaram inspirados 
pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:21). Ainda mais, é difícil separar a 
palavra do pensamento; um pensamento é uma palavra antes de 
ser ela proferida. ("não comeceis a dizer em vossos corações"; "o 
tolo disse em seu coração"); uma palavra é um pensamento ao qual 
se deu expressão. Pensamentos divinamente inspirados 
naturalmente teriam sua expressão em palavras divinamente 
inspiradas. Paulo nos fala de "palavras ensinadas pelo Espírito" 
(1Cor. 2:13). Finalmente, uma simples palavra é citada como sendo 
o fundamento de doutrinas básicas. (João 10:35; Mat. 22:42-45; 
Gál. 3:16; Heb. 12:26, 27.) 
Precisamos fazer distinção também entre a revelação e a 
inspiração. Por revelação queremos dizer aquele ato de Deus pelo 
qual ele dá a conhecer o que o homem por si mesmo não podia 
saber; por inspiração queremos dizer que o escritor é preservado 
de qualquer erro ao escrever essa revelação. Por exemplo, os Dez 
Mandamentos foram revelados, e Moisés foi inspirado ao registrá-
los no Pentateuco. 
A inspiração nem sempre implica revelação; por exemplo, 
Moisés foi inspirado a registrar eventos que ele mesmo 
havia presenciado e que dessa maneira estavam dentro do âmbito 
do seu próprio conhecimento.Distingamos também entre as 
palavras inspiradas e os registros inspirados. Por exemplo, muitos 
dizeres de Satanás são registrados nas Escrituras e sabemos que o 
diabo certamente não foi inspirado por Deus ao proferi-los; mas 
o registro dessas expressões satânicas foi inspirado. 
 
III. A VERIFICAÇÃO DAS ESCRITURAS 
1. Elas reivindicam inspiração. 
O Antigo Testamento declara-se escrito sob uma inspiração 
especial de Deus. A expressão "e Deus disse", ou equivalente, é 
usada mais de 2.600 vezes. A história, a lei, os salmos e as 
profecias são declarados escritos por homens sob inspiração 
especial de Deus. (Vide Êxo. 24:4; 34:28; Jos, 3:9; 2 Reis 17:13; 
Isa.34:16; 59:21; Zac. 7:12; Sal. 78:1; Prov. 6:23.) Cristo mesmo 
sancionou o Antigo Testamento, citou-o e viveu em harmonia com 
os seus ensinos. Ele aprovou a sua veracidade e autoridade (Mat. 
5:18; João 10:35; Luc. 18:31-33; 24:25, 44; Mat.23:1, 2; 26:54). E 
o mesmo fizeram os apóstolos. (Luc. 3:4; Rom. 3:2; 2 Tim. 3:16; 
Heb. 1:1; 2 Pedro 1:21; 3:2; Atos 1:16; 3:18; l Cor. 2:9-16.) 
Arroga-se o Novo Testamento uma inspiração semelhante? 
Quanto à inspiração dos Evangelhos é garantida pela promessa de 
Cristo de que o Espírito traria à mente dos apóstolos todas as 
coisas que ele lhes havia ensinado, e que o mesmo Espírito os 
guiaria em toda verdade. Em todo o Novo Testamento ele se 
declara uma revelação mais completa e clara de Deus do que 
aquela dada no Antigo Testamento, e com absoluta autoridade 
declara a ab-rogação das leis antigas. Portanto, se o Antigo 
Testamento é inspirado, a mesma inspiração deve ter o Novo. 
Parece que Pedro procura colocar as epístolas de Paulo no mesmo 
nível dos livrosdo Antigo Testamento, (2 Ped. 3:15,16), e Paulo e 
os demais apóstolos afirmam falar com a autoridade divina, (1 Cor. 
2:13; 14:31; 1Tess. 2:13; 4:2; 2 Ped. 3:2; l João 1:5; Apoc. 1:1.) 
 
2. Dão a impressão de serem inspiradas. 
As Escrituras se dizem inspiradas; um exame delas revelará o 
fato de que seu caráter sustenta essa posição. A Bíblia, ao 
se apresentar em juízo, o faz com bom testemunho! Quanto a seus 
autores, foi ela escrita por homens cuja honestidade e integridade 
não podem ser postas em dúvida; quanto ao seu conteúdo, há nele 
a mais sublime revelação de Deus ao mundo; quanto à influência, 
tem trazido a luz salvadora às nações e indivíduos, e possui um 
poder infalível para guiar os homens a Deus e transformar-lhes o 
caráter; quanto à sua autoridade, desempenha o papel dum 
tribunal supremo em assuntos religiosos, de maneira que até 
mesmo os cultos falsos são obrigados a citar suas palavras para 
poderem impressionar o público. 
Falam sobre coisas especificas. Notemos: 
1) Sua exatidão. Nota-se a ausência total dos absurdos que se 
encontram em outros livros "sagrados". não lemos, por exemplo, 
que a terra saísse dum ovo, tendo transcorrido certo número de 
anos para a sua incubação, descansando ele sobre uma tartaruga; 
a terra rodeada por sete mares de água salgada, suco de cana, 
bebidas alcoólicas, manteiga pura, leite coalhado, etc. Escreve o 
Dr. D. S. Clarke: "Há uma diferença insondável entre a Bíblia e 
qualquer outro livro. Essa diferença deve-se à sua origem." 
2) Sua unidade. Contendo sessenta e seis livros, escritos por 
uns quarenta diferentes autores, num período de mais ou menos 
mil e seiscentos anos, abrangendo uma variedade de tópicos, ela, 
no entanto, demonstra uma unidade de tema e propósito que só se 
explica como tendo ela uma mente diretriz. 
3) Quantos livros suportam serem lidos mesmo duas vezes? 
Mas a Bíblia pode ser lida centenas de vezes sem se poder sondar 
suas profundezas ou sem que se perca o interesse do leitor. 
4) A sua assombrosa circulação, estando já traduzida em 
milhares de idiomas e dialetos, e lida em todos os países do 
mundo. 
5) O tempo não a afeta. é um dos livros mais antigos do 
mundo e ao mesmo tempo o mais moderno. A alma humana nunca 
a pode dispensar. O pão é um dos alimentos mais antigos, e ao 
mesmo tempo o mais moderno. Enquanto os homens tiverem 
fome, desejarão o pão para o corpo; e enquanto anelarem por Deus 
e as coisas eternas, desejarão a Bíblia. 
6) Sua admirável preservação em face de perseguição e a 
oposição da ciência. "Os martelos se gastam mas a bigorna 
permanece." 
 
3. Sente-se que são inspiradas. 
"Mas será que você crê naquele livro?" disse um professor de 
um colégio de Nova York a uma aluna que havia assistido às 
classes bíblicas. "Oh, sim," ela respondeu; "acontece que conheço 
pessoalmente o Autor." Ela declarou a mais ponderável razão 
de crer na Bíblia como a Palavra de Deus; a saber, o seu apelo ao 
nosso conhecimento pessoal, falando em tom que nos faz sentir 
sua origem divina. 
A Igreja Romana assevera que a origem divina das 
Escrituras depende, em última análise, do testemunho da igreja, a 
qual se considera o guia infalível em todas as questões de fé e 
prática. "Como se a verdade eterna e inviolável de Deus 
dependesse do juízo do homem!" declarou João Calvino, o grande 
Reformador. 
Ainda, declarou ele: Assevera-se que a igreja decide qual 
a reverência que se deve às Escrituras, e quais os livros que 
devem ser incluídos no cânone sagrado. Esta interrogação: "Como 
saberemos que vieram de Deus as Escrituras, a não ser que haja 
uma decisão da igreja?" é tão tola quanto a seguinte 
pergunta:"como discerniremos a luz das trevas, o branco do negro, 
o amargo do doce?"O testemunho do Espírito é superior a todos os 
argumentos. 
Deus, na sua Palavra, é a única testemunha fidedigna 
concernente a si mesmo: da mesma maneira a sua Palavra não 
achará crença verdadeira nos corações dos homens enquanto não 
for selada pelo testemunho do seu Espírito. O mesmo Espírito que 
falou pelos profetas deve entrar em nossos corações para 
convencer-nos de que esses profetas fielmente entregaram a 
mensagem que Deus lhes confiara. (Isa. 59:21.) 
Que este então seja um assunto resolvido: aqueles que são 
ensinados internamente pelo Espírito Santo depositam confiança 
firme nas Escrituras; que as Escrituras são a sua própria 
evidência; que elas não podem legalmente estar sujeitas às provas 
e aos argumentos, mas sim que obtenham, pelo testemunho do 
Espírito, a confiança que merecem. 
Sendo assim, por que aduzimos evidências externas da 
exatidão das Escrituras e de seu merecimento geral? Fazemos 
isto primeiramente, não para poder crer que são certas, mas sim 
porque sentimos que são certas; em segundo lugar, é natural 
motivo de alegria poder apontar evidências externas das coisas que 
cremos no coração; finalmente, estas provas servem de veiculo e 
receptáculo, por assim dizer, pelos quais podemos expressar em 
palavras a nossa convicção íntima, e dessa maneira "estando 
sempre preparados para responder a qualquer que vos pedir a 
razão da esperança que há em vos" (1 Ped. 3:15). 
 
4. Provam ser inspiradas. 
O Dr. Eugene Stock disse: Quando em menino, li uma 
história que me mostrou os diferentes meios pelos quais podemos 
ter certeza de que esta grande biblioteca de Livros Sagrados, a que 
chamamos bíblia, é realmente a Palavra de Deus, e sua revelação 
aos homens. 
O escritor da história havia explicado três classes de 
evidências — a histórica, a interna e a experimental. Então ele 
contou como certa vez enviou um menino a um químico para 
comprar uns gramas de fósforo. O menino voltou com um 
pacotinho; seria mesmo fósforo? O menino relatou que foi à 
drogaria e pediu fósforo. O químico foi às prateleiras, tirou uma 
substância dum frasco, colocou-a num pacotinho e lho deu. O 
menino o levou diretamente à casa. Esta foi então a evidência 
histórica de que no pacotinho havia fósforo. Ao abrir-se o 
pacotinho, notava-se que o conteúdo parecia ser fósforo e cheirava 
também a fósforo. Essa foi a evidência interna. Quando ateou fogo 
à substância houve fortíssima combustão! Essa foi a evidencia 
experimental! 
As defesas intelectuais da Bíblia têm seu lugar; mas, afinal 
de contas, o melhor argumento é o prático. A Bíblia tem 
produzido resultados práticos. Tem influenciado a 
civilização, transformado vidas, trazido luz, inspiração e conforto a 
milhões e sua obra ainda continua. 
 
CAPÍTULO II: DEUS 
Vivemos num universo cuja imensidão pressupõe um 
Criador poderoso, universo cuja beleza, desenho e ordem apontam 
um sábio Legislador. Mas quem fez o Criador? Podemos recuar no 
tempo, indo da causa para o efeito, mas não podemos continuar 
nesse processo de recuo sem reconhecer um ser "Sempiterno". 
Aquele ser eterno é Deus, o Eterno, a Causa e a Origem de todas 
as coisas boas que existem. 
 
 I. A EXISTÊNCIA DE DEUS 
1. Sua existência declarada. 
Em parte alguma as Escrituras tratam de provar a existência 
de Deus mediante provas formais. Reconhece-se como fato auto-
evidente e como crença natural do homem. As Escrituras em parte 
alguma propõem uma série de provas da existência de Deus como 
preliminar à fé; declaram o fato de Deus e chamam o homem a 
aventurar-se na fé. "O que se chega a Deus, creia que há Deus", é 
o ponto inicial na relação entre o homem e Deus. 
A Bíblia, em verdade, fala de homens que dizem em seus 
corações que não há Deus, mas esses são "tolos", isto é, os 
ímpios praticantes que expulsariam a Deus dos seus pensamentos 
porque já o expulsaram das suas vidas. Esses pertencem ao 
grande número de ateus praticantes, isto é, esses que procedem e 
falam como se não existisse Deus. Seu número ultrapassa em 
muito o número de ateus teóricos, isto é, esses que pretendem 
aderir à crença intelectual que nega a existência de Deus. Note-se 
que a declaração " não há Deus" não implica dizer que Deus não 
exista, mas sim que Deus não se ocupacom negócios do mundo. 
Contando com a sua ausência, os homens corrompem-se e se 
comportam de maneira abominável. (Sal. 14.) 
Assim escreve o Dr. A. B. Davidson: (a Bíblia) não tenta 
demonstrar a existência de Deus, porque em todas as partes da 
Bíblia subentende-se a sua existência. Parece não haver nenhuma 
passagem no Antigo Testamento que represente os homens 
procurando conhecer a existência de Deus por meio da natureza 
ou pelos eventos da providência, embora haja algumas passagens 
que impliquem que as idéias falsas sobre a natureza de Deus 
podem ser corrigidas pelo estudo da natureza e da vida... O Antigo 
Testamento cogita tão pouco da possibilidade de conhecer a Deus 
quanto cogita de provar a sua existência. Por que os homens 
argumentariam sobre o conhecimento de Deus quando já 
estavam persuadidos de que o conheciam, cônscios de estarem em 
comunhão com ele, estando seus pensamentos cheios e 
iluminados por ele, sabendo que seu Espírito neles movia, e 
guiava-os em toda a sua história? 
A idéia de que o homem chega ao conhecimento ou à 
comunhão com Deus por meio de seus próprios esforços é 
totalmente estranha ao Antigo Testamento. Deus fala; ele aparece; 
o homem ouve e vê. Deus aproxima-se dos homens; estabelece um 
concerto ou relação especial com eles; e dá-lhes mandamentos. 
Eles o recebem quando ele se aproxima: aceitam a sua vontade e 
obedecem aos seus preceitos. Moisés e os profetas em parte 
alguma são representados como pensadores refletindo sobre o 
Invisível, formando conclusões acerca dele, ou alcançando 
conceitos elevados da Divindade. O Invisível manifesta-se-lhes, e 
eles o conhecem. 
Quando um homem diz: "Eu conheço o presidente", ele não 
quer dizer: "Eu sei que o presidente existe," porque isso se 
subentende na sua declaração. Da mesma maneira os escritores 
bíblicos nos dizem que conhecem a Deus e essas declarações 
significam a sua existência. 
 
2. Sua existência provada. 
Se as Escrituras não oferecem nenhuma demonstração 
racional da existência de Deus, por que vamos nós fazer essa 
tentativa? Pelas seguintes razões: 
Primeiramente, para convencer os que genuinamente buscam 
a Deus, isto é, pessoas cuja fé tem sido ofuscada por 
alguma dificuldade, e que dizem: "Eu quero crer em Deus; mostra-
me que seja razoável crer nele." Mas evidência nenhuma 
convencerá a pessoa, que, por desejar continuar no pecado e no 
egoísmo, diz: "Desafio-te a provar que Deus existe." Afinal, a fé é 
questão moral e não intelectual. Se a pessoa não está disposta a 
aceitar, ela porá de lado todas e quaisquer evidências. (Luc. 6:31.) 
Segundo, para fortalecer a fé daqueles que já crêem. 
Eles estudam as provas, não para crer, mas sim porque já crêem. 
Esta fé lhes é tão preciosa que aceitarão com alegria qualquer fato 
que a faça aumentar ou enriquecer. 
Finalmente, para poder enriquecer nosso conhecimento 
acerca da natureza de Deus. Que maior objeto de pensamento e 
estudo existe do que ele? 
Onde acharemos evidências da existência de Deus? Na 
criação, na natureza humana e na história humana. Dessas três 
esferas deduzimos as cinco evidências da existência de Deus: 
1) O universo deve ter uma Primeira Causa ou um Criador. 
(Argumento cosmológico, da palavra grega "cosmos", que significa 
"mundo".) 
2) O desígnio evidente no universo aponta para uma Mente 
Suprema. (Argumento teleológico, de "Teleos", que significa 
"desígnio ou propósito".) 
3) A natureza do homem, com seus impulsos e aspirações, 
assinala a existência de um Governador pessoal. (Argumento 
antropológico, da palavra grega "anthropos", que significa 
"homem".) 
4) A história humana dá evidências duma providência que 
governa sobre tudo. (Argumento histórico.) 
5) A crença é universal. (Argumento do consenso comum.) 
 
(a) O argumento da criação. A razão argumenta que o 
universo deve ter tido um princípio. Todo efeito deve ter uma 
causa suficiente. O universo, sendo o efeito, por conseguinte deve 
ter uma causa. Consideremos a extensão do universo. Nas 
palavras de Jorge W. Grey: "O universo, como o imaginamos, é um 
sistema de milhares e milhões de galáxias. Cada uma delas se 
compõe de milhares e milhões de estrelas. Perto da circunferência 
de uma dessas galáxias — a Via Láctea — existe uma estrela 
de tamanho médio e temperatura moderada, já amarelada pela 
velhice — que é o nosso Sol." E imaginem que o Sol é milhões de 
vezes maior que a nossa pequena Terra! Prossegue o mesmo 
escritor: "O Sol está girando numa orbita vertiginosa em direção 
à circunferência da Via Láctea a 19.300 metros por segundo, 
levando consigo a Terra e todos os planetas, e ao mesmo tempo 
todo o sistema solar está girando num gigantesco circuito à 
velocidade incrível de 321 quilômetros por segundo, enquanto a 
própria galáxia gira, qual colossal roda gigante estelar. 
Fotografando-se algumas seções dos céus, é possível fazer a 
contagem das estrelas. 
No observatório de Harvard College eu vi uma fotografia que 
inclui as imagens de mais de 200 Vias Lácteas — todas 
registradas numa chapa fotográfica de 35 x 42cm. Calcula-se que 
o número de galáxias de que se compõe o universo é da ordem de 
500 milhões de milhões." 
Consideremos nosso pequeno planeta e nele as várias formas 
de vida existentes, as quais revelam inteligência e desígnio divinos. 
Naturalmente surge a questão: "Como se originou tudo isso?" 
A pergunta é natural, pois as nossas mentes são constituídas 
de tal forma que esperam que todo efeito tenha uma causa. 
Logo, concluímos que o universo deve ter tido uma Primeira 
Causa, ou um Criador. "No princípio — Deus" (Gên. 1:1). 
Dum modo singelo este argumento é exposto no seguinte 
incidente: 
Disse um jovem cético a uma idosa senhora: — Outrora eu 
cria em Deus, mas agora, desde que estudei filosofia e 
matemática, estou convencido de que Deus não é mais do que uma 
palavra oca. 
 — Bem — disse a senhora — é verdade que eu não 
aprendi essas coisas, mas desde que você já aprendeu, pode me 
dizer donde veio este ovo? 
 — Naturalmente duma galinha — foi a resposta. 
 — E donde veio a galinha? 
 — Naturalmente dum ovo. 
Então indagou a senhora: — Permita-me perguntar: qual 
existiu primeiro, a galinha ou o ovo? 
— A galinha, por certo — respondeu o jovem. 
— Oh, então, a galinha existia antes do ovo? 
— Oh, não, devia dizer que o ovo existia primeiro. 
— Então, eu suponho que você quer dizer que o ovo existia 
antes da galinha. 
O moço vacilou: — Bem, a senhora vê, isto é, naturalmente, 
bem, a galinha existiu primeiro. 
— Muito bem — disse ela —, quem criou a primeira galinha 
de que vieram todos os sucessivos ovos e galinhas? 
— Que é que a senhora quer dizer com tudo isto? — 
perguntou ele. 
— Simplesmente isto — replicou ela: — Digo que aquele que 
criou o primeiro ovo ou a primeira galinha é aquele que criou o 
mundo. Você nem pode explicar, sem Deus, a existência dum ovo 
ou duma galinha, e ainda quer que eu creia que você pode 
explicar, sem Deus, a existência do mundo inteiro! 
 
(b) O argumento do desígnio. O desígnio e a formosura 
evidenciam-se no universo; mas o desígnio e a formosura implicam 
um arquiteto; portanto, o universo é a obra dum Arquiteto dotado 
de inteligência suficiente para explicar sua obra. O grande 
relógio de Estrasburgo tem, além das funções normais dum 
relógio, uma combinação de luas e planetas que se movem, 
mostrando dias e meses com a exatidão dos corpos celestes, com 
seus grupos de figuras que aparecem e desaparecem com 
regularidade igual ao soarem as horas no grande cronômetro. 
Declarar não ter havido um engenheiro que construiu o 
relógio, e que este objeto "aconteceu", seria insultar a inteligência e 
a razão humana. É insensatez presumir que o universo 
"aconteceu", ou, em linguagem cientifica, que procedeu "do 
concurso fortuito dos átomos"! 
Suponhamos que o livro "O Peregrino" fosse descrito da 
seguinte maneira: o autor tomou um vagão de tipos de imprensa e 
com pá os atirou ao ar. Ao caírem no chão, natural e gradualmentese ajuntaram de maneira a formar a famosa história de Bunyan. O 
homem mais incrédulo diria: que absurdo! E a mesma coisa 
dizemos nós das suposições do ateísmo em relação à criação do 
universo. 
O exame dum relógio revela que ele leva os sinais de desígnio 
porque as diversas peças são reunidas com um propósito prévio. 
Elas são colocadas de tal modo que produzem movimentos e 
esses movimentos são regulados de tal maneira que marcam as 
horas. Disso inferimos duas coisas: primeiramente, que o relógio 
teve alguém que o fez, e em segundo lugar, que o seu 
fabricante compreendeu a sua construção, e o projetou com o 
propósito de marcar as horas. Da mesma maneira, observamos o 
desígnio e a operação dum plano no mundo e, naturalmente, 
concluímos que houve alguém que o fez e que sabiamente o 
preparou para o propósito ao qual está servindo. 
O fato de nunca termos observado a fabricação dum relógio 
não afetaria essas conclusões, mesmo que nunca conhecêssemos 
um relojoeiro, ou que jamais tivéssemos idéia do processo desse 
trabalho. Igualmente, a nossa convicção de que o universo teve 
um arquiteto, de forma nenhuma sofre alteração pelo fato de 
nunca termos observado a sua construção, ou de nunca termos 
visto o arquiteto. 
Do mesmo modo a nossa conclusão não se alteraria se 
alguém nos informasse que "o relógio é resultado da operação das 
leis da mecânica e explica-se pelas propriedades da matéria". 
Ainda assim teremos que considerá-lo como obra dum hábil 
relojoeiro que soube aproveitar essas leis da física e suas 
propriedades para fazer funcionar o relógio. Da mesma forma, 
quando alguém nos informa que o universo é simplesmente o 
resultado da operação das leis da natureza, nós nos vemos 
constrangidos a perguntar: "Quem projetou, estabeleceu e usou 
essas leis?" Isso, em razão de ser implícita a presença de um 
legislador uma vez que existem leis. 
Tomemos, para ilustrar, a vida dos insetos. Há uma espécie 
de escaravelho chamado "Staghom" ou "Chifrudo". O macho tem 
magníficos chifres, duas vezes mais compridos do que o seu corpo; 
a fêmea não tem chifres. No estágio larval, eles enterram-se a 
si mesmos na terra e, silenciosamente, esperam na escuridão pela 
sua metamorfose. São naturalmente meros insetos, sem 
nenhuma diferença aparente e, no entanto, um deles escava para 
si um buraco duas vezes mais profundo do que o outro. Por quê? 
Para que haja espaço para os chifres do macho se desenvolverem 
com perfeição. Por que essas larvas, aparentemente iguais, 
diferem assim em seus hábitos? Quem ensinou o macho a cavar 
seu buraco duas vezes mais profundo do que o faz a fêmea? é o 
resultado dum processo racional? Não, foi Deus, o Criador, quem 
pôs naquelas criaturas a percepção instintiva que lhes seria útil. 
De onde recebeu esse inseto a sua sabedoria? Alguém talvez 
pense que a herdara de seus pais. Mas um cão ensinado, por 
exemplo, transmite à sua descendência sua astúcia e agilidade? 
Não. 
Mesmo que admitamos que o instinto fosse herdado, ainda 
deparamos com o fato de que alguém havia instruído o primeiro 
escaravelho chifrudo. A explicação do maravilhoso instinto dos 
animais acha-se nas palavras do primeiro capítulo de Gênesis: "E 
disse Deus" — isto é: a vontade de Deus. Quem observa o 
funcionamento dum relógio sabe que a inteligência não está no 
relógio mas sim no relojoeiro. E quem observa o instinto 
maravilhoso das menores criaturas, concluirá que a primeira 
inteligência não era a delas, mas sim do seu Criador, e que existe 
uma Mente controladora dos menores detalhes da vida. 
O Dr. Whitney, ex-presidente da Sociedade Americana e 
membro da Academia Americana de Artes e Ciências, certa vez 
disse que "um dia repele o outro pela vontade de Deus e ninguém 
pode dar razão melhor." "Que quer o senhor dizer com a expressão: 
a vontade de Deus?" alguém lhe perguntou. O Dr. Whitney 
replicou: "Como o senhor define a luz? ...Existe a teoria 
corpuscular, a teoria de ondas, e agora a teoria do quantum; e 
nenhuma das teorias passa duma conjetura educada. Com uma 
explicação tão boa como essas, podemos dizer que a luz caminha 
pela vontade de Deus... A vontade de Deus, essa lei que 
descobrimos, sem a podermos explicar — é a única palavra final." 
O Sr. A. J. Pace, desenhista do periódico evangélico 
"Sunday School Times", fala de sua entrevista com o finado Wilson 
J. Bentley, perito em microfotografia (fotografar o que se vê através 
do microscópio). Por mais de um terço de século esse senhor 
fotografou cristais de neve. Depois de haver fotografado milhares 
desses cristais ele observou três fatos principais: primeiro, que não 
havia dois flocos iguais; segundo: todos eram de um padrão 
formoso; terceiro: todos eram invariavelmente de forma sextavada. 
Quando lhe perguntaram como se explicava essa 
simetria sextavada, ele respondeu: "Decerto, ninguém sabe senão 
Deus, mas a minha teoria é a seguinte: Como todos sabem, os 
cristais de neve são formados de vapor de água a temperaturas 
abaixo de zero, e a água se compõe de três moléculas, duas de 
hidrogênio que se combinam com uma de oxigênio. Cada molécula 
tem uma carga de eletricidade positiva e negativa, a qual tem a 
tendência de polarizar-se nos lados opostos. O algarismo três, 
portanto, figura no assunto desde o começo." 
"Como podemos explicar estes pontinhos tão interessantes, 
as voltas e as curvas graciosas, e estas quinas chanfradas tão 
delicadamente cinzeladas, todas elas dispostas com perfeita 
simetria ao redor do ponto central?" perguntou o Sr. Pace. 
Encolheu os ombros e disse: "Somente o Artista que os 
desenhou e os modelou conhece o processo." 
Sua declaração acerca do "algarismo três que figura no 
assunto" me pôs a pensar. não seria então que o triúno Deus, que 
modela toda a formosura da criação, rubrica a própria trindade 
nestas frágeis estrelas de cristal de gelo como quem assina seu 
nome em sua obra-prima? Ao examinar os flocos de neve ao 
microscópio, vê-se instantaneamente que o princípio básico da 
estrutura do floco de neve é o hexágono ou a figura de seis lados, o 
único exemplo disso em todo o reino da geometria a este respeito. 
O raio do circulo circunscrevente é exatamente igual ao 
comprimento de cada um dos seis lados do hexágono. Portanto, 
resultam seis triângulos eqüiláteros reunidos ao núcleo central, 
sendo todos os ângulos de sessenta graus, a terça parte de toda a 
área num lado duma linha reta. Que símbolo sugestivo do triúno 
Deus é o triângulo! Aqui temos unidade: um triângulo, formado de 
três linhas, cada parte indispensável à integridade do conjunto. 
A curiosidade agora me impeliu a examinar as 
referências bíblicas sobre a palavra "neve", e descobri, com grande 
prazer, este mesmo "triângulo" inerente na Bíblia. Por exemplo, há 
21 (3 x 7) referências contendo o substantivo "neve" no Antigo 
Testamento, e 3 no Novo Testamento, 24 ao todo. Então achei 
referencias, que falam da "lepra tão branca como a neve". Três 
vezes a purificação do pecado é comparada à neve. Achei mais três 
que falam de roupas "tão brancas como a neve". Três vezes a 
aparência do Filho de Deus compara-se à neve. Mas a maior 
surpresa foi ao descobrir que a palavra hebraica, "neve", é 
composta inteiramente de algarismos "três"! É fato, embora não 
seja geralmente conhecido que, não tendo algarismos, tanto os 
hebreus como os gregos usavam as letras do seu alfabeto como 
algarismos. Bastava um olhar casual de um hebreu à palavra 
SHELEG (palavra hebraica que quer dizer "neve") para ver que ela 
significa o algarismo 333, bem como significa "neve". No hebraico a 
primeira letra, que corresponde à nossa "SH", vale 3OO; a segunda 
consoante "L" vale 30; e a consoante final, o nosso "G", vale 3. 
Somando-as, temos 333, três algarismos de três. Curioso, não é 
verdade? Mas por que não esperar exatidão matemática dum livro 
plenamente inspirado, tão maravilhoso quanto o mundo que Deus 
criou? 
Acerca de Deus disse Jo: "Faz grandes coisas que não 
podemos compreender. Poisdiz à neve: Cai sobre a terra" (Jo 37:5, 
6). Eu já gastei dois dias inteiros para copiar com pena e tinta o 
desenho de Deus de seis cristais de neve e fiquei muito fatigado. E 
como é fácil para ele fazê-lo! "Ele diz à neve" — e com uma 
palavra está feito. 
Imaginem quantos milhões de bilhões de cristais de neve 
caem sobre um hectare de terra durante uma hora, e imaginem, se 
puderem, o fato surpreendente de que cada cristal tem sua 
individualidade própria, um desenho e modelo sem duplicata nesta 
ou em qualquer outra tempestade. "Tal conhecimento é 
maravilhoso demais para mim; elevado é, não o posso atingir" (Sal. 
139:6). Como pode uma pessoa ajuizada, diante de tal evidência de 
desígnios, multiplicados por um sem-número de variedades, 
duvidar da existência e da obra do Desenhista, cuja capacidade é 
imensurável?! Um Deus capaz de fazer tantas belezas é capaz de 
tudo, até mesmo de moldar as nossas vidas dando-lhes beleza e 
simetria. 
 
(c) O argumento da natureza do homem. O homem dispõe de 
natureza moral, isto é, a sua vida é regulada por conceitos do bem 
e do mal. Ele reconhece que há um caminho reto de ação que 
deve seguir e um caminho errado que deve evitar. Esse 
conhecimento chama-se "consciência". Ao fazer ele o bem, a 
consciência o aprova; ao fazer ele o mal, ela o condena. A 
consciência, seja obedecida ou não, fala com autoridade. Assim 
disse Butier acerca da consciência: "Se ela tivesse poder na mesma 
proporção de sua autoridade manifesta, governaria o mundo, isto 
é, se a consciência tivesse a força de pôr em ação o que ordena, ela 
revolucionaria o mundo." Mas acontece que o homem é dotado de 
livre arbítrio e, portanto, pode desobedecer àquela voz íntima. 
Mesmo estando mal orientada, sem esclarecimento, a consciência 
ainda fala com autoridade, e faz o homem sentir sua 
responsabilidade. 
"Duas coisas me impressionam", declarou Kant, o grande 
filosofo alemão, "o alto céu estrelado e a lei moral em meu interior." 
Qual a conclusão que se tira deste conhecimento universal do 
bem e do mal? Que há um Legislador que idealizou uma norma de 
conduta para o homem e fez a natureza humana capaz de 
compreender esse ideal. A consciência não cria o ideal; ela 
simplesmente testifica acerca dele, registrando a sua conformidade 
ou não-conformidade. 
Quem originalmente criou esses dois poderosos conceitos do 
bem e do mal? Deus, o Justo Legislador! O pecado ofuscou a 
consciência e quase anulou a lei do ser humano; mas no Monte 
Sinai Deus gravou essa lei em pedras para que o homem tivesse a 
lei perfeita para dirigir a sua vida. O fato de que o homem 
compreende esta lei, e sente a sua responsabilidade para com ela, 
manifesta a existência dum Legislador que criou o homem com 
essa capacidade. 
Qual é a conclusão que podemos tirar desse sentimento 
de responsabilidade? Que o Legislador é também um Juiz que 
recompensar os bons e castigar os maus. Aquele que impôs a 
lei finalmente defenderá essa lei. 
 Não somente a natureza moral do homem, como também 
todos os aspectos da sua natureza testificam da existência de 
Deus. Até as religiões mais degradadas demonstram o fato de que 
o homem, qual cego, tateando, procura algo que sua alma anela. A 
fome física indica a existência de algo que a possa satisfazer. 
Quando o homem tem fome, essa fome indica que há alguém ou 
algo que o possa satisfazer. A exclamação, "a minha alma tem sede 
de Deus" (Sal. 42:2), é um argumento a favor da existência de 
Deus, pois a alma não enganaria o homem com sede daquilo que 
não existisse. Assim disse certa vez um erudito da igreja primitiva: 
"Para ti nos fizeste, e nosso coração estará inquieto enquanto não 
encontrar descanso em ti." 
 
(d) O argumento da história. A marcha dos eventos da 
história universal fornece evidência de um poder e duma 
providência dominantes. Toda a história bíblica foi escrita para 
revelar Deus na história, isto é, para ilustrar a obra de Deus nos 
negócios humanos. "Os princípios do divino governo moral 
encontram-se na história das nações tanto quanto na experiência 
dos homens", escreve D. S. Clarke. (Sal. 75:7; Dan. 2:21; 5:21.) 
"O protestantismo inglês vê a derrota da Armada Espanhola como 
uma intervenção divina. A colonização dos Estados Unidos por 
imigrantes protestantes salvou-os da sorte da América do Sul, e 
desta maneira salvou a democracia. Quem negaria que a mão de 
Deus estivesse nesses acontecimentos?" A história da humanidade, 
o surgimento e declínio de nações, como Babilônia e Roma, 
mostram que o progresso acompanha o uso das faculdades dadas 
por Deus e a obediência à sua lei, e que o declínio nacional e a 
podridão moral seguem a desobediência" (D. L. Pierson). A. T. 
Pierson, em seu livro, "Os Novos Atos dos Apóstolos", expõe as 
evidências da dominante providência de Deus nas missões 
evangélicas modernas. 
Especialmente o modo de Deus tratar com os indivíduos 
fornece provas de sua ativa presença nos negócios humanos. 
Charles Bradiaugh, que foi em certo tempo o ateu mais notável 
na Inglaterra, desafiou o pastor Charles Hughá Price, para um 
debate. 
Foi aceito o desafio e o pregador, por sua vez, desafiou o 
ateu da seguinte maneira: Como todos sabemos, Sr. Bradiaugh, "o 
homem convencido contra a própria vontade mantém sempre seu 
ponto de vista", e, visto que o debate, como ginástica mental que 
é, provavelmente não converterá a ninguém, proponho-lhe 
que apresentemos algumas evidências concretas da validade 
das reivindicações do cristianismo na forma de homens e 
mulheres redimidos da vida mundana e vergonhosa pela influência 
do cristianismo e pela do ateísmo. Eu trarei cem desses homens 
e mulheres, e desafio-o a fazer o mesmo. 
Se o Sr. Bradiaughá não puder apresentar cem, contra os 
meus cem, ficarei satisfeito se trouxer cinqüenta homens e 
mulheres que se levantem e testifiquem que foram transformados 
duma vida vergonhosa pela influência dos seus ensinos ateus. Se 
não puder apresentar cinqüenta, desafio-o a apresentar vinte 
pessoas que testifiquem com rostos radiantes, como o farão os 
meus cem, que tenham um grande e novo gozo na sua vida 
elevada, em resultado dos ensinos ateus. Se não puder apresentar 
vinte, ficarei satisfeito se apresentar dez. Não, Sr. Bradiaugh, 
desafio-o a trazer um só homem ou uma só mulher que dê tal 
testemunho acerca da influência enobrecedora dos seus ensinos. 
Minhas pessoas redimidas trarão prova irrefutável quanto ao poder 
salvador de Jesus Cristo sobre as suas vidas redimidas da 
escravidão do pecado e da vergonha. 
Talvez, senhor Bradiaugh, essa será a verdadeira 
demonstração da validade das reivindicações do cristianismo. 
O Sr. Bradiaughá retirou o seu desafio! 
 
(e) O argumento da crença universal. A crença na existência 
de Deus é praticamente tão difundida quanto a própria raça 
humana, embora muitas vezes se manifeste em forma pervertida 
ou grotesca e revestida de idéias supersticiosas. Esta opinião tem 
sido contestada por alguns que argumentam existirem raças que 
não têm a menor concepção de Deus. Mas o Sr. Jevons, autoridade 
no assunto de raças e religiões comparadas, diz que esta opinião, 
"Como é do conhecimento de todos os antropólogos, já foi para o 
limbo das controvérsias mortas... todos concordam que não 
existem raças, por mais primitivas que sejam, totalmente 
destituídas de concepção religiosa! Embora alguém cite exceções, 
sabemos que a exceção não inutiliza a regra. Por exemplo, se 
fossem encontrados alguns seres humanos inteiramente 
destituídos de todo sentimento humano e compaixão, isso não 
serviria de base para dizer que o homem é essencialmente uma 
criatura destituída de sentimentos. A presença de cegos no mundo 
não prova que todos os homens são cegos." Como disse William 
Evans: "o fato de certas nações não conhecerem a tabuada de 
multiplicação não afeta a aritmética." 
Como se originou esta crença universal? A maior parte dos 
ateus parece imaginar que um grupo de teólogos se tenha reunido 
em sessão secreta na qual inventarama idéia de Deus, a qual 
depois apresentaram ao povo. Mas os teólogos não inventaram 
Deus como também os astrônomos não inventaram as estrelas, 
nem os botânicos as flores. É certo que os antigos mantinham 
idéias erradas acerca dos corpos celestes, mas esse fato não nega a 
existência dos corpos celestes. E visto que a humanidade já teve 
idéias defeituosas acerca de Deus, isso implica que existe um Deus 
acerca do qual podiam ter noções errôneas. 
Este conhecimento universal não se originou 
necessariamente pelo raciocínio, porque há homens de grande 
capacidade de raciocínio que também negam a existência de Deus. 
Mas é evidente que o mesmo Deus que fez a natureza, com suas 
belezas e maravilhas, fez também o homem dotado de capacidade 
para observar, através da natureza, o seu Criador. "Porquanto, o 
que se pode conhecer de Deus, neles está manifesto; pois Deus lho 
manifestou. As perfeições invisíveis dele, o seu poder eterno, e a 
sua divindade, claramente se vêem desde a criação do mundo, 
sendo percebidas pelas suas obras" (Rom. 1:19, 20). Deus não fez 
o mundo sem deixar certos sinais, sugestões e evidências claras, 
que falam das obras das suas mãos. "Mas os homens conhecendo 
a Deus, não o glorificaram como Deus, nem deram graças, antes se 
enfatuaram nas suas especulações e ficou em trevas o seu coração 
insensato" (Rom. 1:21). O pecado fez embaçar a sua visão; 
perderam de vista a Deus e, em vez de ver a Deus através da 
criatura, desprezaram-no pela ignorância e adoraram a criatura. 
Foi desta maneira que começou a idolatria. Mas até isto prova que 
o homem é criatura adoradora e que forçosamente procura um 
objeto de culto. 
Esta crença universal em Deus é prova de quê? É prova de 
que a natureza do homem é de tal maneira constituída que é capaz 
de compreender e apreciar essa idéia, como o expressou 
certo escritor: "O homem é incuravelmente religioso", que no 
sentido mais amplo inclui: (1) A aceitação do fato da existência 
dum ser acima das forças da natureza. (2) Um sentimento de 
dependência de Deus como quem domina o destino do homem; 
este sentimento é despertado pelo pensamento de sua própria 
debilidade e pequenez e pela magnitude do universo. (3) A 
convicção de que se pode efetuar uma união amistosa e que nesta 
união ele, o homem, achará segurança e felicidade. Desta maneira 
vemos que o homem, por natureza, é constituído para crer na 
existência de Deus, para confiar na sua bondade, e para adorar em 
sua presença. 
Este "sentimento religioso" não se encontra nas criaturas 
inferiores. Por exemplo, perderia seu tempo quem procurasse 
ensinar religião ao mais elevado dos tipos de símios. Mas o mais 
inferior dos homens pode ser instruído nas coisas de Deus. Por 
quê? Falta ao animal a natureza religiosa — não é feito à imagem 
de Deus; o homem possui natureza religiosa e procura um objeto 
de adoração. 
 
3. Sua existência negada. 
O ateísmo consiste na negação absoluta da idéia de Deus. 
Alguns duvidam que haja verdadeiros ateus; mas se os houver, é 
impossível provar que estejam sinceramente buscando a Deus ou 
que sejam logicamente coerentes. 
Visto que são os ateus que se opõem às convicções mais 
profundas e mais fundamentais da raça humana, a 
responsabilidade de provar a não-existência de Deus recai sobre 
eles. não podem sincera e logicamente dizer-se ateus enquanto não 
apresentarem provas irrefutáveis de que de fato Deus não existe. 
Inegavelmente, a evidência da existência de Deus ultrapassa de 
muito a evidência contra a sua existência. Nesta conexão, D. S. 
Clarke escreve: Uma pequena prova demonstrará que há Deus, 
porquanto nenhuma prova, por maior que seja, pode atestar a sua 
não-existência. As pegadas de uma ave sobre uma rocha junto ao 
mar provariam que em algum tempo um pássaro visitou as terras 
adjacentes ao Atlântico. Mas antes que se declarasse que pássaro 
nenhum jamais estivera por ali, seria necessário conhecer a 
história inteira dessa costa desde o começo da vida no globo 
terrestre. Um pouco de evidência demonstrará que existe Deus. 
Antes que se diga que não há Deus, devem-se analisar todos os 
elementos do universo; devem-se investigar todas as forças 
mecânicas, elétricas, biológicas, mentais e espirituais — deve-se 
ter conhecimento de todos os seres e compreendê-los 
completamente; deve-se estar em todos os pontos do espaço a um 
só tempo, para que possivelmente Deus não esteja em alguma 
outra parte e assim escape à sua atenção. Essa pessoa deve ser 
onipotente, onipresente, eterna; de fato, essa mesma pessoa deve 
ser Deus antes que ela afirme dogmaticamente que não há Deus. 
Por muito estranho que pareça, somente Deus, cuja existência o 
ateu nega, teria essa capacidade de provar que não há Deus! 
Outrossim, mesmo a mais remota possibilidade de que existe 
um Soberano moral põe sobre o homem imensa responsabilidade, 
e a conclusão ateísta é inaceitável enquanto a inexistência de Deus 
não for demonstrada de maneira irrefutável. 
A posição contraditória ateísta demonstra-se no fato de 
que muitos ateus, ao se encontrarem em perigo ou em 
dificuldades, têm orado. Quantas vezes, tempestades e lutas da 
vida têm varrido seu refúgio teórico, revelando os alicerces 
espirituais, e demonstrando comportamento humano. Dizemos 
"humano" porque aquele que nega a existência de Deus abala e 
suprime os instintos e impulsos mais profundos e nobres da alma. 
Como disse Pascal: "O ateísmo é uma enfermidade." Quando o 
homem perde a fé em Deus não é devido aos argumentos ( não 
importa a lógica aparente com que se apresente a sua negação), 
mas "a algum desastre, traição, ou negligência íntimos ou algum 
ácido corrosivo destilado em sua alma que dissolveu a pérola de 
grande preço". 
O seguinte incidente, contado por um fidalgo russo, 
esclarecer este assunto: 
Foi em novembro de 1917, quando os bolcheviques venceram 
o governo de Kerensky e iniciaram um reinado de terror. O fidalgo 
estava na casa de sua mãe, tomado de constante medo de ser 
preso. A campainha da porta tocou e o criado que atendeu trouxe 
um cartão de visita com o nome do Príncipe Kropotkin — o próprio 
pai do anarquismo. Ele entrou e pediu permissão para examinar o 
apartamento. Não havia outra coisa a fazer a não ser permitir-lhe 
entrar, porque evidentemente estava autorizado a dar busca e até 
mesmo a requisitar a casa. 
"A minha mãe permitiu-lhe passar adiante", diz o narrador. 
"Entrou num quarto e depois em outro, sem parar, como se 
tivesse morado ali antes e conhecesse a ordem dos cômodos. 
Entrou na sala de jantar; olhou em redor e, de repente, dirigiu-se 
ao quarto ocupado por minha mãe. 
 — Oh! me perdoe — disse minha mãe, quando o Príncipe ia 
abrir a. porta — ; é meu quarto de dormir. 
Ele parou por um instante diante da porta, olhou para a 
minha mãe então, como se estivesse envergonhado, e com voz 
trêmula, disse rapidamente: 
 — Sim, sim, eu sei. Perdoe-me, mas preciso entrar neste 
quarto! 
Pôs a mão na maçaneta e lentamente começou a abrir a 
porta, e então repentinamente fechou-a atrás de si depois de 
entrar. "Fiquei tão agitado diante da conduta do Príncipe que me vi 
tentado a olhar. O Príncipe Kropotkin estava ajoelhado orando 
ante o oratório no quarto de minha mãe. Eu o vi ajoelhado fazer o 
sinal da cruz; não vi seu rosto nem seus olhos, pois o via por trás. 
Sua figura ajoelhada e sua oração fervorosa, fizeram-no parecer 
tão humilde enquanto sussurrava vagarosamente a reza. Estava 
tão ocupado que nem notou a minha presença." "De repente toda a 
minha ira e meu ódio contra esse homem tinham-se evaporado, 
qual cerração ante os raios do sol. Tão comovido fiquei que 
cuidadosamente cerrei a porta."O Príncipe Kropotkin permaneceu 
no quarto de minha mãe talvez vinte minutos. Finalmente saiu 
com o ar dum menino que tivesse cometido uma falta, e nem 
levantou os olhos, como que reconhecendo o seu erro. Entretanto, 
havia um sorriso no seu rosto. Chegou perto da minha mãe, 
tomou-lhe a mão, beijou-a e logo disse em

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