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Fluidoterapia

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Clínica Médica I 
Fluidoterapia 
❖ A reposição volêmica para expansão plasmática, objetivando a melhora dos parâmetros 
hemodinâmicos com mínimo comprometimento orgânico possível, pode ser feita com 
cristaloides (soluções de íons inorgânicos e pequenas moléculas orgânicas dissolvidas em 
água) e colóides (substancia homogênea não cristalina, constituído de grandes 
moléculas ou partículas ultramicroscópicas de uma substância dispersa em outra). 
Lembrar que DC = FC x VS (onde o VS depende da pré-carga e da pós-carga). 
❖ Expansor ideal é aquele que fica mais tempo dentro do vaso, com custo e efeitos 
colaterais menores (a primeira escolha geralmente são os cristaloides). 
❖ Os cristaloides são mais indicados no ambiente clínico estável, enquanto os colóides são 
indicados na urgência. Os colóides não estão relacionados com aumento da sobrevida 
e são mais caros. 
CRISTALOIDES 
SOLUÇÕES ISOTÔNICAS 
❖ Atravessam facilmente a barreira 
endotelial e tendem a se acumular 
em maior quantidade no interstício. 
Após 1 hora de administração, 
apenas 25% do volume infundido 
permanece no vaso (cristaloides 
ficam pouco tempo dentro do vaso), 
o que justifica maiores volumes de 
infusão. 
❖ Vantagens: baixo risco de eventos 
adversos, sendo indicado para 
pacientes com comprometimento 
da BHE. 
❖ Desvantagens: pode causar acidose 
metabólica hiperclorêmica e 
hipernatremia. 
No caso de sepse, devido a necessidade de grande 
volume de infusão, porém elevada chance de evoluir 
com acidose, indica-se intercalar cristaloide com 
coloide. 
❖ A reposição volêmica inicial com cristaloides é indicada na sepse com hipotensão e 
hipoperfusão (30ml/kg) ou choque séptico com hipotensão (20ml/kg ou albumina 
equivalente). 
Na sala de emergência, para tentar recuperar variáveis hemodinâmicas, sempre usar soluções isotônicas. 
RINGER E RINGER LACTATO 
❖ Vantagens: possuem capacidade de atuar como tampão e baixo risco de eventos 
adversos. 
❖ Desvantagens: necessário infusão de grandes quantidades, com risco de super-
hidratação, edema e hiponatremia, além de hipercalemia. 
Em situações de trauma, pode haver piora da capacidade de metabolização do lactato infundido, o que evolui com 
piora da acidose presente. 
SOLUÇÕES HIPERTÔNICAS 
❖ Pequenos volumes dessas soluções já são capazes de elevar a PA e DC, logo, possuem 
maior capacidade de expandir a volemia. 
❖ Indicadas para choque hemorrágico, politrauma e HIC. CLORETO DE SÓDIO 3% (SF 0,9% 890ML + NACL 20% 110ML) 
❖ 1 ampola de NaCl 20% 10 ml possui 34 mEq de Na. 
COLOIDES 
PROTEICOS – ALBUMINA 20% 
❖ Induz o extravasamento transcapilar, uma vez que causa o aumento da pressão oncótica 
(efeito só até 15h após administração inicial). 
❖ É indicada para aumentar a pressão oncótica (quando há déficit proteico), 
contraindicações a cristaloides, otimização da resposta diurética quando administrado 
juntamente com a furosemida (a albumina atua aumentando a volemia e a furosemida 
atua induzindo a diurese para evitar sobrecarregar o vaso). Após 1h, 60% do volume 
infundido fica no vaso. 
❖ Desvantagens: possui elevado custo e risco de reações anafiláticas. 
COLÓIDES NÃO PROTEICOS (VOLUVEN 6%) 
❖ Quando utilizados, deve ser feita a monitorização da função renal e da coagulação e 
não utilizar por mais de 5 dias consecutivos. 
❖ Vantagens: Possuem efeito expansor entre 4 a 6 horas, reduzem a resposta inflamatória e 
de lesões endoteliais que estejam ocorrendo. 
❖ Desvantagens: pode causar distúrbios de coagulação, reações anafiláticas, 
coagulopatias e IRA 
CÁLCULO DE HIDRATAÇÃO ENDOVENOSA 
VALORES IMPORTANTES 
❖ 1 L de SF 0,9% + NaCl 20% → 511 mEq de Sódio; 
❖ 1g de Glicose = 4 kcal. 
FÓRMULAS 
Déficit de sódio = Água Corporal Total x (140 – Naencontrado) 
Variação de Na+ = 
(𝑵𝒂 𝒊𝒏𝒇𝒖𝒔ã𝒐 + 𝑲 𝒊𝒏𝒇𝒖𝒔ã𝒐)−𝑵𝒂 𝒔é𝒓𝒊𝒄𝒐
Á𝒈𝒖𝒂 𝑪𝒐𝒓𝒑𝒐𝒓𝒂𝒍 𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍+𝟏
→ traduz quantos mEq de sódio são adicionados a 
natremia do paciente a cada 1 L infundido da solução. No caso da solução hipertônica com 511 mEq/L, a 
cada 1 L a natremia aumenta 12 mEq’s. 
❖ A correção segura deve ser feita com 0,5 mEq de sódio por hora (para mais ou para 
menos), logo, como será infundido 12 mEq, o mesmo soro deve ser feito em 24h. Se 1000ml 
serão corridos em 24h, a velocidade de influxo por hora será de 41ml/h. 
Para usar em caso de hiperglicemias acima de 200: 
Na corrigido = Na encontrado + 1,6 x 
𝒈𝒍𝒊𝒄𝒆𝒎𝒊𝒂−𝟏𝟎𝟎
𝟏𝟎𝟎
→ após, calculando pela forma de variação de sódio, tem-
se que haverá uma variação negativa, sendo este o número a ser utilizado nos cálculos assim como no caso 
de hiponatremia. 
COMO FAZER UMA PRESCRIÇÃO? 
O mnemônico FAST HUG EPM diz respeito aos seguintes itens: 
❖ Alimentação (jejum para pacientes graves ou que necessitem pelo risco de 
broncoaspiração, evoluindo com alimentação via SNG com um influxo de 25kcal/kg/dia 
– essa dieta pode ser geral ou específica para portadores de doenças, com consistência 
variando de acordo com a possibilidade); 
❖ Analgesia (utilizando a EVA, após definir a intensidade da dor, institui paracetamol, 
dipirona, AINES, opioides); 
Sempre lembrar de especificar se a analgesia deve ser contínua ou “se dor ou febre”. 
❖ Sedação (atentar-se para situações de emergência no pronto socorro, podendo utilizar 
benzodiazepínicos – evitado em DPOCíticos pelo risco de aumento da PaCO2; 
antipsicóticos – podem causar sintomas extrapiramidais, talvez sendo necessário usar 
biperideno ou prometazina como antídotos; amitriptilina – pode causar retenção urinária 
e boca seca); 
❖ Profilaxia para Tromboembolismo venoso (para os pacientes obesos, idosos, imobilizados 
ou que passaram por cirurgias de grande porte, deve-se instituir HBPM 40mg SC 1x/dia – 
pode causar trombocitopenia; ou HNF 5000 UI SC 8/8h; como medidas não 
farmacológicas opta-se pelo uso de meias elásticas e compressores pneumáticos); 
❖ Elevação de cabeceira (deve ficar sempre elevada de 30° a 45° para a prevenção de 
pneumonias nosocomiais e broncoaspiração, exceto em situações de mudança de 
decúbito ou em cirurgias); 
❖ Prevenção de ulceras (para a prevenção de úlcera de córnea, usa-se colírios 
lubrificantes; para prevenção de úlceras de decúbito, usa-se mudança de decúbito ou 
colchões especiais; para prevenção de úlceras gástricas, usa-se IBP’s); 
❖ Controle glicêmico (o paciente sendo diabético, está indicado Dextro de horário para 
monitorizar glicemia pós-prandial e evitar hipoglicemia; sempre já evidenciando o 
protocolo de correção a ser feita já no início); 
❖ Evitar uso de cateteres/sondas; 
❖ Programar desmame; 
❖ Manter drogas ajustadas para função renal e hepática.

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