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ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING Fabiana Tramontin Bonho Canais de distribuição Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os principais canais de distribuição do mercado. Diferenciar os canais de distribuição pelo tipo de uso. Identificar conflitos e tendências desses canais. Introdução No canal de distribuição, ocorre o processo de tornar os produtos ou serviços disponíveis aos clientes. Esse processo envolve pessoas, empre- sas e, na maioria das vezes, os intermediários, que são os agentes que possibilitam que esse processo ocorra de maneira eficaz. Com a internet, as vendas estão ocorrendo cada vez mais pelo ca- nal de venda direto, mas nem por isso deixou-se de lado a utilização dos canais de distribuição, pois esses produtos comprados via internet precisam chegar até o consumidor final. Por isso, é necessário que os gestores estejam preparados com estratégias para oferecer diferentes tipos de canais, e, assim, há uma tendência de que as empresas utilizem mais o sistema de multicanais. Neste capítulo, você vai estudar os principais canais de distribuição do mercado, vai conhecer os diferentes tipos de canais identificados pelo uso e, além disso, vai aprender sobre os conflitos e tendências desses canais. Os principais canais de distribuição do mercado Os canais de distribuição ou canais de marketing podem ser entendidos como o meio utilizado para entregar os produtos ou serviços ao cliente, sendo o elo de ligação entre o negócio e o público-alvo, segundo Ashoka Empreendedores Sociais e Mckinsey & Company, Inc (2001), que cita os dois tipos de canais de distribuição que você confere a seguir. Canais de venda direta: a venda é realizada diretamente ao cliente, como, por exemplo, por meio da visita de vendedores, lojas próprias nas ruas e também nos shoppings, pela internet, dentre outros. No caso da prestação de serviço, o cliente vai até loja e contrata um determinado serviço. Outro exemplo é o serviços pelo número 0800, em que o con- sumidor telefona e contrata o serviço. Canais de venda indireta: as vendas são realizadas primeiramente a um intermediário e, após, ao cliente. Por exemplo, os revendedores autorizados, distribuidores, cadeias de varejos, dentre outros. Nesse canal, quando forem serviços, temos os exemplos das franquias de ser- viços, como os correios, os revendedores autorizados, como corretores de seguros, imóveis, dentre outros. Xavier (2009) conceitua canal de distribuição como um sistema organizado de instituições e órgãos que, juntos, executam todas as funções necessárias para ligar os produtos aos consumidores. Em alguns casos, o canal pode estar composto apenas pelo fabricante que comercializa diretamente com os consumidores e, em outros os canais, pode ser constituído pelo fabricante e um ou mais revendedores. Corroborando, Strehlau e Telles (2006) trazem que a gestão da distribuição (Figura 1) corresponde ao processo, à estrutura e administração dos bens e dos serviços com a finalidade de torná-los disponíveis para as trocas, envolvendo estrutura, atividades dos agentes presentes nos canais, operações de atacado e varejo, distribuição física, e incluindo, também, os aspectos logísticos de planejamento, transporte e armazenagem, entre outras variáveis relacionadas ao fluxo de conexão entre produção e consumo. Figura 1. Distribuição. Fonte: Adaptada de Strehlau e Telles (2006). Canais de distribuição2 Strehlau e Telles (2006) destacam, ainda, que a gestão de canais de marke- ting tem grande relevância na organização devido ao fato de representar uma grande parte dos custos variáveis dos produtos. Por esse motivo, é necessário compreendê-la como aspecto essencial na potencialização das venda, o que ocorre devido a três fatores que ocorrem: por tornar possível a compra; por aumentar o valor percebido pelo consumidor; pelo custo, isto é, pela dificuldade de localização ou espera na entrega. Os autores também relatam que os canais de marketing podem ser citados como sistemas de fluxo e transporte, assim, demandando estrutura física, lógica e transacional. A estrutura física é formada por área de armazenagem, pelos meios de transportes, instalações de acondicionamento, isto é, elementos que garantem ligação entre produção e consumo. A estrutura lógica pode ser entendida como o mapa de deslocamento e de pontos de estocagem, en- volvendo os meios de transportes e intermediários. A estrutura transacional pode ser compreendida como o conjunto de relacionamentos comerciais, fontes de financiamento, parcerias, acordos potenciais entre os agentes da cadeia distributiva. Eles ainda comentam que os canais de distribuição têm uma função muito importante, não apenas por favorecer o escoamento dos produtos e estabelecer conexão entre as esferas de produção e consumo, mas por realizarem outras atividades que viabilizam o processo produtivo e de comercialização, como exercer o papel de financiamento da produção e do consumo, fonte de informações sobre o mercado produtos e cliente. Nessa visão operacional e estratégica, a distribuição tem três funções básicas: funções transacionais: atividades que envolvem a compra e venda, envolvendo risco na operação, por propriedade, transporte, armaze- nagem e administração; funções logísticas: atividades de concentração do produto, armazena- mento, distribuição física; funções de facilitação: atividades de estímulo e favorecimento dos processos de compra e venda, da produção ao consumo. Assim, as funções dos canais de marketing (Figura 2) têm o objetivo principal centrado na eficiência da distribuição dos produtos e serviços ao consumidor. 3Canais de distribuição Figura 2. Funções pontenciais dos canais de distribuição. Fonte: Adaptada de Strehlau e Telles (2006). Farias, Duschitz e Carvalho (2015) descrevem os seguintes níveis de canal (Figura 3). Um canal de nível zero, conhecido também como marketing direto, é identificado assim quando um fabricante vende diretamente ao consu- midor final. São exemplos desse canal as vendas porta em porta, mala direta, pela internet, entre outras. Um canal de nível um conta com um único intermediário, como, por exemplo, um varejista. Um canal de nível dois conta com dois intermediários, que podem ser um varejista e outro atacadista. Um canal de nível três contém três intermediários — além do varejista e do atacadista, pode contar com um varejista/atacadista especializado, como nas indústrias de alimentos processados e de bebidas. Figura 3. Níveis de canal. Fonte: Farias, Duschitz e Carvalho (2015, p. 151). Canais de distribuição4 Outro fato importante dentro dos tipos de canais de distribuição apresentado por Farias, Duschitz e Carvalho (2015) é a sua estrutura. Já que uma estra- tégia bem planejada é essencial para o sucesso do negócio, as decisões que envolvem as estruturas de canais afetam diretamente o resultado de todas as empresas que compõem a cadeia de suprimentos. Assim, pode-se optar pode três estratégias de distribuição. Exclusiva: limita o número de intermediários para obter deles maior dedicação e aperfeiçoamento nos estágios de pré-venda, venda e pós- -venda. Para isso, depende de uma parceria mais estreita entre a empresa e o revendedor. Quem escolhe esta estratégia está preocupado em atender segmentos de mercado bem definidos. Seletiva: utiliza determinados intermediários para comercializar um produto especifico em uma determinada região. É mais utilizada em mercados em que os consumidores buscam realizar comparações entre produtos e marcas antes da decisão de compra e também em mercados que se preocupam com os serviços de pós-vendas. Intensiva: utiliza a disponibilização de um produto ou serviço no maior número de revendedores ou canais de vendas possível. É utilizada princi- palmente em produtos de conveniência, como bens de consumo em geral. O gerenciamento e a estratégia de canal de marketing tem sofrido alterações, passando a ganhar maior relevância com a implantação do comércio eletrônico, o que ocorre devido à disponibilização dos produtos e serviços para os clientes. A internet, assim, tem desafiado os profissionais de marketing a utilizar a tec- nologia de forma inovadora na gestão das estratégias do canal, de modo a gerar valor para os consumidores de forma lucrativa (KERIN; PETERSON, 2009). Canais de distribuição e tipo de uso Segundo Strehlau e Telles (2006), existem algumas diferenças de confi guração e também na forma de organizações, o que causa uma modifi cação nos processos e na estrutura. Veja, a seguir, como essas confi gurações podem ser reconhecidas. Canais de marketing para bens de consumo: os bens de consumo são aqueles destinados ao cliente final. A distribuição desses bens envolve um grau de complexidade maior em relação aos demais por demandar maior abrangência geográfica, maior capilaridade e, assim, uma ne- 5Canais de distribuição cessidade maior de controle dos fluxos no canal. Também conta com maior número de intermediários, o que torna esses canais mais longos. Veja, no Quadro 1, a distribuição de bens de consumo e atividades de marketing segundo Strehlau e Telles (2006). Fonte: Adaptado de Strehlau e Telles (2006). Tipo de bem de consumo Comportamento do consumidor Preço Distribuição Comunicação Bens de conveniência Compra frequente e que exige pouca busca de in- formação e comparação. Baixo envolvimento Geralmente baixo Distribuição intensiva em muitos pontos de venda Muita propa- ganda e divul- gação em mídia de massa Bens de compra comparada Compra menos fre- quente e que exige maior esforço na comparação entre marcas e outros atributos. Geralmente apresenta um envolvi- mento maior Médio Distribuição mais seletiva em menor número de pontos de venda Muita pro- paganda e venda pessoal por parte de fabricantes e revendedores Bens de especialidade Compra de alto envolvi- mento, em geral exibe fortes preferências de marca Geralmente alto Distribuição exclusiva em poucos pon- tos de venda Divulgação cuidadosa e em mídias selecionadas Bens não procurados Pouco conhecimento sobre o produto e em muitos casos há pouco interesse ou mesmo um interesse negativo Variável Variável Propaganda agressiva e forte venda pessoal Quadro 1. Distribuição de bens de consumo e atividades de marketing Canais de marketing para bens empresariais: bens comprados para uso em uma organização, podendo ser para a fabricação de um produto ou para a gestão do negócio. Em média, o número de produtores e compradores desse tipo de bens é pequeno, e as compras são de maior valor se comparadas às dos bens de consumo. Podem apresentar interesse na especificação técnica ou no acompanhamento da produção de seus insumos, o que exige um número limitado de intermediários. As vendas diretas são as que mais ocorrem nesse canal e, dessa forma, são considerados curtos. Veja, na Figura 4, uma representação da distribuição dos bens empresariais. Canais de distribuição6 Figura 4. Distribuição de bens empresariais. Fonte: Adaptada de Strehlau e Telles (2006). Canais de marketing para serviços: os serviços constituem um tipo de produto com atributos com especificidades distintas. Neste canal, na maioria das vezes, o consumo ocorre junto ao ato de produção. Por isso, a venda direta é a mais com dos canais de marketing, porém, a distribuição poderá ser realizada indiretamente, como, por exemplo, nas agências de viagem, que intermedeiam a compra de passagens e hospedagem, atuando como varejistas de serviços, na medida em que estocam e revendem em lotes menores e orientados para as necessidades dos clientes produtos adequados à demanda deles. Na Figura 5, estão exemplificados canais de distribuição para serviços. Figura 5. Canais de distribuição para serviços. Fonte: Adaptada de Strehlau e Telles (2006). 7Canais de distribuição Sistema multicanal e canais reversos: produtores escolhem diferentes canais para atingir mercados diferentes. Neste tipo de canal, destacam-se as organizações que vendem seus produtos diretamente a consumidores finais, mas também disponibilizam a varejistas ou distribuidores, que podem vender a varejistas em outras praças. Como exemplo, temos as montadoras, que vendem ao cliente por meio de varejistas, isto é, das concessionárias. O canal reverso ocorre quando o fluxo é contrário, e o deslocamento do produto ocorre do consumidor final para o produtor, como com produtos que são recolhidos para reciclagem, como latas de alumínio e garrafas. Veja, na Figura 6, o esquema dos canais de marketing e canais reversos. Figura 6. Canais de markering e canais reversos. Fonte: Adaptada de Strehlau e Telles (2006). Dessa forma, os canais de distribuição têm configurações distintas e tam- bém poderão apresentar, devido a algumas funções, diferentes variáveis e condições, como a natureza do produto, a fase no ciclo de venda e também nas estratégias da organização. Por isso, os gestores deverão decidir na hora da escolha do canal aquele que melhor atende à sua necessidade. Conflitos e tendências dos canais Nos canais de distribuição, podem ocorrer alguns confl itos. Segundo Xavier (2009), no processo de distribuição do fabricante ao cliente, os confl itos são obstáculos à efi ciência do sistema, pois provocam ruídos no processo e, se não forem corrigidos, poderão prejudicar as metas e os objetivos que foram defi nidos pelos fabricantes e operadores da distribuição. O autor ainda dife- rencia dois tipos de confl itos que poderão ocorrer, os horizontais e os verticais. Os chamados conflitos horizontais ocorrem integrantes do mesmo nível do canal divergem sobre as estratégias, ações e também sobre os procedimentos da operação (Figura 7). Canais de distribuição8 Figura 7. Conflitos verticais. Fonte: Adaptada de Xavier (2009). Os conflitos verticais (Figura 8) ocorrem quando o fabricante diverge dos intermediários. Quando se trata de canal de venda indireto, que envolve os intermediários, os conflitos são quase inevitáveis, podendo prejudicar todo o negócio; por isso, um alinhamento de parcerias, de compartilhamento de informações estratégicas e de integração de sistemas deve ser dividido para que esse tipo de conflito seja minimizado, devendo haver, assim, uma simetria geral dos componentes que integram o sistema de distribuição. Figura 8. Conflitos verticais. Fonte: Adaptada de Xavier (2009). Nesse caso de conflito vertical, Xavier (2009) destaca a importância da liderança do canal como um fator decisivo. Segundo o autor, o líder é conhecido como capitão do canal e seu poder pode derivar de seis fontes. Poder como recompensa: capacidade do integrante do canal em ofe- recer algo que é desejado ao outro integrante. Poder de coerção: receio que um integrante do canal possa exercer sobre os demais. Poder de legítimo: direitos assegurados aos integrantes do canal. Pode de referência: reputação da empresa ou do integrante do canal. 9Canais de distribuição Poder pela experiência: conhecimento ou habilidade de uma empresa ou integrante do canal. Poder de informação: posse pela informação ou integrante do canal de informações estratégicas para o êxito da operação. Dessa forma, o canal contará com integrantes alinhados e confiantes que farão com que os objetivos e metas traçados sejam alcançados da melhor forma possível e atentos às tendências do mercado. Conforme Farias, Duschitz e Carvalho (2015), existem várias tendências que afetam os canais de marketing, destacadas a seguir. O avanço tecnológico: um dos principais fatores dessa tendência é o crescimento da internet e do comércio eletrônico, o que torna o rela- cionamento mais direto entre as empresas e os clientes, diminuindo a participação dos intermediários. Outro fator é o uso das redes sociais, que passou a ser uma fonte de acesso de informações dos clientes por parte dos membros da cadeia, e essas informações têm contribuído para alterações nos produtos, que estão sendo mais ofertados na forma customizada. Alterações no poder do canal: o poder sempre foi centrado nas mãos dos fabricantes de produtos, mas, a partir dos meados de 1990, a con- centração passou para os varejistas e atacadistas. Essa mudança ocorreu em virtude de adoção de sistemas mais eficientes de gerenciamento de estoques, diminuindo, assim, a dependência em relação aos fabricantes. Crescimento da distribuição direta: os clientes procuram por produtos com menor custo e, assim, a venda direta tem crescido, pois cada canal adicionado representa um custo acrescido no produto, o que faz com que a tendência de eliminação dos intermediários aumente. Como exemplos, temos as vendas sendo realizadas pelas revendedoras da Avon, Natura, etc., e também o comércio eletrônico, como a Decolar e a Amazon. Crescimento do ommi-channel: ommi-channel quer dizer que todo cliente é tratado como se fosse único, independentemente do canal. O cliente, hoje, tem-se tornado multicanal, já que compra pela internet e pelas lojas físicas (as vias tradicionais). O mercado é ativo, dinâmico e, com o avanço das tecnologias, vem trazendo constantemente novas mudanças. Por isso, os profissionais do marketing e os gestores devem estar preparados para compreender tais mudanças e criar ações e estratégias de forma a permanecer no mercado. Canais de distribuição10 ASHOKA EMPREENDEDORES SOCIAIS; MCKINSEY & COMPANY, INC. Empreendimentos sociais sustentáveis: como elaborar planos de negócio para organizações sociais. São Paulo: Peirópolis, 2001. FARIAS, C.; DUSCHITZ, C.; CARVALHO, G. M. Marketing aplicado. Porto Alegre: Bookman, 2015. KERIN, R. A.; PETERSON, R. A. Problemas de marketing estratégico: comentários e casos selecionados. 11. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. STREHLAU, V. I.; TELLES, R. Canais de marketing e distribuição: conceitos, estratégias, gestão, modelos de decisão. São Paulo: Saraiva, 2006. XAVIER, J. T. P. Marketing: fundamentos e processos. Curitiba: IESDE, 2009. Leitura recomendada BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre; Bookman, 2006. 11Canais de distribuição