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Objetivos da Aula � De�nir primitiva de uma função; � Calcular a primitiva de uma função utilizando as primitivas de funções elementares. 1 Primitivas Em alguns problemas, é necessário determinar uma função, embora a sua derivada seja conhecida. Por exemplo, um Biólogo que conhece a taxa segundo a qual uma população de bactérias está crescendo pode querer deduzir qual o tamanho da população de bactéria em um certo momento (tempo) futuro ou um Engenheiro que pode medir a taxa de variação do volume d'água que escoa de um tanque quer saber a quantidade de volume d'água que escoa durante um período de tempo. Em cada uma dessas situações, o problema é encontrar uma função F (x) cuja derivada é uma função conhecida f(x). De�nição 1. Uma função F é dita primitiva ou antiderivada da função f em um intervalo I, se F ′(x) = f(x), para todo x ∈ I. Exemplo 1. Determine uma primitiva de cada uma das funções abaixo: (a) f(x) = 3; (b) f(x) = 2x; (c) f(x) = 6x2 + cos(x); (d) f(x) = −2 sen(2x); (e) f(x) = 4x+ 6. Solução: (a) Pela de�nição, uma função F é uma primitiva da função f(x) = 3, se F ′(x) = f(x) = 3. Dessa forma, basta encontrar uma função cuja derivada é igual a 3. Como (3x)′ = 3, então F (x) = 3x é uma primitiva de f(x) = 3. (b) Neste caso, vamos encontrar uma função F (x) cuja derivada seja f(x) = 2x. Tomando F (x) = x2+2, temos que F ′(x) = 2x = f(x). Assim, F (x) = x2 + 2 é uma primitiva da função dada. (c) F (x) = 2x3 + sen(x) é uma primitiva da função dada, pois F ′(x) = 6x2 + cos(x) = f(x). (d) F (x) = cos(2x) é uma primitiva da função dada, pois F ′(x) = −2 sen(2x) = f(x). (e) F1(x) = 2x2+6x é uma primitiva de f . Porém, F2(x) = 2x2+6x+10 também é uma primitiva desta função. Genericamente, F (x) = 2x2 + 6x+ C, com C uma constante, é uma primitiva de f . � 1 Universidade Federal do Pará Cálculo I - 2023-4 Aula nº 21: Primitivas. Cálculo I Aula nº 21 Observação 1. Em geral, se F é uma primitiva de uma função f em um intervalo I, então para todo x ∈ I, F ′(x) = f(x). Logo, para toda constante C, temos (F (x) + C)′ = F ′(x) + C ′ = F ′(x) = f(x), o que implica que F (x) + C é também uma primitiva de f . Portanto, se F é uma primitiva de f , então toda função da forma F (x) + C, com C constante, é também uma primitiva de f . Observação 2. Suponha F e G primitivas de f . Segue que: G′(x) = f(x) = F ′(x) ⇒ G′(x)− F ′(x) = 0 ⇒ [G(x)− F (x)]′ = 0. Então a função G(x) − F (x) tem derivada igual a zero. Mas isso acontece se, e somente se, ela for uma função constante, ou seja, existe uma constante C, tal que G(x)− F (x) = C ⇒ G(x) = F (x) + C. Concluímos assim, que as funções da forma F (x) + C são as únicas primitivas de f . Enunciamos o teorema a seguir. Teorema 1. Se F é uma primitiva de f em um intervalo I, então a primitiva mais geral de f em I é F (x) + C, onde C é uma constante arbitrária. Exemplo 2. Se f(x) = x2, então F (x) = x3 3 + C, o que signi�ca dizer que d dx [ x3 3 + C ] = x2. � Exemplo 3. Se f(x) = sen(x) então as primitivas de f são dadas por F (x) = − cos(x)+C, o que signi�ca dizer que d dx [− cos(x) + C] = sen(x). � Exemplo 4. Se f(x) = 4 x3 então F (x) = − 2 x2 + C, pois d dx [ − 2 x2 + C ] = 4 x3 . � Observação 3. Na notação F (x) + C, chamamos a constante C de constante de integração. 1.1 Primitivas imediatas Do nosso conhecimento de derivadas, podemos obter de modo imediato a primitiva de algumas funções mais simples: � Se f(x) = k então F (x) = kx+ C, com k uma constante; � Se f(x) = xn então F (x) = xn+1 n+ 1 + C, (com n 6= −1); � Se f(x) = ex então F (x) = ex + C; � Se f(x) = 1 x então F (x) = ln |x|+ C; � Se f(x) = cos(x) então F (x) = sen(x) + C; 2 Cálculo I Aula nº 21 � Se f(x) = sen(x) então F (x) = − cos(x) + C; � Se f(x) = sec2(x) então F (x) = tg(x) + C; � Se f(x) = cossec2(x) então F (x) = − cotg(x) + C; � Se f(x) = sec(x). tg(x) então F (x) = sec(x) + C; � Se f(x) = cossec(x). cotg(x) então F (x) = −cossec(x) + C; � Se f(x) = − 1√ 1− x2 então F (x) = arccos(x) + C (com x ∈ (−1, 1)); � Se f(x) = 1√ 1− x2 então F (x) = arcsen(x) + C (com x ∈ (−1, 1)); � Se f(x) = 1 x2 + 1 então F (x) = arctg(x) + C. 1.2 Propriedades das primitivas As primitivas possuem algumas propriedades que serão úteis em nossos cálculos. Essas propriedades estão listas na seguinte proposição: Proposição 1. Sejam F e G primitivas das funções f e g, respectivemente e k uma constante. Então (a) Uma primitiva de kf é kF ; (b) Uma primitiva de f + g é F +G. Demonstração: Durante a demonstração omitiremos a constante de integração, contudo faz-se necessário lembrar que ela deve ser colocada durante os cálculos. (a) Se F é uma primitiva de f , então F ′(x) = f(x) Desse modo, temos: [k.F ]′(x) = k.F ′(x) = k.f(x) Portanto, uma primitiva de kf é kF (b) Se F e G são primitivas de f e g, respectivamente, então F ′(x) = f(x) e G′(x) = g(x). Segue que [F +G]′(x) = F ′(x) +G′(x) = f(x) + g(x). Logo, umaa primitiva de f + g é F +G. � Exemplo 5. Calcule a primitiva G de g(x) = 3 sen(x). Solução: Note que G(x) = −3 cos(x) + C. � 3 Cálculo I Aula nº 21 Exemplo 6. Calcule a primitiva de h(x) = x4 − x2 3 . Solução: Como a função h é a soma das funções f(x) = x4 e g(x) = −x2 3 , basta calcularmos a primitiva de cada uma dessas funções separadamente e utilizar o item (ii) da proposição anterior. Então, note que uma primitiva de f é F (x) = x5 5 + C1 e uma primitiva de g é G(x) = −x3 9 + C2. Logo, a primitiva de h, que será representada por H(x) será dada por H(x) = F (x) +G(x) = x5 5 + C1 − x3 9 + C2 = x5 5 − x3 9 + C, onde C = C1 + C2. � Observação 4. Note que a soma de constantes é uma constante. Logo, para facilitar a escrita e não sobrecarregar o cálculo com várias constantes, é comum utilizar apenas uma constante durante o cálculo, como será mostrado no exemplo seguinte. Exemplo 7. Calcule a primitiva Z da função z(x) = x+ 1 x3 . Solução: Como a função z é a soma das funções f(x) = x e g(x) = 1 x3 , devemos, como anteriormente, determinar as primitivas F e G das funções f e g, respectivamente. Então, note que F (x) = x1+1 1 + 1 = x2 2 , e que g(x) = 1 x3 = x−3, e assim, G(x) = x−3+1 −3 + 1 = x−2 −2 = − 1 2x2 . Logo, Z(x) = x2 2 − 1 2x2 + C. � Exemplo 8. Calcule F (x) que é a primitiva da função f(x) = 3x5 + 2x− 5 x3 . Solução: Temos que f(x) = 3x5 + 2x− 5 x3 = 3x2 + 2 x2 − 5 x3 = 3x2 + 2x−2 − 5x−3. Logo, calculando as primitivas de cada uma das parcelas, obtemos F (x) = 3 ( x2+1 2 + 1 ) + 2 ( x−2+1 −2 + 1 ) − 5 ( x−3+1 −3 + 1 ) + C = 3 x3 3 + 2 x−1 −1 − 5 x−2 −2 + C = x3 − 2 x + 5 2x2 + C. � 4 Cálculo I Aula nº 21 Exemplo 9. Calcule F que é a primitiva de f(x) = √ x− 2 3 √ x x . Solução: Note que f(x) = √ x− 2 3 √ x x = x 1 2 − 2x 1 3 x = x− 1 2 − 2x− 2 3 . Logo, F (x) = ( x− 1 2 +1 −1 2 + 1 ) − 2 ( x− 2 3 +1 −2 3 + 1 ) + C = x 1 2 1 2 − 2 · x 1 3 1 3 + C = 2 √ x− 6 3 √ x+ C. � Exemplo 10. Determine a expressão da função y = y(t) que satisfaz as seguintes condições:{ dy dt = 3t− 5 y(0) = 2 Solução: Basta notar que uma primitiva de dy dt é dada por y(t) = 3 t2 2 − 5t+ C. Contudo, precisamos determinar a função que satisfaz a condição y(0) = 2. Para isso, fazemos y(0) = 2 3 02 2 − 5.0 + C = 2 C = 2. Logo, a função desejada é y(t) = 3t2 2 − 5t+ 2. � Observação 5. O tipo de problema apresentado no exemplo anterior é denominado Problema de Valor Inicial (P.V.I.) e é muito frequente nas ciências exatas. Sua composição é dada por uma equação cuja incógnita é uma função y e envolve suas derivadas, chamada de Equação Diferencial Ordinária (E.D.O.) e também uma condição chamada de condição inicial que consiste em um ponto pertencente ao grá�co da função solução y. Para os próximos exemplos devemos lembrar que se x(t) é a função posição de uma partícula, então a derivada de x(t) pode ser entendida como sendo a velocidade da partícula e a segunda derivada de x(t) como sendoa aceleração. Então, podemos também entender que a função posição é uma primitiva da velocidade e que essa é a primitiva da aceleração. Exemplo 11. Determine a função posição x = x(t) de uma partícula, cuja velocidade é dada por v(t) = 4t− 7 e x(1) = 1. 5 Cálculo I Aula nº 21 Solução: Note que v(t) = dx dt . Logo, procedendo como no exemplo anterior, temos que uma primitiva para v(t) é x(t) = 4 t2 2 − 7t+ C = 2t2 − 7t+ C. Agora, utilizando a condição inicial, temos que x(1) = 1 2.12 − 7.1 + C = 1 2− 7 + C = 1 C = 6. Portanto, a função posição é dada por x(t) = 2t2 − 7t+ 6. � Exemplo 12. Determine a função posição de uma partícula que possui aceleração dada por a(t) = 7t+ 2 e satisfaz v(0) = 2 e x(0) = 1. Solução: Note que a velocidade é uma primitiva da aceleração, logo, v(t) = 7t2 2 + 2t+ C1. Utilizando, a condição v(0) = 2, temos que v(0) = 2 7.02 2 + 2.0 + C1 = 2 C1 = 2. Logo, v(t) = 7t2 2 + 2t+ 2. Como x(t) é uma primitiva de v(t), então x(t) = 7t3 6 + t2 + 2t+ C2. Usando a condição x(0) = 1, temos que x(0) = 1 7.03 6 + 02 + 2.0 + C2 = 1 C2 = 1. Portanto, x(t) = 7t3 6 + t2 + 2t+ 1. � Resumo Faça a sua própria tabela de primitivas. Coloque nela todas as funções que você já memorizou a derivada. Aprofundando o conteúdo Leia mais sobre o conteúdo desta aula no Capítulo 4 - Seção 4.9 do livro texto. Sugestão de exercícios Resolva os exercícios da seção 4.9 do livro texto. 6
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