Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MANEJO DO TRAUMA AGUDO ALUNA: HELENA GUIMARÃES PIRES - 12º período Internato de Cirurgia INTRODUÇÃO Importante problema de saúde pública MS: Brasil - mais de 1 milhão/ano. 40 mil mortes. 370 mil feridos anos de vida perdidos Lesões no trânsito principal causa de morte 18-29 anos Estima-se que até 2030 seja a terceira principal causa de incapacidade no mundo INTRODUÇÃO Fatores associados a piores desfechos Idade avançada Obesidade Comorbidades importantes Estudo United States National Trauma Data Bank - uso da varfarina aumentando 70% do risco de mortalidade após trauma IC 95% 1,72 (1,63 – 1,81) INTRODUÇÃO Principais causas de morte pelo trauma: Hemorragia Disfunção orgânica PCR Causas mais comuns de morbidade: Extubação não intencional Técnica cirúrgica Complicações relacionadas ao cateter intravascular INTRODUÇÃO Distribuição trimodal de mortes: 1º PICO – MORTE IMEDIATA 2º PICO – MORTE PRECOCE 3º PICO – MORTE TARDIA SISTEMAS DE TRAUMA Organizar os cuidados: TRAUMA CUIDADOS REABILITAÇÃO Objetivo: levar o paciente para o local certo no tempo certo Benefícios: $, reduz lotação, cuidados adequados CUIDADOS PRÉ-HOSPITALARES Quatro prioridades: Avaliar cenário Realizar avaliação inicial - ABCDE Tomar decisões de triagem-transporte – resultados ótimos dependem ”busca e corre” Estado fisiológico, mecanismo de lesão, ... Iniciar intervenções criticas e transportar o paciente ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL Airway (via aérea) e proteção da coluna cervical Breathing (respiração) Circulation (circulação) Disability (incapacidade) ou condição neurológica Exposure (exposição) e controle do ambiente A ordem é de prioridade. Se após avançar um passo o anterior alterar, volte a ele. ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Airway “Senhor, senhor??” – fala = via aérea pérvia Como : Manobras – Chin-lift / Jaw thrust Cânulas orofaríngea e nasofaríngea, máscara laríngea, ... IOT é a via aérea definitiva de escolha – obs.: edema de glote, hemorragia copiosa, trauma de face extenso Cricotireoideostomia Indicam VA artificial: rebaixamento, respiração ruidosa, TCE, comprometimento iminente das vias aéreas agitação, risco de aspiração, apneia ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Airway ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Airway A membrana cricotireóidea é identificada por palpação e uma incisão transversal é realizada sobre a membrana (A). A incisão e a dissecção são continuadas pela membrana cricotireóidea e a cricotireoidostomia é alargada (B), permitindo a passagem do tubo traqueal (C). ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Airway Prancha + colar cervical ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Breathing Exame físico: Inspeção dos movimentos do tórax, ausculta dos sons pulmonares, SatO2 Fornecer O2 Possíveis problemas: Pneumotórax hipertensivo Pneumotórax aberto Hemotorax ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Breathing Pneumotórax hipertensivo Ar entra e não sai – empurra mediastino turgência jugular e hipotensão Palpação: Desvio CL da traqueia Percussão: timpanismo Ausculta: MV abolido Dx: clínico. Se disponível – USG Conduta imediata: toracocentese de alivio – cça 2ºEIC linha hemiclavicular/adulto 4-5º EIC na linha axilar média Conduta definitiva: toracostomia com dreno em selo d’agua ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Breathing Principal causa (ATLS) - ventilação mecânica com pressão positiva em paciente com lesão pleuropulmonar ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Breathing Pneumotórax aberto Trauma >2/3 do diâmetro da traqueia Conduta imediata: curativo de 3 pontas Conduta definitiva: toracostomia com dreno em selo d’agua ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Breathing ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Breathing Hemotórax Inspeção: jugular colabada (hipovolemia) Percussão: macicez Ausculta: MV abolido Hipotensão Conduta: toracostomia em selo d’agua Quando indico toracotomia: drenagem >1500ml; 200ml/hr nas primeiras 2-4 horas; necessidade persistente de transfusão ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Breathing ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Circulation Choque mais comum é o hipovolêmico. Indicadores de choque: Agitação ou confusão Taquicardia Taquipneia Diaforese Extremidades frias e pálidas Pulsos distais fracos Pressão de pulso diminuída Débito urinário diminuído Hipotensão ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Circulation Classificação da hemorragia ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Circulation Na presença de instabilidade hemodinâmica reposição volêmica preferencialmente em acesso periférico de grande calibre (2) Reanimação 1 litro solução cristaloide quente Identificar precocemente a causa da perda de sangue protocolo e-FAST Tórax Abdome Pelve Ossos longos ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Circulation ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Circulation Avaliar resposta à infusão: sinais vitais, nível consciência, DU(0,5ml/kg/hr – adulto e 0,4ml/kg – cça) Sem resposta? Transfusão maciça empírica O- na classe IV (1:1:1) – Assessment of Blood Consumption (ABC) ≥2: PAS<90; FC>120; FAST+; lesão penetrante em tronco Transamin? Up to date: sangramento ativo significativo – SIM Sabiston - (CRASH)-2 Patients who received TXA demonstrated a decrease in all-cause mortality compared with placebo (14.5% vs. 16%, P = 0.0035) and a reduction in risk of death due to bleeding (4.9% vs. 5.7%, P = 0.0077) – LIMITAÇÕES ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Circulation Fratura pélvica ”em livro aberto” – amarrar pelve nível do trocanter maior Tamponamento cardíaco – tríade de Beck + sinal de Kussmaul Imediato: pericardiocentese 10-20ml Definitivo: toracotomia Toracotomia de reanimação: beneficio para pacientes com trauma torácico penetrante – alivia o tamponamento pela abertura do pericárdio, massagem cardíaca interna, clampeamento da aorta torácica distal e tratamento do sangramento intratorácico ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL - Circulation ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL – Disability Exposure Pupilas Avaliar extremidades – sugere grosseiramente trauma da medula Escala de Coma de Glasgow Retirar toda a roupa da vitima – exame adequado e permitir qualquer intervenção a qualquer tempo ATLS – AVALIAÇÃO INICIAL – Disability 29 OBSERVAÇÃO SECUNDÁRIA Avaliação minuciosa - ”Da cabeça aos pés” Dorso Neurológica Marca de cinto de segurança Exame retal 30 CONTROLE DE DANO Feito para grandes perdas volêmica Tratamento ágil da hemorragia: cessar hemorragia reanimação em UTI tratamento definitivo Evita tríade letal: hipotermia, coagulopatia e acidose LESÕES CEREBRAIS Doutrina Monro-Kellie: crânio é rígido – em equilíbrio o tecido cerebral, líquor e sangue. Qualquer aumento no volume intracraniano resulta na elevação da PIC ou diminuição do volume de outros tecidos PIC elevada prejudica perfusão e oxigenação cerebrais LESÕES CEREBRAIS Hematoma SUBDURAL X EPIDURAL LESÕES CEREBRAIS Hematoma subdural Mais comum Veias pontes – clinica progressiva FR: idoso, alcoólatras Imagem em crescente Dx: TC crânio sem contraste Conduta cirúrgica se desvio LM ≥5mm LESÕES CEREBRAIS Hematoma epidural Mais raro Artéria meníngea média FR: trauma região temporal Obs: intervalo lúcido se concussão associada 60% Glasgow <15 após 2h; fratura de crânio; ≥2 vômitos; >65 anos; amnesia ≥30min Dx: TC crânio sem contraste Conduta cirúrgica se desvio LM ≥5mm LESÕES CEREBRAIS LESÕES CEREBRAIS Lesão axonal difusa (LAD) Desaceleração onde córtex roda e tronco fica parado cisalhamento Perda imediata e duradoura de consciência Conduta: suporte LESÕES CEREBRAIS Objetivo: garantir que o cérebro traumatizado receba fluxo adequado – manter o ABC Avaliação do Glasgow para acompanhar o quadro neurológico durante todo cuidado Se paciente sabidamente usuário de terapia antitrombótica, reverter TC precoce de crânio identifica pacientes que podem se beneficiar de cirurgia LESÃO DA MEDULA ESPINHAL E COLUNA VERTEBRAL Mortalidade baixa. Morbidade considerável e irreversível Acidentes de trânsito como principal causa Tratamento imediato: Imobilizar + colar cervical rígido prioridade Manter imobilização até que haja exclusão de possível lesão. Se LME avaliação do cirurgião de coluna Lesões cervicais alta – supressão respiratória Avaliação grosseira na primária e detalhada na secundária Dor sobre vértebra, deformidade, registro de progressão de sintomas Preferencialmente TC de toda coluna vertebral LESÃO DA MEDULA ESPINHAL E COLUNA VERTEBRAL Fratura de chance LESÃO DA MEDULA ESPINHAL E COLUNA VERTEBRAL Subluxação anterior grave (canal raquidiano) LESÃO DA REGIÃO MAXILOFACIAL Classificação de Le Fort LESÃO DA REGIÃO MAXILOFACIAL Necessitam de avaliação e tratamento imediatos da via aérea – agravamento súbito de edema Presença de detritos na orofaringe pode complicar a entubação, podendo ser necessário acesso cirúrgico Examinar olhos – alteração de acuidade, diplopia. Avaliar cuidadosamente se há ruptura/compressão de músculos extraoculares Avaliar ouvido externo LESÕES DE PESCOÇO São pouco comuns, mas é a lesão com maior mortalidade entre todas as áreas corporais (20%) Estabelecer via aérea é preocupação primária – deterioração rápida Via aérea cirúrgica de escolha é a traqueostomia Hemorragia é outra grande preocupação – lesão de grandes vasos LESÕES DE PESCOÇO Angio TC para pesquisar lesões de estruturas vasculares – se Zona II + sintomas = CC para exploração Hemorragia ativa, hematoma expansivo e lesões aerodigestivas óbvias requerem exploração imediata do pescoço LESÃO DE TÓRAX Pneumotórax Hemotórax Contusão pulmonar Liquido e sangue do interior dos vasos permeiam os alvéolos, interstício e brônquio causando hipoxemia Suporte até que função pulmonar se reestabeleça LESÃO DE TÓRAX Lesão de aorta Grande maioria morre na hora. Laceração ao nível do ligamento arterioso hematoma local QC: pulsos normais em MMSS e diminuído em MMII Dx: clinica + imagem (mediastino alargado, perda da contorno aórtico) Iniciar b-bloq o quanto antes LESÕES ABDOMINAIS Região frequentemente lesada. Muitas vezes cirurgião é necessário para tratamento definitivo. Avaliação inicial com o FAST ou lavado peritoneal Aspiração solução lab Pode ser contuso ou penetrante Contuso – Baço Penetrante se arma de fogo delgado, se arma branca fígado ESTRUTURAS ABDOMINAIS Baço: sinal de Kehr (dor subescapular esquerda) Fígado: manobra de Pringle – clampeamento veia porta e artéria hepática Duodeno: laceração duodenal = toque retal com crepitação Pâncreas: drenagem Diafragma: laparoscopia se estável Intestino delgado: sinal do cinto de segurança Intestino grosso: transverso é região mais afetada ESTRUTURAS ABDOMINAIS Grandes vasos no retroperitônio Surgimento de hematomas devido trauma vascular abdominal Zona 1 requerem exploração, porque estes frequentemente envolvem a aorta, vasos viscerais proximais ou veia cava inferior Zona 2, que predominantemente contém os rins, deve ser explorado apenas se parecer que o hematoma está em expansão e o paciente continuar perdendo sangue Zona 3 é normalmente secundário a fratura pélvica e não deve ser explorado, a menos que uma hemorragia exsanguinante seja óbvia Referências bibliográficas Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. SABISTON, D. C. Jr., ed. Et. Al. Tratado de cirurgia: Tratamento do Trauma Agudo. Cap 17 Up To Data Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. ATLS – Advanced Trauma Life Support for Doctors. 10. ed. Chicago: Committee on Trauma, 2018 image2.png image3.png image4.png image5.png image6.jpeg image7.jpeg image8.jpeg image9.png image10.jpeg image11.jpeg image12.png image13.jpeg image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image17.png image18.png image19.png image20.jpeg image21.png image22.png image23.jpeg image24.jpeg image25.jpeg image26.jpeg image27.png image28.png image29.gif image30.png image31.jpeg image32.png image33.png image34.png image35.png image36.gif image37.png image38.png image39.png image40.png image41.png image42.png image43.png image44.png image45.jpeg image46.png image47.png image48.png
Compartilhar