Buscar

Sindromes dolorosas da Coluna Lombar

Prévia do material em texto

Clínica Cirúrgica I 
Síndromes Dolorosas da Coluna Lombar 
HÉRNIA DE DISCO 
❖ Pode acometer qualquer segmento da coluna vertebral, mais comum na região lombar, 
podendo acarretar em lombalgia, lombociatalgia (quando irradia para os MMII, devido 
acometimento do nervo ciático) ou ciatalgia (dor em um local que inervação do nervo 
ciático – atinge a raiz nervosa). 
❖ A hernia consiste em um abaulamento do disco intervertebral, uma estrutura que tem por 
função amortecer as cargas e pressões que a coluna recebe, sendo formado pelo anel 
fibroso (feito de colágeno tipo 1) e pelo núcleo pulposo (composto por proteoglicanos). 
A herniação é causada principalmente por fatores biomecânicos, sito é, pressão 
excessiva sobre o disco associada a alterações degenerativas de base dos discos. Ocorre 
principalmente na região lombar baixa (L4-L5 e L5-S1). 
CLASSIFICAÇÃO 
❖ Disco protuso: abaulamento excêntrico do disco sem rompimento do ânulo fibroso. 
❖ Hérnia extrusa: o material extravasado atravessa o ânulo fibroso, porém havendo 
continuidade com o núcleo pulposo preservada. 
❖ Hérnia sequestrada: o material extravasado se fragmenta e perde sua continuidade com 
o núcleo pulposo, ficando alojado no canal medular. 
QUADRO CLÍNICO 
❖ Os pacientes referem dor (lombalgia, lombociatalgia ou ciatalgia) que pode irradiar para 
MMII, em topografia da raiz acometida e geralmente de causa mecânica (piora com o 
movimento – gera uma impotência funcional). 
EXAME FÍSICO 
❖ Durante a inspeção, pode-se observar alterações como a escoliose e alterações da 
forma óssea da coluna (sentidos pela palpação). 
❖ Ao exame neurológico, deve-se fazer a manobra de Lasegue, isto é, com o paciente em 
decúbito dorsal, deve-se elevar uma perna estendida (se o paciente referir dor em 
nádega, tem-se o teste positivo). Ao final da elevação (60°), se não houver dor, deve-se 
fazer uma pressão na planta do pé (se o paciente referir dor em nádega, tem-se o teste 
positivo). 
❖ Ainda no exame neurológico, o paciente pode referir diminuição da força muscular e 
sensibilidade ou reflexos nos locais da raiz acometida. 
❖ A raiz L4 é responsável pela inervação do musculo tibial anterior (responsável pela flexão 
dorsal do pé), logo, deve-se testar a força de flexão do pé, o reflexo patelar e a 
sensibilidade da região medial do pé. 
❖ A raiz L5 é responsável pela inervação do músculo extensor longo do hálux (deve-se testar 
esse movimento) e pela sensibilidade da lateral da perna e região dorsal do pé. 
❖ A raiz de S1 é responsável pela inervação dos músculos fibulares longos e curtos (fazem 
a rotação externa do pé), devendo-se testar a força de rotação externa do pé, reflexo 
de Aquileu e sensibilidade da região lateral do pé. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
❖ Pode-se solicitar um RX simples (evidenciam alterações degenerativas, escoliose, 
retificação com lordose lombar e redução do espaço discal), no entanto esse exame 
não mostra o disco idealmente, tampouco a compressão radicular propriamente dita. 
Da mesma forma, pode-se fazer uma TC de coluna lombar, visto que ela evidencia a 
compressão, no entanto utiliza muita radiação. 
❖ A ressonância magnética é o exame padrão ouro, por evidenciar a compressão radicular 
e medular de forma ideal. Pode mostrar desidratação dos discos (fator de risco) pelo 
escurecimento do disco. 
TRATAMENTO 
❖ Usa-se analgésicos (para controle da dor), AINE (ou corticoide – para analgesia), 
indicação de repouso para a fase aguda, fisioterapia analgésica na fase aguda e 
fisioterapia de reabilitação muscular (para fortalecimento muscular). 
❖ O tratamento cirúrgico é indicado se houver déficit neurológico progressivo, se houver 
falha do tratamento conservador (dor intratável ou dor de MMII), episódios recorrentes 
de dor limitante, se houver a síndrome da cauda equina presente (hérnia aguda de 
grande volume que acabe comprimindo a medula e raízes nervosas, causando uma 
anestesia em cela (pélvica), perda de controle esfincteriano e paralisia de MMII 
(recomenda-se RNM de emergência e cirurgia de emergência). 
ESTENOSE LOMBAR 
❖ Consiste em um estreitamento do canal vertebral que acaba gerando uma compressão 
medular, sendo mais comum em homens e idosos. 
CLASSIFICAÇÃO 
✓ Sem estenose: diâmetro maior que 12mm. 
✓ Estenose relativa: diâmetro entre 10 e 12mm. 
✓ Estenose absoluta: diâmetro menor que 10mm. 
QUADRO CLÍNICO 
❖ Gera uma claudicação neurogênica intermitente (a deambulação causa dor no 
membro inferior), com dor radicular (de acordo com a raiz afetada) típica ou atípica. 
Pode gerar uma síndrome da cauda equina crônica, de evolução lenta. Ainda, pode 
haver sensação de fraqueza e parestesia em MMII, além de Lasegue e déficits 
neurológicos raramente presentes. 
❖ A claudicação intermitente de origem neurogênica é caracterizada por uma dor 
desencadeada por caminhadas variáveis, com piora ao ficar de pé, de início na coxa e 
descendo até o pé. No mais, os pulsos estarão presentes e melhora lenta (> 20min). 
EXAMES COMPLEMENTARES 
❖ Pode-se solicitar uma RX simples (não confirma a estenose, observando apenas 
alterações degenerativas que sugerem a estenose), TC de coluna lombar (permite a 
mensuração do canal vertebral) ou a RNM (padrão ouro – permite avaliar tanto o canal 
medular quanto sua compressão). 
TRATAMENTO 
❖ Pode-se optar pelo tratamento conservador, com controle da dor, realização de 
exercícios físicos, fisioterapia (para alongar os músculos flexores da coluna) e uso de 
corticoide epidural (quando a claudicação não responder a analgesia oral – pouca 
comprovação científica). 
❖ Como alternativa, o tratamento cirúrgico é indicado quando há dor de MMII (pois há 
compressão redicular), alterações esfincterianas (Sd da Cauda Equina) ou resposta 
inadequada ao tratamento conservador.

Mais conteúdos dessa disciplina