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Doenca Pulmonar Obstutriva Cronica


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Clínica Médica I 
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica 
❖ Consiste em uma condição pulmonar heterogênea caracterizada por sintomas 
respiratórios crônicos (dispneia, tosse, excesso de secreções e exacerbações) devido à 
anormalidades inflamatórias das vias aéreas e alveolares (enfisema), causando uma 
obstrução persistente e progressiva. 
❖ Ela ocorre devido a alteração inflamatórias do epitélio respiratório (por estresse oxidativo) 
em decorrência da exposição a fumaças e poeiras. 
Importante: os bronquíolos não apresentam músculo liso (não sofrem ação de beta-agonistas ou anticolinérgicos). 
❖ As lesões geralmente são desenvolvidas após os 40 anos de idade (tempo necessário 
para a substancia agressora induzir as consequências). Tais lesões causam dispneia 
persistente (progressiva e com piora ao exercício), tosse crônica, infecções respiratórias 
recorrentes, história de exposição a fator de risco, história familiar de DPOC ou fator de 
risco na infância (baixo peso ao nascer). 
QUADRO CLÍNICO 
❖ Blue bloater (bronquítico): como há maior comprometimento de brônquios pela 
hipers4cretividade, o paciente terá dificuldades de levar o oxigênio aos alvéolos, 
gerando astenia, cianose sistêmica (pela hipóxia) e congestão. 
❖ Pink puffer (enfisematoso): como há maior comprometimento alveolar, o paciente se 
apresenta com astenia, emagrecimento e com expressão similar a “estar assoprando”. 
Apresenta coloração rosada devido ao excesso de hemácias que são produzidas para 
compensar a hipóxia. 
DIAGNÓSTICO 
❖ É obtido pela associação do quadro clínico (dispneia, tosse crônica e secreção), com 
fatores de risco (tabagismo e outras fumaças) e, para a consolidação do diagnóstico, 
deve-se realizar uma espirometria, a qual demonstrará um VEF1/CVF < 0,7 pós-BD 
(distúrbio obstrutivo). 
Uma prova pós-BD positiva se caracteriza pelo aumento de mais de 200ml de ar ou o aumento de mais de 12% do 
VEF1. 
❖ A gravidade da obstrução é avaliada pelo VEF1 pós-BD, classificando-se em GOLD 1 (> 
80%), GOLD 2 (entre 50 e 80%), GOLD 3 (entre 30% e 50%) e GOLD 4 (menor que 30%). 
❖ Em um primeiro momento, pode-se realizar um RX de tórax para avaliar demais 
patologias. 
CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA – 2023 
❖ Em mudança a diretriz prévia, a atualização de 2023 combina os grupos “C e D” em um 
único grupo denominado “E”. A presença de crises classifica o paciente diretamente no 
grupo E. 
❖ Grupo A = paciente apresenta sintomas esporádicos e não possui crises. 
❖ Grupo B = paciente apresenta dispneia aos moderados esforços. 
❖ Grupo E = paciente apresenta crises de obstrução. 
RECOMENDAÇÕES 
✓ Iniciar tratamento sempre com LAMA ou LABA (monoterapia); 
✓ Se monoterapia não solucionar a dispneia, evolui com dupla broncodilatação (LAMA + 
LABA); 
✓ LABA + CI não é indicado para DPOC (exceto se houver asma associada ou eosinofilia > 
300). 
TRATAMENTO 
MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS 
❖ Deve-se orientar exercício físicos regulares, cessação do tabagismo, vacinação contra 
influenza e doenças respiratórias, boa condição nutricional e mental. 
MEDIDAS FARMACOLÓGICAS 
❖ O tratamento de escola para os grupos B e E consiste na combinação de LABA e LAMA 
(dupla broncodilatação). 
❖ Se houver asma associada ou HMG com mais de 300 eosinófilos → pode-se usar 
corticoide inalatório. 
GRUPO A 
❖ Perfil: pacientes de baixo risco (dispneia aos grandes esforços), sem exacerbações ou 
hospitalizações, com no máximo 1 exacerbação moderada. 
❖ Conduta: usa-se um LAMA (formoterol) ou LAMA (tiotrópio). 
GRUPO B 
❖ Perfil: pacientes de baixo risco, porém com muitos sintomas (dispneia aos moderados 
esforços), sem crises ou hospitalizações. 
❖ Conduta: indica-se o uso de LABA (formoterol 12 mcg cápsula inalada 2x ao dia). Após 3 
meses, caso a dispneia esteja mantida, indica-se dupla terapia broncodilatadora (LABA 
+ LAMA – olodatrerol com tiotrópio). 
GRUPO C (ATUALMENTE GRUPO E) 
❖ Pacientes de alto risco com poucos sintomas, indica-se terapia broncodilatadora 
combinada, com CI (se houver critérios). 
GRUPO D (ATUALMENTE GRUPO E) 
❖ Grupo de alto risco com muitos sintomas, indica-se início com LABA + CI (para a crise) e 
seguimento com dupla broncodilatação (LABA + LAMA). 
TÉCNICA INALATÓRIA 
❖ A técnica correta de inalação do pó inalado (Formoterol isolado ou com budesonida) é 
expirar completamente o ar, posicionar o bucal na boca, apertar o botão e inspirar de 
forma rápida e profunda o pó. Após, deve-se segurar por 10 segundos. 
❖ Se VEF < 30% → indica-se mecanismo de névoa suave (inspiração deve ser lenta e suave). 
Após, deve-se segurar por 10 segundos. 
SEGUIMENTO 
❖ Para um paciente em monoterapia que apresente persistência da dispneia, recomenda-
se iniciar dupla broncodilatação. 
❖ Se após 6 meses com dupla broncodilatação a dispneia persistir, indica-se continuar o 
tratamento e avaliar técnica inalatória. No entanto, se houver algum episódio de crise 
(exacerbação), recomenda-se corticoide inalatório (se houver história de asma). 
❖ Em episódios de crise, na existência de excesso intenso de secreções, indica-se um 
inibidor da fosfodiesterase 4 (roflumilaste). Pode-se, ainda, iniciar azitromicina 3x/semana 
(pelo seu efeito imunomodulador inflamatório) em pacientes com DPOC grave 
hipersecretivos e preferencialmente ex-tabagistas.