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História do Teatro


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Indaial – 2021
TeaTro
Prof.ª Aline de Oliveira Ferraz
1a Edição
HisTória do
Impresso por:
Elaboração:
Prof.ª Aline Ferraz
Copyright © UNIASSELVI 2021
Revisão, Diagramação e Produção:
 Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
F381h
Ferraz, Aline de Oliveira
 História do teatro. / Aline de Oliveira Ferraz – Indaial: UNIASSELVI, 
2021
 189 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-977-2
 ISBN Digital 978-65-5663-974-1
 1. Teatro. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 792
Antes de dar início às observações dos principais movimentos históricos que 
serão propostos neste curso de História do Teatro, solicitamos a sua atenção para 
algumas considerações iniciais, a fim de que possam otimizar os estudos e usufruir do 
legado cultural que o teatro representa para a história. Caro acadêmico, saudações!
A linguagem teatral constitui uma área do conhecimento bastante ampla, o que 
nos permite eleger diferentes aspectos norteadores para o estudo da cena. Assim, por 
exemplo, podemos subdividir a história do teatro em história da pedagogia teatral, que 
diz respeito aos movimentos que marcaram os processos de ensino-aprendizagem do 
teatro; história da encenação, história da interpretação teatral, história da dramaturgia 
textual – e assim por diante.
Nesse curso, priorizaremos uma abordagem híbrida dos diversos elementos 
constitutivos da cena. Assim, por exemplo, na Unidade 1, estudaremos diversas 
manifestações ocorridas em espaços e tempos distintos, que deram origem ao 
que hoje designamos como teatro. Em seguida, na Unidade 2, veremos a função, as 
características e os principais autores da teatralidade do período histórico entre a 
Idade Média e o século XIX. Por fim, na Unidade 3, observaremos como os movimentos 
anteriores possibilitaram a estruturação dos principais movimentos do século XX, bem 
como das produções teatrais dos nossos dias. 
Ao conceber uma linha historiográfica, temos em mente que a narrativa é 
sempre uma edição diante da impossibilidade de abarcar todos os fatos que constituem 
a história teatral. De tal sorte, que ao eleger os principais movimentos representativos 
do teatro temos, por objetivo, construir uma sequência de conhecimentos que facilite a 
compreensão das cenas produzidas nos dias de hoje. 
 Esperamos ainda que o relato desses acontecimentos possa despertar o seu 
interesse pelas diversas transformações da cena, que, por sua vez, são representações 
da evolução das próprias sociedades em que eles ocorreram.
Se é possível dizer que são muitos os teatros, pois as artes cênicas abarcam em 
si a diversidade de experiências existentes nos contextos históricos e sociais em que se 
inserem, é possível também afirmar que existem muitas formas de se compreender um 
acontecimento teatral, visto que um movimento teatral tem o potencial de nos revelar 
as inquietações das épocas e dos espaços que amparam seu surgimento.
A tradução dos questionamentos humanos nos conteúdos e formas que compõe 
a linguagem teatral nos possibilita conhecer importantes aspectos da vida social, nos 
diversos tempos e espaços do mundo. Olhar para a sociedade de cada época, pode nos 
ajudar a compreender a cena teatral de forma mais ampla.
APRESENTAÇÃO
Por teatro, entendemos não apenas os prédios. E por acontecimento teatral, 
compreendemos não apenas os eventos cênicos, mas, também a diversidade de 
materialidades artísticas produzidas por atores, encenadores, produtores de teatro e 
não apenas esses, mas também os dramaturgos, os cenógrafos, os iluminadores, os 
bilheteiros, e aqueles que são o sentido de tudo isso: os espectadores. 
“A Filosofia do Teatro afirma que o teatro é um acontecimento (no sentido que 
Deleuze atribui à ideia de acontecimentos: algo que acontece, algo onde se coloca à 
construção de sentido, por extensão, existência e habilidade) que produz entes no seu 
acontecer, ligado à cultura vivente, à presença aurática dos corpos” (DUBATTI, 2011, p. 16). 
Nesses teatros, que desde a Grécia Antiga são lugares de onde se vê, ocorrem 
as encenações que, para além das apresentações públicas, carregam em suas 
estruturas muitas horas de trabalho dedicadas aos processos de criação, que podem ser 
compreendidos como espaços de “ensaios”, nos quais os artistas diversos, envolvidos 
em um mesmo projeto, colocam-se em situação de “ensaio” – a fim de obter as melhores 
soluções expressivas das formas e dos conteúdos que constituíram um discurso cênico. 
Assim como não existe um aspecto do teatro mais importante que outro, não deveria 
existir valorização das funções que cada um ocupa na produção teatral. 
A matéria-prima dos teatros são as experiências dos que produzem e dos que 
ressignificam os sentidos do que é apresentado. Ao elaborarem sentidos cênicos, artistas e 
espectadores promovem práticas dialógicas a partir do que os constituem, num processo 
de retroalimentação de experiências. De tal forma, é possível aferir que os teatros são tão 
ricos quanto a multiplicidade de interações realizadas a partir do que a cena suscita em 
cada sociedade. Que os saberes teatrais aqui sintetizados nos possibilite apreender mais 
sobre a história dos homens, das mulheres e da cultura do convívio social. Pronto para 
“embarcar” conosco em uma diversidade de espaços e tempos históricos?
Prof.ª Aline Ferraz
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a 
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo 
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse 
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade 
para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Você lembra dos UNIs?
Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas 
vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico 
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará 
você a entender melhor o que são essas informações 
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura 
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará 
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que 
complementam o assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os 
acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir 
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual 
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a 
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que 
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados 
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo 
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada 
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo 
o espaço da página – o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por 
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto 
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este 
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a 
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, 
tablet ou computador. 
Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo 
layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual 
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de 
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os 
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, 
possa continuar os seus estudos com um material atualizado 
e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
dadisciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - A ORIGEM DO TEATRO E SUAS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES ..................... 1
TÓPICO 1 - A HISTÓRIA E O SURGIMENTO DO TEATRO .......................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 A ORIGEM DO TEATRO ........................................................................................................3
3 PRÉ HISTÓRIA TEATRAL ....................................................................................................4
4 A ORIGEM DO CONCEITO DE TEATRO ................................................................................6
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................... 7
AUTOATIVIDADE ....................................................................................................................8
TÓPICO 2 - O TEATRO NA GRÉCIA ANTIGA ..........................................................................9
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................9
2 MITOLOGIA GREGA ............................................................................................................11
3 A POÉTICA DE ARISTÓTELES ........................................................................................... 13
4 A TRAGÉDIA E OS TRÁGICOS GREGOS: ÈSQUILO, SÓFOCLES E EURÍPEDES .............. 15
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 29
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 30
TÓPICO 3 - O TEATRO ROMANO .......................................................................................... 31
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 31
2 A POLÍTICA DO PÃO E CIRCO ........................................................................................... 34
3 A LITERATURA DRAMÁTICA DE PLAUTO, TERÊNCIO E SÊNECA .................................. 35
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 40
TÓPICO 4 - PANORAMA DO TEATRO ORIENTAL ................................................................ 41
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 41
2 OS DIVERSOS TEATROS DO ORIENTE ............................................................................ 43
3 OS DRAMATURGOS ORIENTAIS ...................................................................................... 52
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 55
RESUMO DO TÓPICO 4 .........................................................................................................59
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 60
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 61
UNIDADE 2 — DO MEDIEVAL AO SÉCULO XIX ................................................................... 63
TÓPICO 1 — TEATRO NA IDADE MÉDIA............................................................................... 65
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 65
2 O TEATRO A SERVIÇO DA FÉ ........................................................................................... 65
2.1 OS MILAGRES .......................................................................................................................................70
2.2 OS MISTÉRIOS ....................................................................................................................................70
2.3 OS AUTOS .............................................................................................................................................71
2.4 AS MORALIDADES ...............................................................................................................................71
3 O TEATRO POPULAR .........................................................................................................72
RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................76
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 77
TÓPICO 2 - COMMEDIA DELL’ARTE .....................................................................................79
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................79
2 OS TIPOS DA COMMEDIA DELL' ARTE ..............................................................................81
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 86
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................87
TÓPICO 3 - TEATRO E A RENASCENÇA ............................................................................. 89
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 89
2 O TEATRO DOS HUMANISTAS ......................................................................................... 89
2.1 TEATRO ELISABETANO: SHAKESPEARE E SEUS CONTEMPORÂNEOS .................................. 91
2.1.1 George Buchanan ...................................................................................................................... 91
2.1.2 John Lyly ..................................................................................................................................... 91
2.1.3 Christopher Marlowe.................................................................................................................92
2.1.4 Thomas Kyd .................................................................................................................................93
2.1.5 William Shakespeare .................................................................................................................94
2.1.6 Beaumont e Fletcher ..............................................................................................................104
2.1.7 George Chapman ....................................................................................................................105
2.1.8 John Marston ...........................................................................................................................105
2.1.9 Thomas Dekker .........................................................................................................................1062.1.10 Thomas Heywood .................................................................................................................106
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................107
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................108
TÓPICO 4 - OUTRAS TEATRALIDADES EUROPEIAS.........................................................111
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................111
2 O SÉCULO DE OURO ESPANHOL .................................................................................... 112
3 A TRAGÉDIA CLÁSSICA FRANCESA .............................................................................. 114
4 O ROMANTISMO ALEMÃO ............................................................................................... 118
5 O REALISMO ....................................................................................................................120
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................123
RESUMO DO TÓPICO 4 .......................................................................................................126
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 127
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................128
UNIDADE 3 — A TEATRALIDADE NOS SÉCULOS XX E XXI ...............................................129
TÓPICO 1 — O NATURALISMO ............................................................................................ 131
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 131
2 O SURGIMENTO DO ENCENADOR ..................................................................................134
3 STANISLAVSKI E O TEATRO DE ARTE DE MOSCOU ......................................................136
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 141
TÓPICO 2 - BRECHT E O “TEATRO ÉPICO” .......................................................................143
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................143
2 ELEMENTOS DO DISTANCIAMENTO ..............................................................................145
3 PEÇAS DIDÁTICAS .........................................................................................................148
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................150
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 151
TÓPICO 3 - VANGUARDAS TEATRAIS ...............................................................................153
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................153
2 O TEATRO ENGAJADO DE MEYERHOLD E PISCATOR ..................................................153
3 ARTAUD E O "TEATRO DA CRUELDADE'’ ....................................................................... 157
4 A DRAMATURGIA DO ABSURDO DE SAMUEL BECKETT E EUGÈNE IONESCO ............160
4.1 SAMUEL BECKETT (1906-1989) ......................................................................................................161
4.2 EUGENE IONESCO (1906-1994) ......................................................................................................161
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................164
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................165
TÓPICO 4 - TEATRO CONTEMPORÂNEO: PRINCIPAIS NOMES E CARACTERÍSTICAS 
 DA CENA DOS NOSSOS DIAS ........................................................................ 167
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 167
2 O TEATRO EXPERIMENTAL GROTOWSKI .......................................................................168
3 PETER BROOK E A RESSIGNIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS CÊNICOS ...........................169
4 EUGÊNIO BARBA E ANTROPOLOGIA TEATRAL ..............................................................171
5 ARIANE MNOUCHKINE E A PRODUÇÃO COLABORATIVA ............................................. 172
6 O TEATRO COMO POSSIBILIDADE DE CONHECER O MUNDO ...................................... 173
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................... 175
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 176
TÓPICO 5 - TEATRO CONTEMPORÂNEO E PERFORMATIVIDADES ................................ 177
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 177
2 ARTE RELACIONAL ......................................................................................................... 177
3 PERFORMANCE ...............................................................................................................178
4 TEATRO PERFORMÁTICO ...............................................................................................180
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................182
RESUMO DO TÓPICO 5 .......................................................................................................186
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................187
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................188
1
UNIDADE 1 - 
A ORIGEM DO TEATRO 
E SUAS PRIMEIRAS 
MANIFESTAÇÕES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender que o teatro surge com a própria socialização humana;
• reconhecer o potencial pedagógico da teatralidade grega;
• estudar a diversidade de objetivos das manifestações teatrais na pré-história, na 
Grécia e em Roma;
• observar as especificidades do teatro do Ocidente e Oriente.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – A HISTÓRIA E O SURGIMENTO DO TEATRO
TÓPICO 2 – O TEATRO NA GRÉCIA ANTIGA
TÓPICO 3 – O TEATRO ROMANO
TÓPICO 4 – PANORAMA DO TEATRO ORIENTAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
A HISTÓRIA E O SURGIMENTO DO TEATRO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste tópico, abordaremos o teatro como manifestação da presença, 
em um determinado espaço, que prevê a interação entre pessoas, originada da própria 
necessidade de expressão do homem. 
Podemos imaginar que à medida que o homem pré-histórico transitou do 
nomadismo para as condições de vida em comunidades agrícolas, as necessidades 
comunicacionais se fizeram mais evidentes.
 
Em um contexto no qual o convívio com a natureza era mais intenso, os homens 
se valiam da materialidade natural (peles de animais,tintas naturais, cascas de árvores, 
fogueiras) para construírem representações que os permitissem expressar os temas e 
as questões que povoavam seus imaginários.
Por meio de rituais nos quais as comunidades se organizavam em circunferências 
e compartilhavam danças, sons, narrativas, manipulação de objetos e a representação 
do divino, o homem pré-histórico buscou formas de dizer para além das palavras. E, 
graças aos estudos arqueológicos, podemos, atualmente, compreender que onde há 
um grupo de pessoas reunidas há também espaços para coexistência da teatralidade. 
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
2 A ORIGEM DO TEATRO
 
É conhecida a legitimidade da seguinte afirmação: toda história tem uma pré-
história. Entretanto, o que seria a pré-história do teatro? Sabemos que a inexistência 
da escrita é o que caracteriza um período pré-histórico. Então, a pré-história do 
teatro diz respeito a todas as manifestações cênicas anteriores aos textos produzidos 
pelas antigas civilizações. “Onde quer que o teatro floresça, o homem volta a ser, não 
caindo em apologia, um animal superior ou uma criança imitando a criatura-mundo 
e desfrutando do prazer igualmente fundamental de brincar com a ajuda de todas as 
suas faculdades, desde o mais elementar movimento físico aos mais elaborados voos 
da fantasia" (GASSNER.1991, p. 4).
O estudo das artes ao longo dos diversos tempos e espaços distintos comprovam 
a necessidade da expressão humana, mesmo nas sociedades tidas como mais "primitivas" 
como ocorre nos casos das civilizações que antecedem a escrita, também conhecidas 
como pré-históricas. Houve uma necessidade de as comunidades buscarem, na 
simbologia, formas de falarem para além das palavras.
4
A história da comunicação (GONTIJO, 2001) nos informa que à medida que as 
comunidades deixaram de ser nômades, os recursos comunicacionais se fizeram mais 
necessários. Sabemos ainda que, muito antes da invenção das palavras, os homens 
já se valiam dos recursos cênicos, tais como: os gestos, os movimentos, os sons, para 
expressar necessidades e emoções. O que nos permite compreender que o teatro, como 
meio expressivo, surge muito antes da sua própria nomenclatura.
E o que é possível saber sobre as manifestações teatrais por meio dos estudos 
arqueológicos do período pré-histórico? Segundo Berthold (2001, p. 3) “[...] o teatro 
primitivo utilizava acessórios exteriores, exatamente como seu sucessor altamente 
desenvolvido o faz. Máscaras e figurinos, acessórios de contrarregragem, cenários e 
orquestra eram comuns, embora nas mais simples formas concebíveis". 
FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO DE RITUAL PRÉ HISTÓRICO
FONTE: <https://bit.ly/3ksjKg7>. Acesso em: 4 jun. 2021.
3 PRÉ HISTÓRIA TEATRAL
Podemos compreender que, diante da necessidade desses povos se 
expressarem e estabelecerem meios para tornar possível a comunicação, bem como 
produzir justificativas para os eventos naturais advindos de um universo desconhecido, 
originaram-se os mitos.
 
A explicação dos fatos desconhecidos, a origem das existências, as justificativas 
para os acontecimentos e fenômenos da natureza, bem como a projeção de desejos 
para o futuro, tornaram- se motivos para elaboração de narrativas construídas com os 
elementos cênicos – e ou o uso da oralidade, fundando uma série de mitos, lendas e 
histórias fantásticas atribuídas a diversos deuses que sobreviveram ao tempo. 
5
Por meio dos rituais, a comunidade dava vida às representações mitológicas 
rudimentares. Em circunferências, ou em outras estruturas espaciais favoráveis à 
participação de todos, organizavam-se ao redor de fogueiras, ou diante da luz solar, 
para produzir cerimônias, onde se compartilhavam tais narrativas, de forma oral e ou 
através de mimesis (imitação de gestos, de posturas e sons de animais), que pudessem 
explicar os temas e fenômenos da natureza de origem enigmática.
 É possível imaginar que a personificação de entidades, a produção de alegorias, 
a ornamentação dos corpos, a realização de movimentos, de sons permitiam a 
representação concreta dos elementos muitas vezes indisponíveis (tais como o divino, 
um animal feroz, o desconhecido, ou mesmo o próprio medo) possibilitando, assim, 
a criação de uma série de expressões dramáticas. Tudo indica que muitas dessas 
manifestações foram elaboradas com o intuito de controlar as intempéries e fenômenos 
naturais – ou, ainda, com o objetivo de "acalmar os deuses".
FIGURA 2 – ILUSTRAÇÃO EM PAREDE
FONTE: <https://img.comunidades.net/mos/mosqueteirasliterarias/prehistoria.jpg>. 
Acesso em: 4 jun. 2021.
A presença dessas manifestações simbólicas da realidade, provavelmente, 
produzia possibilidades de uma percepção mais ampliada tanto dos temas da vida cotidiana 
(caçadas, guerras, colheitas etc.), como dos acontecimentos de caráter mais ritualístico, 
ligados ao universo mágico. O formato coletivo e festivo desses eventos propiciava aos 
participantes uma relação igualitária, onde se podia atuar e observar simultaneamente. 
Nessas cerimônias, de forma muitas vezes instintivas, surgiam os contadores 
de histórias. Tais narrativas eram incrementadas pelo uso de máscaras, figurinos 
construídos a partir de pele de animais, madeira e argila. Imagens incrustadas em 
cavernas e vestígios de instrumentos musicais são indícios de que a música e as danças 
compunham a teatralização de diversos aspectos da vida dessas comunidades.
6
Devemos salientar que não existem registros escritos deste período. As 
informações que temos são frutos de pesquisas arqueológicas, nas quais a herança 
cultural dos povos primitivos se evidencia através das expressões artísticas primárias 
bastante simples. 
Para melhor compreender a cultura pré-histórica, recomendamos que você 
assista ao filme A Guerra do Fogo. Direção de Jean-Jacques Annaud, Anthony 
Burgess e Desmond Morris. Você conseguirá outras referências de filmes sobre 
a pré-história em: https://cinema10.com.br/tipos/filmes-sobre-pre-historia.
DICAS
4 A ORIGEM DO CONCEITO DE TEATRO
Como vimos, as manifestações teatrais primitivas tinham como característica uma 
expressão espontânea e improvisada, visto que no período não existia a escrita, o que nos 
impossibilita o acesso preciso aos registros das possíveis estruturas cênicas do período. 
Por meio do estudo da teatralidade durante o período pré-histórico, podemos 
conhecer mais sobre essas culturas, tais conhecimentos, nos demonstram que os 
rituais dramáticos foram produzidos paralelamente em culturas localizadas em espaços 
distintos do mundo, contribuindo para a produção das particularidades de diferentes 
formas de expressão dos povos pré-históricos. 
7
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Podemos saber mais sobre a história a partir da história do teatro.
• Que as manifestações teatrais são anteriores à própria nomeação teatral. 
• A vida do homem pré-histórico em comunidades agrícolas propiciou o 
desenvolvimento das expressividades cênicas.
• A partir de estudos arqueológicos, é possível perceber que os elementos dramáticos 
foram usados de formas variadas em lugares e épocas diferentes.
• Que a teatralidade na pré-história teve uma função importante na elaboração de 
narrativas que visavam explicar muitos fenômenos que permaneciam interditados, 
inclusive em uma fase anterior ao uso da palavra. 
• Que o teatro na pré-história acontecia em cerimônias de caráter ritualístico, e se 
caracterizava pela participação coletiva circulares, com práticas de danças, músicas, 
uso de máscaras, pinturas corporais etc.
RESUMO DO TÓPICO 1
8
1 As manifestações cênicas ocorridas na fase anterior à história escrita, também 
conhecido como período pré-histórico, ocorreram em espaços e tempos distintos, 
apresentando variações de acordo com as necessidades de cada comunidade. De 
forma geral, com relação ao objetivo das manifestações teatrais que ocorreram na 
pré-história, analise as sentenças a seguir:
I- Em cerimônias ritualísticas que propiciavam a participação de todos os integrantesda comunidade na elaboração de um mundo bastante desconhecido.
II- A partir de uma relação entre palco e plateia, no qual os espectadores apreciavam 
em absoluto silêncio os textos dramáticos.
III- Geralmente, os espetáculos aconteciam sob carroças onde os atores da comunidade 
improvisavam cenas a partir da supervisão dos chefes religiosos.
IV- Se valiam de elementos da própria natureza: fogueiras, peles de animais, máscaras 
de argilas em rituais destinados a estabelecerem comunicação com os deuses, com 
os sentimentos e realidades vivenciadas.
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) Somente a sentença III está correta.
b) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
2 Segundo Margot Berthold (2001, p. 1), "[...] o teatro é tão velho quanto a humanidade. 
Existem formas primitivas desde os primórdios do homem. A transformação numa outra 
pessoa é uma das formas arquetípicas da expressão humana. O raio de ação do teatro, 
portanto, inclui a pantomima de caça dos povos da idade do gelo e as categorias dramá-
ticas diferenciadas dos tempos modernos". Nesse sentido, podemos apreender que:
 
a) ( ) O teatro surge da própria necessidade dos homens se expressarem.
b) ( ) O teatro só tem início na Grécia Antiga.
c) ( ) O teatro sempre esteve atrelado aos textos, por isso só passou a existir com a escrita.
d) ( ) O teatro é condicionado à relação entre atores e espectadores e, por isso, 
necessita de um edifício teatral para que possa se estabelecer.
3 A descoberta de artefatos arqueológicos tem sido, em grande medida, fonte para o 
conhecimento sobre a cultura que a humanidade desenvolveu ao longo do período 
pré-histórico. Sabemos que as comunidades primitivas se estabeleceram em diversos 
territórios ao longo de um período extenso, fazendo com que desenvolvessem formas 
distintas de se expressarem. Contudo, quais elementos caracterizam as manifestações 
teatrais desses povos? 
AUTOATIVIDADE
9
O TEATRO NA GRÉCIA ANTIGA
1 INTRODUÇÃO
Se a história nos mostra que as manifestações teatrais são tão antigas quanto 
a própria humanidade, nos informa também que foram os gregos que criaram a 
nomenclatura teatral, e nos possibilitaram, por meio dos registros escritos, ter acesso 
a toda uma estrutura cênica que ainda hoje são estruturantes para as formas como 
pensamos e fazemos teatro dos nossos dias.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
FIGURA 3 – PAPIRO CONTENDO TRECHO DO CORO DE ORESTES (EURÍPIDES), 200 a.C.
FONTE: <http://docplayer.com.br/docs-images/68/59726866/images/7-0.jpg>.
 Acesso em: 4 jun. 2021.
Entretanto, de que forma a teatralidade grega transitou do teatro primitivo para as 
apresentações nos moldes palco e plateia? Ao longo dos tempos, os refinamentos expres-
sivos propiciaram a transformação das antigas narrativas e das cerimônias ritualísticas em 
verdadeiros atos cívicos, nos quais as questões fundantes dos povos gregos tornaram-se 
matéria-prima para o exercício estético. Vale lembrar que a origem da palavra estética, as-
sim como muitos outros termos do vocabulário artístico, é grega, e pode ser traduzida, como 
ciência do belo. Uma beleza compreendida como sublime, possível de ser vista e sentida. 
O termo teatro tem origem na palavra grega (theatron), e significa “local onde 
se vê” ou “lugar para olhar”. Interessante observar que também em outras regiões a 
compreensão do teatro tem vínculo com lançar um olhar para questões coletivizadas 
10
para acessar as subjetividades, numa espécie de contemplação. Assim, por exemplo, 
na Mesopotâmia, a ideia do teatro, num primeiro momento, vai dizer respeito aos ritos 
de encontros com os deuses descidos à terra; no Egito, esteve ligado a uma espécie de 
ritual mágico-mítico, mitológico, de cunho farsesco; na Pérsia, às lendas originárias, na 
Turquia aos rituais xamânicos e as crenças relativas às divindades da Ásia Menor e na 
Índia, às danças dramáticas produzidas em homenagem aos deuses.
Os registros das manifestações teatrais na Grécia ocorreram por volta do século 
550 a.C., principalmente em Atenas. Tais eventos se estabeleceram nas comemorações 
e nos festivais, em celebrações grandiosas em louvor e homenagem a Dioniso, divindade 
grega relacionada às uvas, ao vinho, e às festas e a fertilidade. 
Essas celebrações mitológicas chegaram a durar semanas. Nelas havia 
procissões, onde um coro, formado por homens livres, cantavam, dançavam, bebiam e 
representavam, utilizando máscaras e vestimentas especiais. Na Antiga Grécia, somente 
os homens detentores de terras eram considerados livres. Mulheres e escravos não 
participavam das atividades teatrais, da mesma forma como não participavam de outras 
atividades da polis (cidade em grego).
Nas cerimônias havia cânticos, danças e representações. Dioniso, a divindade 
do vinho, era personificado como um bode. Os gregos se fantasiavam com roupas de 
pele de cabra e folhas de parreiras na cabeça. As procissões tinham um aspecto cívico 
religioso, em forma de drama frequentemente imposto pelos deuses, pelo destino ou pela 
sociedade, caracterizado pela sua seriedade e dignidade.
Nos festivais os textos dos dramaturgos premiados eram lidos publicamente. O 
coro lia em uníssono (em um único tom vocal). Atribui-se a Téspis de Icária o título de 
primeiro ator da história. Téspis viajava com um carro (Carro de Téspis) levando o teatro 
pelas cidades da Grécia. Em síntese Téspis foi um homem grego, que em 534 a.C., utilizou 
uma máscara e interpretou Dioniso, proferindo o texto em primeira pessoa. Essa atitude 
chocou muitos espectadores, pois, até então, ninguém havia tido a coragem de encenar 
um símbolo divino. Téspis também é conhecido como o primeiro diretor de coro (corifeu) 
e dramaturgo. 
A evolução final do ditirambo cantado para o texto recitado e dialogado teve 
como base “Os Cantos” de Homero que narravam as histórias mitológicas de deuses, 
semideuses e heróis gregos. Essa passagem favoreceu o surgimento dos festivais, que 
chegaram a reunir mais de 20 mil participantes.
Além de ser um evento que reunia a pólis grega, graças aos festivais herdamos 
uma série de textos dramatúrgicos dos autores premiados nesses eventos, entre eles 
temos os trágicos: Èsquilo, Sófocles e Eurípides e os cômicos Aristófanes e Menandro. 
As obras desses dramaturgos, assim como a "A poética de Aristóteles" são documentos 
históricos que nos permitem saber mais sobre o teatro Grego. 
11
Devido a circunstâncias socioeconômicas e influência de outras sociedades, 
uma conjunção de fatores geográficos e históricos, os gregos transformam situações 
sociais, políticas e mitológicas em enredos cênicos, dando um tratamento diferenciado 
aos acontecimentos. 
As festividades gregas foram evoluindo tanto nos aspectos da organização 
do evento quanto na elaboração da linguagem teatral, passando a ter 
enredo, atores, plateia, encenação, gênero e até uma teoria sobre o que foi 
produzido, como nos mostra a obra "A poética", de Aristóteles.
IMPORTANTE
2 MITOLOGIA GREGA
A sociedade grega, assim como outros povos da antiguidade, tinha, na tradição 
oral – que passava de geração em geração –, narrativas que explicam todas as coisas 
existentes, essas histórias acabaram por dar origem aos "mitos''. 
Como nos explica o pesquisador Junito Brandão (1985, p. 36) "[...] o mito 
expressa o mundo e a realidade humana". O estudo dos mitos elaborados coletivamente 
determina a mitologia de um povo, de tal forma que podemos entender que a mitologia 
consiste em um sistema de crenças composto por uma série de narrativas. Essas 
histórias buscam atribuir sentido e explicar as origens dos fenômenos naturais e, ainda, 
elaboram justificativas para as questões mais relevantes de uma determinada sociedade.
As fontes são bastante controversas quanto à origem do deus Dioniso, como 
mostra José Antônio Dabdab Trabulsi (2004, p. 63) i: "[...] Segundo Heródoto (II, 49), o 
culto de Dioniso veio do Egito, por intermédio de fenícios,estabelecidos com Cadmo 
da Beócia. Heródoto assinala ainda (II, 145) que, diferentemente do que os egípcios 
pensavam de Osíris, os gregos consideravam Dioniso uma divindade menos tradicional, 
quando comparado aos demais deuses gregos”. Esse fato fez com que por muito tempo 
o culto ao Deus Dioniso ocorresse de forma clandestina e pouco aceita pela elite grega. 
Conforme nos informa Eurípides, em sua tragédia "Bacantes" (2003, p. 13-24), o 
culto em adoração ao Deus Dioniso tem origem na Lídia e na Frígia. A tradição dionisíaca 
percorreu muitos outros países antes de chegar a Tebas. Dioniso, segundo a mitologia, 
foi fruto de uma relação extraconjugal entre o Deus Zeus e a princesa tebana Sêmele 
(que era uma mortal). Hera, tendo descoberto sobre a amante de Zeus, levou Sêmele 
à morte. Zeus recolheu o filho do ventre da amante morta e o colocou na sua própria 
coxa, até o final da gestação. Nascido o filho, Zeus o entrega aos cuidados de Sátiros e 
12
Ninfas do Monte Nisa. Lá, em uma sombria gruta, Dioniso cresceu, cercada de frondosa 
vegetação, e em cujas paredes se entrelaçaram galhos de viçosas videiras, onde pendiam 
maduros cachos de uva. 
Certa vez, Dioniso colheu cachos das atrativas uvas, espremeu as frutinhas 
em taças de ouro e bebeu o suco em companhia de sua corte. Todos ficaram então 
conhecendo o novo néctar: o vinho. Bebendo-o repetidas vezes, Sátiros, Ninfas e Dioniso 
começaram a dançar vertiginosamente, ao som dos címbalos, embriagados até caírem 
em semiconsciência. Dioniso, não era um deus estático, era um deus epidêmico, nômade 
e migrante. O autor Marcel Detienne (1988) refere-se a Dioniso como um estrangeiro 
(provavelmente, asiático) perseguido pelo poder oficial.
Todos os anos, no final das colheitas de uvas, eram feitos festivais, em Atenas e 
por toda Ática, em que os participantes se embriagavam, começavam a cantar e dançar 
até ficarem inconscientes. Esses excessos eram contrários à religião e à aristocracia 
da pólis, onde os deuses do Olimpo estavam sempre prontos para aniquilar mortais 
entusiasmados, que rompiam com a ordem ética, política e social.
Algumas facetas do rito não seriam aceitas por parte da população, e 
muitos cultos deveriam ser praticados nos bosques, longe dos olhos do poder oficial, 
transformando assim Dioniso em uma divindade ctônica, ou seja, vinculado à terra, aos 
bosques e às florestas.
As mênades, também conhecidas como bacantes, eram as principais sacerdoti-
sas do deus Dioniso; estas mulheres que saíam errantes pelos bosques, praticavam nos 
cultos dionisíacos atos orgásticos, com a presença de cortejos com falos gigantes, dan-
ças, músicas, e consumo de bebidas, que as tornavam malvistas pelo poder oficial. Vale 
lembrar que mesmo na evolução das manifestações cênicas em louvor a Deus Dioniso, as 
mulheres permaneceram apartadas do teatro grego, por não serem consideradas cidadãs 
das pólis (cidades gregas). Sendo que os bosques, as florestas distantes do convívio da 
elite grega permaneceu sendo o espaço para as celebrações dionisíacas clandestinas.
FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO DE UMA CERIMÔNIA DAS MÊNADES
FONTE: <https://bit.ly/3nY7uWT>. Acesso em: 4 jun. 2021.
13
Faziam parte dos rituais, em honra e glória ao deus Dioniso, que os devotos 
da divindade, se expressassem por meio de uma dança vertiginosa. O entusiasmo era 
tamanho que, por vezes, os devotos caiam de tanto dançar. O estado alterado pelo 
entusiasmo continha a centelha daquilo que hoje chamamos de ator.
Nessas celebrações eram frequentes a presença das procissões e dos ditirambos. 
Os ditirambos eram cantos líricos entoados com o auxílio de fantasias e máscaras, sendo 
essenciais para representação do deus e para tornar a peça mais convincente. Pouco 
depois, essas manifestações evoluíram para a forma de representação inteiramente 
cênica, dando origem ao teatro, influenciando outros povos e tornando-se referência 
para cultura ocidental.
Na série documental "Grandes Mitos Gregos", do canal Curta Brasil, os 
mitos são abordados por meio de uma viagem no tempo de belíssimas 
produções artísticas. Acesse www.canalcurta.tv.br e aproveite! Caso queira 
outras indicações de filmes sobre a cultura mitológica grega, basta acessar: 
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/11-filmes-e-series-para-
quem-e-fa-de-mitologia-grega/.
DICAS
3 A POÉTICA DE ARISTÓTELES
A Poética (do grego antigo: Περὶ ποιητικῆς; e em latim poiétikés, de onde se 
origina o termo em português) trata-se de um compilado de aulas produzidas pelo 
filósofo Aristóteles, entre os anos 335 a.C. e 323 a.C. Nesses escritos, Aristóteles se 
dedica a pensar a arte e a poética produzidas na Grécia Antiga contemporânea ao 
período em que produzia seu tratado filosófico.
"A Poética" de Aristóteles é uma obra de domínio público de fácil acesso 
em variados sites. No entanto, um estudo feito em 2006, de Alessandro 
Barriviera, apresenta tradução da Poética de Aristóteles, acompanhada 
do texto grego e notas. Ficou interessado? Confira em: http://repositorio.
unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/268984.
DICAS
14
Nascido em 384 a.C., em uma cidade da Macedônia denominada Estagira, 
Aristóteles foi um dos discípulos de Platão e se tornou, junto com seu mestre, um dos 
maiores filósofos da Grécia Antiga. Ao contrário de Platão, via a imitação como um 
exercício importante para se perceber e, portanto, refletir sobre o mundo.
A partir do tratado de Aristóteles podemos compreender que a tragédia teve 
um importante papel para a antiga civilização Grega, funcionando para os espectadores 
como uma espécie de pedagogia teatral coletiva, conforme bem define o pesquisador 
Junito Brandão: "É, pois, a tragédia a imitação de uma ação, séria e completa, dotada 
de extensão, em linguagem condimentada, para cada uma das partes (imitação que se 
efetua) por meio de atores e não mediante narrativa e que se opera, graças ao terror e à 
piedade, à purificação de tais emoções" (BRANDÃO,1985, p. 12).
FIGURA 5 – ESCULTURA DO ROSTO DE PLATÃO 
FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/pl/at/platao-cke.jpg>. Acesso em: 4 jun. 2021.
Diz Aristóteles que, na tragédia, o protagonista, com suas características 
e méritos exaltados, através da compaixão e do terror, por meio de uma 
relação empática com o público, tem o potencial de provocar a catarse. 
IMPORTANTE
15
FIGURA 6 – PLANTA BAIXA, CONTENTO OS PRINCIPAIS ELEMENTOS DO TEATRO GREGO
FONTE: <https://bit.ly/3AvE5H8>. Acesso em: 4 jun. 2021.
Podemos entender a catarse como objetivo real da ação trágica, que conduz 
a purificação da culpa, uma espécie de reparação que se estabelece por meio 
do reconhecimento dos erros. Aristóteles esclarece que a especificidade da 
condensação das emoções diz respeito exclusivamente ao terror e à piedade 
e não a todas as paixões que carregamos em nossa alma. 
ATENÇÃO
As contribuições desse tratado ultrapassaram a produção de uma série de 
reflexões, entre outros assuntos, sobre a arte, a denominada "Tecné" dedicada ao exercício 
do equilíbrio e da perfeição; as implicações das mimesis como a arte da imitação; as 
diferenças entre o teor da tragédia e da comédia; a importância das unidades de tempo 
e de espaço para o estabelecimento da ação; ou ainda a função da purificação das almas 
por meio da catarse, se configurando sobretudo, em um documento histórico sobre as 
relações do homem grego com o universo imaginário.
4 A TRAGÉDIA E OS TRÁGICOS GREGOS: ÈSQUILO, 
SÓFOCLES E EURÍPEDES
Com o passar do tempo as celebrações dionisíacas, que ocorriam nas encostas das 
montanhas, foram ganhando mais projeção, o que exigiu maiores refinamentos em relação 
aos modos de compartilhar os enredos, assim como as representações e as estruturas 
cênicas que envolvem a relação palco-plateia. De tal forma, que as apresentações passaram 
a ocorrer nas encostas de uma montanha, de forma a favorecer a boa acústica, ao ar livre, 
em uma espécie de praça, onde se estabelecia uma divisão entre atores e espectadores.
Com relação à arquiteturateatral, sabemos que a disposição da cena ocorria por 
meio de uma semiarena. A plateia era formada com bancos de madeira e posteriormente, 
com bancos de pedra. Os atores se apresentavam no proscênio. 
16
Havia um espaço destinado à orquestra onde o coro realizava a sua interpretação 
(era circular em terra batida ou com lajes de pedra situada no centro das bancadas). Um 
espaço denominado "skené", logo atrás da orquestra, tinha inicialmente a função de servir 
como um espaço destinado a proteger as trocas de roupas dos atores, posteriormente, 
passou a funcionar como o que hoje conhecemos por cenário, e servia para representar a 
fachada de um palácio ou templo.
FIGURA 7 – TEATRO DE EPIDAURO, SÉC. IV A.C. (350 a.C.) 
FONTE: <https://bit.ly/3tX0k6n>. Acesso em: 4 jun. 2021.
As apresentações teatrais gregas eram compostas por vários elementos cênicos, 
tais como cenários e figurinos. Suas apresentações incluíam músicas, danças e mímicas 
que eram avaliadas por um júri. A realização dos concursos de autores dramáticos, 
reunia muitos espectadores. À medida que esses eventos foram evoluindo surgiram os 
diretores de coro, que tinham a função de ensaiar as leituras e organizar as procissões. 
Um júri composto por cinco pessoas importantes da aristocracia se responsabilizava por 
premiar os textos que seriam apresentados publicamente em eventos subvencionados 
pelo Estado, que tinham o potencial de alterar totalmente a rotina das polis (cidades), 
conforme bem sintetizam Jean-Pierre Vernant e Pierre Vidal-Naquet (1999).
A tragédia não foi apenas uma forma de arte, representou uma instituição social. 
Durante os concursos trágicos, a cidade tinha toda sua rotina alterada, mesmo os órgãos 
políticos e judiciários interrompiam os atendimentos durante os festivais. Instaurado 
sob a autoridade do arconte epônimo, no mesmo espaço urbano e segundo as mesmas 
normas institucionais que regem as assembleias ou tribunais populares, os grandes 
festivais apresentavam espetáculos abertos a todos os cidadãos. Essas apresentações 
eram dirigidas, desempenhadas e julgadas por representantes qualificados das diversas 
tribos, a cidade se fazia teatro: "ela se toma, de certo modo, como objeto de representação 
e se desempenha a si própria diante do público" (VERNANT; VIDAL-NAQUET, 1999, p. 10).
17
FIGURA 8 – DIVERSAS EXPRESSÕES FACIAIS DAS MÁSCARAS UTILIZADAS NO TEATRO GREGO
FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/ma/sc/mascarasgregas.jpg>.
 Acesso em: 10 ago. 2021.
Todos os papéis dos espetáculos eram apresentados pelos homens, em função 
disso, o uso de máscaras esculpidas em madeira e pedras se tornava indispensável à ca-
racterização cênica, pois a distinção dos gêneros feminino e masculino, bem como as faixas 
etárias (jovem e idoso) eram definidas por meio de diferentes características das máscaras.
Vale lembrar que um mesmo personagem, como o próprio Dioniso tinha uma 
série de máscaras distintas para representar suas emoções.
Os principais temas eleitos para construir as fábulas teatrais gregas giravam 
em torno do cotidiano social, problemas emocionais e psicológicos, lendas e mitos, 
homenagem aos deuses gregos, fatos heroicos, guerras e críticas políticas. O teatro torna-
se uma síntese das artes, poesia e ação dramática, suplementadas pelas demais artes, 
resultando em um poderoso recurso para a expressão da experiência e dos pensamentos 
humanos. A evolução da forma das apresentações proporcionou a introdução de enredos 
fictícios, de conteúdo amplamente humano, possibilitando a transição do ritual para arte. 
Assim, dois gêneros foram estabelecidos no teatro grego: a tragédia e a comédia.
A origem do nome Tragédia vem dessas celebrações: a palavra tragédia vem 
da palavra grega “tragoide”, que significa o canto do bode. Se caracteriza pela morte do 
herói, justificada pelas leis, pelo destino, pelo castigo dos deuses. Numa representação da 
memória coletiva. Ao mesmo tempo que a tragédia tem um caráter cívico e pedagógico, a 
organização do enredo tem por objetivo provocar a catarse, que conforme vimos tratar-se 
de uma comoção coletiva que promove uma espécie de alívio público, nos espectadores. 
Eis aí o enquadramento trágico: a tragédia só se realiza quando o 
métron (medida de cada um) é ultrapassado (êxtase, entusiasmo). 
No fundo, a tragédia grega, como encenação religiosa, é o suplício do 
leito de Procusto contra todas as desmesuras (violências). E mais que 
isto: como obra-de-arte, a tragédia é a desmistificação das bacchi.
analid. Eis aí porque o Estado se apoderou da tragédia e fê-la um 
apêndice da religião da política da polis (BRANDÃO, 1984, p. 12).
18
FIGURA 9 – MÁSCARA TRÁGICA. DIONISO. MYRINA SÉC II A.C.
FONTE: <https://bit.ly/3lJnvNQ> Acesso em: 10 ago. 2021.
As tragédias eram compostas por cinco atos, nos quais os personagens eram 
deuses, reis ou heróis, que viviam situações e conflitos trágicos, podendo ou não 
alcançar a redenção. Nesse gênero, destacaram-se Ésquilo, Sófocles e Eurípides. 
Quando o herói (um príncipe ou governante) cometia uma violência a si próprio e aos 
deuses imortais, ocorria a falha trágica, que coloca o herói em situação de competição 
com os deuses, atraindo para si a catástrofe. A punição é imediata: contra o herói é 
lançada a cegueira da razão, tudo que o fizer realizá-lo-á contra si mesmo. Segundo, 
Brandão (1985), de forma semelhante às tradições mitológicas a infelicidade permanece 
presente na estrutura da tragédia, uma vez que:
 "[...] Todos os mitos são, em sua forma bruta, horríveis e, por isso 
mesmo, trágicos. As cenas são dolorosas, que tem um desfecho, as 
mais das vezes, trágico, infeliz. A tragédia é, não raro, a passagem 
da boa à má fortuna. Aristóteles expressa que todas as paixões, to-
das as cenas dolorosas e mesmo o desfecho trágico são mimese, 
"imitação", apresentados por via do poético, não em sua natureza 
trágica e brutal, não são reais, passam-se num plano artificial, mi-
mético. Não são realidade, mas valores pegados à realidade, pois 
arte é uma realidade artificial”.
No gênero trágico destacaram-se Ésquilo, Sófocles e Eurípides. 
IMPORTANTE
19
FIGURA 10 – ESCULTURAS DE ÉSQUILO, SÓFOCLES E EURÍPEDES
FONTE: <https://bit.ly/2VZq1GJ>. Acesso em: 10 ago. 2021.
Ésquilo (525-456 a.C.), o primeiro dramaturgo trágico reconhecido nos dias de 
hoje, foi quem conferiu grandeza e esplendor ao gênero trágico. Empregou máscaras 
expressivamente pintadas em resposta às exigências dos personagens de suas tragédias. 
Quando estas tornavam-se progressivamente mais complexas, decorava o palco onde as 
ações eram desenvolvidas, com objetos cênicos requeridos por cada uma das peças em 
particular.
Ésquilo ficou conhecido por valorizar o potencial das pausas de efeito, e as usava 
com uma frequência que inspirou Aristófanes a citar esse fato em As Rãs. Também fez 
progredir a dança trágica, desenvolvendo grande variedade de posturas e movimentos, 
treinava seus próprios coros. 
O padrão do primeiro grande dramaturgo, tal como o de diversos de seus 
companheiros posteriores, foi o de estar sempre colocado entre dois mundos ou princípios. 
Suas personagens, eram mais heróis que homens, seu drama é uma luta desesperada 
entre as trevas e à luz, entre a agonia e o terror, em uma busca desesperada de uma 
conciliação entre o destino e o princípio de justiça.
Ésquilo, deu prioridade aos diálogos, aumentando de um para dois o número de 
atores e reduzindo a importância do coro. “... Os gregos consideravam Ésquilo como um 
homem intoxicado de deuses que conseguia seus efeitos por inspiração; segundo Sófocles, 
ele fazia "o que devia fazer, mas o fazia sem sabê-lo"... (GASSNER, 1991, p. 23).
• Das suas obras premiadas, chegaram até nós: 
A trilogia Oréstia (composta por Agamenon, Coéforas e Eumênides), A Oréstia 
de Ésquilo, encenada em 458 a.C., consta de três tragédias de assunto correlato: 
Agamêmnon, Coéforas e Eumênides.
É a única trilogia ligada, que nos chegou do Teatro grego, em que Sófocles e 
Eurípidesvão focalizar o mesmo assunto em uma única tragédia, Electra. Quando se pode 
ver a diferença básica entre os três grandes trágicos: Ésquilo elabora suas personagens 
20
em função da fábula e, por isso mesmo, suas tragédias nunca têm um fim, constituindo-
se realmente numa obra aberta; em Sófocles e EurÍpides, ao revés, o drama completa-se, 
já que a fábula existe em função das personagens.
Os persas, inspirado na invasão da Grécia pelos persas, em 480 a.C., a obra 
descreve a vitória dos atenienses na batalha de Salamina e com ela conquistou sucesso 
em uma competição literária.
• Trilogia Tebana
Sabe-se que a obra era composta de “Laio”, “Édipo” e “Sete Contra Tebas”, mas 
apenas o último texto foi preservado. O texto trágico “Agamenon” que narra a morte do 
herói grego, assassinado pela esposa Clitemnestra e seu amante Egisto, após seu retorno 
vitorioso de Troia; A peça “As Coéforas” conta a vingança de Orestes, filho de Agamenon. 
Informado do crime pela irmã Electra, Orestes mata Clitemnestra e o amante. Na terceira 
peça, “As Eumênides”, ou “As Benevolentes”, Orestes é julgado e absolvido pelo areópago, 
o grande tribunal de Atenas, restituindo a honra de trazer luz e paz ao mundo assolado 
pelos fantasmas e pela vingança.
Outra trilogia, com data desconhecida, é composta por: “Prometeu Acorrentado”, 
“Prometeu Libertado” e “Prometeu Portador do Fogo”. Prometeu Acorrentado foi a 
única que sobreviveu e constitui um belo canto à liberdade e aos dilemas da condição 
humana, encarnada por um Prometeu que, apesar de todas as adversidades, se nega a 
curvar-se diante dos deuses.
Em síntese, o teatro de Ésquilo é um drama sem esperanças e promessas. O 
sofrimento é uma página de sabedoria, a dor redime e concilia, concluindo de que é o 
mal no homem e não a inveja dos deuses que destrói a felicidade.
 
Sófocles (497 – 406 a.C.), nascido em Colono, cidade perto de Atenas, por 
volta de 497 a.C., filho de um rico fabricante de armaduras, teve oportunidade de uma 
boa educação. Com 16 anos, por sua beleza física, sua bravura e seu talento musical, 
foi escolhido para dirigir o coral aos deuses, para celebrar a vitória sobre os persas na 
batalha de Salamina. 
Em 468 a.C. escreveu 123 peças para participar das competições dramáticas 
anuais das festas dionisíacas, obtendo nesse período 24 textos vitoriosos. As conquistas 
foram o marco inicial de uma carreira de sucessos.
A obra Sófocliana ficou reconhecida por abordar os desagradáveis temas da 
insanidade, da tortura e até do suicídio. De forma realista, retratou as pessoas nas suas 
mais amplas perspectivas, conseguindo o feito de expressar com serenidade, o caráter 
humano em um mundo ainda permeado pelo universo mítico.
Há dois tipos de sofrimento (hybris) em suas tragédias – aquele que advém de 
um excesso de paixão e aquele que brota de um acidente. Sófocles não é um fatalista 
paralisador, embora, sua obra tenha servido de base para que alguns estudos passem a 
denominar a tragédia grega como um drama do destino. 
21
Em suas tragédias encontramos a adição de um terceiro ator interlocutor 
ao drama ático, de forma distinta à Èsquilo descartou a trilogia em suas produções. 
Enquanto Èsquilo usava três tragédias para contar uma história, embelezando-as 
com partes líricas irrelevantes, Sófocles usava apenas uma peça para cada trama e 
consequentemente era obrigado a confiar nela toda ação. A forma abreviada oferecia 
maiores possibilidades dramáticas, impulsionando uma maior teatralidade.
Entre os trágicos que temos acesso, Sófocles surge como o primeiro escritor a 
incorporar aspectos cômicos em suas tragédias, o que conferiu as mesmas amplitudes 
de emoções e distinção em relação às demais as produções do período. Sófocles tornou-
se popular ainda em vida, reconhecido pela arte de sustentar o "suspense trágico", do 
qual Édipo Rei é um exemplo supremo.
Suas tragédias apresentam personagens, que se destacam pela determinação 
e poder, dotados de defeitos ou virtudes fortemente delineadas. Essas qualidades 
agem sobre um conjunto de circunstâncias que esbarram em um acontecimento 
trágico, desenha seus personagens, principalmente as mulheres trágicas, como "Electra 
e Antígona", com compaixão e vigor. O tema principal era o destino do personagem 
central, do herói que sofre (hybris) e é destruído. 
Inovou a técnica e a construção do teatro grego de seu tempo, quando acrescentou 
um terceiro ator aos dois já empregados por Ésquilo, permitindo ampliar o número de 
personagens, uma vez que um ator desempenhava vários papéis.
Aumentou também o número de participantes do coro, que de 12 passou para 15 
membros e deu a ele um caráter independente, recurso depois ampliado por Eurípides. 
Fez uso de um verso mais rítmico e articulado, elevando a tragédia à perfeição artística, 
operando mudanças no gênero. Adicionou mais ação às tramas e potencializou a 
decoração e o figurino dos atores.
Quanto as suas obras, restaram apenas sete completas: Ajax, Antígona, Édipo 
Rei, as traquinas, Electra, Filoctetes e Édipo em Colono.
Entre essas, a mais antiga é “Ajax” (450 a.C.), ainda muito influenciada pelo estilo 
de Ésquilo. Na sequência surgem: “Antígona” (442 a.C.), “Édipo Rei” (430 a.C.) “Electra” 
(425 a.C.), “As Traquínias” (420-410 a.C.), “Filoctetes” (409 a.C.) e “Édipo em Colonos” – o 
final poético da tragédia de Édipo, representada em 401 a.C., após sua morte:
De forma geral, a obra de Sófocles nos convida ao equilíbrio, ao uso do bom 
senso. Assim, por exemplo, a luta entre o velho e o novo tempo, será a base para 
Antígona, uma tragédia em torno da rivalidade entre o Estado e a consciência individual 
de uma mulher. A Protagonista Antígona perde sua vida de possíveis privilégios, mas 
não ousa desacatar suas convicções morais. 
22
Já em Édipo Rei, peça considerada a obra-prima de Sófocles, a ação trágica 
se desenvolve em torno da cegueira do filho do rei de Tebas e sua dificuldade em 
compreender as profecias de um destino que previa que ele se casaria com a própria 
mãe e mataria seu próprio pai. Séculos mais tarde, Freud, ao criar os fundamentos da 
psicanálise, inspirado no conflito dessa tragédia, denominará como “complexo de Édipo” 
o desejo humano incosciente de possuir o progenitor do sexo oposto, ao mesmo tempo 
em que se estabelece uma rivalidade em relação ao genitor do mesmo gênero. 
Eurípides (484-406 a.C.)
Eurípides nasceu em Salamina, Grécia, por volta de 484 a.C., considerado por 
um lado, excêntrico para os padrões da Grécia do seu período, e de forma distinta de 
Sófocles, bem pouco popular, foi tido por Aristóteles como o mais trágico dos poetas.
Teve sua vida particular exposta por acusações, envolvendo boatos de traição e 
dificuldades de conviver com mulheres. Foi julgado com impiedade em sua vida privada 
e teve suas inovações dramatúrgicas mal compreendidas. Sendo inclusive alvo de 
críticas de seu colega de ofício, o cômico Aristófanes. 
Diante de uma série de repúdios, Eurípedes abandonou a cidade de Atenas 
totalmente desacreditado, e se instalou em Macedônia, na corte do rei Arquelau, onde 
passou os últimos dias de sua vida. A notícia de sua morte chega ao grande público no 
festival de Dioniso por meio de uma homenagem que o dramaturgo Sófocles realizou 
em reconhecimento à relevância de sua obra. Eurípedes havia dedicado cinquenta anos 
de sua vida ao ofício de dramaturgo teatral, produzindo nesse período noventa e duas 
peças, com as quais conquistou apenas cinco prêmios, um dos quais foi concedido 
postumamente. 
Com relação a sua obra, é possível afirmar que as peças de Eurípides tinham a 
capacidade de manter os ensinamentos dos exilados. A aceitação de suas propostas se 
justifica no fato de que as heresias proferidas em sua obra, geralmente, eram expressas 
por suas personagens e não pelo próprio autor. Além disso Eurípides, cuidava de 
apresentar sua filosofia em um molde tradicional. 
Uma de suas estratégias, era empregar deuses em seus prólogos e epílogos. A 
aparição dessasentidades era mais frequente do que nas obras de seus predecessores, 
aparentando um caráter mais formal que o próprio tradicional Ésquilo. Seus esforços 
em dourar as pílulas mais amargas levaram-no à inclusão de solos que mantêm relação 
incerta com a ação dramática e servem apenas para excitar os sentidos ou induzir a uma 
morna aquiescência ao drama como todo. O desejo de equilibrar tradição e inovação 
estrutural, irá prejudicar as Unidades ideológicas, de tom e de ação em algumas 
tragédias. A maior parte de seu trabalho encerra muita ação e suas caracterizações são 
complexas e multidimensionais. 
23
Conforme sintetiza Gassner (1991), a produção euripidiana: “Conseguiu criar 
o mais vigoroso realismo e crítica social da cena clássica”, criando personagens 
profundamente humanos, inserindo temas inovadores e modernos, privilegiando 
as mulheres e promovendo as ao status de heroínas. Em Eurípides, as personagens 
femininas, ao contrário dos homens, em geral fracos, concentram coragem e ternura, 
ódio e paixão.
Os elementos da encenação ganham mais destaque no teatro de Eurípedes. Já o 
coro perde potência passando a se expressar indiretamente. Constrói um prólogo inicial 
com o objetivo de fornecer esclarecimentos adicionais às tramas. E para as soluções 
improváveis utiliza uma série de peripécias conhecidas como “deus ex-machina” a 
fim de solucionar os conflitos do enredo. Sua escrita inovará tanto na abordagem das 
variadas formas de amor como nas narrativas de deuses e heróis da Grécia, numa versão 
humanizada.
“O povo simples começou a aparecer em suas peças e seus heróis 
homéricos socialmente superiores eram, com frequência, persona-
gens anônimos ou desagradáveis. Seus Agamenon e Menelau são, 
positivamente, anti-heróis, como se desejasse mostrar aos especta-
dores, o que era na realidade, eram os heróis militares convencionais. 
Outras personagens homéricas como Electra e Orestes são até hoje 
casos caros à clínica psiquiátrica. Ademais, Eurípides, é o primeiro 
dramaturgo a dramatizar conflitos internos do indivíduo sem atribuir 
a vitória final aos impulsos mais nobres. Como exemplos de persona-
lidades divididas, em Medeia, quando a esposa enganada luta entre 
o amor pelos filhos e o desejo de punir o pai deles, Jasão, matando-
-os; e em Alceste, quando Admeto oscila entre amor à vida e afeição 
pela esposa, cuja morte é a única coisa capaz de salvá-lo. Algumas 
vezes o elemento psicológico chega mesmo a transcender o caso 
individual e torna-se amplamente simbólico; Hipólito e As Bacantes 
colocam a questão de quão longe pode ir um homem na negação 
das exigências de alguma força vital superior como a sexualidade e 
a liberação emocional, sem ser finalmente destruído por ela, quando 
esta assume seu poder" (GASSNER, 1991, p. 68-69).
As peças de Eurípides concorrem em vinte dois festivais, mas apenas dezenove 
tragédias e alguns fragmentos de outras obras foram resgatadas. A primeira tragédia de 
Eurípides, “As Pelíadas”, obra que não chegou até nós, foi apresentada no festival de teatro 
ateniense, em homenagem a Dioniso, em 455 a.C. Entre as suas tragédias reconhecidas 
estão: Alceste, Medeia, Andrômaca, As Troianas, Ifigênia em Táurida, Electra, Orestes e As 
tocantes e ainda um drama satírico denominado: O Ciclope. Nessas obras permanecem 
constantes a temática política. 
 Entre as obras mais conhecidas de Eurípedes, sem dúvidas, merece destaque a 
peça Medeia (431 a.C.). Nela, o autor deu vida a um dos personagens mais representados 
no teatro universal. Medeia é a esposa traída e abandonada, que para se vingar do 
marido infiel, mata sua rival e seus próprios filhos. O momento culminante da tragédia é 
a oração que dirige aos filhos. No ano 1975, no Brasil, os autores Chico Buarque e Paulo 
Pontes escrevem Gota d'água, uma transposição de Medeia para o contexto carioca.
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Sobre as demais obras, temos: “Hipólito” 428 a.C., obra que inspirou as Fedras 
de Sêneca e as tragédias de psicologia feminina de Racine, entre elas, Ifigênia e Ester; 
“Heracle” (424 a.C.) é uma de suas tragédias mais aterrorizantes, depois de salvar sua 
família, o herói, em um acesso de loucura, mata o pai, esposa e filhos; Já “As Suplicantes” 
(422 a.C.) narra a trajetória das mães dos sete heróis gregos mortos na batalha de Delion, 
cujo sepultamento é proibido por Creonte, rei de Tebas; “As Troianas” (415 a.C.) é uma 
obra essencialmente lírica e exalta o pacifismo. Em "Electra" (413 a.C.) Eurípides retoma 
o tema do matricídio, já explorado por Ésquilo e Sófocles, revelando-se tecnicamente, 
nesse caso, superior aos seus predecessores.
FIGURA 11 – MÁSCARA GREGA CÔMICA DO SÉCULO II a.C.
FONTE: <https://bit.ly/2XDKpyd>. Acesso em: 10 ago. 2021.
A Comédia Grega se instaura como um desdobramento dos cantos invocados ao 
“Cosmos” que eram cânticos rituais nas procissões em honra ao Deus Dioniso, onde ban-
dos festivos dançavam e cantavam pelos campos, embriagados pelo vinho, usando gestos 
obscenos e mímicas burlescas. De forma oposta a tragédia, trazia as questões terrenas da 
vida cotidiana, conforme esclarece o pesquisador Junito Brandão para quem a oposição 
da comédia à tragédia, ambas com a mesma origem, tendo a tragédia nascido meio século 
depois da tragédia, consiste na distinção de suas finalidades (BRANDÃO, 1985).
Algumas características marcantes originárias da Comédia Antiga, foram conser-
vadas ao longo dos tempos, influenciando os textos poéticos construídos para serem dra-
matizados. Entre eles, destacam-se os elementos díspares: as farsas e o Kômos – que tanto 
pode ser popular, profano ou dionisíaco, como também religioso. Além disso, habitualmente 
encontramos na dramaturgia cômica um prólogo cuja influência se deve à própria tragédia e 
um debate no centro da peça de inspiração sofística, no qual muitas vezes o autor expressa 
seu ponto de vista sobre um determinado tema, diretamente, aos espectadores.
As comédias eram encenadas de forma semelhante às tragédias nas semiarenas 
gregas. Uma distinção interessante da comédia, diz respeito ao modo de atuar dos 
atores cômicos gregos, uma vez que nesse gênero os atores costumavam se dirigir 
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FIGURA 12 – BUSTO DO POETA GREGO ARISTÓFANES (COMÉDIA ANTIGA).
FONTE: <https://greciantiga.org/img/j/ji393.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2021.
diretamente ao público. Nas encenações da comédia grega sempre existiam quatro 
atores e todos usavam máscaras. Os atores usavam roupas e sandálias parecidas 
com a dos cidadãos. A interação entre atores e espectadores era bastante acentuada, 
tornando os espetáculos cômicos bem mais participativos.
As apresentações cômicas contavam como na cena inicial de caráter expositivo, 
a fim de apresentar ao público os personagens, cenário e o enredo. Um coro, muitas 
vezes paramentado de forma alegórica e fantasiosa, com figurinos tais como de vespas, 
rãs, nuvens e pássaros, fazia sua entrada com uma canção, a procissão do coro grego 
e a passagem lateral de acesso ao palco eram chamados de parados. Os integrantes do 
coro podiam se apresentar divididos, em certos casos, em duas facções rivais.
Uma vez no palco, os vinte e quatro membros do coro cômico lá permaneciam du-
rante toda a ação, nela participando de várias formas e gozando de muitas liberdades. Um 
ponto alto era a disputa ou agon, na qual duas personagens representando interesses ou 
pontos de vista opostos discutiam até que uma delas derrotava verbalmente a rival. Neste 
clímax, enquanto os atores se retiravam do palco, o coro voltava-se para a plateia e, mar-
chando em sua direção de forma militar, tecia longas considerações sobre um determinado 
tema. Esse discurso, conhecido como parábase, emitia os pontos de vista do dramaturgo, 
algumas vezes chegava a proferir repreensões diretas para figuras eminentes da plateia. 
Em determinada época, os enredos cômicos priorizaram a política grega, o que 
despertou muita polêmica. Nesse gênero são notáveis as criações do autor da comédia 
antiga (458 a 404 a.C.), Aristófanes. Ele retratavaem suas peças o cotidiano do governo 
grego, a educação dos sofistas e a guerra.
 Em outras fases, a vida privada ganhou mais espaço nas fábulas cômicas, e havia 
uma preponderância em retratar os laços familiares conturbados como, por exemplo, as 
deslealdades e traições abordadas pelo autor da comédia nova (340 a 260 a.C.) Menandro.
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Ateniense do século V a.C., Aristófanes nos deixou onze comédias completas – 
e é somente através delas que podemos não apenas fazer um juízo da comédia ática, 
mas ainda e sobretudo um levantamento das ideias básicas do poeta cômico a frente 
da Grécia do seu tempo.
Os Atenienses gozavam de um fantástico espetáculo enquanto ob-
servavam o coro grotescamente vestido e os atores, algumas vezes 
compostos de modo a se parecerem com algum ilustre cidadão que 
se revelava um embusteiro e um papalvo. Fantasia, extravagância e 
franca bufonaria caracterizavam a estória que se desdobrava. Galho-
fas, obscenidades [e injúrias] tais que fariam corar uma peixeira con-
dimentavam o diálogo e as canções. Estes recursos atrairiam a ira da 
censura em qualquer parte do mundo atual (GASSNER,1991, p. 101).
Pouco se conhece sobre a vida de Aristófanes. Deve ter recebido cuidadosa edu-
cação, a julgar pela cultura que demonstra em suas obras e pelos ataques que faz contra 
a ignorância. Assinou as primeiras comédias com um pseudônimo, mas revelou sua verda-
deira identidade depois de alcançar sucesso. Aristófanes era ligado ao partido aristocrático 
e combateu violentamente os demagogos Cléon e Hipérbolo, então dominantes na cidade.
 
A incontrolada liberdade da comédia foi consideravelmente reduzida com a 
ascensão dos aristocratas ao poder, justamente no período em que seu deu a produção 
do dramaturgo. De qualquer modo, criativamente, Aristófanes conseguiu adaptar-se às 
limitações, produzindo diálogos vivos e inteligentes.
Das quarenta peças que escreveu, chegaram até nós, integralmente, apenas 
onze textos. Das restantes, só conhecemos fragmentos, a comédia de Aristófanes 
alimentou um espírito especial e seguiu um padrão unicamente seu, especializando-se 
na sátira social e política, e é difícil encontrar um escritor de agressividade igual. Entre 
suas obras, destacam-se:
"As nuvens", cujo enredo traz uma crítica a seu suposto amigo Sócrates, como re-
presentante dos metafísicos e sofistas; "As vespas", com crítica está endereçada aos tribu-
nais; "Lisístrata" na qual a temática circula em torno da guerra entre Ateniense e Espartanos 
(assunto bastante recorrente na obra de Aristófanes); "As rãs", uma sátira dirigida ao drama-
turgo Eurípedes; "A assembleia de mulheres" na qual o ator mais uma vez busca empoderar 
as mulheres, projetando uma realidade de mais igualdade; e sua obra prima "Os pássaros". 
A Comédia "Os pássaros" narra as peripécias de uma dupla de idosos atenienses 
que, revoltados com o contexto político e bélico de sua cidade, passam a viver entre os 
pássaros A defesa de uma possível "soberania da cidade das aves entre as nuvens" é a 
base para uma sátira divertida sobre as utopias infundadas.
No período da morte de Alexandre Magno, durante um período de declínio da cultu-
ra grega, surgiu um movimento chamado comédia nova. Um dos seus principais autores foi 
Menandro. De forma convergente com a crise do exercício democrático grego, seu estilo de 
enredo não abordava tanto as políticas gregas, mas sim elementos de ordem íntima. 
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FIGURA 13 – BUSTO DO DRAMATURGO DA COMÉDIA NOVA: MENANDRO
FONTE: <https://bit.ly/2Zk81Iz>. Acesso em: 10 ago. 2021.
Nascido em Atenas cerca de 342 a.C. e falecido por volta de 292 a.C., Menandro 
também pertenceu a uma família nobre, o que o permitiu ter acesso a uma boa educação, 
acredita-se que o filósofo Teofrasto, tenha sido um dos tutores responsáveis por sua 
formação. 
O teatro de Menandro tem suas próprias convenções bem definidas e soube 
como poucos explorar a teatralidade das vias públicas. A cena desenrola-se na rua e o 
espectador é informado de toda ação passada no interior da casa por meio de longos 
solilóquios, geralmente dirigidos diretamente ao público. 
Utilizam-se diversas desculpas para retirar as personagens de cenas que 
aparentemente, deveriam ocorrer nos aposentos de uma residência, sem, contudo, 
colocar em risco a ação dramática, já que esses estratagemas, acabam por causar 
agitadas complicações, que trazem ainda mais humor a fábula. 
... As tramas de Menandro são uma cansativa repetição de rapazes 
apaixonados por moças, pais perturbados pelo comportamento dos 
filhos, servos intrigantes que assistem a um ou outro lado e parentes 
perdidos há muito tempo. Com monótona regularidade as comédias 
encerram. Suas complicações com um final feliz tão fácil que seria 
elogiado por qualquer viciado em dilema. Embora as peças e mesmo 
as tramas de seus contemporâneos estejam definitivamente perdi-
das, não há razão para crer que esses sessenta e três dramaturgos se 
afastassem da fórmula estabelecida. Ao contrário, é Menandro quem, 
segundo antiga narrativa, reunia os maiores dotes e pode ser consi-
derado o talento mais criativo de todos [...] (GASSNER, 1991 p. 106).
As personagens ainda usam máscaras, como no século anterior, mas estas 
adquiriram refinamento e expressão cada vez maiores; talvez não estivessem tão longe 
da maquilagem teatral dos tempos modernos e seu uso não era prejudicial no caso das 
personagens estereotipadas. Sem dúvida as peças de Menandro sofriam menos com a 
convenção das máscaras do que as tragédias altamente individualizadas de Eurípides.
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As apresentações eram ainda mais vitalizadas pelo uso de entretenimentos durante 
os intervalos, pois as peças de Menandro não empregavam mais o coro para fornecer 
continuidade à ação. Elas eram divididas em atos (possivelmente cinco), aproximando-
se no formato do teatro romano.
Decorrido mais de meio século após a morte de Aristófanes, e, à medida que a 
situação política vigente em Atenas da época de suas produções não permitia a sátira 
direta às instituições e aos homens públicos, como acontecia na comédia antiga, restou 
a Menandro e seus contemporâneos adaptar o tom do humo empregado em suas 
produções.
Sua obra foi fundamental para as produções posteriores, tais como as dos 
dramaturgos romanos Plauto e Terêncio. Entre os temas principais retratados por 
Aristófanes, temos: as viagens, as disputas familiares e os amores clandestinos. 
Escreveu mais de cem comédias, com destaque para Orge (Cólera) e Dyskolos (O Díscolo 
ou O Misantropo.
Para ter acesso às tragédias e às comédias gregas aqui mencionadas, 
acesse o site: https://oficinadeteatro.com.
DICAS
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O teatro grego teve sua origem em cerimônias para celebrar e contemplar os deuses, 
evoluindo mais tarde para apresentações públicas onde se encenavam as tragédias 
e as comédias.
• A mitologia grega diz respeito a uma série de narrativas por meio do quais a 
antiguidade buscava explicar a origem dos fenômenos naturais e justificar os 
acontecimentos de maior interesse do período.
• As manifestações teatrais gregas inauguram toda a nomenclatura e a estruturação 
teatral chegando até os nossos dias. O vocabulário teatral criado na Grécia da 
antiguidade, assim como alguns textos dramáticos trágicos e cômicos premiados, 
além dos ensinamentos contidos na Poética de Aristóteles sobreviveram ao tempo, 
inspirando uma série de gerações posteriores ao apogeu da cultura clássica grega.
• Na Grécia Antiga, o theatron, em grego "lugar de onde se vê" não se limitava a um 
espaço, mas, teve, por meio das fábulas e da ação cênica o potencial de estabelecer-
se como um espaço de encontro cívico e pedagógico, no qual o homem grego livre, 
podia revisitar temas estruturantes sobre a polis e do seu próprio íntimo.
• Enquanto a tragédia fazia referência à trajetória de um homem nobre, diante de 
um universo mitológico, que levaria os espectadores a uma catarse, a comédia 
buscava nos