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Tipicidade e Elementos do Tipo


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1) O que se entende por tipicidade? Quanto ao fundamento da tipicidade, qual teoria é 
adotada pelo Código Penal? Explique. 
Entende-se por tipicidade o processo de enquadramento de uma determinada conduta a um 
tipo penal. Tipicidade é um elemento normativo essencialmente jurídico, dividindo-se em 
direta/imediata: quando há o enquadramento rápido e perfeito; e a indireta/imediata: quando 
não há o enquadramento perfeito, tratando-se de uma conduta atípica. 
A teoria adotada pelo Código penal se chama “tipicidade conglobante”, a qual engloba a 
“antinormatividade” e a “tipicidade material”. A antinormatividade diz respeito a condutas que 
podem ser ao mesmo tempo tipificadas como proibidas passiveis de pena e amparadas por lei 
de igual hierarquia. Já na tipicidade material, analisa-se os fatos, através dos operadores do 
Direito, constatando a ofensividade, se direito penal deve-se ocupar de tal assunto. Não basta 
que a conduta se enquadre no tipo penal, é preciso lesionar ou ameaçar os bens jurídicos 
relevantes. 
 
2) Quanto ao tipo doloso, explique os elementos objetivos e subjetivos do tipo, 
abordando os elementos descritivos, normativos, o dolo (direto, eventual) e o elemento 
subjetivo do injusto, citando exemplos. 
O tipo doloso refere-se a uma conduta praticada intencionalmente, podendo ser decomposto 
em duas partes: tipo subjetivo e objetivo. O tipo objetivo se encontra no plano real, podendo 
encontrar os elementos descritivos, ou seja, é a descrição da conduta propriamente dita, o verbo 
que descreve a conduta, o elemento nuclear. Os elementos normativos do tipo objetivo retratam 
a valoração e análise, isto é, fazer um juízo de valor, interpretando a conduta. Ainda, podem 
ser jurídicos (fornecidos pelo direito) ou extrajurídicos, advindos de outras áreas do 
conhecimento. 
O tipo subjetivo são representações desenvolvidas na mente do agente, que ocorrem no 
momento da prática delitiva. É a vontade e consciência de se praticar a conduta proibida 
adicionando outros elementos psicológicos eventuais. O elemento dolo é primordial do tipo 
subjetivo, descrito no art. 18, I, do Código Penal, onde o agente quer o resultado, sendo assim 
o dolo direto, ou quando assume o risco, categorizando o dolo eventual. Não há diferença na 
lei do dolo eventual para o direto, encontra-se apenas na margem da pena referente ao princípio 
de individualização da pena. 
O elemento subjetivo do injusto são crimes em que existem a necessidade do elemento 
subjetivo do tipo, para a prática do delito, há um especial fim de agir, como no caso de crimes 
contra a dignidade sexual, caso o agente queira apenas constranger a vítima, executa o crime 
de constrangimento ilegal, porém, se constranger a vítima com intenção sexual, categoriza-se 
o crime de estupro. 
 
3) Quais os requisitos do tipo culposo? Explique-os. 
 São requisitos do tipo culposo a inobservância de um cuidado objetivamente devido, é este 
o elemento central do tipo, onde o indivíduo não possui a preocupação ou cautela que outra 
pessoa em seu lugar teria. Também é um elemento do tipo culposo a produção de um resultado 
e o nexo causal, ou seja, não existe crime culposo sem o resultado ocorrente da conduta do 
agente. Além disso, considera-se a previsibilidade objetiva do resultado, a possibilidade de 
previsão do resultado. E por fim, um elemento não trazido por todos os autores, é a conexão 
interna entre o desvalor da ação e o desvalor do resultado, isto é, o resultado danoso deve ser 
recorrente da inobservância de um cuidado objetivamente devido. 
 
4) Quais as espécies e as modalidades de culpa? Explique-as. 
 
 São espécies de culpa: inconsciente e consciente. A culpa inconsciente é aquela em que há 
um resultado previsível, no entanto, o agente não o prevê, como ocorre em acidentes de trânsito. 
No caso da culpa consciente o autor prevê o possível resultado, mas afasta o risco, acreditando 
que o resultado não acontecerá. 
 As modalidades de culpa, previstas do art. 18, inc II, do Código penal são negligência, 
imprudência e imperícia. São a materialização da falta do devido cuidado, não havendo grande 
diferença de consequências, devendo ocorrer análise caso a caso. A imprudência refere-se a 
conduta ativa do agente, onde o autor age sem a decida cautela, como por exemplo alguém 
conduzindo um carro acima da velocidade máxima permitida. A negligência diz respeito a uma 
conduta omissa, na inercia por parte do agente, que precede a conduta danosa, a título de 
exemplo um indivíduo que conduz o veículo transportando alguém sem cinto. Já a imperícia 
corresponde a conduta no exercício de uma atividade profissional, presumindo-se que o sujeito 
seja habilitado legalmente para exercer a profissão, tendo como exemplo os casos de erro 
médico. 
 
5) Diferencie dolo eventual e culpa consciente. 
O dolo eventual refere-se ao agente que assume risco de produzir o resultado, sendo 
indiferente a este, desdenhando sua ocorrência ou não. Enquanto, na culpa consciente, o agente 
acredita que não causará aquele resultado, por acreditar fielmente em suas habilidades ou por 
demais razão. 
 
6) Explique os requisitos da legitima defesa. 
Para enquadrar-se como legítima defesa, a agressão deve ser injusta, atual ou iminente, 
devendo estar acontecendo naquele instante ou prestes, não sendo admitida em agressão 
passada. Pode ser considerada tanto quando ofende direito próprio, quanto quando ofende 
direito alheio. Ainda, deve-se ser utilizado os meios necessários para a defesa do bem jurídico 
com moderação, ou seja, de maneira a provocar menor quantidade de efeitos colaterais 
possíveis. 
 
 
 
7) Explique os requisitos do estado de necessidade. 
O estado de necessidade será admitido quando houver situação de perigo atual e inevitável, 
com objetivo de salvaguarda de direito próprio ou alheio, cujo sacrifício não era razoável 
exigir. Ademais, a situação de perigo em questão não pode ter sido provocada pelo agente 
propositalmente e este agente não pode ter o dever legal de enfrentar o perigo. 
 
8) Disserte sobre a imputabilidade, abordando as hipóteses de inimputabilidade. 
 A imputabilidade diz respeito à ação de responsabilizar ou atribuir a autoria o agente pelo 
fato típico e ilícito que foi cometido a alguém. No Direito Penal, no entanto, há hipóteses nas 
quais o agente pode ser inimputável. As hipóteses são: menoridade penal, que no Brasil, é de 
18 anos; condição de embriaguez completa, que lhe tire a capacidade de entendimento; e 
doença psíquica, que cause incapacidade de compreensão do ato.