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Objetivos da Aula � De�nir momento em relação a um ponto �xo e a uma reta. � De�nir e calcular o centro de massa de um conjunto de massas pontuais. � De�nir e calcular o centroide de uma lâmina. 1 Momento de uma massa. Consideremos um ponto �xo P sobre uma reta e em outro dispomos uma massa de m quilogramas. Sabendo que a distância entre estes pontos é de x metros, de�nimos o momento M de m em relação ao ponto P0 como sendo o produto M = mx A de�nição de momento de massa pode ser ilustrado na seguinte situação: Imagine uma gangorra e dois garotos,um com 30 kg e outro com 45 kg, dispostos a 3 metros do ponto de apoio da gangorra. Se considerarmos o ponto de apoio da gangorra como sendo o ponto P �xo da nossa de�nição anterior, então o momento de massa do garoto de 30 kg é de 90 kg.m e do segundo 135 kg.m Sabemos que na situação apresentada acima, a gangorra irá baixar no lado onde se encontra o garoto de 45 kg. Isso ocorre por que o momento de massa deste é maior que o do outro. Contudo, se o garoto de 45 kg se sentar a 2 metros do ponto de apoio da gangorra, então a gangorra �cará equilibrada. Isso se dá por que os momentos de massa das duas crianças será igual. Após essa ilustração, podemos generalizar a situação imaginando que a gangorra é uma reta, por exemplo o eixo x, e que o ponto de apoio é o ponto de abscissa x = 0. Logo, se tomarmos pontos x1, x2, ..., xn dispostos sobre o eixo x e neles colocarmos massas m1,m2, ...,mn, temos que o momento de massa em relação à origem é dado por M0 = m1x1 +m2x2 + ...+mnxn = n∑ i=1 mixi Se M0 = 0 então dizemos que o sistema acima descrito está em equilíbrio. De�nição 1. De�nimos o ponto x como sendo o Centro de Massa do sistema de �massas pontuais� m1,m2, ...,mn se o momento de massa em relação a x é 0. Supondo que o sistema de massas �pontuais� m1,m2, ...,mn não está em equilíbrio e que x é o centro de massa do sistema, basta transladarmos as massas x unidades e calcularmos o momento de massa do sistema em relação a esse novo ponto. Notemos que as distâncias x1, x2, ..., xn são substituídas por (x1 − x), (x2 − x), ..., (xn − x) e assim, como o sistema está em equilíbrio, segue que: 1 Universidade Federal do Pará Cálculo I - 2023-4 Aula nº 29: Aplicações da Integral: Momentos. Centro de Massa Cálculo I Aula nº 29 n∑ i=1 mi(xi − x) = 0 n∑ i=1 mixi − n∑ i=1 mix = 0 n∑ i=1 mix = n∑ i=1 mixi x n∑ i=1 mi = n∑ i=1 mixi x = n∑ i=1 mixi n∑ i=1 mi x = m1x1 +m2x2 + ...+mnxn m1 +m2 + ...+mn Observemos que a localização do centro de massa é o momento de massa em relação à origem dividido pela massa total do sistema. Resumindo, o momento de massa em relação à origem é M0 = m1x1 +m2x2 + ...+mnxn a massa total do sistema é m = m1 +m2 + ...+mn e o centro de massa é x = M0 m Exemplo 1. Considere o eixo x e supondo que nos pontos de abscissa x = −5, x = 0, x = 4 e x = 7, dispomos massas de 10, 15, 5 e 10 quilogramas, respectivamente. Determine o centro de massa do sistema. Solução: Note que M0 = −5.10 + 15.0 + 4.5 + 7.10 = 40 e m = 10 + 15 + 5 + 10 = 40 Logo, x = 1 � Supondo que um sistema de massas pontuais m1, ...,mn está localizado nos pontos x1, ..., xn, segue da segunda lei de Newton que a força total do sistema é dada por F = m1a+m2a+ ...+mna = ma O torque em relação à origem é dado por T0 = (m1a)x1 + (m2a)x2 + ...+ (mna)xn = M0a Desse modo ao calcular o centro de gravidade do sistema, notamos que T0 F = M0a ma = M0 m = x Logo, o centro de gravidade e o centro de massa possuem a mesma localização. 2 Cálculo I Aula nº 29 Consideremos agora um conjunto de n partículas com massas m1,m2, ...,mn dispostas nos pontos (x1, y1), (x2, y2), ..., (xn, yn). O momento do sistema em relação ao eixo x é dado por Mx = m1y1 +m2y2 + ...+mnyn = n∑ i=1 miyi e em relação ao eixo y é My = m1x1 +m2x2 + ...+mnxn = n∑ i=1 mixi Por cálculos semelhantes aos efetuados para o caso unidimensional, o centro de massa (x, y) possui coor- denadas x = My m e y = Mx m Exemplo 2. Calcule o centro de massa do sistema de objetos que tem massa 3, 4 e 8 quilogramas nos pontos (−1, 1), (2,−1) e (3, 2), respectivamente. Solução: Note que Mx = 3.1 + 4.(−1) + 2.8 = 15 My = 3.(−1) + 4.2 + 8.3 = 29 e m = 3 + 4 + 8 = 15 Logo, x = 29 15 e y = 15 15 = 1 Então o centro de massa desse sistema é o ponto ( 29 15 , 1 ) . � 2 Centro de Massa de uma lâmina. Consideremos agora uma lâmina (placa plana) como na �gura abaixo com densidade uniforme ρ que ocupa uma região do plano. Desejamos encontrar o centro de massa dessa lâmina, chamado centroide ou centro geométrico. Para isso, utilizaremos o princípio da simetria que nos diz que se uma região < é re�etida em relação a uma reta l, então o seu centroide só pode está localizado nessa reta. Dessa forma, podemos entender que o centroide de um retângulo é o seu centro. Além disso, precisamos notar que os momentos de duas regiões sem interseção é igual a soma dos momentos das regiões individuais. Suponha que a região em questão está localizada entre as retas x = a e x = b, acima do eixo x e abaixo do grá�co da função y = f(x), sendo f uma função contínua. Dividindo o intervalo [a, b] em n subintervalos com extremidades a = x0, x1, x2, ..., xn = b e de mesmo comprimento, a saber ∆x = b− a n 3 Cálculo I Aula nº 29 Tomando em cada subintervalo [xi−1, xi] o ponto médio xi, dado por xi = xi−1 + xi 2 , i = 1, 2, ...n podemos traçar sobre a região < n retângulos cuja base é o intervalo [xi−1, xi] e altura será dada por f(xi), i = 1, 2, ..., n. E como sabemos que o centroide de um retângulo é o seu centro, segue que o centroide do i-ésimo retângulo é o ponto Ci = ( xi, 1 2 f(xi) ) , i = 1, 2, ..., n como ilustrado abaixo: Dessa forma, a área do i-ésimo retângulo é dada por Ai = f(xi)∆x e, sua massa é dada por mi = ρAi = ρf(xi)∆x (1) O momento do i-ésimo retângulo (Ri) em relação ao eixo y é o produto de sua massa pela distância entre Ci e o eixo y que é xi. Logo, My(Ri) = mixi = ρxif(xi)∆x Agora, somando os momentos dos retângulos em relação ao eixo y, temos que My ≈ n∑ i=1 My(Ri) = n∑ i=1 ρxif(xi)∆x Aumentando o número de retângulos formados, obtemos uma aproximação cada vez melhor paraMy. Sendo assim, My = lim n→∞ n∑ i=1 ρxif(xi)∆x = ρ ∫ b a xf(x) dx Para calcular Mx, utilizamos cálculo semelhantes aos efetuados acima, contudo, devemos lembra que a distância de Ci para o eixo x é 1 2 f(xi). Portanto, Mx(Ri) = mi 1 2 f(xi) = 1 2 ρ[f(xi)] 2∆x Logo, Mx = lim n→∞ 1 2 ρ[f(xi)] 2∆x = 1 2 ρ ∫ b a [f(x)]2 dx Passando o limite para n→∞ em (1), obtemos que m = ρ ∫ b a f(x) dx 4 Cálculo I Aula nº 29 Usando argumentos semelhantes aos da seção anterior, temos que as coordenadas do centroide da região < são dadas por x = My m = �ρ ∫ b a xf(x) dx �ρ ∫ b a f(x) dx = 1 A ∫ b a xf(x) dx y = Mx m = 1 2 � ρ ∫ b a [f(x)]2 dx �ρ ∫ b a f(x) dx = 1 2A ∫ b a [f(x)]2 dx onde A = ∫ b a f(x) dx. Exemplo 3. Encontre o centroide de uma lâmina de densidade uniforme ρ limitada pelo grá�co da função f(x) = 4− x2 e o eixo x. Solução: Note que a lâmina possui uma simetria em relação ao eixo y. Logo, pelo princípio de simetria, x = 0. Agora, devemos determinar y. Para isso, tomemos uma partição do intervalo [-2,2] igualmente espaçada, com ∆x sendo esse espaçamento, e adotemos o i-ésimo retângulo Ri gerado pelo procedimento abordado no início da seção, notemos que a massa do i-ésimo retângulo é dada por m(Ri) ≈ ρf(xi)∆x = ρ(4− x2i )∆x Sendo assim,a massa da lâmina é dada por m = ρ ∫ 2 −2 f(x) dx = ρ ∫ 2 −2 (4− x2) dx = ρ [ 4x− x3 3 ]∣∣∣∣2 −2 = 32ρ 3 Agora, a distância do seu centro desse retângulo Ri ao eixo x é yi = f(xi) 2 , isto é, yi = 1 2 f(xi) = 4− x2i 2 E com isso, Mx(Ri) ≈ miyi = ρ(4− x2i ) 4− x2i 2 ∆x = 1 2 ρ(16− 8x2i + x4i )∆x Logo, Mx = lim n→+∞ n∑ i=1 Mx(Ri) = lim n→+∞ n∑ i=1 1 2 ρ(16− 8x2i + x4i )∆x = ∫ 2 −2 ρ 2 (16− 8x2 + x4) dx = ρ 2 ( 16x− 8x3 3 + x5 5 )∣∣∣∣2 −2 = 256ρ 15 5 CálculoI Aula nº 29 Dessa forma, obtemos que y = Mx m = 256�ρ 15 32�ρ 3 = 8 5 � Exemplo 4. Encontre o centroide da região delimitada pelas curvas y = cos(x), y = 0, x = 0 e x = π 2 . Solução: A área da região é A = ∫ π 2 0 cos(x) dx = sen(x) ∣∣∣∣∣ π 2 0 = 1 E dessa forma, x = 1 A ∫ π 2 0 xf(x) dx = ∫ π 2 0 x cos(x) dx = x sen(x)| π 2 0 − ∫ pi 2 0 sen(x) dx = π 2 .1 + cos(x) ∣∣∣π2 0 = π 2 − 1 E também, y = 1 2A ∫ π 2 0 [f(x)]2 dx = 1 2 ∫ π 2 0 cos2(x) dx = 1 2 ∫ π 2 0 ( 1 2 + 1 2 cos(2x) ) = 1 2 ( 1 2 x+ 1 4 sen(2x) )∣∣∣∣π2 0 = π 8 Logo, o centroide da região é (π 2 − 1, π 8 ) . � Exemplo 5. Encontre o centroide de uma placa semicircular de raio r. Solução: Consideremos que a placa está disposta da seguinte forma: 6 Cálculo I Aula nº 29 Desse modo, f(x) = √ r2 − x2 e −r ≤ x ≤ r. Note que pelo princípio da simetria, não há necessidade de determinar o x porque, a região é simétrica em relação ao eixo y, logo, o centro de massa deve estar sobre esse eixo, o que nos garante que x = 0. Logo, A = ∫ r −r f(x) dx = ∫ r −r √ r2 − x2 dx = 2 ∫ r 0 √ r2 − x2 dx Usando a substituição: x = r sen(θ), dx = r cos(θ) dθ x = 0⇒ θ = 0, x = r ⇒ θ = π 2 temos que A = 2 ∫ r 0 √ r2 − x2 dx = 2 ∫ π 2 0 r cos(θ)r cos(θ) dθ = 2r2 ∫ π 2 0 cos2(θ) dθ = 2r2 ∫ π 2 0 ( 1 2 + 1 2 cos(2θ) ) dθ = r2θ + r2 1 2 sen(2θ) ∣∣∣∣π2 0 = πr2 2 Logo, y = 1 2A ∫ r −r [f(x)]2 dx = 1 �2 πr2 �2 2 ∫ r 0 ( √ r2 − x2)2 dx = 2 πr2 ∫ r 0 (r2 − x2) dx = 2 πr2 r2x− x3 3 ∣∣∣∣r 0 = 2 πr2 ( r3 r3 3 ) = 2 πr2 2r3 3 = 4r 3π � 7 Cálculo I Aula nº 29 Se a região < estiver entre as curvas y = f(x) e y = g(x), onde f(x) ≥ g(x), para todo x ∈ (a, b), podemos utilizar os mesmos argumentos utilizados anteriormente para mostrar que o centro de massa da região < é dado por x = 1 A ∫ b a x[f(x)− g(x)] dx (2) y = 1 2A ∫ b a ([f(x)]2 − [g(x)]2) dx (3) Exemplo 6. Encontre o centroide da região limitada pelos grá�cos das funções f(x) = 4−x2 e g(x) = x+2. Solução: Primeiramente, determinaremos as interseções dos dois grá�cos. Note que, 4− x2 = x+ 2⇒ x2 + x− 2 = 0⇒ x = −2 oux = 1 Agora, calculando a área da região, temos que A = ∫ 1 −2 (4− x2 − x− 2) dx = ∫ 1 −2 (−x2 − x+ 2) dx = −x 3 3 − x2 2 + 2x ∣∣∣∣1 −2 = 9 2 Logo, calculando as coordenadas do centroide, temos que x = 1 9 2 ∫ 1 −2 x(4− x2 − x− 2) dx = 2 9 ∫ 1 −2 (−x3 − x2 + 2x) dx = 2 9 ( −x 4 4 − x3 3 + x2 )∣∣∣∣1 −2 = −1 2 y = 1 �2 9 �2 ∫ 1 −2 ([4− x2]2 − [x+ 2]2) dx = 1 9 ∫ 1 −2 ( 16− 8x2 + x4 − x2 − 4x− 4 ) dx = 1 9 ∫ 1 −2 ( x4 − 9x2 − 4x+ 12 ) dx = 1 9 [ x5 5 − 3x3 − 2x2 + 12x ]∣∣∣∣1 −2 = 12 5 Então, o centroide dessa região é ( −1 2 , 12 5 ) . � 8 Cálculo I Aula nº 29 Exemplo 7. Encontre o centroide da região limitada por cima pela reta y = x e pela parábola y = x2 por baixo. Solução: Note que A = ∫ 1 0 (x− x2) dx = x 2 − x3 3 ∣∣∣∣1 0 = 1 6 Logo, x = 1 A ∫ 1 0 x(x− x2) dx = 1 1 6 ∫ 1 0 (x2 − x3) dx = 6 ( x3 3 − x4 4 )∣∣∣∣1 0 = 1 2 y = 1 2A ∫ 1 0 ((x)2 − (x2)2) dx = 1 �2 1 �6 ∫ 1 0 (x2 − x4) dx = 3 ( x3 3 − x5 5 )∣∣∣∣1 0 = 2 5 logo, o centroide da região é ( 1 2 , 2 5 ) . � Resumo Faça um resumo dos principais resultados vistos nesta aula. Aprofundando o conteúdo Leia mais sobre o conteúdo desta aula na seção 8.3 do livro texto. Sugestão de exercícios Resolva os exercícios da seção 8.3 do livro texto. 9
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