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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 SAÚDE E ENVELHECIMENTO .................................................................. 4 3 CONCEITO DE FUNCIONALIDADE NO IDOSO CLASSIFICAÇÃO CLÍNICO-FUNCIONAL ................................................................................................ 6 4 AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO ........................................ 7 5 AVALIAÇÃO FUNCIONAL DO IDOSO ....................................................... 8 6 DIAGNÓSTICO GERIÁTRICO-GERONTOLÓGICO................................. 13 7 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO QUE INTERFEREM NA CAPACIDADE FUNCIONAL E MOTORA ........................... 15 7.1 Tecido Muscular ................................................................................. 15 7.2 Sistema Cardiorrespiratório ................................................................ 16 7.3 Propriocepção .................................................................................... 17 7.4 Degeneração das estruturas articulares ............................................. 19 7.5 Perda da massa óssea ....................................................................... 19 7.6 Sistema nervoso central e periférico .................................................. 21 7.7 Visão .................................................................................................. 21 8 MARCHA NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ............................... 22 9 Alterações da marcha na terceira idade ................................................... 23 9.1 Treinamento da marcha ..................................................................... 25 9.2 Orientação corporal ............................................................................ 26 10 AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL .................. 27 10.1 Avaliação do equilíbrio em idosos ................................................... 29 10.2 Capacidade funcional ...................................................................... 31 11 FATORES ASSOCIADOS AO BAIXO PESO EM IDOSOS ................... 32 12 PLANO DE CUIDADOS COM IDOSOS ................................................ 32 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 37 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 SAÚDE E ENVELHECIMENTO O rápido envelhecimento da população brasileira, aliado a uma maior expectativa de vida dos idosos, traz grandes consequências para a estruturação das redes de atenção, com maior carga de doenças crônicas e incapacidades funcionais. Resultando então em novas demandas e na utilização de serviços médicos mais especializados. No entanto, embora as doenças sejam mais comuns nessa faixa etária, nem sempre são acompanhadas de dependência funcional. Assim, o envelhecimento não é sinônimo de deficiência e dependência, mas sim de aumento da suscetibilidade. (MORAES et al. 2018). Não se deve confundir presença de doenças ou idade avançada com ausência de saúde. Define-se saúde como uma medida da capacidade individual de realização de aspirações e da satisfação das necessidades, independentemente da idade ou da presença de doenças. (PEREIRA et al. 2018). Nos dias de hoje, envelhecer sem alguma doença crônica é mais uma exceção do que regra. A maioria dos idosos sofre com alguma doença ou ou disfunções orgânicas, na maioria das vezes, não estão relacionadas à limitação de suas atividades ou restrição de participação social. Portanto, mesmo com algum tipo de adoecimento, o idoso pode continuar cumprindo seu papel social. Portanto, a informação não a torna mais passível de alteração e é por isso que um novo indicador de saúde, a capacidade funcional, foi introduzido, a capacidade funcional. A ênfase na saúde diz respeito ao funcionamento geral dos indivíduos, definida como sua capacidade de administrar suas próprias vidas. Uma pessoa é considerada com boa saúde quando consegue realizar suas atividades por conta própria, sem grandes dificuldades, mesmo que seja idosa ou doente. (MORAES et al. 2018). Bem estar e funcionalidade se completam, representam a presença de autonomia (capacidade dos indivíduos de decidir e dirigir ações, de estabelecer e seguir suas próprias crenças e independência (capacidade de realizar determinada tarefa). Por seus próprios meios), permitindo que os indivíduos cuidem de si e de sua vida. É importante ressaltar que, independência e autonomia estão relacionadas, 5 porém com conceitos diferentes. Existem pessoas que são fisicamente dependentes, que podem decidir atividades que lhes interessam. Por outro lado, há pessoas que têm condições para realizar certas tarefas cotidianas, mas não tem condição de decidir e escolher como, quando realizar essas atividades e onde. (Moraes. et al, 2018). Segundo a Classfiicação Internacional da Funcionalidade - CIF (Organização Mundial da Saúde, 2003), o comprometimento funcional é a perda da indepedência e/ou atonomia, limitando a participação social do indivíduo. Por sua vez, a independência e autonomia estão relacionadas ao funcionamento integrado e harmonioso das seguintes áreas funcionais: 6 3 CONCEITO DE FUNCIONALIDADE NO IDOSO CLASSIFICAÇÃO CLÍNICO- FUNCIONAL A funcionalidade geral do indivíduo é sempre essencial para qualquer classificação de idosos. Segundo MORAES, (2018) em 1943, Marjory Warren, considerada a “mãe da geriatria” propôs uma classificação fundamentada na presença de diversos tipos de limitações, como imobilidade, instabilidade postural, incapacidade cognitiva e incontinência urinária. Esta classificação pioneira de idosos internados em enfermaria permitiu o planejamento de recursos humanos e materiais necessários para implementar ações específicas para cada faixa etária. Em 1963, Katz (Katz et al., 1963. apud. MORAES, 2018) desenvolveu um índice de capaz de estratificar os indivíduos por grau de dependência em atividades diárias relacionadas aos cuidados pessoais. Com este índice, verifica-se uma diferença extensa entre idosos independentes e dependentes para as atividades básicas da vida diária (AVD), associada a uma hierarquia clara entre os idosos. Assim, os idosos podem ser classificados em: (MORAES et al., 2018) 7 4 AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO A Avaliação Geriátrica Multidimensional, também conhecida como Avaliação Geriátrica ampla (AGA) é considerada o padrão ouro para o manejo da fragilidade em idosos. Várias evidências demonstraram sua eficácia em termos de custo e em termos de resultados em relação a saúde do paciente. O ideal é que essa avaliação seja realizada por profissionais especializados em geriatriae gerontologia e sua duração média varia de uma hora a uma hora e 30 minutos. (MORAES. et al, 2018) A Avaliação Multidimensional do Idoso permite o reconhecimento das necessidades fisiológicas de um indivíduo, ou seja, o diagnóstico de suas condições de saúde crônicas e/ou agudas. Este diagnóstico clínico funcional deve ser capaz de reconhecer deficiências, tanto na independência e autocontrole em atividades da vida diária (funcionamento geral), quanto na presença de deficiências de sistemas 8 funcionais principais, representados por cognição, humor, habilidades motoras, e comunicações. As síndromes geriátricas, que se manifestam por comprometimento cognitivo, instabilidade postural, imobilidade e incapacidade de comunicação, devem ser reconhecidas. Além disso, deve ter um diagnóstico de deficiências ou disfunções dos sistemas fisiológicos principais, como alterações no sono, saúde bucal, órgãos e sistemas (doentes) e nutrição. Outros aspectos relevantes do diagnóstico são suporte social, suporte familiar e segurança ambiental. Portanto, está identificação dos problemas de saúde e do nível clínico / funcional a que pertencem é fundamental para a definição das intervenções a serem propostas, bem como dos objetivos e prioridades de tratamento. (MORAES. et al, 2018). Assim, nem todos os idosos devem ser avaliados indiscriminadamente pela AGA. Ao contrário, sua indicação deve ser precisa, devendo incluir idosos em risco ou com algum grau de fragilidade. Torna-se, portanto, fundamental a utilização de instrumentos de triagem rápida, aplicados por profissionais de nível médio, como os agentes comunitários de saúde e/ou técnicos de enfermagem, capazes de reconhecer o idoso em risco de declínio funcional. (MORAES. et al, 2018) A multidimensionalidade da saúde do idoso deve estar incluída em todas as avaliações, independentemente de quem a realiza. No entanto, o nível de especialização na investigação de vários aspectos de saúde podem variar, dependendo das especialidades do avaliador e do estado de saúde do indivíduo. 5 AVALIAÇÃO FUNCIONAL DO IDOSO A avaliação funcional é a observação e medição da capacidade de realizar tarefas básicas da vida diária. Muitas vezes é usado em um sentido mais limitado, para se referir a uma medida da capacidade de uma pessoa de cumprir as responsabilidades do dia-a-dia e realizar as atividades diárias e autocuidado. Em geral, a competência funcional pode ser classificada em graus ou níveis, de descomprometido ou independente para mais comprometido ou completamente dependente, dependendo da avaliação funcional usada. A avaliação funcional tem como objetivo identificar e quantificar a atividade funcional antes, durante e após a intervenção terapêutica; detectar antecipadamente os indivíduos que apresentam fragilidades; o que leva a quedas e incapacidades e 9 observar os déficits de mobilidade. Esses dados podem ser usados como comunicação da equipe multidisciplinar e como parâmetros para admissões e altas de serviços de reabilitação. Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD) e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD): Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD) e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD): ABVD: Tarefas de autocuidado, tais como: arrumar-se, vestir-se, comer, fazer higiene facial e corporal, transferências e locomoção. AIVD: Tarefas da vida prática. Fazer compras, pagar contas, manter compromissos sociais, usar meio de transportes, cozinhar, comunicar- se, cuidar da própria saúde e manter a própria integridade e segurança. Modelos de avaliação funcional Os modelos são criados e selecionados para categorias com as mesmas propriedades específicas, por exemplo, indivíduos mais ou menos dependentes patologia específica, institucionalizados, hospitalizados, (AVE, Parkinson, osteoartrite...). A avaliação funcional pode incluir diversos itens, porém os mais citados na literatura incluem questões relacionadas à mobilidade, ABVD. E AIVD, além de algumas avaliações que contemplam o desempenho do indivíduo no trabalho, no ambiente social e no lazer. 10 Fonte:slideplayer.com.br ÍNDICE DE BARTHEL A escala de avaliação funcional de Barthel é utilizada para mensurar a capacidade de um indivíduo realizar 10 (dez) atividades em sua rotina diária, observando seu nível de dependência. Muito usados por fisioterapeutas, pois ajudam a desenvolver programas de reabilitação e desenvolver habilidades motoras na hemiplegia após o AVC. O Índice de Barthel (IB) avalia a função do paciente, em várias atividades da vida cotididana indicando a capacidade de uma pessoa para realizar as tarefas diária (AVDs). Os valores atribuídos a cada item são baseados no tempo real e na quantidade de suporte físico necessário e se o paciente é incapaz de realizar a atividade. Foram avaliadas as atividades relacionadas a vestuário, alimentação, higiene pessoal e transporte, cada uma recebendo pontuação de 0, 5, 10 ou 15, para um total de 100. 11 ÍNDICE DE BARTHEL A escala de avaliação funcional de Barthel é utilizada para mensurar a capacidade de um indivíduo realizar 10 (dez) atividades em sua rotina diária, observando seu nível de dependência. Muito usados por fisioterapeutas, pois ajudam a desenvolver programas de reabilitação e desenvolver habilidades motoras na hemiplegia após o AVC. O Índice de Barthel (IB) avalia a função do paciente, em várias atividades da vida cotididana indicando a capacidade de uma pessoa para realizar as tarefas diária (AVDs). Os valores atribuídos a cada item são baseados no tempo real e na quantidade de suporte físico necessário e se o paciente é incapaz de realizar a atividade. Foram avaliadas as atividades relacionadas a vestuário, alimentação, higiene pessoal e transporte, cada uma recebendo pontuação de 0, 5, 10 ou 15, para um total de 100. MEDIDA DA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL A Escala de Independência Funcional (MIF) é uma ferramenta multidimensional que avalia o desempenho de uma pessoa nos domínios motor e cognitivo / social nos seguintes aspectos: higiene pessoal, banho, uso do sanitário, alimentação, vestir, controle da urina e fezes, transferência para leito, cadeira, banheiro ou chuveiro, locomoção em escadas, interação social, memoria e resolução de problemas. Cada item é diferente em sete níveis com as respectivas mensurações, sendo o nível sete totalmente independente e o nível um totalmente dependente. Nos valores intermediários tem independência modificada (pontuação seis), dependência moderada com necessidade de supervisão ou preparação (pontuação cinco) ou assistência direta (pontuação de um a quatro). Na escala total, uma pessoa sem limitação alcança o escore de 126 pontos e uma pessoa totalmente dependente obtém 18 pontos. Quanto mais dependente uma pessoa for, menor será 12 a pontuação. O MIF mede exatamente o que a pessoa estava fazendo no momento da avaliação. GET UP AND GO E TIMED GET UP AND GO TEST O teste Timed Up and Go foi desenvolvido por Podsiadlo e Richardson (1991) que tinha como proposta designada o Get-up and Go test elaborado por Mathias, Nayak, Isaac em 1986. O teste foi inicialmente baseado na avaliação clínica de equilíbrio dinâmico em pacientes idosos durante a execução da tarefa que envolvia sentar, ficar em pé e caminhar por uma certa distância, analisando o risco de quedas e tendo como forma de análise o tempo em segundos para completar a tarefa. O teste é pontuado da seguinte forma: 1 (normal); 2 (anormalidade leve); 3 (anormalidade média); 4 (anormalidade moderada); 5 (anormalidade grave). Pacientes com 3 ou mais unidades apresentam maior risco de queda. Posteriormente esse teste passou a ser mensurado pelo tempo necessário que o indivíduo levava para completar todas as tarefas sugeridas, passandoa se chamar timed get up and go test. Pacientes adultos independentes sem alterações no equilíbrio completam o teste em 10 segundos ou menos; Paciente independente na transferência do núcleo realizada em 20 segundos ou menos; Pacientes que realizam o teste em 30 segundos ou mais são dependentes em muitas AVD’s e na habilidade da mobilidade. BERG TEST O berg test avalia o equilíbrio do indivíduo em 14 situações: assentado sem suporte, transferências, passando de assentado para de pé, de pé sem suporte em tempo progressivo até 2 minutos, de pé sem suporte com os pés juntos, pegar um objeto ao chão, girar 360°, um pé à frente, passar de pé para assentado, ficar de pé com os olhos fechados, estender-se para frente, rodar o tronco e olhar para trás, colocar o pé no tambor, ficar de pé com apoio unipodálico com tempo progressivo até 10 segundos. Cada tarefa é subdividida e pontuada de 0 a 4 pontos dependendo do grau de dificuldade. 13 PERFORMANCE-ORIENTED MOBILITY ASSESSMENT – POMA Criado em 1986 por Tinetti, como parte de um procedimento para detectar fatores de risco de quedas em idosos tendo como parâmetro o número de incapacidades crônicas. O protocolo é dividido em duas partes, uma parte que avalia o equilíbrio e outra que avalia a marcha. Os testes funcionais de equilíbrio reproduzem os padrões de mudanças de posição corporal do sistema vestibular durante a realização das AVD, enquanto a avaliação funcional da marcha reflete a segurança e a eficiência do seu deslocamento no ambiente. Os exercícios de equilíbrio incluem 13 posições em situações de instabilidade do centro de gravidade. As manobras de marcha incluem 9 itens realizados por meio de atividades sequenciais em um pequeno percurso de marcha, com critérios simples de pontuação com três níveis de respostas qualitativas para as manobras de equilíbrio e dois níveis para as manobras de marcha. A pontuação total pode ser interpretada qualitativamente como normal, adaptativa e anormal para tarefas de equilíbrio e normal e anormal para tarefas de caminhada de marcha. 6 DIAGNÓSTICO GERIÁTRICO-GERONTOLÓGICO O diagnóstico geriátrico multidimensional considera a definição de todas as exigências socias e fisiológicas de cada indivíduo, o que nada mais é do que o diagnóstico das condições de saúde, agudas e/ou crônicas. Este diagnóstico clínico funcional deve ser capaz de reconhecer deficiências, tanto na independência quanto na autonomia nas atividades da vida diária (função geral) e na presença de deficiências dos sistemas funcionais. Função primária, expressa pela percepção, humor, capacidade motora e comunicação. Devem ser observadas as síndromes geriátricas que apresentam comprometimento cognitivo, instabilidade postural, imobilidade, incontinência esfincteriana e incapacidade de comunicação. Além disso, deve conter um diagnóstico de deficiências ou disfunções dos principais sistemas fisiológicos, como alterações na nutrição, sono, saúde bucal e órgãos / sistemas (doenças). Outros aspectos relevantes do diagnóstico são o lazer, o suporte familiar, suporte social e a segurança ambiental, como pode ser visto no quadro abaixo. (MORAES, 2018). 14 De acordo com MORAES, (2018) a definição da classificação clínica funcional do idoso é fundamental para a definição dos objetivos e prioridades do tratamento. Recomenda-se o uso da Escala Analógica de fragilidade, ue facilita a estratificação 15 de risco e o prognóstico do paciente. A mesma doença terá diferentes abordagens de tratamento, de acordo com essa escala. Assim, um idoso diabético classicado no estrato 3 (robusto) teria um objetivo de tratamento completamente diferente daquele idoso, da mesma idade, classicado no estrato 10 (dependência completa em AVD básicas). 7 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO QUE INTERFEREM NA CAPACIDADE FUNCIONAL E MOTORA 7.1 Tecido Muscular Após os 60 anos, a taxa de perda de fibras musculares acelera, levando à atrofia e perda de força muscular. Perda da elasticidade do tecido, devido à diminuição das fibras musculares do tipo II, de condução rápida, aumento do tecido adiposo e presença de ligações aleatórias de colágeno, alterando assim as unidades motoras funcionais. O diâmetro transverso do quadríceps sofre uma redução de 25% a 35% dos 30 aos 70 anos (Vandervoort, 1998 apud. MOREIRA, 2017). A força muscular é essencial para a saúde e função fisiológica adequadas, pois está intimamente relacionada ao equilíbrio, função muscular, movimento e desempenho das tarefas diárias básicas. (Subir e descer escadas, sentar e levantar, entre outros) um fator predisponente a quedas. Além da força muscular, a potência muscular desempenha um papel importante em situações de queda iminente, pois normalmente restaurar o equilíbrio depende da ação rápida da musculatura dos membros inferiores que é a mais acometida durante o processo do envelhecimento, favorecendo a ocorrência de quedas (BRANDON et al., 2000, apud. MOREIRA, 2017). 16 Fonte:physioclem.com Junto com às alterações musculares e cardiorrespiratórias, ocorre também alteração dos receptores proprioceptivos, principalmente nas informações proprioceptivas inconscientes dos movimentos articulares, as quais influenciam a capacidade de controle da precisão, da agilidade e do automatismo dos movimentos corporais (LEWIS, 1994. apud. MOREIRA, 2017). Com o avanço da idade, os componentes articulares e periarticulares tornam- se menos flexíveis, favorecendo a ocorrência de quedas no idoso, sobretudo em função de perda de mobilidade de quadril, joelhos, tornozelos e coluna vertebral. Assim, gerando alterações no padrão de marcha e dificuldades no desempenho de tarefas cotidianas, como utilizar transportes públicos, transpor desníveis no solo (calçadas, escadas, entre outros) ou até mesmo caminhar. A flexibilidade por provocar uma diminuição acarreta para articulação a sua calcificação, diminuição da viscosidade e da vascularização das cartilagens. Estas alterações gerando desestabilização biomecânica da marcha e desajustes da mobilidade articular pela incongruência de seus compartimentos (GOMES, 2004 apud. MOREIRA, 2017). 7.2 Sistema Cardiorrespiratório Além das alterações musculares com o envelhecimento, a capacidade aeróbia tende a diminuir em 1% ao ano, contribuindo também para o declínio funcional que pode ser agravado pela redução da atividade física e estilo de vida sedentário, proporcionando maior debilidade e fadiga da musculatura do idoso. Esse 17 sedentarismo torna-se um ciclo vicioso, que, também, contribui para um declínios na função cardiorrespiratória, que tem como consequência o declínio funcional e da mobilidade. (MOREIRA, 2017). Fonte:www.efdeportes.com 7.3 Propriocepção Fonte:otoneurologia.org.br http://www.efdeportes.com/ 18 Com o avanço da idade, também há uma alteração dos receptores proprioceptivos, principalmente nas informações proprioceptivas inconscientes dos movimentos articulares, as quais influenciam a capacidade de controle da precisão, da agilidade e automaticidade dos movimentos corporais. A propriocepção pode ser definida como o interesse no sistema nervoso central por diferentes tipos de receptores sensoriais presentes na estrutura corporal. É a entrada sensorial dos músculos, tendões e eixos articulares para difundir a posição e o movimento articular, inclusive a direção, amplitude e a velocidade de movimento, bem como a tensão relativa sobre os tendões. Essas mudanças levam à diminuição do comprimento e da altura dos passos, diminuição da flexão do joelho e do tronco, perda da sincronização das extremidades superiores e aumento da base de apoio. Tudo isso está relacionado a mecanismos de compensação da marcha, mas pode resultar em quedas. (ANTES et al., 2008 apud SILVA et al., 2012). Alémde todas essas alterações fisiológicas no organismo do idoso existe um fator de risco que diminui ainda mais a independência funcional dos idosos, que é o sedentarismo que este é definido com a falta ou grande diminuição da prática de atividades físicas. De acordo com SILVA (2013), pesquisas apontam que a falta de atividade física contribui ainda mais para a tendência à queda, por acelerar o processo de envelhecimento, pois algumas alterações fisiológicas e psicológicas em idosos podem ser em parte atribuídas ao estilo de vida sedentário. 19 7.4 Degeneração das estruturas articulares Fonte:www.samarilar.com.br Componentes articulares e periarticulares tornam-se menos flexíveis, pois ocorre calcificação, diminuição da vilosidade e da vascularização das cartilagens. Essas alterações podem gerar desestabilização biomecânica da marcha e distorção da mobilidade articular devido a não semelhança de seus compartimentos (YAMBA, 2017). Com o envelhecimento, nas articulações ocorre diminuição do líquido sinovial e da espessura da cartilagem, assim como os ligamentos podem ficar mais curtos e menos flexíveis. Com a degeneração progressiva da cartilagem articular e outras alterações, é observado o início da osteoartrite e uma diminuição na amplitude de movimento das articulações afetadas. 7.5 Perda da massa óssea A massa óssea é variável, aumentando na infância, adolescência e idade adulta, atingindo um pico entre os 13/35 anos de idade, sendo mais densa no sexo masculino do que no feminino. Com a idade, a perda de massa óssea ocorre mais cedo nas mulheres que, a partir dos 35 anos de idade apresenta um índice de http://www.samarilar.com.br/ 20 aproximadamente 1% ao ano, enquanto os homens começam a perder essa massa por volta dos 55 anos, perdendo dos 10 a 15% aos 72 anos. A redução da massa óssea está ligada à redução nas concentrações de hormônios (estrogêneo, hormônios de paratireóide, calcitonina, costiesteróides e progesterona); fatores nutricionais (deficiência de vitamina D, e de cálcio); imobilidade devido ao estilo de vida sedentário (doenças, fraturas, problemas articulatórios) e status da massa óssea na maturidade (biótipo baixo, magro e caucasiano) a perda de massa óssea não está apenas associada ao envelhecimento, mas também à genética, ao estado nutricional e ao nível de atividade física do indivíduo. (PEREIRA, 2006) Fonte:pt.slideshare.net Silva (2019) define a sarcopenia como síndrome de fragilidade, com alta prevalência em idosos, que aumenta significativamente o risco de quedas, fraturas e maior dependência para realização de suas tarefas. Os parâmetros para diagnóstico da sarcopenia são o músculo e sua função muscular. Isso porque, a força muscular não depende única e exclusivamente da massa muscular para se ter um bom diagnóstico e nem sempre a relação entre força e massa é linear. Contudo, se faz necessário mensurar as variáveis de massa muscular, força muscular e performance física (CARLI, 2017). 21 7.6 Sistema nervoso central e periférico A função cerebral varia normalmente com a passagem dos indivíduos da infância à fase adulta, e depois à velhice. Durante a infância, a capacidade de pensar e raciocinar aumenta constantemente, permitindo que a criança aprenda coisas cada vez mais complexas. Durante a maior parte da idade adulta, a função cerebral é relativamente estável. Depois de uma certa idade, que varia de acordo com cada pessoa a função do cérebro vai diminuindo gradualmente. Algumas regiões do cérebro diminuem de tamanho em até 1% ao ano em algumas pessoas, mas não há perda de função. Por exemplo, mudanças relacionadas à idade na estrutura do cérebro nem sempre levam à perda da função cerebral. No entanto, o declínio da função cerebral causado pelo envelhecimento pode ser o resultado de muitos fatores, que incluem alterações em substâncias químicas do cérebro (neurotransmissores), alterações nas próprias células nervosas, substâncias tóxicas que se acumulam no cérebro ao longo do tempo e alterações herdadas. (MAIESE, 2021) Aspectos distintos do funcionamento do cérebro podem ser afetados em ocasiões diferentes • A memória a curto prazo e a capacidade de aprender coisas novas são afetadas de forma relativamente precoce. • As habilidades verbais, incluindo vocabulário e uso das palavras, podem começar a decair mais tarde. • O desempenho intelectual (capacidade de processar informações, independentemente da velocidade) é geralmente mantido na ausência de problemas neurológicos ou vasculares subjacentes. 7.7 Visão Na idade adulta, a lente se torna menos flexível, menos capaz de aumentar em espessura e, portanto, menos capaz de focar em objetos próximos, criando o que é 22 conhecido como presbiopia. De acordo com Garrity (2019) na idade avançada, ocorre algumas alterações nos olhos incluem o seguinte: Amarelamento ou escurecimento causado por muitos anos de exposição à luz ultravioleta, vento e poeira; Manchas aleatórias de pigmento (mais frequentes em pessoas de pele escura); Afinamento da conjuntiva; um tom azulado causado pelo aumento de transparência da esclera; 8 MARCHA NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO Estudo já realizados anteriormente, mostram que o processo de envelhecimento está associado também a mudanças nos padrões de marcha e equilíbrio. A análise dessas funções motoras pode auxiliar na identificação de situações de risco potencial para quedas, evento que representa um grave problema de saúde pública, dependendo da frequência e das consequências físicas, psicológicas e sociais que pode acarretar. Andar é deslocar um pé do solo para colocá-lo adiante. A marcha é um ato motor complexo que exige a coordenação do tronco, dos membros, músculos e articulações. A ação é executada pelos membros inferiores e pela pelve, agindo de forma coordenada. Para se locomover, é necessário propulsionar o corpo para frente ou para trás; manter o equilíbrio em condição estática e dinâmica; e coordenação entre postura, equilíbrio e locomoção com adaptação. A primeira ação é o desvio lateral da pelve. Antes de tirar o pé do solo é necessário deslocar a pelve para levar a projeção do centro de gravidade no solo acima do centro do calcanhar de apoio. (BIANCHI, 2015) 23 Segundo BIANCHI, (2015) para descrever a marcha, é utilizado um ciclo da marcha, que começa quando o calcanhar do membro de referência entra em contato com o solo e termina quando esse calcanhar volta a tocar o solo novamente. O ciclo de caminhada, é dividido em duas fases, uma fase de apoio, que constitui 60% do ciclo, e corresponde ao equilíbrio sobre um único pé, com o peso do corpo na vertical do pé de apoio. Durante essa fase, os esforços musculares, de suporte e de equilíbrio são concentrados. A segunda fase é de oscilação ou equilíbrio, correspondendo a 40% do ciclo, com atividade mecânica mínima, referindo-se à atividade de procurar o solo a sua frente para avançar. A idade do indivíduo é muito importante quando se visualiza a marcha normal. Durante a infância o amadurecimento é lento e somente aos sete anos os componentes da marcha estarão totalmente desenvolvidos. Por outro lado, os adultos apresentam normalização de todos os parâmetros. Já o idoso apresenta uma baixa tolerância para situações imprevistas pois com as mudanças de idade, como diminuição no comprimento do passo e das rotações da pelve. (BIANCHI, 2015). 9 ALTERAÇÕES DA MARCHA NA TERCEIRA IDADE Fonte: portaldoenvelhecimento.com.br 24 Muitas alterações no padrão de marcha ocorrem com o envelhecimento e essas alterações são multifatoriais e por isso não são totalmente esclarecidas na literatura. As mudanças na marcha dos idosos ocorrem em fatores fisiológicos e emocionais, e podem ser percebidas por mudanças no movimento, pois interferemna execução de tarefas específicas. Além disso, essas mudanças também induzem modificações qualitativas nos componentes básicos do sistema psicomotor que regem as diferentes fases da marcha. (BIANCHI, 2015). O envelhecimento fisiológico leva a mudanças na postura e no equilíbrio, mobilidade articular, prejudicando a velocidade da marcha e largura dos passos, aumentando a base de apoio e diminuindo o tempo de permanência na fase de balanço. Com o envelhecimento, ocorre a sarcopenia e perda de força muscular. A redução da força muscular que ocorre no idoso pode acarretar a diminuição da velocidade da marcha, porém ela pode estar associada também a uma compensação para assegurar a permanência. Essas perdas geram maior inatividade, que leva a um ciclo vicioso, diminuindo ainda mais a capacidade funcional do idoso. (BIANCHI, 2015), reduzindo a integração sensorial impulsos, prejudicando a rotação pélvica e a avaliação da marcha. A dificuldade de marcha é uma das funções que mais restringem as atividades diárias do idoso, por isso a avaliação da marcha é muito importante. A avaliação permite identificar alterações ou instabilidades e seus possíveis diagnósticos; orientar o idoso e sua família sobre o risco de quedas; definir métodos de treinamento ou reeducação. Na literatura encontram-se vários métodos de avaliação da marcha, tanto quantitativa quanto qualitativamente. Entretanto a avaliação mais básica e simples é analisar o tempo que uma pessoa leva para caminhar em uma determinada distância. (SANTOS et al., 2014). Para BIANCHI, (2015) o método mais comum para avaliação da marcha é a observação, que requer pouca ou nenhuma instrumentação, não demanda custos e é possível obter descrições gerais, qualidade da marcha e desvios comuns. Porém, esse método é subjetivo, dependente da observação individual de cada avaliador, por isso tem confiabilidade moderada. Para uma análise quantitativa da marcha, podem ser utilizados dados cinéticos e eletromiográficos, que fornecem parâmetros que podem ser utilizados no planejamento de tratamentos e avaliação da evolução do indivíduo. Esses dados são objetivos e confiáveis, porém seus custos são mais elevados. 25 A avaliação da marcha do idoso envolve uma visão sindrômica e multidisciplinar que permite a identificação e acesso às alterações fisiológicas e patológicas do idoso. Por outro lado, serve como parâmetro na evolução clínica do paciente, bem como na predição de risco e prevenção de quedas. 9.1 Treinamento da marcha O objetivo dos métodos de treino de marcha é melhorar a capacidade funcional, independência e segurança do indivíduo. Um declínio nas habilidades funcionais devido ao envelhecimento que são fundamentais para um bom desenvolvimento da marcha, como força, equilíbrio, coordenação motora, flexibilidade e potência podem ser melhoradas com o exercício físico. Entretanto não há exercício físico mais eficaz para uma melhora significativa da marcha do que o a prática da própria marcha. A prática regular de atividades físicas proporciona ao idoso maior segurança nas atividades de vida diária, reduz o risco de quedas, melhora o equilíbrio e maior velocidade da marca. 26 Fonte: br.pinterest.com 9.2 Orientação corporal Orientação corporal é a habilidade de manter o alinhamento dos segmentos corporais entre si e em relação ao ambiente. A definição da imagem corporal pode ser definida como a imagem do nosso próprio corpo representado na mente, ou seja, a forma como vemos o nosso corpo. Posteriormente esta definição foi sofrendo alterações, sendo introduzidos ainda outros elementos conscientes ou inconscientes e muitas variedades de sensações corporais, que provêm das várias partes da superfície corporal, tais como, sensações tácteis, térmicas, dolorosas, musculares e articulares, fazendo parte de uma unidade corporal, ou seja, o esquema corporal. O esquema corporal representa assim uma imagem tridimensional que cada indivíduo tem de si mesmo, mencionando que se trata mais de uma "unidade percebida" do que uma "percepção". As primeiras reflexões da imagem corporal surgem entre os neurologistas e são provenientes do seu confronto diário com os seus pacientes, que apresentavam lesões neurológicas e comportamentos estranhos relativamente à sua imagem corporal. As vastas alterações apresentadas constavam de distorções, negligências de várias áreas corporais, dificuldades de distinção de esquerdo e direito e na nomeação das diferentes estruturas. A imagem corporal está fortemente associada ao aspecto físico do indivíduo, transportando informações básicas a seu respeito, tais como: o sexo, o grupo etário, o estatuto sócio económico, ou a profissão, determinando a formação de estereótipos corporais. 27 10 AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL Fonte:www.efdeportes.com Os procedimentos para a avaliação da imagem corporal têm proliferado nos últimos anos. A grande maioria das técnicas de avaliação focam alguns aspectos da aparência física da imagem corporal. Existem duas categorias básicas de instrumentos de avaliação da percepção da imagem corporal, a percepção das partes corporais (distâncias entre dois pontos) e a percepção do corpo inteiro (fotografias, silhuetas e desenhos do corpo). Para avaliação das medidas perceptivas do corpo inteiro, geralmente são efetuadas representações de imagens do corpo, por retroprojetores, por vídeos (as imagens do tamanho real do corpo são apresentadas e depois são modificadas progressivamente, aumentando ou diminuindo as mesmas, pedindo ao sujeito que identifique a imagem que se assemelha mais à sua) e por fotografias (silhuetas, desenhos). http://www.efdeportes.com/ 28 Fonte:slideplayer.com.br Para avaliação da percepção das partes corporais surgem outro tipo de instrumentos. Um dos primeiros instrumentos desenvolvidos para avaliação da percepção das partes corporais foi desenvolvido por Slade e Russel em 1973 citado por GOMES, (2010). Os autores denominaram esse instrumento de compasso móvel - Movable Caliper Technique (MCT), que consiste numa barra horizontal com dois pontos luminosos montados num carreto. É pedido ao sujeito que aproxime ou afaste os pontos luminosos, para identificar o tamanho da parte corporal solicitada. Este método de avaliação foi aplicado essencialmente em mulheres, contrastando as anoréxicas com as que nunca tinham sofrido tal doença. A partir desta técnica surgiram uma série de outros instrumentos de avaliação do tamanho corporal, sendo um dos mais usados o Image Marking Procedure (IMP) desenvolvido por Askevold (1975). Este instrumento implica que o sujeito em pé, marque numa folha de papel colocada numa parede, o tamanho da parte corporal solicitada. Este instrumento foi essencialmente utilizado na população feminina com alterações alimentares. Posteriormente surge o Body Image Detection Device (BIDD), desenvolvido por Ruff e Barrios (1986), e que consiste na projeção de uma luz numa parede, a partir da qual se pede ao indivíduo, que ajuste o tamanho da luz com o tamanho das partes corporais solicitadas. Este método foi utilizado em mulheres com alterações alimentares, nomeadamente bulimia. 29 O Body Size Estimation Method (BSEM), desenvolvido por Kreitler e Kreitler (1988), consiste em perguntar ao sujeito, com os olhos fechados, os tamanhos de várias partes corporais. Este, com a ajuda das suas mãos ou dedos delimitando um determinando espaço entre elas ou eles respectivamente. Em todos estes métodos é feita uma análise das diferenças entre o real e o percepcionado. As propriedades psicométricas destes instrumentos revelaram uma grande variedade de consistência interna e fiabilidade teste reteste. Um fator a considerar na seleção do instrumento de avaliação da percepção da imagem corporal, especialmente emmulheres, é o confronto com instrumentos do corpo inteiro, que algumas vezes se tornam intimidantes, por distorcerem a imagem corporal. Para contornar este problema utilizam-se instrumentos da avaliação das partes corporais. 10.1 Avaliação do equilíbrio em idosos Fonte:www.scielo.br http://www.scielo.br/ 30 O equilíbrio em idosos é fundamental pelo fato de ser um fator essencial na autonomia do indivíduo, independência nas atividades de vida diária, contribuindo para uma melhor qualidade de vida neste escalão etário. A escolha de um instrumento de avaliação do equilíbrio torna-se assim essencial, na medida em que deverá medir aquilo que se propõe medir, ser apropriado à população alvo, de fácil administração, menor custo e ter propriedades psicométricas. Várias escalas têm proliferado no sentido de avaliar o equilíbrio e mobilidade em idosos. No entanto só iremos referir algumas que nos pareceram mais usadas. Means et al. (1996), realizaram um estudo de validação, de modo a avaliar o equilíbrio e mobilidade em idosos. Os autores utilizaram um percurso de obstáculos, que consistia numa série de doze tarefas funcionais simuladas. Os resultados sugeriram que o percurso de obstáculos é uma ferramenta útil para a avaliação do equilíbrio em idosos, uma vez que foi encontrada uma relação entre equilíbrio e quedas em idosos. O índice de Barthel (Mobility Scale of the Barthel Index) avalia os níveis de independência nas atividades básicas de vida diária, a continência da bexiga e a mobilidade. Esta é uma escala muito global e utilizada por um grupo profissional especifico. A escala de Berg (s.d., cit. Berg et al. 1992) (Berg Balance Scale) avalia o equilíbrio, medindo a capacidade de o indivíduo manter a posição, os ajustes posturais ao movimento voluntário e a reação a perturbações externas. É constituída por 14 itens, avaliados segundo uma escala ordinal de 5 pontos (0= incapaz de executar e 4 = independente) e baseia-se, por um lado, na capacidade de completar a tarefa e por outro, no tempo gasto para a sua execução. Os pontos dos 14 itens são somados variando de 0 a 56 pontos, em que o valor mais alto corresponde a uma melhor performance. O Functional Reach Test é uma medida dinâmica de estabilidade, durante a execução de um movimento voluntário. É de fácil execução e consiste na medição da distância máxima que o indivíduo consegue chegar à frente sem mover os seus pés 31 do chão. Existem, contudo, opiniões divergentes na capacidade deste instrumento avaliar realmente o equilíbrio (Van Swearingen e Brach, 2001). O teste Timed "Up and Go" (TU e GT) é uma modificação da versão do teste Timed "Get-Up and Go", avaliando o tempo que o indivíduo demora a levantar-se de uma cadeira, percorrer uma distância de 3 metros, virar-se, voltar e sentar-se. Avalia ainda a mobilidade funcional em idosos na comunidade. A escala de Tinetti {Balance Test of Performance Oriented Assessement of Mobility Problems) é um teste de equilíbrio e marcha orientada, utilizando manobras normais de atividades de vida diária. Esta escala foi desenvolvida para avaliar e identificar o risco de queda em indivíduos institucionalizados. 10.2 Capacidade funcional Fonte: ufmg.br/boletim/bol1600/3.shtml A OMS (Organização Mundial de Saúde, 1997), realça a importância da capacidade funcional e independência do idoso, como fatores preponderantes para seu diagnóstico de saúde física e mental. O desempenho desejado de uma tarefa envolve o envolvimento total das funções cognitivas, motoras e psicológicas. Portando é importante a manutenção da independência e autonomia do idoso. A independência funcional pode ser definida como a capacidade de realizar suas próprias atividades. Autonomia é a capacidade de decidir e direcionar seu 32 comportamento, independência moral e a capacidade de satisfazer sua liberdade necessidade. 11 FATORES ASSOCIADOS AO BAIXO PESO EM IDOSOS As alterações fisiológicas e metabólicas que ocorrem no organismo com o envelhecimento, afetando a saúde e o estado nutricional dos idosos, que se reflete na relação entre peso e altura, e na composição corporal. Tais alterações tornam os idosos mais suscetíveis à desnutrição e deficiências nutricionais. A desnutrição está associada à síndrome de emagrecimento, fraqueza, redução da resistência e fadiga, levando ao aumento da mortalidade, aumento da suscetibilidade a infecções e redução da qualidade de vida em idosos. (ASSUMPÇÃO, 2016). Entre os fatores que favorecem o desenvolvimento do baixo peso nos idosos destacam-se o isolamento social, o menor consumo de alimentos em face de limitações físicas, doenças crônicas, uso de medicamentos que causam inapetência, deterioração cognitiva, depressão, dificuldades de mastigação, alterações do paladar, além dos fatores socioeconômicos e psicológicos que incluem o viver sozinho, a viuvez e a perda da identidade e do papel social. (ASSUMPÇÃO, 2016). A literatura tem chamado a atenção para a ocorrência de perda de massa magra associada à diminuição da força muscular, fenômeno caracterizado como sarcopenia, condição importante para a definição da síndrome da fragilidade, considerada um desafio para as políticas públicas, por acarretar aumento do risco de ocorrência de quedas, fraturas, incapacidades, dependência, hospitalização e mortalidade. A síndrome da fragilidade é descrita como um estado clínico de vulnerabilidade aumentada, que se manifesta pela diminuição da resposta compensatória e pela capacidade de manter a homeostase diante de estressores. (FERREIRA, 2011. apud. ASSUMPÇÃO, 2016) 12 PLANO DE CUIDADOS COM IDOSOS Um Plano de Cuidado é uma estratégia usada para organizar o cuidado, em que os problemas de saúde do paciente são visivelmente identificados, e as 33 intervenções mais apropriadas para melhorar sua saúde, as justificativas para as mudanças e quais profissionais e equipamentos de saúde são indispensáveis para a realizar as intervenções. No idoso fragilizado, todas essas perguntas são complexas e multifatoriais e devem ser respondidas por uma equipe multidisciplinar, capaz de pensar de forma interdisciplinar. Devem levar todas as decisões clínicas em consideração as melhores evidências científicas disponíveis e aplicáveis a um determinado caso e, sobretudo, levar em consideração as preferências, necessidades, desejos e valores dos idosos e suas famílias, ou seja, a individualização do atendimento. Entretanto o plano de cuidados, inclui todas as informações necessárias para executar e planejar as ações necessárias para manter ou restaurar a saúde do idoso. (MORAES, 2018) Infelizmente, a literatura científica não apresenta evidências da eficácia das intervenções aplicadas a pessoas muito idosas (≥ 80 anos) ou com comorbidades e / ou deficiências múltiplas. O consenso disponível geralmente é direcionado a uma doença ou condição de saúde isolada. No entanto, eles devem ser usados como um “ponto de partida” para decisões clínicas, não um objetivo. Daí a importância de priorizar o cuidado, incluindo decidir quais intervenções devem ser aplicadas em curto, médio e longo prazo, com o parâmetro de melhorar a independência e autonomia do paciente e de sua família (MORAES, 2018). O objetivo da intervenção geriátrica é melhorar o funcionamento do indivíduo, não apenas sua sobrevida. Outro aspecto relevante é o desenvolvimento geral dos objetivos do tratamento, com forte envolvimento do paciente e de seus familiares nas decisões clínicas. O plano de cuidado deve incluir todas as intervenções que podem melhorar a saúde do indivíduo. Deve, portanto, funcionar em diferentes estágios da história natural da doença, desde os fatores predisponentes ou fatores de risco até nas complicações e incapacidades resultantes do tratamento inadequado da doença. As intervenções clínicas podem prevenir, curar,controlar, reabilitar ou confortar, dependendo do paciente individual. As intervenções propostas podem ser categorizadas em ações preventivas / incentivas, curativas / paliativas ou reeducativas. (MORAES, 2011. apud MORAES, 2018): • AÇÕES PROMOCIONAIS E/OU PREVENTIVAS: Envolve o estabelecimento de cuidados prognósticos capazes de modificar a história natural da doença e evitar 34 futuros declínios da saúde. A produção de saúde ou promoção da saúde pode ser definido como um conjunto de medidas destinadas a desenvolver a saúde ideal, reduzir a vulnerabilidade e os riscos para a saúde associados aos determinantes e às suas limitações, melhorar a qualidade de vida - condições de trabalho, habitação, estilo de vida, ambiente, entretenimento, educação, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. As intervenções preventivas usam quatro abordagens: aconselhamento ou mudanças no estilo de vida, triagem e intervenções químicas (usando medicamentos que comprovadamente reduzem o risco da doença e / ou outras intervenções) complicações da doença e vacinação. O clínico, ao final de cada consulta, deve prescrever as intervenções preventivas indicadas ou contra elas, quando o dano supera o benefício ou quando a relação custo-benefício das intervenções é inadequada, independente do motivo da consulta. (Russel et al., 2011). • AÇÕES CURATIVAS E/OU PALIATIVAS: incluem ações que visam problemas específicos identificados durante a consulta médica. A ênfase deve estar no diagnóstico correto dos problemas crônicos de saúde e na prescrição correta das intervenções farmacológicas e não farmacológicas. Deve-se estar atento ao risco de iatrogenia medicamentosa, que é considerada a maior síndrome geriátrica, principalmente em idosos e frágeis que fazem uso de múltiplos medicamentos. Por sua vez, as ações paliativas são reservadas para situações que dificilmente curarão ou modificarão a história natural da doença. Nestes casos, os cuidados paliativos têm como objetivo melhorar a qualidade de vida do paciente e de sua família frente a doenças que ameaçam continuamente a vida. O foco da intervenção não deve ser somente o alívio impecável da dor, mas do conjunto de todos os sintomas de natureza física, emocional, espiritual e social. 35 Fonte: suportebasicodevidaefab3/accao-paliativa • AÇÕES REABILITADORAS: é um conjunto de procedimentos aplicáveis às pessoas com algum tipo incapacidade (limitação de atividades e deficiências), com o objetivo de manter ou restaurar as funções do corpo, atividades e participação, elevando ao máximo sua independência e autonomia. As ações de reabilitação requerem o envolvimento integrado de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, serviço social, nutricionistas, entre outras atividades, caso a caso e assumindo o estabelecimento de metas e a organização das atividades é realizada em um cronograma viável para as necessidades do paciente e a realidade do serviço. A qualidade do trabalho, o alcance dos resultados e o tempo de execução refletem o nível de comunicação entre seus integrantes. Esta comunicação aborda não só aspectos relacionados ao paciente e seu desenvolvimento, mas também os avanços tecnológicos em cada área, novos métodos, abordagens e estratégias de tratamento. O principal objetivo das intervenções propostas é a manutenção da independência e autonomia dos idosos, caso os idosos sejam classificados como robustos (estrato 1 a 3). Nestes idosos, as intervenções promocionais, preventivas e curativas são as mais importantes. O objetivo maior para com esse grupo é manter sua independência e autonomia. (MORAES, 2018) Para os idosos em risco de fragilização deve-se ter extremo cuidado para identificar as condições que predizem resultados indesejáveis e intervir rapidamente, 36 para que os idosos não apresentem comprometimento funcional e não sejam afetados. Devem ser criteriosamente avaliados e, quando necessário, encaminhados para avaliação em departamentos específicos, de acordo com os diagnósticos funcionais e órgãos específicos. O objetivo principal do monitoramento desse grupo é tentar restaurar e manter a funcionalidade. Para os idosos fragilizados, devem ser acionadas todas as medidas necessárias para a recuperação de sua autonomia e independência. As medidas identificadas no plano de cuidados devem ter precedência, principalmente quando se trata de medidas que indiquem a reversão da doença. No entanto, deve-se ter cuidado para não iniciar o processo diagnóstico sem uma boa hipótese diagnóstica e recomendação de tratamento sólida, evitando assim esgotar a equipe médica, o tempo e o sofrimento dos pacientes, e de seus familiares e, principalmente, perda de oportunidade de se tomar medidas simples e em tempo adequado. As intervenções mais eficazes para o ganho funcional são por ordem de prioridade: 1. Redução da iatrogenia e suspensão de “drogas fúteis”; 2. Definir metas de tratamento personalizadas e prioridades de atendimento; 3. Intervenções terapêuticas em problemas de saúde não diagnosticados e / ou tratados; 4. 4. Reabilitação; 5. 5. Prevenção secundária; 6. 6. Prevenção primária. Nos idosos frágeis em fase final de vida, onde não há possibilidade de cura ou modificação da história natural da doença, intervenções voltadas para medidas paliativas têm o potencial de aliviar o sofrimento do paciente, reduzir a ansiedade dos familiares e evitar intervenções e internações desnecessárias, além de fornecer suporte e assistência aos familiares e cuidadores. O foco principal não é apenas o alívio da dor, mas todos os possíveis sintomas físicos, emocionais, mentais e sociais. 37 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSUMPÇÃO et al. Fatores associados ao baixo peso em idosos, 2016. ARAUJO, L.F., LOBO FILHO, J.G., Análise psicossocial da violência contra idosos. Psicologia Reflexão Crítica, 2009. ANTES, D. L.; KATZER, J. I.; CORAZZA, S. T. Coordenação motora fina e propriocepção de idosas praticantes de hidroginástica. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, 2008. ALEXANDRE, et al. 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