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HISTÓRIA DO DESIGN CAPI�TULO 2 - QUAL A RELAÇA� O DO DESIGN COM A ARTE E OS SISTEMAS PRODUTIVOS? José Neto de Faria 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 1/30 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 2/30 Introdução Para se entender o design do século XX é fundamental analisar dois acontecimentos históricos: a efervescência dos movimentos estéticos do inı́cio do século XX que transformaram as áreas do artesanato, das artes (pintura, gravura, escultura e fotogra�ia), da arquitetura e do design; e o debate acirrado entre os teóricos do racionalismo produtivo, sobre a relação dos produtos práticos, estéticos ou simbólicos com a arte, o design e a indústria. São nomeados de Avant-garde todos os movimentos artı́sticos que alteraram profundamente o “objeto” da arte no inı́cio do século XX, no entanto, o termo traduzido quer dizer simplesmente vanguarda, que em si carrega mais um discurso do novo pelo novo, do que esclarece o que viria a ser esse novo. Essa determinação ou distinção só pode ser feita movimento a movimento de duas formas: em termos gerais, observando-se o contexto sociocultural, polı́tico e econômico relacionado com o momento da produção do objeto cultural; ou se vasculhando cada aspecto das obras e da vida dos artesãos, artistas, arquitetos e designers. Mas o que realmente importa estudar dos movimentos estéticos de vanguarda do inı́cio do século XX? Qual a relação dos movimentos estéticos de vanguarda com o desenvolvimento do design do século XX e XXI? Como o design se relaciona com a arte? A arte, em algum momento, orienta a teoria e a prática no campo de saber do design? Qual a importância da tecnologias, ferramentas e instrumentos na elaboração dos objetos culturais? O design e a arte podem ser repensados a partir dos sistemas produtivos? E os sistemas produtivos podem ser repensados a partir do design e da arte? As linguagens de�inidas pela arte e o design dependem dos sistemas produtivos? Os sistemas produtivos podem transformar ou rede�inir a maneira como se produz arte e o design? Existe uma relação de dependência entre sistemas de produção, arte e design? E� certo que o estudo dos movimentos estéticos de vanguarda é fundamental para entender como o campo de saber do design, fazendo parte da cultura, um sistema baseado na contaminação e nos processos arti�icias de puri�icação, manteve determinados �luxos de trocas simbólicas que de�iniram cada momento do design do século XX e XXI. Diferentemente da maioria dos livros que focam nas personalidades dos artistas e nas suas obras, neste capı́tulo optou-se por uma abordagem que pudesse trazer uma breve descrição geral dos movimentos estéticos de vanguarda. Existe uma série de dualismos, de incoerências e de reviravoltas teóricas que transformam os movimentos, mal eles começam a ser de�inidos. E� bom lembrar que cada movimento estético de vanguarda não é uma entidade bem de�inida e não pode ser conceituado somente pela teoria, pela prática ou pelos resultados. Assim, o foco em uma teoria geral de cada movimento estético de vanguarda foi traçado neste estudo para permitir a formação de uma compreensão geral da retórica, do pensamento projetivo, dos resultados plásticos da atividade produtiva. O intuito da formulação dessas linhas gerais era descrever cada movimento, considerando o contexto, a proposta teórico-prática e a produção para, então, promover a tradução e interpretação do movimento pelo campo de saber do design, a �im de estimular a contı́nua contaminação e renovação do design. No entanto, como consequência, deve-se destacar a perda na capacidade da observação da riqueza do trabalho individual executado por cada artesão, artista, arquiteto ou designer que compõem o movimento estético. A perda das nuâncias próprias do pensamento e do trabalho de cada indivı́duo. E a ingênua falsa ilusão de se conhecer e compreender plenamente os movimentos estéticos de vanguarda. Bom estudo! 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 3/30 2.1 Vanguardas: design, arte, espírito e expressão Os movimentos estéticos de vanguarda do inı́cio do século XX – expressionismo, dadaı́smo, surrealismo e neoplasticismo – marcaram a introdução no campo do design da preocupação com a distinção entre o produtor do objeto cultural e o interpretador do objeto cultural, a observação e expressão das sensações que seriam capazes de promover a formação de sentimentos, afetos e emoções, a deposição na matéria dos elementos emocionais capazes de sensibilizar o espı́rito, o caos, a ironia e o sarcasmo, a inquietação do pesadelo e do sonho, e a busca pelo equilı́brio absoluto. 2.1.1 Expressionismo O expressionismo surgiu perto de 1905, mas foi durante o perı́odo de 1909 a 1923 que o movimento passou a se referir a um determinado tipo de arte alemã presente nas manifestações dos grupos A Ponte e O Cavalo Azul. Clique na interação a seguir para saber mais sobre este movimento. Veja a seguir algumas obras do expressionismo. De acordo com Dempsey (2010, p. 70), o expressionismo seria mais uma nova tentativa anti- impressionista, na qual “[...] os artistas imprimiam seu próprio temperamento sobre sua visão do mundo [...]” e “[...] faziam um uso simbólico e emotivo da cor e da linha [...].” 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 4/30 Em 1911 foi formado o grupo Der Blaue Reiter (O Cavalo Azul), em Munique (Alemanha), que durou até o ano de 1914. Bem mais disperso, era composto pelo russo Wassily Kandinsky (1866-1944); o suı́ço Paul Klee (1879-1940); os alemães Gabriele Münter (1877-1962), Franz Marc (1880-1916) e August Macke (1887- 1914), e o austrı́aco Alfred Kubin (1877-1959). Figura 1 - A Ponte (1910), de Ernst Ludwig Kirchne; Nu (1914), de Karl Schmidt-Rottluff; cartaz de 1920, de Erich Heckel. Fonte: DEMPSEY, 2010, p. 73-76; FLORES, 1992, p. 42-48. VOCÊ QUER VER? Assista ao �ilme Metropolis (Alemanha, 1927), que se passa em uma megalópole onde os trabalhadores vivem num gueto subterrâneo, e a classe intelectual vive em uma espécie de E� den aéreo, com a cidade na superfı́cie. A obra de Fritz Lang (1890-1976) foi baseada no romance-novela de Thea von Harbou (1888-1954). 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 5/30 A Primeira Guerra Mundial levou à dissolução do grupo O Cavalo Azul. Macke foi morto nas primeiras semanas de 1914, e Marc morreu nas trincheiras de Verdun, em 1916. Os artistas do grupo demostravam interesse pelo misticismo, pelas artes primitiva, popular, infantil e pela arte dos de�icientes mentais. Declararam a sua crença na “[...] e�icácia simbólica e psicológica das formas abstratas [...]” combinada com “[...] a crença religiosa com um profundo sentimento em relação aos animais e à natureza [...].” (DEMPSEY, 2010, p. 94-95). Como mı́sticos espirituais analı́ticos ou panteı́stas, foram chamados de simbolistas tardios. Figura 2 - Improvisation Klamm (1914), de Wassily Kandinsky; Polyphones Modernes (1915), de Paul Klee; A garota e a boneca (1908-1909), de Gabriele Münter. Fonte: DEMPSEY, 2010, p. 95-97; FLORES, 1992, p. 45-47. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 6/30 Já em 1910, Wassily Kandinsky tinha teorizado e concretizado uma pintura completamente desprovida de �iguração, se afastando até mesmo dos preceitos de�inidos por Paul Cézanne (1839-1906) como base do abstracionismo, de que “[...] todas as formasnaturais se baseiam no cone, na esfera e no cilindro [...]”, uma conexão entre as formas abstratas e as normas naturais. O termo abstração quer dizer “tirar para fora, separar”, por isso era geralmente usado para de�inir o processo de análise e simpli�icação da realidade observada (JANSON, 1992, p. 671-681). O expressionismo nunca teve como objetivo criar um estilo homogêneo. De um modo geral, esse movimento estético explorava o contraste e a tensão entre as cores, entre o preto e branco, uso de formas vigorosas e originais, exploração da intensidade psicológica, mas com a consciência da alienação e do sofrimento do homem. Uma visão intensa e, por muitas vezes, angustiante do cotidiano. 2.1.2 Dadaísmo/Dadá O dadaı́smo surgiu através de manifestos, demonstrações públicas, leitura de poesia, exposições, encenação e concertos de ruı́do, em apresentações ı́ntimas de pequeno porte – nas cidades de Zurique (Suı́ça), Paris (França), Nova York (Estados Unidos), Berlim, Hannover e Colônia (Alemanha) e Barcelona (Espanha) – em espaços como o famoso Cabaré Voltaire, a galeria Photo-Secession de Alfred Stieglitz, o apartamento dos colecionares Walter e Louise Arensberg, a Zaya’s Modern Gallery de Nova York e, também, no Clube Dadá de Berlim. O movimento era uma tradução do estado de espı́rito dos artistas na época, insatisfeitos com a condução das polı́ticas nacionais e internacionais que levaram à guerra, que subordinaram a arte ao capitalismo burguês e transformaram tudo que existe em meros produtos para o consumo humano. O dadaı́smo buscou, então, o retomar o caos natural, como se observa a seguir. Dadá visou destruir as razoáveis ilusões do homem e recuperar a ordem natural e absurda. Dadá quis substituir o contrassenso lógico dos homens de hoje pelo ilogicamente desprovido de sentido. [...] Dadá é a favor do não sentido, o que não signi�ica contrassenso. Dadá é desprovido de sentido como a natureza (ARP apud ADES, 2006, p. 101). VOCÊ QUER LER? Wassily Kandinsky publicou, em 1911, “Ober das Geistige in der Kunst” (“Do espiritual na arte”). No livro, o autor compara a espiritualidade da vida da humanidade com uma pirâmide, na qual o artista deveria ajudar a guiar os outros, com sua obra, até o topo. A contemplação da obra de arte daria acesso à própria espiritualidade (KANDINSKY, 2000). 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 7/30 Entre suas armas de ação, estavam a provocação, o lirismo, a ironia, a zombaria, a caçoada, o sarcasmo, a sátira, a irreverência e os trocadilhos. Usavam o vandalismo do gesto, como ato de apropriação e de ressigni�icação do que era conhecido, para provocar os sentidos a perceberem as relações ilógicas vistas como racionais. Jogavam com relações paradoxais, tanto visuais e verbais quanto utilitários e formais. Recitavam poemas sonoros, lidos simultaneamente em três idiomas e, muitas vezes, acompanhados de muitos barulhos. Usavam palavras criadas para não terem sentido nenhum, trabalhando as sensações sonoras produzidas pela cadência dos verbetes. Jogavam com os termos de forma a gerar trocadilhos obscenos. Faziam colagens ou poemas aleatórios, rasgando palavras e folhas de publicações e as montando de forma aleatória. Também usavam fotomontagem e assemblage – traduzido como montagem ou acúmulo, segundo de�inição da Enciclopédia Itaú Cultural (2017) é baseado no princı́pio de que todo e qualquer trabalho pode ser incorporado a uma obra de arte. Entre os artistas do dadaı́smo pode-se destacar os alemães Jean (Hans) Arp (1887-1966), Hugo Ball (1886- 1927), Emmy Hennings (1919-1953), Hans Richter (188-1976), Hannah Höch (1889-1979), John Heart�ield (nascido como Helmut Herzfelde, 1891-1968), Wieland Herzfelde (1896-1988), Johannes Boaader (1876- 1955), George Grosz (1893-1959) Kurt Schwitters e Max Ernst (1891-1976); a suı́ça Sophie Taeuber (1889- 1943); o austrı́aco Raoul Hausmann (1886-1971); os romenos Tristan Tzara e Marcel Janco (1895-1984); o francês Marcel Duchamp; o cubano Francis Picabia (1879-1953); os americanos Man Ray (1890-1977) e Morton Schamberg (1881-1918). 2.1.3 Surrealismo Embora o termo surrealismo tivesse sido de�inido em 1917 por Guillaume Apollinaire (1880-1918), que o usava para de�inir alguma coisa que ultrapassava a realidade, a palavra que vem do francês, surréalisme, e signi�ica “sob a realidade”, só serviu como termo para de�inir o movimento estético surrealista em 1924, ao mesmo tempo em que Marcel Duchamp (1887-1968) se afastou do dadaı́smo com alguns amigos, e André Breton (1896-1966) publicou o “Primeiro Manifesto Surrealista”. Figura 3 - Mictório de porcelana vitri�icada (1917), readymade de Marcel Duchamp; Dançarina russa (1928), de Hannah Höch; “Revista Dada 4-5” de 1919, ilustração de Francis Picabia. Fonte: DEMPSEY, 2010, p. 115-117; ADES, 2000, p. 97-99; FLORES, 1992, p. 51-52. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 8/30 Diferentemente do dadaı́smo, o movimento surrealista se afastava do caos livre, era otimista e extremamente organizado, chegando ao ponto de sua teoria ser considerada doutrinária. No manifesto, André Breton se punha a explicar que o termo serve principalmente para de�inir “o pensamento que é expresso na ausência de qualquer controle exercido pela razão e alheio a todas as considerações morais e estéticas” (BRETON apud DEMPSEY, 2010, p. 151). De acordo com Janson (1992, p. 693), o surrealismo era “[...] um movimento liberto do exercı́cio da razão, baseado no puro automatismo psı́quico para exprimir e revelar o verdadeiro processo do pensar [...]”, que buscava transcrever o inconsciente sem a ação do consciente, através do automatismo psı́quico e da extração dos sonhos. Os surrealistas exploraram a tentativa de causar estranheza, a escrita e o desenho automáticos, justaposições ilógicas, o conceito de mulher fatal devoradora, o cruzamento das fronteiras dos gêneros e os sentimentos inquietantes como o erotismo, o medo e o desejo. Usavam o cadavre exquis, uma brincadeira de criança em que cada um dos artistas desenhava uma parte de uma imagem, sem saber o que já havia sido desenhado, muito utilizado por Joan Miró (1896-1983). Além disso, Max Ernst ainda desenvolveu, em 1925, ao esfregar o assoalho de madeira com um lápis preto, a técnica de frottage – extração de texturas de superfı́cies através do riscar o papel que estava sobreposto à textura –, e Oscar Dominguez (1906-1957) a técnica de decalcomania – transferência por pressão de desenhos ou pinturas de uma superfı́cie qualquer para uma tela. VOCÊ SABIA? A psicanálise desenvolvida pelo médico e neurologista Sigismund Schlomo Freud (1856-1939), também conhecido como Sigmund Freud, trata do campo teórico e clı́nico de investigação da psiquê humana. Mas foi utilizada como referência ao desenvolvimento do surrealismo, apesar de Freud ter negado o convite para participar do movimento. Para saber mais, leia o artigo “A experiência surrealista da linguagem: Breton e a psicanálise” (SANTOS, 2002), disponıv́el em: <https://www.scielo.br/j/agora/a/ZV3ztgfyXzsPTHDz89RkjMm/#:~:text=Este%2 0artigo%20apresenta%20alguns%20aspectos%20da%20experi%C3%AAncia% 20surrealista,de%20Lacan%20sobre%20o%20eu%20e%20a%20realidade (https://www.scielo.br/j/agora/a/ZV3ztgfyXzsPTHDz89RkjMm/#:~:text=Este%2 0artigo%20apresenta%20alguns%20aspectos%20da%20experi%C3%AAncia% 20surrealista,de%20Lacan%20sobre%20o%20eu%20e%20a%20realidade)>. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 9/30 https://www.scielo.br/j/agora/a/ZV3ztgfyXzsPTHDz89RkjMm/#:~:text=Este%20artigo%20apresenta%20alguns%20aspectos%20da%20experi%C3%AAncia%20surrealista,de%20Lacan%20sobre%20o%20eu%20e%20a%20realidadehttps://www.scielo.br/j/agora/a/ZV3ztgfyXzsPTHDz89RkjMm/#:~:text=Este%20artigo%20apresenta%20alguns%20aspectos%20da%20experi%C3%AAncia%20surrealista,de%20Lacan%20sobre%20o%20eu%20e%20a%20realidade https://www.scielo.br/j/agora/a/ZV3ztgfyXzsPTHDz89RkjMm/#:~:text=Este%20artigo%20apresenta%20alguns%20aspectos%20da%20experi%C3%AAncia%20surrealista,de%20Lacan%20sobre%20o%20eu%20e%20a%20realidade https://www.scielo.br/j/agora/a/ZV3ztgfyXzsPTHDz89RkjMm/#:~:text=Este%20artigo%20apresenta%20alguns%20aspectos%20da%20experi%C3%AAncia%20surrealista,de%20Lacan%20sobre%20o%20eu%20e%20a%20realidade https://www.scielo.br/j/agora/a/ZV3ztgfyXzsPTHDz89RkjMm/#:~:text=Este%20artigo%20apresenta%20alguns%20aspectos%20da%20experi%C3%AAncia%20surrealista,de%20Lacan%20sobre%20o%20eu%20e%20a%20realidade https://www.scielo.br/j/agora/a/ZV3ztgfyXzsPTHDz89RkjMm/#:~:text=Este%20artigo%20apresenta%20alguns%20aspectos%20da%20experi%C3%AAncia%20surrealista,de%20Lacan%20sobre%20o%20eu%20e%20a%20realidade Entre os principais membros do movimento surrealista encontram-se aqueles que, com Marcel Duchamp, deixaram o dadaı́smo: Jean Arp, Max Ernst, Man Ray e Tristan Tzara, todos citados anteriormente. Outros surrealistas de destaque são os alemães Meret Oppenheim (1913-1985) e Hans Bellmer (1902-1975); os franceses Yves Tanguy (1900-1950), André Masson (1896-1987), Pierre Roy (1880-1950) e Antonin Artaud (1896-1948); o espanhol Oscar Dominguez (1906-1957); os catalães Salvador Dalı́ (1904-1989) e Joan Miró (1896-1983); o suı́ço Alberto Giacometti (1901-1966); o espanhol (naturalizado mexicano) Luis Buñuel Portolés (1900-1983), e o chileno Roberto Matta Echaurren (1911-2002). Figura 4 - Meret Oppenheim (1932) fotografada por Man Ray com a técnica de solarized; Le Déjeuner en fourrure (1936), de Meret Oppenheim; O anjo do pântano (1940), decalcomania de Max Ernst. Fonte: JANSON, 1992, p. 693-694. VOCÊ QUER VER? Luis Buñuel e Salvador Dalı́ escreveram e dirigiram o curta-metragem Un chien andalou (Um cão andaluz), lançado em 1929. O �ilme tenta utilizar a lógica dos sonhos, explora alguns conceitos da psicanálise –inconsciente, castração, desejo, medo, fantasia e erotismo –, com uma narrativa rizomática que induz à viagem por uma mente perturbada. Para assistir, acesse: <http://cinemalivre.net/�ilme_um_cao_andaluz_1929.php (http://cinemalivre.net/�ilme_um_cao_andaluz_1929.php)>. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 10/30 http://cinemalivre.net/filme_um_cao_andaluz_1929.php http://cinemalivre.net/filme_um_cao_andaluz_1929.php O surrealismo terminou no inı́cio da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando seus apoiadores se dissiparam de Paris. Alguns deles foram para os Estados Unidos da América, onde acabaram in�luenciando o expressionismo abstrato e a arte pop. 2.1.4 Neoplasticismo/De Stijl Na Holanda, durante a Primeira Guerra Mundial, em 1917, a revista “De Stijl” foi fundada pelo pintor Theo van Doesburg (1884-1931), com um conjunto de artistas, arquitetos e designers que buscavam criar uma nova arte internacional num espı́rito de paz e harmonia. A revista foi o principal canal de comunicação e de divulgação das ideias do neoplasticismo, por isso o movimento também �icou também conhecido como De Stijl. Clique na interação a seguir para saber mais sobre este movimento. O movimento neoplasticista teve como principais teóricos Theo van Doesburg e Piet Mondrian (1872-1944), os quais desenvolveram um estilo não-�igurativo, considerado o mais racial de todos os movimentos estéticos abstracionistas. Eles acreditavam que o cubismo não tinha conseguido avançar o su�iciente no desenvolvimento da abstração, e que o expressionismo era em demasia subjetivo. Embora tivessem uma profunda admiração pelo futurismo, �izeram questão de se distanciarem dele quando a Itália entrou na guerra. Acreditavam que deveriam, então, buscar construir uma cultura universal e ética, pela redução ou puri�icação da arte daquilo que nela fosse mais básico: a cor, a linha e a forma. Nesse sentido, na harmonia assimétrica dos elementos, buscaram a emoção do equilı́brio e da beleza plástica. Os neoplasticistas focavam seu interesse nas relações entre os vários elementos e não queriam que nada pudesse desviar a atenção ou levar a associações fortivas. Desse modo, “[...] o uso de linhas horizontais e verticais, de ângulos retos e de áreas retangulares com cores rebaixadas, caracteriza a produção do perı́odo” (DEMPSEY, 2010, p. 121). 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 11/30 Com o tempo a paleta de cores foi �icando cada vez mais reduzida, até se chegar ao uso somente das cores primárias – vermelho, amarelo e azul – e das cores neutras – branco, preto e cinza. Na pintura, diferente de Wassily Kandinsky que buscava a emoção pura no sentir as formas, Piet Mondrian a�irmava que pretendia encontrar a “pura realidade” que seria o “equilı́brio entre posições desiguais, mas equivalentes” (JANSON, 1992, p. 689).De acordo com Troy (1986), além de Theo van Doesburg e Piet Mondrian, entre os principais membros do movimento neoplasticista também se destacam: os holandeses Bart van der Leck (1876-1958), Jacobus Johannes Pieter Oud (1890-1963), Jan Wils (1891-1972), Antony Kok (1882-1969) e Gerrit Thomas Rietveld (1888-1964); o belga Georges Vantongerloo (1886-1965); o húngaro Vilmos Huszár (1884-1960); e o alemão Robert van’t Hoff (1887-1979). No tópico a seguir, abordaremos os movimentos de vanguarda do inı́cio do século XX, os quais determinaram, no campo do design, a ruptura com as tradições dogmáticas e subjetivas. Figura 5 - Capa da revista “De Stijl” número 1 (1917), de Theo van Doesburg; Tableau I (1921), de Piet Mondrian; Cadeira vermelha-azul (1918-1923), de Gerrit Thomas Rietveld. Fonte: JANSON, 1992, p. 688-689. 2.2 Vanguardas: design, arte, razão e significação Os movimentos estéticos de vanguarda do inı́cio do século XX – cubismo, futurismo, suprematismo e construtivismo – marcaram a introdução, no campo do design, da ruptura com as tradições dogmáticas e subjetivas, da ampliação das dimensões perspectivas, da dominação e submissão da natureza a vontade do homem, do acolhimento dos avanços técnicos e de novos materiais, do dinamismo das cidades e das máquinas, da valorização do domı́nio corrente das novas tecnologias e técnicas, do preciosismo técnico, do valor da abstração e do simbólico, e do jogo experimental que revela a abertura material e simbólica. 2.2.1 Cubismo Entre 1908 e 1909, os primeiros crı́ticos do trabalho de Pablo Picasso (1881-1973) e de Georges Braque (1882-1963), sensibilizados principalmente pelo predomı́nio das arestas, das faces e dos ângulos, rapidamente denominaram de cubismo. Para Picasso, o grande desa�io era representar as três dimensões 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 12/30 numa superfı́cie bidimensional; para Braque, era experimentar a pintura do volume e da massa no espaço. Ambos recorreram às últimas pinturas de Cézanne para estudar a estrutura, a arte primitiva e as esculturas africanas para pensar a abstração geométrica e as qualidades simbólicas. Assim, produziu-se um movimento artı́stico que pode ser considerado, ao mesmo tempo, representacional e antinaturalista (DEMPSEY, 2010, p. 84). Este movimento é dividido em fases, clique na interação a seguir para conhecê-las. A técnica que �icou conhecida como collage, termo em francês que signi�ica colagem, tem dupla função: a primeira é permitir que os fragmentos do mundo representem uma parte de um todo, uma parte da imagem do mundo da arte, e que apresentem o que são – e como são – diversos materiais do mundo alheio à arte. A segunda função dá à obrade arte uma autossu�iciência, desligada do resto do mundo fı́sico, e projeta para o espaço da experiência o choque entre a contemplação da representação e a revelação do meio transacional de fruição. Ou seja, experiência dialética de transcendência contı́nua entre o fı́sico e mental. A primeira fase do movimento pode ser chamada de cubismo facetado ou cezaniana. Prevalecia o tratamento abstrato dos volumes e do espaço, unidades estruturais translúcidas que formavam facetas. No inı́cio do cubismo, as facetas eram grandes e disformes, lembrando fragmentos; o trabalho em contraste com a cor e a textura gerava a profundidade; a estrutura relacional era simples, ametódica e abusava de distorções exageradas. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 13/30 Os avanços nos métodos cubistas sessam em 1914, quando Georges Braque parte para a guerra. As inovações foram seguidas por vários artistas: o espanhol Juan Gris (1887-1927), o alemão George Grosz (1893-1959), os franceses Roger de la Fresnaye (1885-1925), Marcel Duchamp (1887-1968), Jacques Villon (1875-1963), André Derain (1880-1954), André Lhote (1885-1962), Georges Valmier (1885-1937), Auguste Herbin (1882- 1960), Albert Gleizes (1881-1953), Jean Metzinger (1883-1956) e Henri Le Fauconnier (1881-1946); os poloneses Henri Hayden (1883-1970) e Louis Marcoussis (1883-1941); o húngaro Alfred Reth (1884-1966), e o russo Léopold Survage (1879-1968). 2.2.2 Futurismo Entre 1909 e 1910, os fundadores do movimento futurista lançam o seu primeiro e segundo manifestos no periódico francês “Le Figaro”, rejeitando a tradição, os museus, as bibliotecas e todas as formas de manutenção do passado, e exaltando a beleza da máquina, a carne de metal e a dinâmica das formas maquı́nicas e da cidade. Um fascı́nio vibrante pela precisão geométrica da engenharia, pela industrialização, pela força transformadora da tecnologia, pelo poder e velocidade das máquinas, pelo dinamismo das cidades e pelo dinamismo das forças produtivas. Em 1909, com o objetivo de forjar a teoria futurista para as artes visuais, Filippo Tommaso Marinetti (1876- 1944), poeta e editor italiano, começou a colaborar com os pintores Umberto Boccioni (1882-1916), Gino Severini (1883-1966), Carlo Carrà (1881-1916) e Luigi Russolo (1885-1947). Em seguida, publicaram dois manifestos: o “Manifesto dos pintores futuristas”, de 11 de fevereiro de 1910, e “Pintura futurista: manifesto técnico”, de 11 de abril de 1910, nos quais apresentam ideias mais concretas de como realizar a nova arte proposta pelo movimento. Figura 6 - Amizade (1908), de Pablo Picasso; Ambroise Vollard (1909-1910), de Pablo Picasso; Clarinete (1913), de Georges Braque. Fonte: JANSON, 1992, p. 682-683. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 14/30 Contudo, a transposição da teoria para as telas demorou ainda algum tempo. Em 1911, aconteceu a primeira exposição do grupo em Milão, mas foi um grande fracasso. Não conseguiram se afastar da tradição da representação e das técnicas pós-impressionistas. isso mudaria no mesmo ano, ao partir do contato do grupo com Pablo Picasso e Georges Braque, o que provocou de�initivamente uma virada na forma de pintar e de representar do movimento futurista, embora tenham mais tarde querido se distanciar da in�luência cubista. O contato com o cubismo também fez com que Umberto Boccioni publicasse, em 1912, o in�luente “Manifesto Futurista da Escultura”, no qual defendia o emprego de materiais não tradicionais e a ação do escultor para promover o encerramento, na janela da escultura, do entorno no qual vivemos.Finalmente após a exposição de Paris, em 1912, a teoria e a arte futurista se difundiram por toda a Europa, Rússia e nos EUA. Também foi difundido o conceito de “linhas de força”, como declaravam os futuristas: “[...] os objetos revelam em suas linhas a calma ou o frenesi, a tristeza ou a alegria” (DEMPSEY, 2010, p. 89). Em 1915, Giacomo Balla, juntamente com o pintor, escultor, escritor e designer grá�ico italiano Fortunato Depero (1892-1960), publica o manifesto denominado Ricostruzione futurista dell’universo (“Reconstrução futurista do universo”) que in�luenciará decisivamente o design ao defender um estilo mais abstrato, que pudesse ser aplicado à moda, ao mobiliário, à decoração e a todo novo comportamento de viver. VOCÊ QUER LER? Filippo Tommaso Marinetti escreveu e publicou, na capa do jornal francês “Le Figaro”, o primeiro manifesto futurista, em 20 de fevereiro de 1909, no qual o autor apresentava um programa violento de reforma literária. Para ler, acesse o endereço: <http://www.espiral.fau.usp.br/arquivos-artecultura-20/1909-Marinetti- manifestofuturista.pdf (�ile:///C:/Users/Val%C3%A9ria.Rivone/Downloads/%3c%20http:/www.espiral.fau.u sp.br/arquivos-artecultura-20/1909-Marinetti-manifestofuturista.pdf ) >. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 15/30 file:///C:/Users/Val%C3%A9ria.Rivone/Downloads/%3c%20http:/www.espiral.fau.usp.br/arquivos-artecultura-20/1909-Marinetti-manifestofuturista.pdf file:///C:/Users/Val%C3%A9ria.Rivone/Downloads/%3c%20http:/www.espiral.fau.usp.br/arquivos-artecultura-20/1909-Marinetti-manifestofuturista.pdf file:///C:/Users/Val%C3%A9ria.Rivone/Downloads/%3c%20http:/www.espiral.fau.usp.br/arquivos-artecultura-20/1909-Marinetti-manifestofuturista.pdf file:///C:/Users/Val%C3%A9ria.Rivone/Downloads/%3c%20http:/www.espiral.fau.usp.br/arquivos-artecultura-20/1909-Marinetti-manifestofuturista.pdf Em 1916, a morte de Umberto Boccioni ao cair do cavalo durante treinamento, e a morte do arquiteto visionário Antonio Saint-Point (1888-1916) na linha de frente com o Batalhão de Ciclistas Voluntários da Lombardia, marcam o �im da fase criativa do movimento. Com o avanço da Primeira Guerra Mundial tornou- se impossı́vel defender o culto à máquina e à guerra. Nesse contexto, o movimento começava a perder sua força, mas ainda projetava algum sucesso ao servir de inspiração para a cenogra�ia, a publicidade e o design grá�ico. Figura 7 - Ritmo de um violinista (1912) e Numeri innamorati (1923), de Giacomo Balla; capa do livro Dinamo-Azari (1927), de Fortunato Depero. Fonte: FLORES, 1992, p. 54-55. VOCÊ O CONHECE? Luigi Carlo Filippo Russolo (1885-1947) foi pintor e compositor. Criou músicas futuristas e construiu instrumentos, como os intonarumori ou intoners, as primeiras máquinas desenvolvidas para produzir ruı́dos, em 1913. E� considerado um dos primeiros �ilósofos da música eletrônica. Para saber mais sobre Russolo acesse o endereço: <https://www.thereminvox.com/article/articleview/117/1/31/ (https://www.thereminvox.com/article/articleview/117/1/31/)>. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 16/30 https://www.thereminvox.com/article/articleview/117/1/31/ https://www.thereminvox.com/article/articleview/117/1/31/ Alguns anos antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), surge na Rússia como resultado dos contatos estreitos entre os centros artı́sticos europeus o cubo-futurismo. O movimento fundia o estilo de Picasso com as bases teóricas do futurismo, exaltava a industrialização como forma de dominar as forças da natureza, mas não glori�icava a máquina, nem viam nela um instrumento de higienização ou destruição, como pregavam os italianos. 2.2.3 Suprematismo O suprematismo surgiu na Rússia entre 1913 e 1915, teorizado por Kasimir Severinovich Maliêvitch (1878- 1935). Inpirado pela sua participação no projeto teatral “Vitória sobre o Sol”, discorre sobre o triunfo da nova ordem sobre a antiga, do homem sobre a natureza, do espı́rito sobre a matéria. Veja mais clicando nainteração a seguir. Assim, Maliêvitch teoriza com o seu Чёрныйквадрат (quadrilátero negro) que nem sequer é um retângulo perfeito, que os elementos da arte deveriam se impor como ı́cones modernos, como a geometria é, em si mesma, uma abstração, que poderia substituir a trindade cristã tradicional e simbolizar a realidade “suprema”. Ou seja, a “supremacia de um mundo maior do que o mundo das aparências” (DEMPSEY, 2010, p. 103). O suprematismo pode ser considerado o maior salto da imaginação simbólica. Pois ao reduzir ao menor número de elementos o objeto da arte, conseguiu dar ênfase ao quadrilátero enquanto tal, e ao mesmo tempo, “[...] transformou-o num sı́mbolo concentrado, com múltiplas camadas de signi�icação” (JANSON, 1992, p. 688). A consagração da teoria estética simbólica de Maliêvitch acontece em dezembro de 1915, na exposição conjunta em São Petersburgo, que foi denominada de “U� ltima exposição futurista de quadros: 0,10”. Durante a exposição foi feito um manifesto, e também distribuı́do um pan�leto intitulado “Do cubismo e futurismo ao suprematismo: o novo realismo na pintura”, no qual Maliêvitch explicava este movimento estético. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 17/30 Na teoria mı́stica cristã, a condição divina da criação somente podia ser vivida pelo homem, quando este supera a condição de imitador e se põe a criar sı́mbolos. Os sı́mbolos ao serem concebidos e criados constituem um novo mundo distinto do mundo natural, os frutos da exploração da apropriação dos sentimentos pela razão, um mundo muito mais amplo, que não contém o homem, mas que se amplia com a ação criadora do homem. Por outro lado, os mesmos sı́mbolos ao serem contemplados revelam a supremacia do mundo exterior e interior, pois neles existe a janela para o que foi condito pelo artista e o que pode ser resgatado pela atitude espiritual, independentemente do observador. A insistência na independência espiritual do artista, livre do Estado, do utilitarismo, das disputas polı́ticas e das ideologias sociais. A insistência em acreditar que a arte deveria ser inútil, nunca servir às necessidades materiais e logo ser uma “arte pura”, acabou desprestigiando o movimento quando outras correntes artı́sticas voltarm-se para a arte utilitária e o design industrial. O suprematismo foi então superado incialmente pelo construtivismo e substituı́do em seguida pelo Realismo socialista como estilo o�icial do autoritarismo comunista. Alguns anos mais tarde, entre os anos de 1917 e 1918, Maliêvitch desenvolve a série “Branco sobre branco”.O suprematismo atraiu vários artistas, entre eles: Liubov Popova (1889-1924), Olga Rozánova (1886- 1918), Nadejda Udaltsova (1886-1961), Ivan Puni (1894-1956) e Ksénia Boguslávskaia (1882-1972). “Para os suprematistas, os fenômenos visuais do mundo objetivo são, em si, desprovidos de signi�icado; o que contém signi�icado é o sentimento” (MALIE�VITCH, 1927 apud DEMPSEY, 2010, p. 103). Figura 8 - Exposição 0,10 (1915); Grupo Unovis (1920); Porcelana (1922), de Nikolai Suetin. Fonte: DEMPSEY, 2010, p. 104-105; JANSON, 1992, p. 688. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 18/30 2.2.4 Construtivismo Enquanto Kasimir Severinovich Maliêvitch desenvolvia plenamente o suprematismo em 1914, Vladı́mir Evgrafovič Tátlin (1885-1953) começava a elaborar as suas primeiras construções com um grupo de artistas que, no inı́cio, se autodenominavam produtivistas, mas que seis anos mais tarde seriam reconhecidos como construtivistas, conjunto de artistas do movimento estético de maior destaque na Rússia. Viram a Revolução Russa (1917) como uma oportunidade de promover o surgimento do novo homem, celebrar a cultura mecânica e as novas tecnologias e dar sentido utilitário à arte participando do desenvolvimento social ativo, pois acreditavam que a arte deveria exercer cada vez com mais ı́mpeto o seu impacto sobre a sociedade. Dessa forma, se diziam artistas-engenheiros que tinham o papel fundamental de moldar a nova sociedade. No inı́cio, exploravam as qualidades artı́sticas inerentes dos materiais e das tecnologias, tais como cor, textura, linha, forma e estrutura. No auge do movimento construtivista empregavam a linguagem abstrata dos objetos estéticos aos objetos práticos do cotidiano. Dedicaram-se a projetar tudo o que fosse preciso, mobiliário, cerâmica, indumentária, espaços cenográ�icos, tipogra�ia e peças publicitárias. Se destacaram Liubov Popova e Varvara Stiepânova no desenho têxtil; Aleksandr Vesnin, Liubov Popova, Aleksandra Ekster e Gueórgui Iákulov (1884-1928) no desenho cenográ�ico; El Lissitski (1890-1947) na tipogra�ia, no projeto de exposições e no design grá�ico; e Aleksandr Rodtchenko na fotogra�ia e no design grá�ico. VOCÊ QUER VER? O �ilme O velho e o novo (Rússia, 1929), com direção de Serguei Eisenstein e Grigori Aleksandrov, aborda a visão sobre o novo homem. O surgimento do homem novo entre o abandono das tradições, crenças e rituais e a formação de coletivos e a aproximação com as tecnologias. Destaque para os recursos de montagem dialética da obra. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 19/30 A arquitetura construtivista usava materiais modernos, enfatizava a transparência da função e a construção consciente das diferentes partes de um edifı́cio. Caracterı́sticas que foram mais tarde introduzidas ao Estilo Internacional. Entre seus expoentes, destacam-se: Ivan Leonı́dov (1902-1959); Konstantin Mélnikov (1890- 1974); Aleksandr Leonid Vesnin (1880-1933) e Victor Vesnin (1882-1950). O movimento construtivista teve vários de seus integrantes participando do projeto pedagógico da escola russa de design, a Bxytemac (O�icinas do Estado para o Ensino Superior de Arte e Técnica), fundada em 1920 e fechada em 1930. Figura 9 - Construção do Monumento à Terceira Internacional (1919-1920), de Vladı́mir Evgrafovič Tátlin; Cadeira Tubular (1927), de Vladı́mir Evgrafovič Tátlin; Cartaz de propaganda com foto de Lily Brick (1924- 1925), de Aleksandr Rodtchenko. Fonte: MAGOMEDOV, 1990a, p. 28-210. VOCÊ QUER LER? Vladimir Vladimirovitch Maiakovski (1893-1930) escreveu para o teatro, em 1928, a obra “O percevejo”. Na peça satı́rica e sarcástica conta, em tom fantástico e circense, a aversão russa aos costumes pequeno-burgueses. Uma obra irônica que debate os rumos da Revolução Russa na construção do novo mundo (MAIAKOVSKI, 2017). 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 20/30 O movimento construtivista chegou ao �im por volta de 1928, quando foram implantados os planos quinquenais de plani�icação econômica de Josef Stalin (1878-1953) e a prescrição do Realismo Socialista como estilo o�icial do autoritarismo comunista. 2.3 Racionalismo e funcionalismo Acabado o século XIX, ainda havia um paradoxo entre os ideais desenvolvidos pelo movimento de reforma Arts and Crafts e o modernismo. Os industriais solicitavam o design de um produto e implicitamente aceitavam adotar o seu estilo, que tinha de ser executado em sistemas de produção ainda muito próximos dos artesanais. Contudo, era evidente que a mecanização e a automação avançavam, exigindo o design de produtos cada vez mais simpli�icados e práticos, não se adequando muitas vezes à execução produtos luxuosos e suntuosos. Nesse sentido, a organização do setor produtivo de�inida pelo taylorismo eliminava todas as ações supér�luas e rompia com as bases do artesanato. Os debates sobre design deixaram de ter seu centro no Reino Unido e passaram a ser, de certa forma, monopolizados pela Alemanha, que estavaenvolvendo e articulando os setores polı́tico, artı́stico, intelectual, industrial e comercial, com o intuito de se transformar numa das principais potências industriais para competir no mercado internacional. Esse deslocamento do centro de debate do design se deve ao projeto alemão de quali�icação da produção industrial e de quali�icação do design dos produtos industriais, que começou com a fundação do I Reich, em 1871. Os alemães queriam promover a passagem da produção artesanal para a produção industrial, mas mantendo a qualidade dos produtos. E, ainda, desenvolver uma indústria para as massas, que diminuı́sse os custos de produção e, ao mesmo tempo, mantivesse a qualidade do design dos produtos. 2.3.1 Deutscher Werkbund A Deutscher Werkbund (Associação Alemã de Artesãos) foi fundada em Munique, em 9 de outubro de 1907, como um espaço para o debate e o aperfeiçoamento da coalização de o�icinas progressistas do Jugendsti e Secessão de Viena. Foi fundada pela ação do arquiteto e estadista Herman Muthesius (1861-1927); do teórico polı́tico Friedrich Naumann (1860-1919), e de Karl Schmidt (1873-1954). Orientados pelas ideias de Herman Muthesius, publicadas no livro The English House (1904-1905), se inspiravam nos aspectos funcionais do Arts and Crafts britânico e nos aspectos morais, pois queriam mudar a casa alemã para in�luenciar diretamente o caráter das futuras gerações. Propunham melhorar a mão de obra, a educação para a indústria, a divulgação e promoção do pensamento e da prática pro�issional e a realização de atividades uni�icadas. Principalmente, debatiam sobre o impacto dos processos mecânicos sob a produção artesanal e industrial. E tinham como principal objetivo assumir a liderança nas artes aplicadas e na indústria. Herman Muthesius acreditava que o futuro do design alemão estava em criar produtos cada vez com mais qualidade, adaptados aos processos mecânicos de produção. Friedrich Naumann defendia que o artesanato deveria se fundir à indústria, adaptar o design aos processos de produção mecânica e desenvolver o gosto dos consumidores para que estes �icassem cativos da nova estética. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 21/30 Em 1914 foi realizada a primeira exposição da Deutscher Werkbund, em Colônia, e em 1927 foi realizada a exposição de maior sucesso do grupo, mostrando um loteamento com um conjunto residencial de 60 unidades com exatas 21 edi�icações em Stuttgart. A exposição tinha o objetivo de apresentar o futuro modo de vida. Apresentaram um conjunto de edi�icações em concreto, aço e vidro, que tornou-se conhecido como Estilo Internacional. A Deutscher Werkbund constituı́a-se como uma organização que reunia artesãos, artistas, designers, arquitetos, professores, publicitários e industriais, mas acabou sendo dissolvida devido à Grande Depressão e à ascensão do nazismo, em 1934. 2.3.2 O debate entre Herman Muthesius e Henry Van der Velde No design, o debate entre Herman Muthesius (1861-1927) e Henry Van der Velde (1863-1957) pode ser considerado o debate do século. Um debate sobre o formalismo e o funcionalismo, do valor da forma que prevalece sobre a função do objeto, a contemplação ou o encontro da forma; e do valor da função que prevalece sobre as formas e de�ine a estrutura do objeto. Um debate sobre antagônicos que coexistem. Clique nas abas a seguir para ver um resumo dos posicionamentos de Herman Muthesius e Henry Van der Velde. Figura 10 - Cadeira (1902), de Richard Riemerschmid; Exkurs Maschinenmöbel (1905), de Richard Riemerschmid; Exkurs Maschinenmöbel (1906), de Richard Riemerschmid. Fonte: BURCKHARDT, 1980, p. 18-26. Basicamente, pode-se resumir as posições de Herman Muthesius da seguinte forma: - condenava o gosto da burguesia alemã pelos objetos de luxo; - atacava o ecletismo historicista das organizações produtivas alemãs; • Herman Muthesius 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 22/30 No primeiro momento do debate, a posição de Henry Van der Velde saiu-se vitoriosa, obtendo o maior número de adeptos às ideias. No entanto, com o avanço do sistema produtivo industrial e os resultados obtidos no estabelecimento do design adaptado aos processos de produção industrial, gradativamente, a posição de Herman Muthesius vai se mostrando mais coerente, obtendo mais adeptos dispostos a pensar o projeto do objeto de design juntamente com a adequação às etapas de produção. Para entender melhor, observe o exemplo descrito no caso a seguir. - defendia a substituição do estilo pessoal do artista ou designer por um estilo que conciliasse as caracterı́sticas pessoais com as caracterı́sticas próprias do processo de produção; - defendia o funcionalismo e desquali�icava o formalismo por negligenciar as funções dos produtos; - via o ornamento como um desperdı́cio de materiais e de mão de obra; - advogava pela introdução de elementos funcionais nos objetos do cotidiano; - acreditava que o design dos produtos deveria ser subordinado à indústria; - defendia a visão do design racionalizado para a produção. Por outro lado, pode-se resumir as posições de Henry Van der Velde da seguinte forma: - não se preocupava com o gosto da burguesia alemã pelos objetos de luxo; - atacava o ecletismo historicista das organizações produtivas alemãs; - defendia que o estilo, os pontos de vista pessoais e a expressão do artista ou designer deveriam sempre estar no design do objeto cultural, independentemente dos processos de produção; - defendia o formalismo por acreditar que a forma era parte da expressão do artista e que ela de�inia a função; - acreditava que não existia nenhum mal no uso dos ornamentos, mas defendia o uso ponderado dos ornamentos para não prejudicar o processo produtivo; - acreditava que o design dos produtos dependia principalmente das qualidades formais emprestadas pelo artista ao produto cultural - defendia a visão do design como arte. • Henry Van der Velde 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 23/30 No tópico a seguir, apresentaremos os principais aspectos do estilo arquitetônico conhecido como modernismo internacional. CASO No inı́cio do século XX, entre os assuntos mais debatidos estava a racionalização da produção e o funcionalismo técnico produtivo, um debate parecido com a discussão sobre a importância da experiência do usuário e a do uso da metodologia canvas no design, para a promoção do aumento da produtividade e quali�icação dos produtos. Richard Riemerschmid buscava formas de melhorar metodologicamente a produção de móveis e de cutelaria. Era profundo conhecedor dos processos industriais de mecanização e automação, mas sabia que, apesar dos avanços do uso das máquinas na produção, o sistema era ainda muito artesanal. Então deixou de adaptar as máquinas ao design e começou a pesquisar a adaptação e adequação do design às máquinas. Assim, desenvolveu, a partir de 1906, a primeira série de móveis Exkurs Maschinenmöbel, totalmente adaptados à produção em série e de fácil transporte e montagem. Assim, Richard Riemerschmid atingiu o seu objetivo de racionalizar a produção e fabricar, em larga escala, diversos produtos de qualidade e com preço extremamente acessıv́el à população de classe média. 2.4 Estilo Internacional O Estilo Internacional marcou principalmente a arquitetura da primeira metade do século XX, e também foi chamado de modernismo internacional. De certa forma, é o resultado da convergência teórica e prática de movimentos progressistas como o Arts and Crafts, De Stijl e Escola de Chicago, bem como de personalidades como Louis Sullivan (1856-1924), Frank Lloyd Wright (1867-1959), AdolfLoos (1870-1933) e Gerrit Thomas Rietveld (1888-1964). Adolf Loos sofreu forte in�luência de Louis Sullivan durante o perı́odo em que esteve em Chicago, quando escreveu “Ornamento e crime”, em 1908, e ajudou a disseminar parte das principais ideias do Estilo Internacional. As principais caracterı́sticas do movimento foram a busca por novas formas arquitetônicas que se prestassem aos novos hábitos, às formas de comportamento e organização social, à exploração da estética da máquina, integração dos espaços internos e externos, ao uso das matérias-primas industrializadas como o concreto, o aço e o vidro, e o respeito às propriedades estéticas dos materiais. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 24/30 2.4.1 Estilo Internacional na arquitetura Curiosamente, os três principais arquitetos do Estilo Internacional trabalharam no escritório de Peter Behrens (1849-1940), que defendia a intensi�icação da relação entre as artes e a indústria na Deutscher Werkbund (Associação Alemã de Artesãos); Walter Gropius (1883-1969), Le Corbusier (1887-1965) e Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969). Le Corbusier fez duas grandes contribuições teóricas para o Estilo Internacional. Escreveu, em 1923, “Por uma arquitetura” em que cita a famosa frase “A casa é uma máquina de morar” e, em 1926, sobre os “Cinco pontos para uma nova arquitetura”. Estes trabalhos foram fundamentais para estabelecer um novo parâmetro para explorar nos projetos a importância da espacialidade, a circulação de ar para promover o arejamento, a adequação da luminosidade, e o uso exaustivo da racionalidade e da �lexibilidade.Contudo, o Estilo Internacional �ica extremamente famoso pelas suas monumentais torres de aço e vidro projetas por Ludwig Mies van der Rohe, que acabam recebendo o nome de caixas de vidro. Clique na interação a seguir para conhecer os principais arquitetos do Estilo Internacional. Walter Gropius (1883-1969) Adolf Meyer (1866-1950) Le Corbusier Ludwig Mies van der Rohe Adolf Loos 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 25/30 Lucio Costa (1902-1998) Oscar Niemeyer (1907-2012) Alvar Aalto (1898-1976) Giuseppe Terragni (1904-1943) Berthold Romanovich Lubetkin (1901-1990) Rudolph M. Schindler (1887-1953) Richard Neutra (1892-1970) 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 26/30 Contudo, o Estilo Internacional foi, no �inal dos anos de 1950, duramente criticado por não considerar os aspectos emocionais dos lugares e das pessoas. E começou a perder força perto do movimento pós- modernista que começava a se formar. Giò Ponte (1891-1979) Pier Luigi Nervi (1891-1979) Eliel Saarinen (1873-1950) Philip Johnson (1906-2005) Síntese Concluı́mos este estudo, que apresentou os principais movimentos estéticos de vanguarda do inı́cio do século XX: expressionismo, dadaı́smo, surrealismo, neoplasticismo, cubismo, futurismo, suprematismo e construtivismo. Além disso, trouxe o principal debate sobre o racionalismo produtivo e o funcionalismo produtivo ou técnico, a arquitetura e o design do Estilo Internacional. Neste capı́tulo, você teve a oportunidade de: reconhecer os movimentos estéticos de vanguarda que influenciaram a arte, o design e a arquitetura do século XX e XXI; • 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 27/30 identificar as relações de interdependência entre arte, design e sistemas produtivos; compreender como o formalismo e o funcionalismo ajudaram a estabelecer as principais teorias do design relacionado aos processos de industrialização do século XX; distinguir as ideias e as formas de pensar, os objetos e os principais autores dos movimentos estéticos de vanguarda do início do século XX; compreender as ideias e as formas de pensar, os objetos e os principais autores que teorizaram a participação do design no artesanato e na indústria; identificar as ideias e as formas de pensar, os objetos e os principais autores da arquitetura e do design do Estilo Internacional. • • • • • Bibliografia ADES, D. 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Acesso em: 06/11/2018. 06/05/24, 20:34 História do Design https://codely-fmu-content.s3.amazonaw s.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_HISDES_19/unidade_2/ebook/index.html 28/30 http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo325/assemblage http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo325/assemblage http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo325/assemblage http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo325/assemblage http://www.puc-rio.br/pibic%20/relatorio_resumo2010/relatorios/ctch/psi/PSI-Marina%20Garcez.pdf http://www.puc-rio.br/pibic%20/relatorio_resumo2010/relatorios/ctch/psi/PSI-Marina%20Garcez.pdf http://www.puc-rio.br/pibic http://www.puc-rio.br/pibic GOLDING, J. Cubismo. In: STANGOS, N. (Org.). Conceitos da Arte Moderna. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2012. JANSON, H. W. História da arte. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1992. KANDINSKY, W. Do espiritual na arte. São Paulo: Martins Fontes, 2000. LO� BACH, B. 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