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EXERCÍCIOS PREPARATÓRIOS PARA A 1 AVALIAÇÃO

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II 
2023-1 
1ª AVALIAÇÃO 
EXERCÍCIOS PREPARATÓRIOS 
 
 
 
 
Para trabalhar com os dois primeiros problemas, leve em conta o seguinte excerto de um 
pronunciamento judicial: 
 
 
“... as peças postulatórias que têm sido apresentadas pela parte autora não são suficientes 
para que se possa ter uma imagem clara da realidade fática que ensejou a propositura da 
demanda. Todavia, o cotejo entre o que a parte autora chegou a registrar em tais peças 
e o conteúdo dos documentos que até agora foram apresentados permite ter uma ideia a 
respeito da sequência que resultou na provocação do Poder Judiciário federal. E para que 
o objeto litigioso do processo seja adequadamente identificado é de todo necessário expor 
as conclusões a que chegou a este juízo quanto ao panorama fático, de forma a que sejam 
cumpridos os deveres de esclarecimento e de prevenção que decorrem do princípio da 
cooperação, que é norma fundamental do processo. Assim é que o exame do conjunto 
existente nos autos conduz a acreditar que o autor se dispôs a adquirir um imóvel junto às 
pessoas jurídicas ABC Ltda. e XYZ S/A (fl. 13, anverso) e que, para construir o 
mencionado imóvel, as aludidas pessoas jurídicas haviam contraído um empréstimo junto 
ao Banco Moneda S/A, dando em hipoteca, dentre outros bens, exatamente aquele que o 
autor se dispôs a comprar (fl. 14, item f, e fl. 15, anverso, cláusula terceira, parágrafo 
quarto). Para possibilitar a operação de compra e venda, o autor teria, então, planejado 
(a) lançar mão de recursos próprios da ordem de R$ 60.000,00 e (b) contrair, junto à Caixa 
Econômica Federal (CEF), que é uma empresa pública federal, um empréstimo no valor 
de R$ 200.000,00, o que resultou numa operação no valor total de R$ 260.000,00 (fl. 13 
verso, quadro B1). Ao lado disto, diz o autor que “... chegou a pagar, pela compra do bem 
imóvel, mediante a entrega de quantia em dinheiro nas mãos do representante legal da ré 
XYZ S/A, a quantia de R$ 40.000,00...” (sic, fl. 05). Como se vê do conteúdo do quadro 
B1 existente no verso da fl. 13, enquanto o montante fruto de recursos próprios (R$ 
60.000,00) seria destinado às pessoas jurídicas vendedoras, a quantia resultante do 
financiamento a ser concedido pela CEF (R$ 200.000,00) seria direcionada para 
pagamento do saldo devedor do empréstimo que as pessoas jurídicas vendedoras haviam 
contraído junto ao Banco Moneda S/A. Simultaneamente, em razão do empréstimo a ser 
concedido ao autor, a CEF, em garantia do valor emprestado, assumiria a qualidade de 
credora fiduciária (fl. 13 verso, quadro A4). Para dar forma ao negócio jurídico, teria sido 
elaborado o instrumento contratual de fls. 13/26. Todavia, pelo que se vê às fls. 25/26, o 
mencionado instrumento contratual não teria chegado a ser assinado pelos representantes 
legais das pessoas jurídicas vendedoras, em razão do que tudo conduz à conclusão de 
que o conjunto de negócios jurídicos que envolveria, a um só tempo, o autor, as pessoas 
jurídicas ABC Ltda. e XYZ S/A (fl. 13, anverso), a CEF e o Banco Moneda S/A não chegou 
a ser concretizado. Apenas para esclarecer, por meio de um só documento (o instrumento 
de fls. 13/26) seriam celebrados os seguintes negócios jurídicos: (i) uma operação de 
compra e venda entre o autor e as pessoas jurídicas ABC Ltda. e XYZ S/A; (ii) uma 
operação de mútuo entre o autor e a CEF, por meio da qual o autor teria acesso a recursos 
para pagar o bem imóvel que pretendia comprar; (iii) um cancelamento de registro de 
ônus, incidente sobre o imóvel, existente em favor do Banco Moneda S/A, fruto de um 
negócio jurídico anteriormente celebrado entre o aludido banco e as pessoas jurídicas 
ABC Ltda. e XYZ S/A; e (iv) um contrato, entre o autor e a CEF, de alienação fiduciária 
em garantia, por meio do qual a CEF obteria a garantia de que o valor mutuado retornaria 
aos seus cofres, nas hipóteses de mora ou de inadimplemento do autor. E tudo leva a 
crer que o motivo pelo qual o instrumento contratual de fl. 13/26 não chegou a ser assinado 
pelas pessoas jurídicas vendedoras (ABC Ltda. e XYZ S/A) foi a existência de um débito 
do autor junto a elas, no valor de R$ 20.000,00 (fl. 12). O autor, de sua vez, não reconhece 
a existência do aludido débito. Com base nesse contexto, o autor, requerendo a citação 
da CEF e das pessoas jurídicas ABC Ltda. e XYZ S/A, dirigiu, à Justiça Federal, por meio 
de três peças distintas (fls. 03/07, 93/95 e 106/107), por ele apresentadas antes mesmo 
que este juízo examinasse pela primeira vez os autos, pleitos que podem ser assim 
sistematizados: 
 
(01) para que “... seja reconhecida a inexistência da dívida de R$ 20.000,00...” (sic, fl. 07), 
quantia que, pelo exame do documento de fl. 12, é relativa a uma cobrança feita pela 
pessoa jurídica ABC Ltda.; 
 
(02) para “... a declaração de manutenção do contrato...” (sic, fl. 07), englobando (a) a 
operação de compra e venda entre o autor e as pessoas jurídicas ABC Ltda. e XYZ S/A; 
(b) a operação de mútuo entre o autor e a CEF, por meio da qual o autor teria acesso a 
recursos para pagar o bem imóvel que afirma haver comprado; (c) a operação de 
cancelamento de registro de ônus existente em favor do Banco Moneda S/A, fruto de um 
negócio jurídico anteriormente celebrado entre o aludido banco e as pessoas jurídicas 
ABC Ltda. e XYZ S/A; e (d) a operação, entre o autor e a CEF, de alienação fiduciária em 
garantia, por meio do qual a CEF teria obtido a garantia de que o valor mutuado retornaria 
aos seus cofres, na hipótese de inadimplemento; 
 
(03) para “... a quitação das prestações do imóvel...” (sic, fl. 07) assumidas pelo autor 
diretamente junto às pessoas jurídicas ABC Ltda. e XYZ S/A; 
 
(04) para o deferimento da “... imissão do autor na posse do imóvel”, o que lhe estaria 
sendo negado pelas pessoas jurídicas ABC Ltda. e XYZ S/A; 
 
(05) para “... o parcelamento em 36 (trinta e seis) meses do débito, sem a imposição de 
fiador, avalista ou qualquer figura congênere” (sic, fl. 07), na hipótese de este juízo federal 
entender que é devida a cobrança que as vendedoras estão fazendo, relativamente ao 
valor de R$ 20.000,00; 
 
(06) para o pagamento, pelas rés CEF, ABC Ltda. e XYZ S/A, de valores a serem fixados 
pelo Poder Judiciário, individualmente para cada uma das demandadas, de acordo com 
os atos por cada uma delas praticados, a título de indenização por danos materiais; 
 
(07) para o pagamento, pelas rés CEF, ABC Ltda. e XYZ S/A, de valores a serem fixados 
pelo Poder Judiciário, individualmente para cada uma das demandadas, de acordo com 
os atos por cada uma delas praticados, a título de indenização por danos morais; e 
 
(08) para a exclusão do nome do autor de cadastros de proteção ao crédito, ante o fato de que 
teria havido inscrição por iniciativa da pessoa jurídica ABC Ltda. 
 
 
 
Problema 1 
 
Na qualidade de juiz(íza) federal responsável pela condução do processo, identifique, dentre os 
pedidos formulados, aqueles que, diante do caso concreto, podem ser objeto da cumulação feita 
pela parte autora. Justifique. Na hipótese de haver necessidade de se referir especificamente a 
certo(s) pleito(s), faça referência apenas ao(s) número(s) que o(s) identifica(m), a exemplo de "01", 
"02", "02a", "02b", "02c", "02d", "03", "04" e assim por diante (RESPONDER EM, NO 
MÁXIMO, 5 – CINCO – LINHAS. O CONTEÚDO DAS LINHAS EXCEDENTES NÃO 
SERÁ CONSIDERADO EM FAVOR DO ALUNO). 
 
 
Problema 2 
 
Na qualidade de advogado(a) de qualquer das pessoas jurídicas rés, como você se manifestaria 
relativamente ao atendimento, na petição inicial, das exigências formais postas pelo sistema 
jurídico, no que toca ao pedido de imposição da obrigação de indenizar em decorrência dos danos 
materiais que o autor afirma haver sofrido? (RESPONDER EM, NO MÁXIMO, 5 – CINCO – 
LINHAS. O CONTEÚDO DAS LINHAS EXCEDENTES NÃO SERÁ CONSIDERADO EM 
FAVOR DO ALUNO). 
 
 
 
 
 
Problema 3 
 
Ao examinar a petição inicial de um processo,o juiz federal proferiu uma decisão cujos dois 
primeiros itens têm o seguinte teor: 
 
1. O caso é para concessão da medida de urgência postulada, mas não exatamente nos 
termos em que a pretensão foi deduzida em juízo. Com efeito, no que se refere à 
imposição da obrigação de fornecer medicamento não registrado junto à Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária – ANVISA, está atendida a exigência consistente na relevância dos 
fundamentos da demanda, uma vez que são plenamente verossímeis as alegações. De 
fato, todo o quadro invocado pela parte autora revela a forte chance de reconhecimento 
da existência do direito material de que se diz ela titular. E aqui, realce-se, não estou 
aludindo a uma simples plausibilidade das teses jurídicas por ela defendidas, mas a uma 
evidente pujança da sua argumentação. Efetivamente, (i) se é apresentado um laudo 
médico subscrito por profissionais integrantes do Sistema Único de Saúde – SUS, no qual 
consta que, após esgotadas todas as tentativas de uso de outras medicações, o fármaco 
“X”, ainda não registrado junto à ANVISA, é o único eficaz para o tratamento da doença 
que acomete a parte autora e (ii) a Constituição Federal assegura a todos o direito à 
saúde, é dever do Estado (gênero) adotar as medidas necessárias para que a saúde seja 
assegurada ao indivíduo. Ao lado disso, o acervo acostado aos autos demonstra que a 
doença de que padece a parte autora é sobremaneira grave. No caso, há relatório 
médico, datado de cerca de dez dias atrás, do qual se depreende que a parte autora sofre 
da doença “Y” e, de acordo com o profissional que a assiste, necessita ela, agora, usar a 
droga “X”, na quantidade de “150 mg diários, por via oral, por tempo indeterminado” (fl. 
49). Ao lado da satisfação da exigência legal já indicada, identifica-se, ainda, o perigo de 
dano ou o risco ao resultado útil do processo (CPC, art. 300). Quanto a isso, relembre-se 
que tal receio não é o que provém de simples temor subjetivo da parte. Não. Deve ele 
nascer de dados concretos, seguros. E não há como negar a presença, concreta, de tal 
risco, num caso em que a doença que acomete a parte autora, grave que é, pode, de fato, 
progredir, gerando drásticas, irreversíveis e indesejáveis consequências, resultado que 
deve, sem qualquer sombra de dúvidas, ser evitado, de modo a que, assim, seja 
preservada a eficácia do provimento final. Nesse passo, chama a atenção, no relatório 
médico apresentado, a referência ao fato de que a parte autora está sob iminente risco de 
morte e que as suas chances de sobrevivência estão diretamente associadas à 
possibilidade de sucesso do tratamento mediante o uso do medicamento que a parte ré 
se recusa a fornecer (fl. 48). Mas a parte autora quer mais. De fato, no pedido que 
formulou, ela se refere à imposição da obrigação de “... entrega imediata de todo 
medicamento que seja necessário para o tratamento médico (...) e, especificamente neste 
momento, o fornecimento do medicamento ‘X’”. Todavia, a pretensão deduzida, no que 
concerne à “... entrega imediata de todo medicamento que seja necessário para o 
tratamento médico...”, padece de um vício evidente, que impede a admissibilidade do 
exame do seu mérito, uma vez que não houve, na narrativa fática, qualquer referência, por 
mínima que seja, a resistências que a parte ré esteja oferecendo à entrega de outros 
medicamentos, que não aquele que chegou a ser individuado. O pedido em tela, portanto, 
foi, neste trecho, formulado sem que houvesse a correspondente indicação da causa de 
pedir. É inepto, pois, e, por isso, não poderá ter o seu mérito examinado. Mas há ainda 
mais: quer a parte autora que a obrigação a ser imposta seja cumprida, pela parte ré, no 
prazo de 24 horas. Não é necessário mais do uma dose mínima de bom senso para se 
compreender que o prazo indicado pela parte autora é evidentemente curto, mormente se 
se considerar que no polo passivo estão três entes públicos, que, nessa qualidade, 
necessitam formalizar, administrativamente, a prática dos atos indispensáveis para 
cumprimento da determinação judicial. Trata-se, pois, de prazo que não atende à regra 
da utilidade. À vista disso, com base no postulado da razoabilidade, fixo em 10 dias o 
prazo para cumprimento, pela parte ré, da obrigação. Diante do exposto, defiro, em parte, 
o pleito de concessão da tutela provisória de urgência, para o fim de determinar à União, 
ao Estado de Juridicópolis e ao Município de Jurislândia que adotem, solidariamente, 
todas as medidas necessárias para que seja fornecido à parte autora, no prazo de 5 (cinco) 
dias e até o julgamento definitivo da causa, o medicamento “X”, na quantidade e na 
apresentação que lhe permitam realizar, sem interrupções, o tratamento de que necessita. 
Findo o prazo, deverão os réus, nos cinco dias seguintes, trazer aos autos as provas de 
que a obrigação foi adimplida e de que foram adotadas as providências para que não 
ocorra interrupção no tratamento. Em caso de descumprimento, total ou parcial, da 
obrigação, no prazo assinado, sujeitar-se-ão os réus ao pagamento de multa diária, que 
arbitro em R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada acionado, de acordo com a sua parcela 
de responsabilidade, e que incidirá até que a obrigação seja integralmente cumprida. 
Demais disso, ainda na hipótese de descumprimento ou de criação de embaraços à 
efetivação deste provimento, o(s) servidor(es) responsável(is), sem prejuízo das sanções 
criminais, civis e processuais cabíveis, pagará(ão), pessoalmente, multa que, de logo, ante 
a gravidade das consequências de uma eventual conduta desse jaez, arbitro em 20% do 
valor atribuído à causa (CPC, art. 77, § 2º). Do presente pronunciamento, intime-se, com 
urgência, a parte autora e os réus, estes para que deem imediato cumprimento à decisão 
(cuja cópia lhes deve ser fornecida, juntamente com cópias das peças dos autos relativas 
a relatórios médicos e a prescrições dos medicamentos) e aquela para que, além de tomar 
ciência do decisum, cuide de adotar as providências a seu cargo para que possam as 
determinações ser cumpridas. 
2. Anoto que, ao lado do pedido de fornecimento da medicação, a parte autora, alegando 
que vem sendo submetida a esperas demasiadas, que chegam a se estender por dias, 
por ocasião dos atendimentos médicos de que precisa, formulou, também, o pleito de 
que, diante da gravidade da patologia que a acomete, seja determinado, aos integrantes 
do polo passivo da demanda, que adotem todas as providências, junto às instituições 
hospitalares indicadas na petição inicial, todas integrantes do Sistema Único de Saúde, 
para que lhe seja assegurado atendimento prioritário pelos médicos que estiverem 
responsáveis pelo serviço no momento do seu comparecimento à instituição respectiva. 
É de todo adequado registrar que, quanto a tal pedido, porém, não foi formulado pleito de 
concessão de tutela provisória. 
(...) 
 
 
Agiu corretamente o magistrado no que toca ao trecho da decisão que versa sobre a 
inadmissibilidade do exame do mérito? Justifique (RESPONDER EM, NO MÁXIMO, 5 – 
CINCO – LINHAS. O CONTEÚDO DAS LINHAS EXCEDENTES NÃO SERÁ 
CONSIDERADO EM FAVOR DO ALUNO).

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