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Recursos terapêuticos

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Recursos terapêuticos
Introdução
Bem vindo ao nosso estudo sobre a distinção entre pensamentos e sentimentos, o questionamento dos pensamentos automáticos, a lista de vantagens e o cartão de enfrentamento como alguns recursos utilizados pelos terapeutas da abordagem cognitivo comportamental. Tais recursos possuem como propósito questionar os pensamentos e as crenças, propiciando a desconformidade ou a falsificação das ideias construídas pelo paciente. Como salienta Leahy (2007, p. 24), “o objetivo aqui é ajudar os pacientes a adaptar a abordagem cognitiva ao seu problema, ao enfatizar a importância da identificação dos padrões de pensamento, em vez de focar na expressão da emoção”. 
Cabe ressaltar que as pessoas, comumente, buscam terapia para resolver alguns sentimentos ou comportamentos dos quais elas consideram problemáticos e que afetam no desenvolvimento das suas relações afetivas, sociais, pessoais e/ou profissionais. Assim, uma das informações fornecidas ao paciente como um recurso psicoeducativo é a distinção entre os pensamentos e sentimentos, além de demonstrar como os pensamentos acarretam em sentimentos. Para exemplificar melhor essa situação, cita-se um paciente com dificuldade em prosseguir com o curso de Engenharia com o  seguinte pensamento: “sou o pior aluno da faculdade”, fato que acarreta em um sentimento de tristeza. Como se pode observar, o pensamento e o sentimento são distintos e faz-se crucial que o paciente possa identificá-los. Abaixo, visualiza-se a lista de sentimentos vivenciados pelas pessoas. Já, no quadro 2, vê-se como os pensamentos criam sentimentos. 
 
Quadro 1: Lista de sentimentos
 
Disponível em: <https://www.cnvkonekti.com/ferramentas-cnv >
Quadro 2: Como os pensamentos criam sentimentos?
 
O estabelecimento do próximo diálogo é um exemplo de como o  terapeuta pode conduzir o paciente para que ele reconheça como os seus próprios pensamentos pode acarretar em sentimentos (LEAHY, 2007, p.26): 
 
TERAPEUTA: O que está incomodando você?
PACIENTE: Só estou me sentindo triste. 
TERAPEUTA: Você sabe me dizer por que se sente triste? 
PACIENTE: Sinto-me simplesmente horrível, uma sensação de não ter saída. Eu choro muito. 
TERAPEUTA: Ok. Talvez você possa me ajudar a descobrir o que está dizendo a si mesmo que faz que se sinta triste. Conclua a frase: “Sinto-me assim porque penso que...”.
PACIENTE: Estou infeliz. 
TERAPEUTA: Infeliz é um sentimento. Mas o que você está dizendo a si mesmo que o deixa triste? Por exemplo, está dizendo alguma coisa sobre si mesmo como pessoa, sobre o futuro ou sobre essa experiência?
PACIENTE: Acho que estou dizendo que penso que jamais serei feliz. 
 
Esse diálogo estabelecido entre o terapeuta e o paciente ilustra o sentimento de desesperança. Como intervenção, o terapeuta solicita para que o paciente realize uma atividade ao longo da semana, identificando os seus pensamentos e quais os possíveis sentimentos que estão associados à eles. O quadro 3 é um exemplo de um formulário que deve ser entregue ao paciente para que ele preencha no decorrer da sua semana como exercício de casa.  
 
Quadro 3: Formulário de autoajuda  
 
Para mais, questionar os pensamentos automáticos é um recurso utilizado pelos terapeutas cognitivos comportamentais com o propósito de avaliar a utilidade dos pensamentos para que a pessoa possa construir uma resposta mais adaptativa diante dos acontecimentos. Assim, o terapeuta solicita ao paciente para narrar uma determinada situação que lhe provocou algum tipo de sentimento ou comportamento considerado disfuncional. O paciente relata que ao estudar as disciplinas do curso de Engenharia Elétrica pensa que não é capaz de compreender a matéria. Isso lhe provoca um sentimento de inferioridade e, como consequência, desiste dos estudos. A partir do pensamento de incapacidade de compreensão da matéria, é possível utilizar as seguintes indagações: 
 
1. Quais são as evidências que esse pensamento é verdadeiro?
2. Quais são as evidências de que esse pensamento não é totalmente verdadeiro?
3. Existe uma explicação alternativa, outro meio de explicar o que está acontecendo? 
4. O que pode ser considerado o pior que poderia acontecer? Você poderia superar isso? 
5. O que pode ser considerado o melhor que poderia acontecer?
6. Qual é o resultado mais realista? Qual resultado tem mais chance de acontecer? 
7. Qual é o efeito da crença de desvalor nesse pensamento automático, no que diz respeito às emoções, às respostas físicas e ao comportamento?  
8. Qual seria o efeito de mudar seu pensamento? Como você se sentiria física e emocionalmente e como você se comportaria? 
9. O que você deveria fazer em relação a essa situação e qual seria uma solução viável? 
10. Qual resposta alternativa você poderia criar para combater esse pensamento inicial? Considere todos os elementos que você tem contra tais pensamentos e como se sentiria ao superar essa situação. 
 11. Após essa análise, o quanto você acredita no pensamento inicial? Como você se sente? Melhorou, piorou ou manteve o mesmo nível de emoção? 
 
Com isso, o paciente ao identificar seus pensamentos e elaborar as suas respostas poderá desenvolver uma lista de vantagens, conforme exposto no quadro 4, como estratégia para superar a sua ansiedade e acreditar na sua capacidade cognitiva. Assim, ele estabelece as principais vantagens com a finalidade de se manter motivado em relação às mudanças que deseja alcançar em sua vida. 
 
Quadro 4: Lista de vantagens
 
 
Após elaborar essa lista, o paciente deve classificar cada vantagem como “pouco importante”, “importante” e “muito importante” e, por fim, escrever em um papel ou cartão de enfrentamentos se comprometendo a criar novos hábitos para alcançar suas metas e objetivos. A figura 1 ilustra o cartão de enfrentamento escrito por uma mulher que possui baixa autoestima. 
 
Figura 1 – Cartão de vantagens ou cartão de enfrentamento
 
Disponível em: < http://psicologialeve.blogspot.com/2014/11/exercicio-1-cartoes-de-enfrentamento.html >
Sendo assim, neste módulo, você aprendeu sobre a distinção entre pensamentos e sentimentos, o questionamento dos pensamentos automáticos, a lista de vantagens e o cartão de enfrentamento como alguns recursos utilizados pelos terapeutas da abordagem cognitivo comportamental.
 
 
 
Atividade Extra
Leia o livro “Vencendo a ansiedade social com a terapia cognitivo-comportamental”, do qual elucida aos pacientes uma série de técnicas cognitivas que são aplicadas para que se possa vencer a ansiedade social.
Link de acesso para o livro: 
https://pt.scribd.com/document/393965396/Vencendo-a-ansiedade-social-com-terapia-cognitivo-comportamental-manual-dos-pacientes-Debra-A-Hope-pdf 
HOPE, Debra A. HEIMBERG, Richard G. TURK, Cynthia L. Vencendo a ansiedade social com a terapia cognitiva-comportamental. São Paulo: Artmed, 2012.

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