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Políticas Públicas da Educação

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Prévia do material em texto

Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo
DA EDUCAÇÃO BÁSICADA EDUCAÇÃO BÁSICA
POLÍTICAS PÚBLICAS POLÍTICAS PÚBLICAS 
 REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
 DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima
 DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Geani Andrea Linde Colauto 
 DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini
 DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel 
 SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva
 COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
 COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
 COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes
 COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá
 COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
 COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira
 COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
 COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho 
 COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas
 REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling 
 Caroline da Silva Marques
 Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante 
 Marcelino Fernando Rodrigues Santos
 Eduardo Alves de Oliveira
 Jéssica Eugênio Azevedo
 Kauê Berto
 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO André Dudatt
 Carlos Firmino de Oliveira
 Vitor Amaral Poltronieri
 ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO Carlos Eduardo da Silva
 DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos 
 André Oliveira Vaz 
 
 FICHA CATALOGRÁFICA
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
B482p Beraldo, Mylena Mikaellen
 Políticas públicas da educação básica / Mylena Mikaellen
 Beraldo. Paranavaí: EduFatecie, 2023.
 101 p. : il. Color.
 1.Educação básica - Brasil. 2. Educação e Estado. 3. Política
 pública. I. Centro Universitário Unifatecie. II. Núcleo de
 Educação a Distância. III. Título.
 
 CDD: 23. ed. 379.81
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
As imagens utilizadas neste material didático 
são oriundas dos bancos de imagens 
Shutterstock .
2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da 
obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la 
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
https://www.shutterstock.com/pt/
Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo
Possuo graduação em Pedagogia (UNESPAR-2019). Sou mestre em Educação e 
Formação Docente (UNESPAR - 2022) e tenho especialização em Didática e Metodologia 
do Ensino Básico e Superior (UNIFATECIE - 2022).
 Atualmente sou orientadora de trabalho de conclusão de curso (TCC) da 
graduação de Pedagogia da Instituição de Ensino Superior UniFatecie e professora dos 
anos iniciais do Ensino Fundamental.
 Pesquisadora no Grupo de Estudos e Pesquisas em Estado, História, Políticas e 
Educação. Cadastrada no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq (GEPEHPE/UNESPAR/
CNPQ). Esse projeto está vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Estado, História, 
Políticas e Educação (GEPEHPE) e propõe investigar as questões históricas que envolvem 
as políticas educacionais atuais, mais especificamente aquelas voltadas para a educação 
pré-escolar e fundamental. O objetivo geral da proposta é estudar a educação da criança a 
partir da BNCC, relacionando-a com as transformações históricas ocorridas no atual processo 
de produção e de reprodução material e intelectual da vida humana. 
 
CURRÍCULO LATTES http://lattes.cnpq.br/1015592934947784 
AUTORA
http://lattes.cnpq.br/1015592934947784 
4
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Caros alunos e alunas!
 
Sejam bem-vindos à disciplina de Políticas Públicas da Educação Básica! 
Escrevemos esse material pensando em motivá-los a compreender o movimento educacional 
que o nosso país percorreu, visto que sempre esteve pautado por relações políticas. Além 
disso, o estudo dessa disciplina tem o objetivo de possibilitar conhecimentos que permitam 
a compreensão, a análise e a interpretação das políticas públicas, identificando como se 
organiza a legislação da educação básica, a partir da reflexão crítica, no contexto histórico 
da sociedade brasileira.
Na unidade I começaremos a nossa jornada identificando as concepções e os 
princípios que embasam os conceitos de Política e Estado. Essa noção é necessária para 
que possamos promover a formação de um cidadão crítico, apto para viver ativamente na 
sociedade onde está inserido.
Na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre a concepção dos 
aspectos legais da Educação Básica no Brasil. Para isso, vamos detalhar como ocorreu o 
Manifesto dos Pioneiros da Educação no Brasil; identificar qual a função social da escola; 
realizar um breve histórico das Leis de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n. 4024/1961; 
Lei n. 5692/71; e ressaltar as atribuições da Constituição Federativa do Brasil de 1988 para 
a educação.
Depois, na unidade III vamos tratar especificamente da nova Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional n. 9394/96 e os avanços que ela dispõe sobre o direito à 
educação. Em seguida, ainda nesta unidade, voltaremos o nosso olhar para a compreensão 
do financiamento da educação brasileira, abrangendo: salário educação, Fundeb e FNDE.
Na unidade IV vamos entender o papel dos profissionais da Educação Básica, dando 
ênfase nos planos de cargos e carreira, aspectos da formação inicial e continuada. Para 
compreender esse processo formativo evidenciaremos as políticas públicas de educação 
contemporânea brasileira, pautada pelo documento norteador da Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC) e Avaliação da Educação Básica: SAEB.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer essa jornada 
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em 
nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. 
 
Muito obrigado e bom estudo!
SUMÁRIO
 Conceitos e Definições de Política e Estado 
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Plano de Estudos
• Compreensão contextual: teoria e conceito sobre 
política. 
• Diferentes tipos de política.
• Formação do cidadão para viver em sociedade.
• Função do Estado.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a política;
• Compreender como ocorre a formação do cidadão;
• Estabelecera função do Estado.
1UNIDADEUNIDADE
CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: 
CONCEITOS E DEFINIÇÕES CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
DE POLÍTICA E ESTADODE POLÍTICA E ESTADO
Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo
7UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar que a educação está totalmente atrelada às mudanças 
sociais provocadas pela política? Pois é, para compreender esse movimento educacional 
que o Brasil percorreu, vamos inicialmente nos dispor sobre a concepção de política.
Nessa unidade vamos refletir sobre a importância de entender o que é política, as 
funções do Estado e o seu poder sobre a educação. Partindo de um olhar crítico capaz de 
promover a formação do sujeito para atuar ativamente na sociedade por meio de estudos 
embasados nas Ciências Políticas. 
O importante nessa nossa caminhada é que você, aluno (a), passe por essa temáti-
ca aberto (a) para novas descobertas, transformação de pensamento acerca das influências 
políticas que a nossa educação vem sofrendo.
Quando estudamos políticas voltamos a nossa compreensão para o movimento da 
sociedade no qual estamos inseridos, compreendendo as suas necessidades e os seus 
dilemas, para que assim possamos lutar pelos nossos direitos enquanto cidadãos. Dessa 
forma, a educação precisa ser analisada a partir dessas vertentes “econômicas, sociais e 
políticas” a fim de que você, enquanto futuro professor possa compreender a ideologia que 
o cerca.
Convido você a entender as concepções de política partindo de uma visão crítica. 
Pelo olhar de um cidadão ativo e futuro professor que, partindo dessa consciência, torna-
se capaz de compreender o movimento social no qual pertence estabelecendo mudanças 
qualitativas.
BONS ESTUDOS.
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8UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
 1 COMPREENSÃO CONTEXTUAL: 
TEORIA E CONCEITO SOBRE 
POLÍTICA
TÓPIC0
Você já parou para pensar na importância de compreender política? Já se perguntou 
o que é política? Já parou para refletir o quanto ela está presente em nossas vidas?
Essas são questões que muitas vezes estão no nosso dia a dia, mas nos fechamos 
de forma que não buscamos nos aprofundarmos, deixando muitas vezes as nossas 
inquietações de lado, passando a viver em uma realidade da qual não entendemos o seu 
movimento dialético, ou seja, onde “[...] a realidade concreta é uma unidade contraditória 
e, movida por essa contradição, transforma-se em um permanente processo histórico de 
evolução e revolução” (BERALDO, 2022, p. 22).
Essa realidade contraditória exposta pelo movimento dialético reflete os movimentos 
da sociedade capitalista, onde defende uma falsa consciência social aos cidadãos que só 
é combatida a partir da consciência de classe adquirida por eles.
Dessa forma, compreender o movimento dialético da nossa sociedade visa identi-
ficar sua formação por meio de um caráter político, que vai desde a compreensão do seu 
trabalho material até a aquisição da sua consciência.
Estudar Política torna-se então necessário, pois é por meio de sua compreensão 
que o indivíduo entende que é parte de uma sociedade, onde entra em contato com um 
primeiro grupo social, inicialmente é a família e em seguida é encaminhado para dentro de 
outras instituições sociais, como a escola e a igreja.
Todos os espaços sociais pelo qual o indivíduo percorrerá ao longo da sua vida 
tende a revelar algumas características particulares, no entanto, apresenta algo em co-
mum, que são as regras, elas irão impor sobre essa pessoa os seus direitos e deveres. 
9UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
Por essa razão é que podemos dizer que a política está presente em todos os lugares e é 
fundamental para a compreensão social.
Molina (2004, p. 10) defende que a política é um “[...] conjunto dos mecanismos 
reguladores da totalidade social. Dessa forma, todas as sociedades são políticas e a política 
está sempre ligada ao modo de produção de cada sociedade.”. Assim, o autor ainda coloca 
que quanto mais complexa essa sociedade se tornar, em seus aspectos trabalhistas e 
sociais, maior será a complexidade política desse grupo.
Ainda nesse contexto, Ribeiro (1998, p. 8) destaca que o termo política “[...] refere-
se ao exercício de alguma forma de poder e, naturalmente, às múltiplas consequências 
desse exercício.”. Para esse autor, tudo o que é imposto a determinado grupo social é um 
ato de política.
 Mas o que seria esse poder que regula a nossa sociedade?
Quando pensamos em política, imediatamente nos vem à cabeça a palavra “poder”, 
para Ribeiro (1998) o poder está mais relacionado ao aspecto de persuadir as pessoas nas 
inter-relações do que com um mero cargo empregatício. Estabelecer essa significação para o 
poder torna-se base para compreender a fundo os preceitos que baseiam a política. 
Afinal, “[...] se a Política tem a ver com o poder e se o poder visa a alterar o com-
portamento das pessoas, é evidente que o ato político possui dois aspectos que aparecem 
de pronto: a) um interesse; b) uma decisão.” (RIBEIRO, 1998, p. 9).
 O autor relaciona-os da seguinte forma:
a) se alguém deseja influenciar ou modificar o comportamento das pessoas, 
esse alguém tem um interesse que deseja ver implementado pela modificação 
pretendida, seja ele ditado por conveniências pessoais, de grupo, religiosas, 
morais etc;
b) o objetivo configurado pelo interesse só pode ser conseguido por uma 
decisão que efetivamente venha a alterar o comportamento das pessoas — 
seja esta decisão imposta, consensual, de maioria etc (RIBEIRO, 1998, p. 9).
 A concepção de política se modula por meio dos interesses que vão sendo 
transformados em objetivos por quem detém o poder, logo, esses objetivos vão conduzindo 
as tomadas de decisões.
Diante então de toda exposição feita por Ribeiro (1998), a política passa a ser 
vista como com o estudo que relaciona a prática e a teoria voltada para a concentração 
de interesses, com a finalidade de alcançar os objetivos de determinados grupos sociais. 
Complementando a concepção de políticas idealizada por Ribeiro (1998, p. 16) ela não se 
distingue de nós, pois “[...] é a condução da nossa própria existência coletiva, com reflexos 
10UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
imediatos sobre nossa existência individual, nossa prosperidade ou pobreza, nossa educa-
ção ou falta de educação, nossa felicidade ou infelicidade.”
Agora que você já entendeu o conceito de política, vamos voltar a nossa atenção 
para os processos de formação política que desenvolveram os aspectos de globalização 
da economia do Brasil.
Mas o que será que é essa globalização? Qual a sua influência na educação?
Já sabemos que a política possui um papel de reguladora da sociedade, exposta 
à grupos sociais pelas ideologias dominantes, ou seja, por meio do “poder” existente nas 
relações sociais. 
Diante disso, vamos dar ênfase na política internacional que foi uma influenciadora 
ativa na política brasileira e nos demais países da América Latina e do Caribe.
É a partir da ação da política internacional que se constitui um programa de globa-
lização, com o intuito de unificar a economia de diversos países com um só ideal político. 
Esses processos vão estabelecer a organização política, promovendo a reprodução do 
capital no Brasil.
Dale (2004, p. 436) estabelece a globalização como:
[...] um conjunto de dispositivos político-econômicos para a organização 
da economia global, conduzido pela necessidade de manter o sistema 
capitalista, mais do que qualquer outro conjunto de valores. A adesão aos 
seus princípios é veiculada através da pressão económica e da percepção do 
interessenacional próprio.
Assim, Beraldo (2022, p. 56) contribui que “[...] o processo de globalização promove 
mudanças no contexto educacional, pois passa a idealizar uma educação unificada 
independentemente das diferenças culturais existentes em cada país.”. Aqui a educação 
deixa de ser vista apenas como um processo de formação intelectual e passa a ser 
identificada como aparelho de reprodução das ideologias dominantes. 
Partindo da globalização e da nova estrutura socioeconômica dos países periféricos, 
estão concentradas as políticas econômicas do Banco Mundial. De acordo com Shiroma, 
Evangelista e Moraes (2007, p.61) “[...] o Banco Mundial é um organismo multilateral de 
financiamento que conta com 176 países mutuários, inclusive o Brasil”.
Para Frigotto (1996) o Banco Mundial é um auxiliador externo no processo de glo-
balização pois estabelece políticas educacionais para todos os 176 países inseridos nesse 
programa.
No entanto, pare para pensar, por que um banco estaria preocupado com as ques-
tões educacionais?
11UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
 Para responder essa pergunta, Shiroma, Evangelista e Moraes colocam que:
 
[...] a educação, especialmente a primária e a secundária (educação básica), 
ajuda a reduzir a pobreza aumentando a produtividade do trabalho dos 
pobres, reduzindo a fecundidade, melhorando a saúde, e dota as pessoas 
de atitudes de que necessitam para participar plenamente na economia e na 
sociedade (SHIROMA; EVANGELISTA; MORAES, 2007, p. 63).
Podemos identificar que o Banco Mundial estabelece a formação do indivíduo para 
atuar em um novo contexto social, marcado pela década de 1990, onde deve atender aos 
princípios do mercado de trabalho de forma ativa na sociedade. Assim, a educação passa 
a ser vista como uma das instituições formativas mais importantes para o desenvolvimento 
econômico, objetivando a redução da pobreza.
Por fim, ao refletirmos sobre o conceito de política percebemos o quanto ela está 
presente em nossas vidas, seja por meio dos interesses pessoais ou dos grupos sociais do 
qual nós estamos inseridos. Esses interesses se transformam em objetivos que totalizam 
nas tomadas de decisões.
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12UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
 2 DIFERENTES TIPOS DE POLÍTICAS
TÓPIC0
Identificamos anteriormente que a política faz parte de um processo de regulação 
social alinhado ao poder, assim, conseguimos compreender que a sociedade de um modo 
geral produz política, uma vez que ela está inteiramente ligada ao modo de produção 
materiais e imateriais existentes nos grupos sociais.
Portanto, torna-se necessário distinguir os diferentes tipos de políticas que estão 
direcionadas para diferentes grupos sociais, totalizando na formação do cidadão para a 
década de 90. Nos voltamos então para a definição das seguintes políticas: políticas pú-
blicas; políticas sociais e políticas educacionais.
Para compreender a definição de políticas públicas em sua totalidade devemos 
identificar que esta ocorre por meio da ação do Estado para cumprir com os seus deveres 
perante a sociedade. Com isso, cabe reforçar que uma política pública tem as suas 
atribuições voltadas para a sociedade de uma forma coletiva.
Seguindo essa concepção, são desenvolvidos planos de ações e programas que 
buscam estruturar a sociedade, como: saúde e educação, promovendo a organização do 
país. Com base nisso, Souza (2003) define políticas públicas como um:
Campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em 
ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, 
propor mudanças no rumo ou curso dessas ações e/ou entender por que e 
como as ações tomaram certo rumo em lugar de outro (variável dependente). 
Em outras palavras, o processo de formulação de política pública é aquele 
através do qual os governos traduzem seus propósitos em programas e 
ações, que produzirão os resultados ou as mudanças desejadas no mundo 
real (SOUZA, 2003, p. 13).
13UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
As políticas públicas enquanto responsabilidade do Estado promovem a manutenção 
de diferentes organismos a partir de decisões relacionadas à política implementada. No 
entanto, Höfling (2001) considera que essa política não deve ser reduzida a uma mera 
política estatal.
Lima (2018, p. 30) esclarece que “[...] essas políticas públicas, quando relacionadas 
ao campo da educação, costumam ser entendidas de forma mais restritiva, uma vez que 
as políticas públicas educacionais regulam e orientam os sistemas de ensino, instituindo a 
educação.”
Nesse sentido, podemos então dizer que a educação está inserida na política pú-
blica de uma sociedade?
A resposta é sim! O desenvolvimento educacional de um grupo social ao ser imposto 
requer ações cuja responsabilidade é direcionada ao Estado e aos demais organismos que 
interferem diretamente na esfera política de determinado povo. 
Molina e Rodriguez (2022, p. 43) afirmam que “[...] dentro da conjuntura capitalista, o 
Estado é um agente regulador, que se utiliza de políticas sociais para garantir a manutenção 
das relações capitalistas em sua totalidade.”
Complementando, as políticas sociais podem ser identificadas também como as 
políticas que abrangem o desenvolvimento da educação, saúde, previdência, habitação, 
saneamento entre outros. Assim, para Höfling (2001, p. 31) “as políticas sociais – e a 
educação – se situam no interior de um tipo particular de Estado. São formas de interferência 
do Estado, visando a manutenção das relações sociais de determinada formação social.”.
Ainda para esse autor, as políticas sociais referem-se às:
[...] ações que determinam o padrão de proteção social implementado 
pelo Estado, voltadas, em princípio, para a redistribuição dos benefícios 
sociais visando a diminuição das desigualdades estruturais produzidas pelo 
desenvolvimento socioeconômico. As políticas sociais têm suas raízes nos 
movimentos populares do século XIX, voltadas aos conflitos surgidos entre 
capital e trabalho, no desenvolvimento das primeiras revoluções industriais 
(Höfling, 2001, p. 31).
Neste sentido, a educação é inserida no contexto das políticas públicas e sociais, 
pois ela é vista como um meio formativo capaz de desenvolver o cidadão como um sujeito 
ativo para o novo século, superando todas as disfunções da sociedade.
Desenvolve-se assim princípios responsáveis pelo desenvolvimento dos educan-
dos caracterizado pelas políticas educacionais, esta, por sua vez, é a responsável pela 
organização dos sistemas brasileiros de ensino. Para compreendê-la em sua totalidade, 
14UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
Lima (2018, p. 30) ressalta alguns pontos a serem considerados, como: históricos, econô-
micos, políticos e culturais.
A concepção histórica é identificada como um aspecto dominante na organização 
educacional, uma vez que a educação enquanto ato político possui a sua estruturação 
pautada no período histórico no qual determinada sociedade se encontra. Por exemplo, no 
início do século XX, onde a educação passou por modificações para formar indivíduos que 
atendessem à industrialização social.
 Assim, Lima destaca que:
Essas ações são reforçadas a partir das ideias do Manifesto dos Pioneiros 
da Escola Nova, de 1932, e da própria Constituição de 1934, que coloca 
a prioridade e a obrigatoriedade no ensino primário a todos. Devido à 
necessidade de apoiar a expansão industrial e a crescente urbanização e de 
erradicar o analfabetismo que assolava mais da metade do público adulto na 
época, foram criadas as primeiras campanhas voltadas para a alfabetização 
desse público (LIMA, 2018, p. 31).Após o processo de redemocratização do ensino brasileiro, entram em ação os 
aspectos econômicos que também afetam a organização educacional. Nesse sentido, 
cabe ao gestor organizar como os recursos serão destinados aos programas voltados para 
a educação.
Para complementar, temos o contexto político que, como já falamos anteriormente, 
se faz presente nas políticas públicas e educacionais, pois Lima (2018, p. 32) destaca que 
“[...] elas envolvem os embates entre os posicionamentos ideológicos que compõem os 
movimentos políticos presentes no País”. 
Devemos ter claro em nossa mente que esse contexto político vai além das ques-
tões político-partidárias, pois as políticas educacionais estão amparadas por movimentos 
sociais cujo objetivo é a promoção de direitos comuns para alunos inseridos na educação 
básica e superior.
O Brasil é um país multicultural e, por isso, possui os aspectos culturais inseridos 
nas políticas públicas educacionais. Lima (2018, p. 33) destaca que os pressupostos 
culturais “[...] podem retratar a cultura hegemônica da sociedade, representando o poder 
de algum grupo específico que, a partir de sua articulação, consegue impor seu modelo 
educacional.”.
É importante identificar quais são os aspectos culturais que envolvem o nosso enten-
dimento para a importância de compreender as diferentes culturas existentes em nosso país, 
pois é assim que o ensino se desenvolve, pautado na igualdade de acesso educacional.
15UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
Contudo, devemos agora voltar os nossos estudos para compreender: Qual a 
formação pretendida após a globalização para que o cidadão possa viver plenamente em 
sociedade?
 Essa é a questão que buscaremos responder em nosso próximo tópico.
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 3 FORMAÇÃO DO CIDADÃO PARA 
VIVER EM SOCIEDADE
TÓPIC0
UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 16
Olá aluno (a), nesse momento cabe refletirmos sobre a seguinte questão: qual a 
formação pretendida após a globalização para que o cidadão possa viver plenamente em 
sociedade?
Historicamente, passam a propor um novo modelo educacional que seja capaz 
de reduzir os índices de pobreza nos países globalizados, de acordo com Lima (2018, p. 
14-5) “[...] as políticas públicas educacionais precisam ser focadas na realidade brasileira e 
devem ser definidas de acordo com os grupos sociais a que se destinam, bem como ao tipo 
de relação que têm com as demais políticas públicas.”.
Como você pode ver, a política influencia profundamente o cenário educacional, 
assim como a vida de cada indivíduo que está inserido nesse grupo social. Por isso, é 
muito importante que você enquanto futuro professor compreenda essa realidade que está 
exposta a diversas mudanças.
Então, vamos lá: a UNESCO[1], assim como o Banco Mundial, também influenciou 
na organização política de vários países que ainda buscavam o seu desenvolvimento, essa 
influência esteve amparada pelos processos educacionais, desde as últimas décadas do 
século XX até os dias atuais.
17UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
[...] a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
(UNESCO), caracterizada como uma agência especializada das Nações Unidas (ONU) 
com sede em Paris, fundada no ano de 1946 com o objetivo de garantir a paz por meio da 
cooperação intelectual entre as nações. O seu papel foi desenvolvido por intermédio de 
áreas de conhecimento como: Educação, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais, 
Cultura, Comunicação e Informação. Buscando contribuir para a reconstrução de países no 
pós-guerra e, no final do século XX, passou a desenvolver políticas que, do seu ponto de 
vista, visam a estabelecer o bem-estar social e a paz mundial por meio da educação. Para 
isso desenvolve até os dias atuais projetos de cooperação formativa em parceria com os 
governos de Estados e municípios (BERALDO, 2022, p. 58).
Beraldo (2022, p. 58) estabelece que “a UNESCO colabora para o desenvolvimento 
da educação em aspectos como a formação de professores, a construção de escolas, na 
disponibilização de materiais que são necessários para promover a educação, propagando 
a cultura humana.”.
Assim, podemos compreender que tanto a UNESCO quanto o Banco Mundial se 
efetivaram com base em um caráter humanitário, uma vez que seus objetivos estavam 
pautados na erradicação do analfabetismo nos países globalizados.
Partindo disso, é importante que você, aluno (a), compreenda que é a partir das 
últimas décadas dos século XX que a educação será vista como a base formativa da socie-
dade brasileira, constituindo-se como pauta nas questões sociais e políticas. Após 1990 a 
educação assume o compromisso de estabelecer o caminho pelo qual os indivíduos irão se 
desenvolver, por meio de um ensino sistematizado que seja capaz de aprimorar as aptidões 
necessárias para o seu conhecimento ao longo da vida. 
Com base nesse quadro ideológico caracterizado pela Reforma do Estado, a 
educação deveria formar um novo cidadão que atendesse aos pressupostos da época, ou 
seja, um cidadão ativo e apto para o trabalho.
18UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
 Beraldo (2022, p.59-60) destaca que: 
[...] ficam estabelecidos aos brasileiros direitos e deveres a serem exercidos 
perante a sociedade, uma vez que a educação deve estar voltada para a 
formação de um novo homem criativo, autônomo, empreendedor, capaz de 
contribuir para a solução dos problemas sociais, desenvolvendo competências 
e habilidades práticas.
Então, cabe a nós reforçar que nesse contexto político e histórico a educação é 
a grande responsável pela formação dos cidadãos. Você já se perguntou como ou quem 
estabeleceu os direitos e deveres que foram base para a formação dos novos cidadãos? 
Pois bem, para responder a essa questão devemos voltar novamente a nossa 
atenção para a UNESCO, que colaborou com a elaboração da Comissão Internacional 
sobre a Educação para o século XXI.
A Comissão Internacional sobre a Educação foi coordenada pelo francês Jacques 
Delors, onde o objetivo se voltou para a organização do contexto educacional. Na visão de 
Delors (1996), a formação desse novo cidadão deveria estar pautada na paz e liberdade 
social, pois nesse século a educação deveria ser a promotora da igualdade, eliminando 
todos os aspectos de pobreza e marginalização existentes nos países globalizados.
O Relatório que citamos acima não buscou estabelecer a educação como um “re-
médio milagroso”, mas como uma “porta de oportunidades” que se abria para os indivíduos 
inseridos no novo século, “[...] como uma via que conduza a um desenvolvimento humano 
mais harmonioso, mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão social, as 
incompreensões, as opressões, as guerras” (DELORS, 1996, p.11). 
Nesse contexto político, a formação humana esteve pautada no saber fazer, sendo 
refletida através da educação, onde buscava-se a formação da pessoa enquanto um indivíduo, 
grupos e nações. Delors (1996) destaca algumas tensões para o século XXI que deveriam 
ser superadas por meio da formação humana a partir da publicação do Relatório, entre elas:
A tensão entre o global e o local: tornar-se, pouco a pouco, cidadão do 
mundo sem perder as suas raízes e participando, ativamente, na vida do seu 
país e das comunidades de base. 
A tensão entre o universal e o singular: a mundialização da cultura vai-se 
realizando progressiva mas ainda parcialmente [...].
A tensão entre tradição e modernidade tem origem na mesma proble-
mática: adaptar-se sem se negar a si mesmo, construir a sua autonomia 
em dialética com a liberdade e a evolução do outro, dominar o progressocientífico [...]. 
A tensão entre as soluções a curto e a longo prazo, tensão eterna, mas 
alimentada hoje em dia pelo domínio do efêmero e do instantâneo, [...]. As 
opiniões pretendem respostas e soluções rápidas, quando muitos dos pro-
19UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
blemas enfrentados necessitam de uma estratégia paciente, que passe pela 
concertação e negociação das reformas a executar. As políticas educativas 
são, precisamente, uma área em que esta estratégia se aplica.
A tensão entre a indispensável competição e o cuidado com a igualdade 
de oportunidades, [...] A Comissão ousa afirmar que, atualmente, a pressão 
da competição faz com que muitos responsáveis esqueçam a missão de dar 
a cada ser humano os meios de poder realizar todas as suas oportunidades 
[...]. 
A tensão entre o extraordinário desenvolvimento dos conhecimentos e 
as capacidades de assimilação pelo homem. [...] É necessário, pois, optar, 
com a condição de preservar os elementos essenciais de uma educação bá-
sica que ensine a viver melhor, através do conhecimento, da experiência e da 
construção de uma cultura pessoal.
[...] a tensão entre o espiritual e o material. [...] Cabe à educação a nobre 
tarefa de despertar em todos, segundo as tradições e convicções de cada um, 
respeitando inteiramente o pluralismo, [...]. Está em jogo — e aqui a Comissão 
teve o cuidado de ponderar bem os termos utilizados — a sobrevivência da 
humanidade (DELORS, 1996, p. 14-5).
Com essa colocação podemos entender que este Relatório buscou atualizar 
o conceito de educação para atender aos desafios que o novo século impunha sobre a 
formação humana, buscava-se a promoção então da educação ao longo da vida capaz de 
reforçar a cooperação entre os diversos grupos sociais existentes. 
Voltado para a finalidade da educação, o Relatório salienta que “[...] a sua realização, 
longa e difícil, será uma contribuição essencial para a busca de um mundo mais habitável 
e mais justo” (DELORS, 1996, p. 16).
No entanto, como essa formação humana deveria estar organizada? Quais os 
princípios formativos que a embasam?
Delors (1996, p. 89) ressalta que a educação ao promover a formação humana 
deve estar embasada em quatro pilares que são a base do conhecimento. Nesse contexto 
histórico, “[...] a educação deve transmitir, de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais 
saberes e saber-fazer evolutivos, adaptados à civilização cognitiva, pois são as bases das 
competências do futuro.”. 
A educação formadora deveria apresentar o mundo aos alunos, assim como os 
seus movimentos sociais por meio de quatro aprendizagens identificadas na qualidade de 
pilares da educação, sendo eles:
[...] aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; 
aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver 
juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades 
humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três 
precedentes (DELORS, 1996, p. 90).
20UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
Com base nisso, querido aluno (a), conseguimos identificar que o Relatório defende 
que os quatro conhecimentos citados devem estruturar o ensino, buscando desenvolver 
os alunos tanto em seus aspectos práticos quanto cognitivos, para que assim o indivíduo 
tenha suporte para atuar ativamente na sociedade.
Compreendemos que a formação do cidadão para esse período histórico deveria 
se efetivar por meio da educação, capacitando-os para lidar com as transformações advin-
das da sociedade. Delors (1996, p.92) esclarece que “[...] o processo de aprendizagem do 
conhecimento nunca está acabado, e pode enriquecer-se com qualquer experiência. Neste 
sentido, liga-se cada vez mais à experiência do trabalho, à medida que este se torna menos 
rotineiro.”.
Resumindo, conseguimos observar a promoção da paz idealizada pela UNESCO a 
partir da organização educacional que a mesma promove para o novo século, ao valorizar 
a educação ela está pensando no bem estar das gerações futuras.
Desse modo, a educação passa a ser reorganizada para atender aos novos 
pressupostos da década de 90, a sua reestruturação é pautada pelos aspectos políticos 
e econômicos, mas qual o papel do Estado perante todas essas mudanças políticas e 
educacionais?
Conto com vocês para que juntos possamos identificar a função do Estado no fazer 
político e na promoção de uma educação gratuita e de qualidade.
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 4 FUNÇÃO DO ESTADO 
TÓPIC0
UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 21
Olá, aluno (a), vamos dar sequência em nossos estudos com o seguinte 
questionamento: qual o papel do Estado perante todas essas mudanças políticas e 
educacionais?
Já refletimos sobre a concepção de políticas e também sobre como foi pensada 
a formação cidadã para o século XXI, partimos agora para compreender qual o papel do 
Estado no desenvolvimento social dos indivíduos. Assim, para dar continuidade é importante 
termos claramente o conhecimento da diferenciação entre Estado e governo.
Nesse sentido, Höfling (2001) destaca que:
[...] é possível se considerar Estado como o conjunto de instituições 
permanentes – como órgãos legislativos, tribunais, exército e outras que não 
formam um bloco monolítico necessariamente – que possibilitam a ação do 
governo; e Governo, como o conjunto de programas e projetos que parte da 
sociedade (políticos, técnicos, organismos da sociedade civil e outros) propõe 
para a sociedade como um todo, configurando-se a orientação política de um 
determinado governo que assume e desempenha as funções de Estado por 
um determinado período (HÖFLING, 2001, p. 31).
Partindo da compreensão de Estado, é importante destacar que este não deve ser 
reduzido a uma mera burocracia, uma vez que ele é o responsável por colocar as políticas 
sociais em prática desde a sua implementação até a manutenção.
Por políticas sociais podemos entender as ações que visam o bem estar da sociedade, 
voltadas especialmente para a distribuição de benefícios implementados pelo Estado que 
visam a diminuição das desigualdades e o desenvolvimento econômico previstos desde 
meados do século XX.
22UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
No interior da concepção capitalista, o Estado é identificado como um órgão regulador 
que, ao utilizar as políticas sociais eleva e garante cada vez mais as relações capitalistas. 
Assim, o Estado no aspecto capitalista cuida “[...] não só de qualificar permanentemente a 
mão-de-obra para o mercado, como também, através de tal política e programas sociais, 
procuraria manter sob controle parcelas da população não inseridas no processo produtivo 
(HÖFLING, 2001, p. 33).
Com base na concepção capitalista, te convido para fazer a seguinte reflexão 
referente ao papel do Estado perante a educação:
Nestes termos, entendo educação como uma política pública social, uma política 
pública de corte social, de responsabilidade do Estado – mas não pensada somente por 
seus organismos. As políticas sociais – e a educação – se situam no interior de um tipo 
particular de Estado. São formas de interferência do Estado, visando a manutenção das 
relações sociais de determinada formação social (HÖFLING, 2001, p. 31).
Nesta reflexão podemos entender que a educação enquanto política social está 
situada no interior dos Estados sendo uma das maiores promotoras das relações sociais 
existentes no neoliberalismo. Nesse sentido, Molina e Rodrigues ( 2020, p. 24) destacam 
que “[...] o Estado se utiliza da promulgação de políticas públicas de cunho social para 
naturalizar suas ações perante a massa popular.”.
Por movimento neoliberal podemos compreenderum “[...] conjunto de ideias 
políticas e econômicas capitalistas que defendem a não participação do Estado na economia, 
entendendo que a partir da liberdade no comércio haverá o crescimento econômico e social 
de um país” (LIMA, 2018, p. 32).
Além disso, em um ambiente neoliberal ocorre a ênfase na globalização, ou seja, 
efetivam a ideia das privatizações, onde as decisões, na maioria das vezes, são tomadas 
por agências reguladoras.
23UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
Höfling (2001, p. 37) destaca ainda que:
Para os neoliberais, as políticas (públicas) sociais – ações do Estado na 
tentativa de regular os desequilíbrios gerados pelo desenvolvimento da 
acumulação capitalista – são consideradas um dos maiores entraves a este 
mesmo desenvolvimento e responsáveis, em grande medida, pela crise que 
atravessa a sociedade.”. 
A partir das mudanças deliberadas na função do Estado por conta do contexto 
neoliberal, as instituições de ensino passam a ser vistas com outros olhos, ou seja, são 
improdutivas sob a ótica mercadológica. Vai se perdendo o caráter da construção dos 
direitos sociais, dando abertura para atender às necessidades do mercado de trabalho.
Com base nisso, podemos afirmar que as modificações impostas não se restringiram 
aos conteúdos, mas sim às políticas que delineiam o sistema educacional, como as formas 
de gestão, de controle e de financiamento da educação. 
Vamos juntos analisar em nossa próxima unidade como se deu a reforma do 
sistema educacional no Brasil que buscou promover a solução de problemas por meio da 
mobilidade social.
24UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Iniciamos esta unidade com a reflexão voltada para a compreensão da concepção 
de políticas e formação cidadã. Com base nisso, conseguimos identificar que fazemos 
parte de uma sociedade cujo movimento é dialético, ou seja, uma sociedade capitalista e 
contraditória, onde suas transformações buscam embasar o desenvolvimento do capital. 
Partindo desse pressuposto, evidenciamos que o conceito de política está para 
além dos aspectos partidários, pois a política está inserida em nosso cotidiano por meio de 
nossas ações. Destacamos a política enquanto um conjunto dos mecanismos reguladores 
da totalidade social, sendo ela caracterizada pelo exercício de poder.
Por isso, podemos dizer que estudar política é necessário e importante, pois é 
através de sua compreensão que o indivíduo adquire a percepção de que todas as suas 
decisões completam interesses e que esse por sua vez faz parte de um grupo social.
É por meio da polarização política que o Brasil se desenvolve, garantindo o seu 
espaço na agenda de globalização dos países que buscavam a reprodução do capital. Com a 
unificação dos países que almejam o mesmo ideal político no século XX, foi pensando sobre 
a necessidade de promover novos aspectos formativos para o cidadão do novo século.
Nessa nova formação ganha ênfase o Relatório promovido pela UNESCO no ano 
de 1996, com a direção de Jacques Delors, onde a formação humana deveria estar emba-
sada em quatro pilares do conhecimento, sendo eles: aprender a conhecer; aprender a 
fazer; aprender a viver junto e aprender a ser.
Nesse contexto social, a educação deveria formar o homem para além do ambiente 
escolar, ou seja, este indivíduo deveria estar apto para atuar ativamente na sociedade por 
meio do mercado de trabalho e isso, na visão da UNESCO, apenas ocorreria se o ensino 
estivesse correlacionado com a prática.
Por fim, cabe reforçar que nesse contexto político e histórico neoliberal o Estado 
possui ações mínimas e a educação, mesmo com todas as suas formulações, ainda é a 
grande responsável pela formação dos cidadãos. 
25UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o material indicado abaixo e faça suas reflexões. 
HOFLING, Eloísa de Mattos. Estado e políticas (públicas) sociais. Cad. CEDES, v. 
21, n. 55, p. 30-41, nov. 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ccedes/a/pqNtQNWn-
T6B98Lgjpc5YsHq/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 14 out. 2022.
RESUMO: Para melhor compreensão e avaliação das políticas públicas sociais 
implementadas por um governo, é fundamental a compreensão da concepção de Estado e 
de política social que sustentam tais ações e programas de intervenção. Visões diferentes 
de sociedade, Estado, política educacional geram projetos diferentes de intervenção nesta 
área. Este texto objetiva trazer elementos que contribuam para a compreensão desta relação, 
enfocando autores que se aproximam da abordagem marxista e da neoliberal sobre o tema.
MOLINA, A. A.; RODRIGUES, A. A. Estado, Políticas Públicas e Formação Docente 
no Brasil: direcionamentos a partir do início do século XXI. 2020. Ensino Em Revista, 27(1), 
40–67. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/emrevista/article/view/52744. Acesso 
em: 14 out. 2022.
RESUMO: A educação e a formação docente precisam ser compreendidas a partir 
de uma vertente totalizante, estabelecendo-se uma relação com a economia e a política, cuja 
finalidade é perceber as contradições e as ideologias presentes nas políticas educacionais 
em geral. Partindo desse princípio, o objetivo deste estudo é apontar o papel do Estado nas 
políticas públicas para a educação no Brasil a partir do inicio do século XXI, enfatizando as 
políticas destinadas à formação docente. Para atender tal proposto, a pesquisa se pautou 
em um estudo bibliográfico, por meio de uma concepção teórica pautada no materialismo 
histórico e dialético. Os resultados mostraram que as políticas públicas destinadas à formação 
docente no Brasil estão imbricadas com a forma de organização e de administração do 
governo federal, consequentemente com as determinações socioeconômicas e políticas 
que regem as ações governamentais do país.
https://www.scielo.br/j/ccedes/a/pqNtQNWnT6B98Lgjpc5YsHq/?format=pdf&lang=pt.
https://www.scielo.br/j/ccedes/a/pqNtQNWnT6B98Lgjpc5YsHq/?format=pdf&lang=pt.
https://seer.ufu.br/index.php/emrevista/article/view/52744
26UNIDADE 1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Políticas públicas e educação
Autor: Caroline Costa Nunes Lima; Pablo Bes; Alex Ribeiro Nu-
nes; Simone de Oliveira; Glória Freitas.
Editora: SAGAH EDUCAÇÃO S.A.
Sinopse: O estudo das políticas públicas e sua interface com a 
educação proporciona aos futuros professores a compreensão 
crítica das políticas educacionais, dos fundamentos teóricos das 
políticas, de aspectos essenciais da organização e da legislação 
da educação brasileira. Neste livro estão reunidos alguns 
temas relevantes para reflexão pelos futuros professores em 
sua prática educativa, temas esses que também podem ser 
um ponto de partida para a formação de pesquisadores nessa 
área. A necessidade de interlocução com outros campos do 
conhecimento científico faz da disciplina de políticas públicas 
e educação uma disciplina ímpar. Além de compreender as 
diferentes concepções e matrizes teóricas jurídico-normativas 
e dialéticas, a forma como estão estruturados os capítulos 
deste livro permitem analisar o contexto da prática política 
em educação no cotidiano escolar. Trata-se de uma leitura 
enriquecedora para quem busca uma prática refletida e 
transformadora.
FILME/VÍDEO 
Título: Escritores da Liberdade
Ano: 2007
Sinopse: Uma jovem e idealista professora chega a uma escola 
de um bairro pobre, que está corrompida pela agressividade 
e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade de 
aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, 
para fazer com que os alunos aprendam e também falem 
mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell aposta 
em métodos diferentes de ensino. Aos poucos, os alunos 
vão retomando a confiança em si mesmos, aceitando mais o 
conhecimento e reconhecendo valores.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
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Plano de Estudos
• Conceitos e Definições do Manifesto dos Pioneiros da Educação 
Nova no Brasil.
• Breve histórico das Leis de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n. 
4024/61; Lei n. 5692/71.
• Constituição Federativa do Brasil de 1988.
• A nova LDB e os avanços quanto ao direito à educação.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar o Manifesto dos Pioneiros da Educação no Brasil;
• Analisar as políticas públicas que organizam a legislação da educação básica;
• Estabelecer a importância da Constituição Federativa do Brasil de 1988;
• Compreender a nova LDB e os avanços quanto ao direito à educação.
2UNIDADEUNIDADE
ASPECTOS LEGAIS DA ASPECTOS LEGAIS DA 
EDUCAÇÃO BÁSICA EDUCAÇÃO BÁSICA 
NO BRASILNO BRASIL
Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo
28UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.
INTRODUÇÃO
Você já se perguntou quais caminhos a educação brasileira percorreu para ser 
reconhecida em sua organização atual? A fim de compreender essa questão, iremos nos 
colocar diante da organização educacional brasileira desde os seus primórdios.
Nessa unidade vamos compreender como se deu o movimento social do Manifesto 
dos Pioneiros da Educação Nova no ano de 1932, movimento este que revolucionou a 
compreensão da educação enquanto meio de formação humana.
Partindo de um olhar crítico, vamos juntos acompanhar as principais linhas normativas 
que regem o caráter educacional brasileiro. O importante nessa nossa caminhada é que 
você, aluno (a), compreenda que as mudanças previstas na educação estão inteiramente 
ligadas ao movimento social existente.
Vimos anteriormente que as políticas públicas são essenciais para a organização 
do fazer pedagógico, uma vez que essa trabalha para o desenvolvimento de melhorias 
voltadas para o cidadão. Cabe agora, compreender quais são os pilares normativos que 
dispõe direitos e deveres sobre a formação humana.
Quando estudamos as normas voltadas para a educação, além de levar em 
consideração o momento histórico no qual a mesma foi promulgada, devemos compreender 
também qual o tipo de cidadão pretende-se formar. Dessa forma, vamos analisar a formação 
social a partir da Lei de Diretrizes e Bases da educação e da Constituição Federal de 1988.
Convido você para analisar criticamente todas as mudanças sociais e compreender 
como a política influencia diretamente a organização educacional, visando a formação de 
um cidadão ativo na sociedade.
BONS ESTUDOS.
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29UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.
 1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DO 
MANISFESTO DOS PIONEIROS DA 
EDUCAÇÃO NOVA NO BRASIL 
TÓPIC0
Para compreender os principais aspectos que totalizaram na organização 
educacional brasileira, vamos inicialmente nos dispor a identificar qual foi o papel do 
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova na formação humana para a década de 30.
Este movimento liderado pela Escola Nova totalizou na construção de um documento 
escrito, majoritariamente, por Fernando de Azevedo e assinado por 26 educadores, dentre 
eles dois signatários importantes para o âmbito educacional, como: Anísio Spinola Teixeira e 
Cecília Meirelles, no dia 19 de março de 1932, intitulado como “A reconstrução educacional 
no Brasil: ao povo e ao governo”. 
 De acordo com Vidal (2013, p. 579), o Manifesto lutava pelo “[...] movimento de 
renovação educacional brasileiro, como se indica em seu próprio título. Vinha a público no 
âmago das disputas pela condução das políticas do recém-criado Ministério da Educação 
e Saúde no Brasil (1930) e seu texto exibia um triplo propósito”. 
O documento visa promover uma nova organização para o sistema educacional 
brasileiro pautado nos aspectos da Escola Nova. Cunha e Souza (2011, p.853) esclarecem 
que “[...] o escolanovismo, tanto no Brasil quanto em outros países, apresentou grande 
dispersão de temas e abordagens”, dentre eles estão as formações idealizadas para formar 
um novo cidadão. Podemos identificar abaixo:
• formação da personalidade integral do educando, tendo em vista não 
apenas o desenvolvimento de atributos individuais, mas especialmente a 
reordenação da sociedade, o que caracteriza uma educação socializadora/
civilizadora;
30UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.
• aproveitamento das experiências cotidianas dos alunos sem desprezar 
os conteúdos das matérias escolares, o que se materializa por meio da 
renovação dos métodos de ensino;
• redirecionamento da mentalidade dos professores, envolvendo novas 
concepções morais e sintonia com os avanços da modernidade, em que se 
incluem as contribuições das ciências à educação e a universalização do 
acesso à escola (CUNHA; SOUZA, 2011, p. 853).
Diante dos itens apresentados na citação acima conseguimos identificar a 
supervalorização da experiência do aluno em prol do seu desenvolvimento social e 
intelectual. Este movimento de reorganização educacional buscou, além de promover 
mudanças voltadas para o público discente, redirecionar a formação de professores a fim 
de promover a universalização do ensino.
O Manifesto dos Pioneiros da Educação (1932) divulgou propósitos a serem 
seguidos, inicialmente, esse documento evidenciou a necessidade de estabelecer a 
modernização do sistema educativo brasileiro, assim como da sociedade no geral.
Vidal (2013, p. 579) destaca que “[...] além da laicidade, da gratuidade, da obriga-
toriedade e da coeducação, o Manifesto propugnava pela escola única, constituída sobre a 
base do trabalho produtivo, tido como fundamento das relações sociais”. Nesse contexto, 
o Estado estava ao centro da organização educacional, sendo ele o principal responsável 
pela qualidade do ensino.
É importante, aluno (a), que você compreenda que a Escola Nova se diferencia 
do ensino tradicional, uma vez que o seu desenvolvimento está pautado na organização 
científica e exploratória da escola, ou seja, encaram a experiência do aluno como sendo um 
meio qualitativo capaz de gerar mudanças intelectuais. 
No entanto, apesar de muita luta, Vidal chama a nossa atenção para o seguinte 
aspecto:
Foi somente a partir dos anos 1980 que o Manifesto começou a ser revistado 
pela investigação acadêmica e que foram questionados seus dispositivos 
discursivos. Os pioneiros emergiram como um grupo cuja coesão não era 
fruto da identidade de posições ideológicas, mas estratégia política de luta, 
conduzida no calor das batalhas pelo controle do aparelho educacional 
(VIDAL, 2013, p. 580-90).
Assim, as atenções voltaram-se para os escritos apresentados no Manifesto durante 
o final do século XIX e início do século XX, onde buscaram compreender como reduzir o 
vazio educacional discutido no documento. Para o documento, desde a década de 30 a 
finalidade da educação estava voltada para a formação ideal do homem, girando em torno 
da concepção da vida em sua plenitude.
31UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICANO BRASIL.
Para compreender o teor pedagógico no qual o Manifesto estava embasado, 
Vidal (2013, p. 581) nos mostra que “[...] a Escola Nova evidenciou-se como fórmula, com 
significados múltiplos e distintas apropriações constituídas no entrelaçamento de três 
vertentes: a pedagógica, a ideológica e a política”.
Com base na vertente pedagógica, a precarização de conceitos utilizados permitiu 
que a Escola Nova reunisse diferentes tipos de educadores em prol de um mesmo obje-
tivo, por exemplo, os educadores católicos e liberais voltados para uma educação ativa e 
universal.
Seguindo o aspecto da vertente ideológica cabe destacar que, nesse momento, 
a educação é vista como um meio de formação e unificação social, ou seja, promovendo 
a transformação da sociedade atendendo as necessidades de diferentes grupos sociais. 
Logo na dimensão política, promove-se o ideal de que a Escola Nova passará a ser vista 
na qualidade de renovação social e educacional.
Diante disso, te convido a fazer a seguinte reflexão voltada para os objetivos esta-
belecidos no Manifesto:
Não deixa de ser elucidativo perceber o Manifesto como parte do jogo político 
pela disputa do controle do Estado e de suas dinâmicas, e, portanto, como 
elemento de coesão de uma frente de educadores que, a despeito de suas 
diferenças, articulava-se em torno de alguns objetivos comuns, como a lai-
cidade, a gratuidade e a obrigatoriedade da educação. Mas não foi apenas 
isso. O documento também foi representante de um grupo de intelectuais que 
abraçava um mesmo projeto de nação, ainda que com divergências internas. 
O expediente da organização de frentes, aliás, foi comum no final dos anos 
1920 e no início da década de 1930, constituindo-se na estratégia utilizada 
para a conjugação de forças em torno de um ideal comum (VIDAL, 2013, p. 
584).
Ora, então este documento também pode ser encarado como uma jogada política? 
Sim, aluno (a), cabe a nós compreender que a educação mantém a sua organização 
embasada nos pressupostos políticos do contexto no qual estão inseridos.
Dessa forma, colocando o Estado enquanto responsável pela reorganização do 
ensino, assumem a direção política educacional, buscando habilitar uma nova formação 
social. Com base nisso, o Manifesto (1932) salienta que:
A nova doutrina, que não considera a função educacional como uma função 
de superposição ou de acréscimo, segundo a qual o educando é "modelado 
exteriormente" (escola tradicional), mas uma função complexa de ações e 
reações em que o espírito cresce de "dentro para fora", substitui o mecanismo 
pela vida (atividade funcional) e transfere para a criança e para o respeito de 
sua personalidade o eixo da escola e o centro de gravidade do problema da 
educação (MANIFESTO, 2006, p. 195).
32UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.
Diante da citação acima, cabe destacar que o Manifesto defende os processos 
mentais como funções vitais do ser humano. Nesse sentido, cabe à escola desenvolver 
este ser humano por meio de uma educação funcional "[...] favorável ao intercâmbio de 
reações e experiências [...]" (MANIFESTO, 2006, p. 196). Assim, o aluno irá se desenvolver 
naturalmente, sendo levado ao caminho do mercado de trabalho conforme os seus 
interesses e necessidades.
O Manifesto (2006, p.1996) considera uma nova concepção de escola a ser de-
senvolvida, que vai contra as concepções passistas das escolas tradicionalistas, nesse 
sentido a base dessa nova escola deve estar pautada na “[...] atividade espontânea, alegre 
e fecunda, dirigida à satisfação das necessidades do próprio indivíduo”.
A educação pautada nos princípios citados acima influência em uma reorganização 
da educação pública, visando as necessidades dos alunos e do Estado. Sendo assim, Vidal 
traz essas reflexões para dos dias hoje, ressaltando que:
Reler o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova nos dias de hoje implica 
percebê-lo como peça política do debate educacional situado no início 
dos anos 1930, indiciando os grupos em disputa e o movimento, operado 
pelo texto, de ressignificação das propostas educativas e dos objetos em 
confronto com o propósito explícito de orientar as políticas educativas do 
novo Ministério da Educação e Saúde. Implica também compreendê-lo como 
monumento da memória educacional brasileira, muitas vezes revisitado pelos 
próprios pioneiros ao longo do tempo como estratégia de legitimação de 
intervenção no campo educacional. Esvaziado das condições de emergência, 
o Manifesto sobreviveu como uma carta de princípios pedagógicos, como 
um marco em prol de uma escola renovada, mas principalmente em defesa 
da responsabilidade do Estado pela difusão da educação pública no país 
(VIDAL, 2013, p. 586).
 Com essa colocação, Vidal (2013) reforça o momento em que o Estado se tornou 
o responsável pela organização da educação brasileira, pautado em um aspecto político e 
social. Podemos destacar a luta pela educação gratuita, laica e de qualidade, capaz de formar 
todos os cidadãos para atuar enquanto um cidadão ativo, independente de sua classe social.
Cabe destacar, querido (a) aluno (a), que o Manifesto dos Pioneiros da Educação 
não é considerado como uma reforma, mas sim como a iniciativa de mudança educacional, 
alienando-a aos aspectos políticos e sociais.
Nesse sentido, veremos no próximo tópico um breve histórico do realinhamento 
normativo brasileiro, destacando os principais conceitos da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação (Lei n. 4024/1961 e Lei n. 5692/71). Conto com você, para que juntos possamos 
entender como os aspectos normativos vêm promovendo a educação brasileira até os 
dias atuais.
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33UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.
 2 BREVE HISTÓRICO DAS LEIS DE 
DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO - 
Lei n.4024/61; Lei n. 5692/71 
TÓPIC0
O movimento social estabelecido após o desenvolvimento escolanovista promove 
uma renovação no contexto educacional brasileiro, totalizando em uma educação pautada 
no desenvolvimento do aluno por meio de suas experiências e bem-estar social.
Para nortear essa nova concepção educacional foi promulgada no ano de 1961, durante 
o governo de João Goulart (1961-1964), a primeira Lei de Diretrizes e Bases da educação 
n° 4024/1961, cujo principal objetivo estava caracterizado pela promoção de uma educação 
nacional com base nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana.
Como exposto no Manifesto dos Pioneiros da Educação (1932) o ensino deveria se 
voltar para a formação vital do indivíduo, garantindo o desenvolvimento da aprendizagem 
por meio de suas experiências. Nesse sentido, a LDB n° 4024/61 é promulgada no intuito 
de redefinir e organizar o ensino brasileiro.
 Assim, a educação deveria abranger os seguintes aspectos:
a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do 
Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;
b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem;
c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional;
d) o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação 
na obra do bem comum;
e) o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio dos recursos cientí-
ficos e tecnológicos que lhes permitam utilizar as possibilidades e vencer as 
dificuldades do meio;
34UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.
f) a preservação e expansão do patrimônio cultural;
g) a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de convicção 
filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de classe 
ou de raça (BRASIL, 1961).
A educação torna-se, a partir desta Lei, direito de todos, podendo ocorrer no 
ambiente escolar ou no próprio lar do aluno. Cabe, nesse momento, ao Estado a obrigação 
de forneceros recursos necessários para que esta educação seja efetivada na instituição 
primária, médio e superior.
De acordo com o “Art. 23. A educação pré-primária destina-se aos menores até sete 
anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins-de-infância” (BRASIL, 1961). A 
finalidade dessa educação está voltada para “o desenvolvimento do raciocínio e das atividades 
de expressão da criança, e a sua integração no meio físico e social” (BRASIL, 1961).
O presente documento estabelece em seu Art. 26 que “[...] o ensino primário será 
ministrado, no mínimo, em quatro séries anuais” (BRASIL, 1961), podendo ser estendido 
para até 6 anos.
Já em seu Art. 33 o documento prevê a organização para o ensino médio, promo-
vendo a formação do adolescente que já finalizou o ensino primário. Desse modo, o Art. 
34 esclarece que “o ensino médio será ministrado em dois ciclos, o ginasial e o colegial, 
e abrangerá, entre outros, os cursos secundários, técnicos e de formação de professores 
para o ensino primário e pré-primário”.
Cada ciclo estabelecido para o ensino médio deverá ser composto por disciplinas 
e práticas educativas, tanto obrigatórias quanto optativas. No entanto, para realizar a 
matrícula na 1ª série do ciclo colegial será exigida conclusão do ciclo ginasial.
 Dessa forma, o ensino médio se organiza com base nos seguintes itens:
I - Duração mínima do período escolar:
a) cento e oitenta dias de trabalho escolar efetivo, não incluído o tempo reser-
vado a provas e exames;
b) vinte e quatro horas semanais de aulas para o ensino de disciplinas e prá-
ticas educativas.
II- cumprimento dos programas elaborados tendo-se em vista o período de 
trabalho escolar;
III- formação moral e cívica do educando, através de processo educativo que 
a desenvolva;
IV- atividades complementares de iniciação artística;
35UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.
V- instituição da orientação educativa e vocacional em cooperação com a 
família;
VI - frequência obrigatória, só podendo prestar exame final, em primeira 
época, o aluno que houver comparecido, no mínimo, a 75% das aulas dadas 
(BRASIL, 1961).
Com base nisso, fica a cargo da instituição de ensino organizar o ano letivo juntamente 
com profissionais qualificados, com base na realização das disciplinas obrigatórias e 
facultativas, promovendo o desenvolvimento do aluno em sua totalidade. As disciplinas 
facultativas poderiam ser escolhidas pelo próprio estudante, levando em consideração os 
seus interesses e a sua experiência.
No ciclo ginasial eram ministradas as disciplinas de línguas estrangeiras 
modernas, música (canto orfeônico), artes industriais, técnicas comerciais 
e técnicas agrícolas, enquanto no colegial eram oferecidas as de línguas 
estrangeiras modernas, grego, desenho, mineralogia e geologia, estudos 
sociais, psicologia, lógica, literatura, introdução às artes, direito visual, 
elementos de economia, noções de contabilidade, biblioteconomia, 
puericultura, higiene e dietética (SOUZA, 2008, p. 234).
A nova LDB promoveu uma reorganização no sistema educacional brasileiro, de 
modo que, disciplinas que anteriormente eram vistas como obrigatórias passaram a ser 
optativas colocando os profissionais da educação frente a uma nova concepção educacional.
Voltado para a organização do ensino superior, a LDB 4024/61 considera em seu Art. 
66 que “[...] o ensino superior tem por objetivo a pesquisa, o desenvolvimento das ciências, 
letras e artes, e a formação de profissionais de nível universitário.” (BRASIL, 1961).
Sendo assim, a LDB 4024/1961 pretendia uma nova formação para o profissional 
da educação em seu Art. 52, onde “o ensino normal tem por fim a formação de professores, 
orientadores, supervisores e administradores escolares destinados ao ensino primário, e o 
desenvolvimento dos conhecimentos técnicos relativos à educação da infância.”.
 Assim, de acordo com Saviani (1991):
Com o escolanovismo, o que ocorreu foi que a preocupação política em 
relação à escola refluiu. De uma preocupação em articular a escola como um 
instrumento de participação política, de participação democrática, passou-
se para o plano técnico-pedagógico. [...]. Passou-se do ‘entusiasmo pela 
educação’, quando se acreditava que a educação poderia ser um instrumento 
de participação das massas no processo político, para o ‘otimismo pedagógico’, 
em que se acreditava que as coisas vão bem e se resolvem no plano interno 
das técnicas pedagógicas. [...]. A Escola Nova vem transferir a preocupação 
dos objetivos e dos conteúdos para os métodos e da quantidade para a 
qualidade (SAVIANI, 1995, p. 62).
36UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.
Saviani (1995) esclarece na citação acima alguns aspectos voltados exclusivamente 
para a educação proposta no interior da escola nova. Entretanto, o autor evidencia a sua 
crítica voltada para o escolanovismo onde a participação social e política sobressaía a 
formação humana, assim “[...] quando a burguesia acenava com a escola para todos (é por 
isso que era instrumento de hegemonia), ela estava num período capaz de expressar os 
seus interesses abarcando também os interesses das demais classes.”
Passando por esse momento histórico, já no governo de Emílio Garrastazu Médici, 
temos a readequação da Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 em 
sua reorganização buscou fixar Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º grau e outras 
providências.
Este documento atualizado trouxe o ensino de 1º e 2º grau pautado pelo objetivo de 
proporcionar ao aluno a formação amparada no desenvolvimento de suas potencialidades 
como elemento de autorrealização. Com isso, uma educação eficaz era aquela que preparava 
o indivíduo, qualificando-o para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania.
 Partindo dessa flexibilidade do ensino, Saviani (1995) salienta que:
Uma outra "descoberta" da Lei nº 5.692 foi a reformulação curricular através 
de atividades, áreas de estudos e disciplinas, determinando que o ensino, nas 
primeiras oito séries, se desenvolvesse predominantemente sob a forma de 
atividades e áreas de estudo. Ora, essas atividades e áreas de estudos são 
outra maneira de diluir o conteúdo da aprendizagem das camadas populares; 
e todos sabem que isso efetivamente ocorreu e vem ocorrendo (SAVIANI, 
1995, p. 65).
Assim, para o autor a nova LDB 5692/71 dilui o conteúdo educacional para as 
camadas populares. Contudo, reforça a importância dos conteúdos fundamentais mediados 
no ensino sistematizado, pois essa é a única maneira de formar um indivíduo crítico. Para 
Saviani (1995), o domínio da cultura por parte de diferentes grupos sociais é um instrumento 
indispensável para que esses grupos se adentrem nas organizações políticas.
De acordo com a LDB 5692/71, o ensino de 1º grau se destina à formação da 
criança e do pré-adolescente, variando em conteúdo e métodos segundo as fases de 
desenvolvimento dos alunos. Assim, constituirá uma duração de oito anos letivos e 
compreenderá, anualmente, pelo menos 720 horas de atividades (BRASIL, 1971).
Por outro lado, o ensino do 2° grau está voltado para a formação plena do adoles-
cente, em seu Art. 22 coloca que “o ensino de 2º grau terá três ou quatro séries anuais, 
conforme previsto para cada habilitação, compreendendo, pelo menos, 2.200 ou 2.900 
horas de trabalho escolar efetivo, respectivamente.”.
Assim, quanto ao 2° grau fica estabelecido na LDB 5692/71 os seguintes itens:
37UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.
a) a conclusão da 3ª série do ensino de 2º grau, ou do correspondente no 
regime de matrícula por disciplinas, habilitará ao prosseguimento de estudos 
em grau superior;
b) os estudos correspondentes à 4ª série do ensino de 2° grau poderão, 
quando equivalentes, ser aproveitados em curso superior da mesma área ou 
de áreas afins (BRASIL, 1971).
Diante disso, a formação do ensino superior, especialmente para professores do 1º 
e 2ºgraus “[...] será feita em níveis que se elevem progressivamente, com orientação que 
atenda aos objetivos específicos de cada grau, às características das disciplinas, áreas de 
estudo ou atividades e às fases de desenvolvimento dos educandos.” (BRASIL, 1971).
Em seu Art. 30 a LDB 4692/61 estabelece como formação mínima para o exercício 
do magistério: 
a) no ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, habilitação específica de 2º grau;
b) no ensino de 1º grau, da 1ª à 8ª séries, habilitação específica de grau 
superior, ao nível de graduação, representada por licenciatura de 1º grau 
obtida em curso de curta duração;
c) em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação específica obtida em curso 
superior de graduação correspondente a licenciatura plena.
Diferente da LDB 4024/1961 onde o ensino normal tinha como objetivo a formação de 
professores, nessa reformulação o Art. 30 visa estabelecer a formação superior necessária 
para cada profissional da educação, assim como a modalidade em que o mesmo deve 
atuar.
Diante de toda a redemocratização do ensino ao longo da história educacional 
brasileira, conseguimos observar como iniciou as tendências de organização do ensino, 
pautado em um novo ideal, cujo desenvolvimento humano deve estar voltado para atender 
aos pressupostos do mercado de trabalho.
A partir da promulgação da LDB 5692/71 tínhamos uma base para a estruturação da 
educação. Contudo, a partir da década de 1980, a partir de diversos movimentos sociais tem-se 
a necessidade de democratizar o ensino por meio da construção de uma nova Constituição 
Federal que assegure todos os grupos sociais a uma educação gratuita e de qualidade.
Partindo dessa necessidade, visitaremos em nosso próximo tópico como se efetivou 
a construção da Constituição Federal, conto com vocês para que juntos possamos analisar 
o documento que rege o nosso país. 
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 3 CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO 
BRASIL DE 1988
TÓPIC0
UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 38
Como vimos anteriormente, nas últimas décadas do século XX, a educação passou 
por diversas mudanças em seus aspectos organizacionais. Dessa forma, constituiu-se 
como uma pauta importante nos debates de formação social a criação de uma Constituição 
Federal para o Brasil.
Foi no governo de José Sarney, no ano de 1988 que foi promulgada a Constituição 
Federal do Brasil. De acordo com Beraldo (2022, p. 59) este documento “[...] trouxe para os 
cidadãos uma importante reformulação no ensino brasileiro, definindo aspectos importantes 
sobre como o mesmo deveria se desenvolver.” Para o âmbito educacional, a 
Constituição Federal estabelece em seu Art. 205 que a educação é direito de todos e dever 
do Estado e da família. A educação com base neste documento deve ser promovida com a 
colaboração da sociedade visando o pleno desenvolvimento do indivíduo, assim como o seu 
preparo para o exercício da cidadania e para o mercado de trabalho.
Desse modo, o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte 
e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de 
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano 
de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso 
39UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime 
jurídico único para todas as instituições mantidas pela União;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade;
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação 
escolar pública, nos termos de lei federal; 
IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida (BRA-
SIL, 1988).
Todos os aspectos supracitados colaboraram para a efetivação da melhoria 
educacional no Brasil prevista desde o Manifesto dos Pioneiros da Educação.
Assim, a instituição de ensino deverá abranger as novas concepções formativas 
determinadas pela Constituição Federal de 1988, garantindo os direitos sociais estabelecidos 
aos brasileiros por meio de um ensino gratuito.
Nesse momento, aluno (a), é necessário que tenhamos em mente que essa 
normatização ocorreu após o processo de globalização que estudamos na Unidade I, 
onde as concepções neoliberais efetivaram novas estruturas normativas com base no 
desenvolvimento social.
Para Beraldo (2022, p. 59) “a Constituição de 1988 representa um avanço significativo 
em termos dos direitos de cidadania. Por essa razão, foi denominada de Constituição 
Cidadã”. Nesse aspecto ideológico, a educação é vista como forma de desenvolver 
um cidadão criativo, autônomo, empreendedor, capaz de contribuir para a solução dos 
problemas sociais, desenvolvendo competências e habilidades práticas.
Com isso, o Art. 208. propõe que o dever do Estado com a educação será efetivado 
mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) 
anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a 
ela não tiveram acesso na idade própria; 
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; 
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de 
idade;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos 
de idade; 
40UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação 
artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de progra-
mas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e 
assistência à saúde.
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por 
meio de programas suplementares de material didáticoescolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1988).
É importante destacar que a educação passa a ser vista como a única responsável 
pela formação humana, aos olhos da sociedade ela será capaz de corrigir as divergências 
existentes entres os diferentes grupos sociais.
Sendo assim, a educação respaldada na Constituição Federal de 1988, deve de-
senvolver direitos sociais da infância e da juventude. Esses direitos sociais encontram-se 
disponíveis no Art. 6º como “[...] a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma da Constituição”.
Santos (2015) estabelece o teor político que a Constituição Federal estabelece 
sobre a educação da seguinte forma:
a. Possui forte caráter liberal no que tange à sua formulação política.
b. Suas proposições referentes à educação, não obstante apontarem para 
uma série de direitos fundamentais dos indivíduos, tocam elementos de difícil 
concretização, se considerarmos as características da relação entre Estado 
e sociedade civil no Brasil (SANTOS, 2015, p. 22).
 Nesse sentido, é importante voltarmos a nossa atenção para mais um aspecto 
formativo da Constituição Federal 1988, isto é, o direcionamento da educação para a 
vinculação direta ao mercado de trabalho.
De acordo com Santos (2015, p. 23) essa ideia retoma “[...] princípios da Teoria 
do Capital Humano,

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