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Sistema Nervoso Autônomo

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Fisiologia 
Caso 1 
Aula 1: S. N. Autônomo pt. 1 
Introdução 
Divisão Anatômica do Sistema Nervoso 
Anatomicamente, pode-se dividir o SN em SN Central e SN 
Periférico, de acordo com a localização das estruturas. 
Componentes do SN localizados dentro do esqueleto axial 
(crânio e coluna vertebral) fazem parte do SNC, enquanto 
componentes que estão fora dele fazem parte do SNP. 
O SNC é composto pelo encéfalo e pela medula espinal. O 
encéfalo é a estrutura formada pelo cérebro, cerebelo e 
tronco encefálico (mesencéfalo, ponte e bulbo). 
O SNP é formado por nervos, que podem ser espinais ou 
cranianos dependendo de qual componente do SNC se 
conecta com esses nervos, gânglios (agrupamentos de 
corpos de neurônios fora do SNC) e terminações nervosas, 
que podem ser aferentes (sensitivas) ou eferentes (motoras). 
Divisão Funcional do Sistema Nervoso 
A divisão funcional do SN compreende a divisão em SN 
somático, também chamado de SN voluntário, e SN visceral. 
O SNS é composto por vias aferentes (Sistema Sensorial 
Somático) que informam o que se passa no ambiente e vias 
eferentes (inervam musculatura estriada esquelética) que 
realizam respostas ao meio ambiente. O SNV apresenta vias 
aferentes (Sistema Sensorial Visceral) que informam o que 
se passa no meio interno e vias eferentes (inervam glândulas, 
musculatura lisa e estriada cardíaca) que realizam respostas 
ao meio interno. As vias eferentes do SNV representam o 
SNA, também é chamado de SN Neurovegetativo 
Resumindo, as vias aferentes do SNS levam estímulos do 
meio externo aos centros de controle que enviam respostas 
a esse estímulo por meio das vias eferentes. As vias 
aferentes do SNV levam estímulos do meio interno aos 
centros de controle que enviam respostas a esse estímulo 
por meio do SNA. 
Sistema Nervoso Autônomo 
Como já foi dito, essa porção do SN inerva glândulas, 
musculatura lisa e musculatura estriada cardíaca. A principal 
função do SNA inervando tais estruturas é a manutenção 
do meio interno, garantindo a homeostasia. Características 
importantes do SNA são a rapidez com que ele é ativado e 
a intensidade de seus efeitos. A regulação central do SNA 
(regulação da função autônoma) é realizada pelo sistema 
límbico, hipotálamo e pela formação reticular do tronco. Por 
esse motivo, entende-se a grande influência das emoções 
no funcionamento do organismo. As chamadas Distonias 
Neurovegetativas são conjuntos de sintomas decorrentes de 
descargas emocionais que afetam o sistema límbico, o SNA 
e várias vísceras consequentemente. O controle central da 
função autonômica também envolve, além dos sistemas 
superiores de controle descendentes do hipotálamo, as vias 
reflexas da medula espinal e vias reflexas do tronco 
encefálico. 
Quando se fala das vias eferentes do SN, a via eferente do 
SNS vai ser composta por dois neurônios, um que vai dos 
centros de controle até a medula e outro que parte da 
medula até o músculo estriado esquelético. Após estímulos 
externos que chegam por vias aferentes até o centro de 
controle, alguma resposta será gerada e percorrerá a via 
descrita para ser executada. A via eferente do SNV, que 
corresponde ao SNA, é composta por três neurônios, um 
que parte dos centros de controle até a medula, um que 
parte da medula e vai até um gânglio e o outro que vai do 
gânglio até a víscera que será usada para execução da 
resposta. 
Diferenças entre vias eferentes 
As principais diferenças entre as vias eferentes do SNS e do 
SNV (ou SNA) são: O efetor, que no SNS é o m. esquelético 
e no SNA são as glândulas, m. liso e m. estriado cardíaco. O 
número de neurônios que ligam o SNC ao efetor que, no 
SNS é apenas um neurônio motor somático, já no SNA 
existe um neurônio pré-ganglionar e um pós-ganglionar. A 
última principal diferença é o neurotransmissor liberado, no 
SNS é a acetilcolina (liberada na placa motora do m. 
esquelético), já no SNA são a acetilcolina, noradrenalina e 
adrenalina. 
Divisão do Sistema Nervoso Autônomo 
O SNA apresenta dois grandes componentes, o simpático e 
o parassimpático. A maioria das vísceras vai receber 
inervação dupla, tanto do simpático quanto do 
parassimpático. 
.
As principais diferenças entre os dois sistemas são a 
localização dos neurônios (pré e pós-ganglionares), o 
tamanho das fibras (pré e pós-ganglionares) e os 
neurotransmissores liberados pelas fibras pós-ganglionares. 
Localização dos Neurônios Pré-Ganglionares 
Os neurônios que conectam o SNC aos gânglios do SNA 
diferem entre o SNA simpático e o parassimpático. 
A origem dos neurônios pré-ganglionares do SNA simpático 
é toracolombar, isto é, é em toda a medula espinal torácica 
e lombar, de T1 a L2. A origem dos neurônios pré-
ganglionares do SNA parassimpático é crânio-sacral, isto é, a 
partir do tronco encefálico e da medula espinal sacral. 
Localização dos Neurônios Pós-Ganglionares 
Os neurônios que partem dos gânglios autonômicos até as 
vísceras efetoras diferem entre o SNA simpático e o 
parassimpático. 
Os gânglios do SNA simpático se encontram em duas 
cadeias, uma de cada lado da coluna vertebral. Esses gânglios 
localizados nessas cadeias são chamados de gânglios 
paravertebrais e inervam principalmente órgãos na face e da 
cavidade torácica. 
Além dos gânglios paravertebrais existem 4 gânglios pré-
vertebrais, que inervam principalmente órgãos da cavidade 
abdominopélvica. Os 4 gânglios pré-vertebrais são o gânglio 
celíaco (inerva fígado, vesícula, pâncreas, baço e estômago), 
gânglio aórtico renal (inerva o rim), gânglio mesentérico 
superior (inerva colo ascendente, colo descendente, colo 
sigmoide, reto e intestino delgado) e gânglio mesentérico 
inferior (inerva bexiga e genitálias). 
Os gânglios do SNA parassimpático não se encontram na 
forma de cadeia, mas sim dispersos e geralmente próximos 
das vísceras que eles vão inervar ou dentro delas. As fibras 
conectadas a neurônios de origem cranial inervam órgãos da 
face e órgãos da parede abdominal, já as fibras conectadas 
a neurônios de origem sacral inervam órgãos da cavidade 
pélvica. 
Quando se observa a parte cranial do sistema parassimpático, 
percebe-se que ela se relaciona a 4 nervos cranianos, os 
quais apresentam fibras parassimpáticas. Os 4 nervos 
cranianos são o oculomotor (3, inerva o olho regulando o 
diâmetro da pupila), facial (7, emite fibras que fazem sinapse 
em dois gânglios, um inerva a glândula lacrimal e o outro a 
glândula submandibular e sublinguais), glossofaríngeo (9, 
inerva a glândula parótida) e vago (10, inerva o coração, 
pâncreas, traqueia, os pulmões, o fígado, a vesícula biliar, o 
pâncreas, o estômago, intestino delgado, colo ascendente e 
colo transverso). O nervo vago não apresenta um gânglio 
antes de chegar às suas vísceras pois seus gânglios se 
encontram dentro delas. 
Os núcleos do SNC de onde partem os 4 nervos cranianos 
são, em ordem, o núcleo Edinger-Westphal, núcleos 
salivatórios superiores, núcleos salivatórios inferiores e núcleo 
motor dorsal (ele e o núcleo ambíguo do nervo vago dão 
origem ao nervo vago). O gânglio que o NC3 faz sinapse é 
o gânglio ciliar, os que o NC7 faz sinapse são o gânglio 
pterigopalatino e o gânglio submandibular, e o gânglio que o 
NC9 faz sinapse é o gânglio ótico. 
A parte sacral acompanha os nervos esplâncnicos (S2 a S4) 
e inerva as genitálias, bexiga, colo sigmoide e reto. 
.
Tamanho das Fibras 
Com base no que já foi explicado, pode-se deduzir o 
tamanho das fibras. No SNA simpático, as fibras pré-
ganglionares são curtas pois a cadeia de gânglios e os 
gânglios pré-vertebrais estão muito próximos da medula 
espinal, já as fibras pós-ganglionares, são longas, uma vez 
que os gânglios estão distantes das vísceras que serão 
inervadas. 
No SNA parassimpático, as fibras pré-ganglionares são longas 
pois os gânglios geralmente se encontram próximos ou nas 
vísceras, já as fibras pós-ganglionares têm um tamanho 
mínimo pelo mesmo motivo. 
Neurotransmissores 
Tanto no SNA simpático quanto no parassimpático, na 
sinapse que ocorre no gânglioentre a fibra pré e a fibra 
pós-ganglionar, o neurotransmissor que é liberado é sempre 
a acetilcolina (Ach). 
Na outra sinapse, entre a fibra pós-ganglionar e a víscera 
efetora, que existe a diferença. No SNA simpático, os 
neurotransmissores que podem ser liberados são a 
noradrenalina ou a adrenalina. No SNA parassimpático, o 
neurotransmissor que é liberado é a acetilcolina. 
Aula 2: S. N. Autônomo pt. 2 
Introdução 
É possível associar os dois componentes do SNA com duas 
grandes funções que eles exercem, o preparo do organismo 
para a situação de stress (dilatação das pupilas, 
disponibilização de adrenalina, aumento da frequência 
cardíaca e vasodilatação) realizado pelo SNA simpático, e a 
realização da fase de descanso graças ao SNA 
parassimpático. 
É importante entender que ambos os sistemas estão 
exercendo uma ação basal nas vísceras constantemente, e 
não somente em determinadas situações. Outra observação 
importante é que existem estruturas que são inervadas 
apenas por um dos sistemas, como os vasos sanguíneos que 
são inervados apenas pelo SNA simpático e tanto a ação de 
vasoconstrição quanto a de vasodilatação são realizadas por 
esse sistema. O SNA sempre envolve uma sinapse em um 
gânglio e outra próxima da estrutura efetora, sendo que 
ambas são sinapses químicas e envolvem a liberação de 
neurotransmissores. 
Sinapses do SNA Simpático 
A terminação nervosa da fibra pós-ganglionar é semelhante 
entre os dos componentes do SNA, ambos terminam 
formando varicosidades próximas das células da víscera 
efetora. As varicosidades são estruturas que apresentam 
mitocôndrias e vesículas que contêm neurotransmissores 
específicos de cada componente do SNA. As mitocôndrias 
são importantes para o mecanismo de síntese dos 
neurotransmissores, que ocorre dentro das varicosidades. 
Síntese de Noradrenalina 
*Noradrenalina (ou norepinefrina), adrenalina (ou epinefrina) e 
dopamina são catecolaminas 
A partir do aminoácido tirosina, nas varicosidades de fibras 
pós-ganglionares do SNA simpático, é sintetizada a 
catecolamina chamada de noradrenalina por meio de várias 
etapas. A tirosina é inicialmente convertida em DOPA (por 
uma reação de hidroxilação), que se torna dopamina (ocorre 
uma descarboxilação) que é convertida em noradrenalina. 
Liberação da Noradrenalina 
Uma vez sintetizada, a NA fica armazenada em vesículas e, 
após estímulos para a liberação (que acontecem por 
potenciais de ação que percorrem a fibra pós-ganglionar 
desde a sinapse ganglionar), o potencial de ação que chega 
na varicosidade altera a permeabilidade da membrana, há um 
.
influxo de cálcio para dentro da varicosidade e isso 
desencadeia a exocitose das vesículas com NA. As vesículas 
se fundem com a membrana celular e o neurotransmissor é 
lançado na fenda sináptica. 
A NA lançada na fenda deve encontrar seus receptores 
(chamados de adrenérgicos) ligados a proteína G presentes 
na víscera efetora. Após se ligar, a NA desencadeia toda uma 
cadeia de reações no receptor e estruturas adjacentes que 
vão provocar alguma resposta nas células da víscera efetora, 
como a secreção de alguma substância, a contração de 
determinada musculatura e outras. 
Vale lembrar que um pouco da NA liberada na fenda se 
difunde para vasos sanguíneos, onde será inativada por 
enzimas (como a monoaminoxidase, ou MAO) presentes na 
corrente sanguínea e fígado por exemplo. Além desse 
destino, grande parte da NA liberada na fenda não é nem 
difundida para o sangue nem conectada aos receptores, mas 
sim recaptada pela própria varicosidade/ terminação nervosa 
por transporte ativo, onde parte dela será metabolizada pela 
MAO e outra parte será novamente armazenada em 
vesículas. 
Adrenalina 
Na medula da adrenal, a noradrenalina passa por uma reação 
de metilação e é convertida em adrenalina, substância com 
meia vida muito maior que a da noradrenalina. 
A adrenalina é o hormônio que vai facilitar a transmissão 
simpática, aumentar a frequência cardíaca e a força de 
contração do coração, liberar ácidos graxos livres do tecido 
adiposo, aumentar a glicogenólise no fígado e músculos. 
Receptores Adrenérgicos 
Os receptores adrenérgicos são moléculas de proteínas 
localizadas nas membranas celulares sobre as quais as 
catecolaminas adrenalina e noradrenalina exercem seus 
efeitos. Esses receptores são divididos em receptores 
adrenérgicos alfa e beta. Os dois grupos ainda podem ser 
divididos em subgrupos Alfa 1, Alfa 2, Beta 1 e Beta 2. 
*Existem também os Beta 3 que são receptores bem específicos 
do tecido adiposo e se relacionam com a lipólise. 
Os receptores Alfa 1, Beta 1 e Beta 2 são pós-sinápticos, se 
encontram nas células da víscera efetora. Algumas estruturas 
apresentam apenas um tipo de receptor, já outras 
apresentam mais de um tipo. Nos vasos sanguíneos 
predominam receptores Alfa 1, já nos brônquios Beta 2 e no 
coração Beta 1. Os receptores Alfa 2 se encontram na 
varicosidade (são pré-sinápticos) e quando a NA se liga 
nesses receptores ela estimula sua própria reabsorção pela 
varicosidade. 
Glândula Adrenal 
Também chamada de glândula suprarrenal, essa glândula 
apresenta duas porções muito distintas, o córtex da adrenal 
e a medula da adrenal, que é um gânglio simpático 
modificado por apresentar corpos celulares de neurônios que 
não contém axônios (neurônios anaxônicos) chamados de 
células Cromafins. 
*O córtex não faz parte do gânglio por ser totalmente diferente 
histologicamente da medula 
As fibras simpáticas pré-ganglionares, diferentemente de 
outros locais, chegam sem interrupções até a medula da 
adrenal. É importante perceber que essa fibra não faz 
sinapse em gânglio algum, mesmo passando por eles. 
Quando chega na medula da adrenal, a fibra pré-ganglionar 
libera acetilcolina (lembrando que essa é a sinapse ganglionar), 
neurotransmissor esse que vai agir nos neurônios anaxônicos 
estimulando a liberação da adrenalina presente em seu 
interior. A adrenalina é liberada para a corrente sanguínea de 
onde será encaminhada para tecidos alvo, que geralmente 
apresentam receptores Beta 1. O efeito da adrenalina é mais 
geral, não tão localizado como o da noradrenalina. 
Em condições normais, a adrenal vai liberar pequenas 
quantidades de adrenalina, a chamada secreção basal. Em 
determinadas situações de stress, luta ou fuga, a glândula 
adrenal recebe estímulos que vão desencadear uma 
secreção muito mais intensa de adrenalina. Em condições de 
stress, além dos estímulos simpáticos, existe forte influência 
do cortisol na secreção de adrenalina, uma vez que o cortisol 
estimula a produção da enzima N-etanolamina-metil-
transferase, a qual é responsável pela conversão de 
noradrenalina em adrenalina na medula da adrenal. 
Sinapses do SNA Parassimpático 
Nas sinapses pós-ganglionares do SNA parassimpático, 
encontram-se os receptores chamados de colinérgicos, que 
são moléculas de proteínas localizadas nas membranas 
celulares sobre as quais a acetilcolina exerce seus efeitos. 
.
Todas as sinapses pós-ganglionares parassimpáticas são 
colinérgicas, mas nem todas as sinapses pós-ganglionares 
simpáticas são adrenérgicas pois existe uma pequena 
quantidade de fibras simpáticas que são colinérgicas (são 
exceções), as quais geralmente inervam glândulas 
sudoríparas. 
Síntese e liberação de Acetilcolina 
Nas varicosidades das fibras pós-ganglionares, por meio da 
união do aminoácido colina com a AcetilCoA forma-se a 
acetilcolina, neurotransmissor que será armazenada na 
varicosidade até que um potencial de ação chegue, promova 
um influxo de cálcio que desencadeie a exocitose da 
acetilcolina para a fenda sináptica. 
A acetilcolina encontrará seus receptores na víscera efetora 
e, após exercer seus efeitos neles, ela será destruída na 
fenda (não recaptada como acontec4 com a noradrenalina) 
pela ação da acetilcolinesterase. A acetilcolina é quebrada em 
colina (retorna para a fibra pós-sináptica para participar da 
síntese de uma nova acetilcolina) e em acetato (é difundido 
para a circulação). 
Resumindo,os locais onde se libera acetilcolina são a placa 
motora dos m. estriados esqueléticos (inervados pelo SN 
somático), gânglios do SNA (ou sinapses entre fibras pré e 
pós-ganglionares de ambos os componentes do SNA) e nas 
sinapses entre fibras pós-ganglionares e vísceras efetoras do 
SNA parassimpático. Em todos esses locais existem 
receptores colinérgicos. 
Os receptores da acetilcolina são de dois tipos, receptores 
nicotínicos (encontrados na placa motora do m. estriado 
esquelético e nos gânglios do SNA), que recebem esse 
nome pois a nicotina pode se combinar com esse grupo de 
receptores assim como a acetilcolina, e receptores 
muscarínicos (encontrados no m. liso, m. estriado cardíaco e 
glândulas, que são as vísceras efetoras conectadas às fibras 
pós-ganglionares do SNA parassimpático), que recebem esse 
nome pois a muscarina pode se combinar com esse grupo 
de receptores assim como a acetilcolina. A principal 
diferença entre os dois tipos de receptores é o modo de 
ação deles, enquanto os receptores muscarínicos (assim 
como os adrenérgicos) são acoplados à proteína G e 
segundos mensageiros, os receptores nicotínicos agem via 
canal iônico (aumentam a permeabilidade da membrana 
celular para determinado íon). 
A pequena quantidade de fibras pós-ganglionares simpáticas que liberam 
acetilcolina será desconsiderada nesse momento por ser apenas uma 
exceção. 
Efeitos Fisiológicos do SNA 
A maior parte da inervação autonômica é mista, isto é, as 
vísceras recebem tanto inervação simpática quanto 
parassimpática e, na maioria das vezes, elas exercem efeitos 
antagônicos. As exceções a essa regra expressa 
anteriormente são as glândulas sudoríparas, músculos 
eretores do pelo, músculo liso dos vasos sanguíneos, medula 
da adrenal e rins, sendo todas essas estruturas inervadas 
apenas pelo SNA simpático. A estrutura que apresenta 
inervação apenas parassimpática é a glândula lacrimal. 
Nos vasos sanguíneos existe o tônus simpático, que é uma 
ação basal do SNA simpático que mantém os vasos 
parcialmente contraídos. Em condições normais, o simpático 
está sempre emitindo estímulos para que os vasos 
sanguíneos (principalmente aqueles com receptores alfa) se 
mantenham parcialmente contraídos. Quando a secreção de 
noradrenalina aumenta, o tônus é aumentado e a constrição 
dos vasos aumenta, por outro lado, quando o simpático é 
inibido e a secreção de NA é reduzida, os vasos sanguíneos 
perdem o tônus basal e se tornam dilatados. 
Nesse conteúdo é importante lembrar dos dois tipos de 
receptores adrenérgicos, os receptores Alfa e os receptores 
Beta, pois a vasoconstrição e a vasodilatação quase nunca 
são sistêmicas, geralmente elas se limitam a vísceras com 
mais receptores Alfa ou Beta, dependendo da situação. 
Conclusão 
Para concluir, é importante lembrar que o sistema simpático 
geralmente responde com uma descarga em massa para 
uma resposta de alarme ou stress, que é a chamada reação 
ergotrópica cuja função é preparar o organismo para 
enfrentar uma condição estressante ou para fugir dela. 
A reação ergotrópica promove o aumento da PA, aumento 
do fluxo sanguíneo para músculos estriados, diminuição do 
fluxo sanguíneo para o trato gastrointestinal, aumento do 
metabolismo celular e da concentração de glicose sanguínea, 
atividade mental aumenta assim como a força muscular 
Por outro lado, o parassimpático é o sistema que promove 
a reação trofotrópica cuja função é apenas a manutenção 
da constância do meio interno. 
.
Aula Prática SNA 
Introdução 
Para compreender o reflexo pupilar, deve-se revisar a 
anatomia básica do olho. A íris é a estrutura do olho formada 
por duas musculaturas lisas com uma abertura central (pupila). 
A musculatura circular em forma de esfíncter é chamada de 
m. circular da pupila, m. constritor da pupila ou m. esfíncter 
da pupila. Esse músculo regula a entrada da luz no olho e é 
inervado pelo SNA parassimpático (graças ao nervo 
oculomotor). O m. constritor se contrai (miose) toda vez que 
existe um estímulo de luz. 
O outro músculo intrínseco do olho é radial e é chamado de 
m. dilatador da pupila, m. radial da pupila ou m. meridional da 
pupila. Esse músculo é inervado pelo SNA simpático (graças 
ao gânglio cervical superior), o qual libera noradrenalina para 
realizar a dilatação (midríase) da pupila. 
Midríase 
O SNA parassimpático é predominante na regulação do 
diâmetro pupilar, uma vez que ele é responsável 
diretamente pela miose (é um mecanismo de proteção) e 
indiretamente pela midríase (por um mecanismo passivo). O 
SNA simpático vai agir apenas na execução da midríase em 
reações de alarme, fuga e stress, sendo esse um processo 
ativo de dilatação da pupila estimulado pela noradrenalina 
principalmente. 
Para entender melhor a midríase realizada de forma passiva, 
deve-se pensar num indivíduo entrando em um ambiente de 
pouca luz, onde a midríase é necessária para a captação da 
maior quantidade de estímulos luminosos possíveis. O SNA 
parassimpático será menos estimulado e, pela sua menor 
estimulação ao músculo circular da pupila, ele relaxa e a 
midríase, de um modo passivo, acontece. 
*Perceba que não há ação do m. radial da pupila nessa situação 
Para a realização da midríase por estímulos simpáticos, a 
medula espinal receberá estímulos e enviará comandos que 
percorrem o neurônio pré-ganglionar, cadeia paravertebral e 
neurônio pós-ganglionar, o qual ascende pelo pescoço e 
chega no m. radial da pupila, onde libera noradrenalina e 
estimula a midríase. 
Miose 
A retina é a estrutura responsável por receber e converter 
os estímulos luminoso em estímulos elétricos/ nervosos 
(processo chamado de transdução), graças aos 
fotorreceptores. Os estímulos nervosos percorrerão o nervo 
óptico (NC 2) que é sensorial. O NC2 apresenta várias fibras 
que, em determinado ponto, se dividem em fibras homo e 
heterolaterais, isto é, que se encaminham para o mesmo lado 
e para o lado contrário do nervo de onde partiram. 
No ponto de cruzamento das fibras heterolaterais forma-se 
o chamado quiasma óptico e a partir dele as fibras passam a 
ser chamadas de trato óptico. Os tratos ópticos se 
encaminham para o núcleo pré-tectal/ núcleo do tecto, 
localizado no mesencéfalo, o qual faz sinapse com o núcleo 
do nervo oculomotor, estimulando o nervo oculomotor (NC 
3), que é um dos 4 nervos cranianos que compõe a porção 
craniana do SNA parassimpático. Existe um gânglio entre o 
NC3 e o m. circular, o qual é chamado de gânglio ciliar e é 
onde acontece a sinapse do neurônio pré-ganglionar (NC3) 
com o neurônio pós-ganglionar, o qual libera acetilcolina no 
m. circular da pupila induzindo a miose. 
Reflexos Pupilares 
São basicamente dois, o reflexo fotomotor direto e o indireto 
(também chamado de consensual). O reflexo fotomotor 
direto é a a miose de uma pupila causada pela estimulação 
luminosa do olho ao qual ela pertence, por exemplo é quando 
a pupila esquerda se contrai quando se estimula com luz o 
olho esquerdo. 
O reflexo fotomotor indireto é aquele onde há a miose de 
ambas as pupilas quando somente um olho é estimulado e 
existe algum objeto impedindo a chegada do estímulo 
luminoso no outro olho. Por exemplo, esse reflexo acontece 
quando se estimula o olho esquerdo e a pupila direita sofre 
miose. Esse processo acontece pela existência das fibras 
heterolaterais do nervo óptico, dessa forma, estímulos 
luminosos que chegam em um olho sempre chegarão para 
os dois núcleos pré-tectais, com isso ambos os nervos 
oculomotores serão estimulados e estimularão a miose em 
ambos os olhos 
.
Alterações nos Reflexos 
Quando um órgão é inervado por ambos os componentes 
do SNA, pode-se ter situações em que um dos 
componentes vai atuar de forma predominante. Em 
condições de morte encefálica, por exemplo, não há 
atividade elétrica no encéfalo, então o nervo oculomotor 
perde sua atividade e somente os reflexos medulares 
acontecerão, dessa forma há uma midríase permanente. 
*Anisocoria é a condição em que há tamanhos diferentes das pupilas

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