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INTRODUCAO ALIMENTAR E ALIMENTACAO ATE OS 2 ANOS - APOSTILA (1)

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INTRODUÇÃO ALIMENTAR E 
ALIMENTAÇÃO ATÉ OS DOIS 
ANOS 
 
 2 
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 3 
Objetivo geral 3 
Objetivos específicos 3 
Competências e habilidades a serem adquiridas3 
Ementa 4 
Literatura básica 4 
 
INTRODUÇÃO 6 
 
1 GESTAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM O ESTADO DE 
SAÚDE E NUTRICIONAL DO BEBÊ 7 
 
2 INTRODUÇÃO ALIMENTAR 13 
 
3 DESMAME 40 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
3 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
 
 
Objetivo geral 
 
Abordar o tema introdução alimentar e a alimentação até os 
dois primeiros anos de idade. 
 
Objetivos específicos 
 
 Discutir sobre aspectos vinculados à introdução alimentar 
na infância e à alimentação até os primeiros dois anos de 
idade. 
 Trazer dicas práticas sobre introdução alimentar e 
alimentação até os dois anos. 
 
Competências e habilidades a serem adquiridas 
 
Compreender como deve ser realizada a introdução alimentar 
na infância, a alimentação até os dois primeiros anos de idade e como 
conduzir o tratamento nutricional neste contexto. 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
4 
Ementa 
 
A disciplina aborda o tema introdução alimentar na infância, a 
alimentação até os dois primeiros anos de idade e aspectos relevantes 
no que tange ao tratamento nutricional neste cenário. As informações 
incluídas são baseadas em publicações científicas e posicionamentos 
de órgãos renomados na área. 
 
Literatura básica 
 
Chatoor, I. Quando seu filho não quer comer (ou come 
demais): O guia essencial para prevenir, identificar e tratar 
problemas alimentares em crianças pequenas. Ed: Manole; 
2017. 
 
Junqueira, P. Por que meu Filho Não Quer Comer? Uma Visão 
Além da Boca e do Estômago. Ed. Idea; 1º Edição. 2017. 
 
Ministério da Saúde. Guia Alimentar para Crianças Menores 
de Dois Anos. 2019. 
 
Morris, S.E; Junqueira, P. A Criança que Não Quer Comer: 
Compreenda as Interconexões do seu Universo Para 
Melhor. ED. Idea; 1ª Edição. 2019. 
 
Vitolo, Márcia Regina. Nutrição da gestação ao 
envelhecimento. 2ª Ed. 2014. 
 
 
 
 
 
 5 
 
 6 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
INTRODUÇÃO 
 
O primeiro contato com alimentos distintos do leite materno é 
um marco na vida de qualquer criança. Esse processo não ocorre de 
forma brusca e intensa, mas sim de maneira gradual e programada, 
de modo que a criança possa descobrir, com paciência, novos sabores, 
texturas, cores, sensações e, até mesmo, descobrir-se como pessoa – 
quais suas preferências e aversões. 
 
A introdução alimentar apresenta um mundo totalmente novo 
para a criança, o qual pode ser visto com curiosidade e total interesse 
ou medo e rejeição. Logo, fica claro que este processo pode ser 
prazeroso, fácil e agradável para algumas crianças, ao passo que pode 
ser um martírio para outras. No último caso, especialmente, a 
paciência dos responsáveis aliado ao domínio técnico e científico de 
profissionais será primordial para que a introdução alimentar ocorra 
da melhor forma possível. 
 
Com poucas palavras já fica claro o impacto da introdução 
alimentar na relação que a criança constrói com o alimento, o que tem 
influência na sua alimentação na infância, 
adolescência e vida adulta, podendo tornar-
se uma pessoa interessada e flexível 
quanto às escolhas alimentares ou o 
oposto. Considerando a relevância do 
tema, essa apostila destina-se a 
explanar aspectos sobre a introdução 
alimentar na infância, bem como 
períodos que antecedem e 
sucedem este fenômeno. 
 
 7 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
1 GESTAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM O 
ESTADO DE SAÚDE E NUTRICIONAL DO BEBÊ 
 
 
A saúde, a qualidade de 
vida e a alimentação começam a 
ser moldadas antes mesmo da 
introdução alimentar. Para se 
ter ideia, o estado nutricional e 
de saúde da mulher, antes 
mesmo da sua gestação, pode 
ser um fator a moldar o estado 
de saúde de seu filho. 
 
Por exemplo, imagine 
que uma mulher com 
desnutrição energético-
proteica e deficiências 
nutricionais (exemplo: 
vitaminas B6, B9 e B12) 
engravida – é de se esperar que 
o bebê não se desenvolva 
adequadamente, que tenha 
maior risco de nascer 
prematuro ou com baixo peso, 
além de maior risco de aborto 
espontâneo e má formação 
fetal. Fica, portanto, evidente 
que até mesmo os 
acontecimentos que antecedem 
a gestação influenciam no 
estado nutricional e de saúde de 
um ser. 
 
A gestação, em si, 
continua sendo um período 
crítico para determinar a saúde 
e a nutrição do bebê, haja vista 
que este depende 
nutricionalmente de sua mãe 
para que possa se desenvolver. 
Este fato fica nítido quando se 
observam as recomendações 
nutricionais para gestantes, 
pois a maior parte dos 
nutrientes tem sua necessidade 
 
 8 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
aumentada na gestação, a 
exemplo do ferro, da vitamina A 
e do folato. 
 
O feto está sob constante 
proliferação e desenvolvimento 
celular, exigindo uma 
diversidade de nutrientes em 
quantidades significativas para 
crescer e se desenvolver. Não 
atender às recomendações 
nutricionais da gestante 
significa colocar em risco a 
saúde e a vida, tanto da mãe 
quanto do bebê. 
Exemplificando, evidências 
indicam que a hipovitaminose 
A aumenta o risco de 
mortalidade materna e fetal. 
 
Deve-se ficar claro que 
atender às recomendações 
nutricionais da gestante não é o 
mesmo que ultrapassá-las, pois 
a toxicidade de nutrientes 
também pode trazer malefícios 
à mãe e ao bebê. Seguindo a 
mesma linha de raciocínio do 
exemplo anterior, estudos 
científicos apontam que a 
toxicidade por vitamina A pode 
causar aborto espontâneo e 
complicações na gestação. É 
possível compreender, 
portanto, que a ingestão 
nutricional de gestantes deve 
ser na medida – nem a menos e 
nem a mais do que o 
recomendado, de modo a não 
causar deficiências ou 
toxicidades alimentares, as 
quais podem trazer malefícios 
de igual modo. 
 
Compreendendo a 
magnitude da necessidade 
nutricional da gestante, 
suplementos alimentares 
comerciais são destinados 
diretamente para este público, 
de modo a facilitar o alcance das 
recomendações. Não se pode 
negar, inclusive, a necessidade 
de suplementação neste 
período, considerando que a 
demanda por alguns nutrientes 
é tamanha que não é passível de 
ser atingida com a alimentação, 
a exemplo do ferro. 
 
A recomendação 
nutricional de ingestão do ferro 
já é elevada para mulheres em 
idade fértil em razão das perdas 
menstruais (RDA variando de 
15 a 18 mg/dia), mas aumenta-
se consideravelmente na 
gestação (RDA de 27 mg/dia). 
No entanto, deve-se atentar 
para que a ingestão nutricional 
não seja ultrapassada com 
alimentação e suplementação 
juntas, de modo a evitar o risco 
de toxicidade nutricional (UL 
de 45 mg/dia para gestantes), a 
qual também pode trazer 
 
 9 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
prejuízos à saúde da mãe e do 
bebê (é importante lembrar que 
o ferro é um mineral muito 
reativo, podendo aumentar a 
geração de radicais livres). 
 
Vale salientar que, não 
necessariamente precisa-se 
ofertar suplementos comerciais 
para gestantes, mas também 
fórmulas manipuladas, por 
exemplo – interessante para 
evitar excesso de aditivos 
alimentares, como corantes e 
conservantes. Contudo, há de se 
admitir que a ausência de 
suplementação nesse período 
pode conferir riscos de 
deficiências nutricionais à 
paciente, haja vista a 
dificuldade em alcançar as 
recomendações nutricionais da 
gestante por meio da dieta. 
 
Outro ponto bastante 
discutido na atualidade é a 
questão da microbiota materna 
influenciando na saúde, na 
redução do risco de doenças e 
na composição da microbiota 
de seu filho, tanto na sua 
infânciaquanto na sua vida 
adulta. 
 
Antigamente, se pensava 
que a vida intrauterina era 
completamente estéril, sendo 
que o primeiro contato com 
microrganismos seria no 
momento do parto. Hoje já se 
desconfia desta teoria, haja 
vista que o mecônio (primeiras 
fezes do bebê) apresenta 
microrganismos, indicando que 
a vida intrauterina pode não ser 
totalmente estéril. Logo, cogita-
se o impacto da microbiota 
materna na saúde e na 
microbiota da prole antes 
mesmo do nascimento. 
 
Apesar da possibilidade 
do primeiro contato com 
microrganismos ocorrer antes 
do parto, deve-se reconhecer 
que o parto é o primeiro 
momento em que a exposição a 
microrganismos é significativa. 
Aparentemente, crianças 
nascidas por parto normal têm 
uma microbiota mais saudável 
(mais significativa em 
bifidobactérias) do que crianças 
nascidas por cesariana. Isso 
impacta não somente na 
infância, mas também na vida 
adulta, pois evidências indicam 
que crianças nascidas por parto 
normal tendem a ter menos 
doenças imunológicas, como 
alergias e rinite, do que crianças 
nascidas por cesariana. Isso 
porque no parto normal a 
criança é exposta 
principalmente aos 
microrganismos da vagina da 
 
 10 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
mãe (ex.: Lactobacillus, 
microrganismos bastante 
presentes na microbiota 
vaginal), enquanto na cesariana 
o bebê se expõe aos 
microrganismos da pele, que 
tendem a ser mais 
potencialmente patogênicos. 
 
Além do tipo de parto, a 
forma de aleitamento, a 
introdução alimentar e a dieta, 
de um modo geral, têm impacto 
bastante significativo na 
microbiota da criança. Nesse 
cenário, evidências indicam que 
o aleitamento materno 
exclusivo até os primeiros 
quatro a seis meses de vida 
impacta positivamente na 
microbiota, ao passo que o 
aleitamento artificial ou com 
leite de outros mamíferos 
prejudica esse sistema. Tal 
como com o tipo de parto, 
correlações são feitas com a 
forma de aleitamento, sendo 
que o aleitamento materno 
exclusivo nos primeiros meses 
de vida parece reduzir o risco de 
acometimentos imunológicos 
(exemplo: alergias), inclusive 
na vida adulta, enquanto o 
aleitamento artificial ou de 
outro modo (leite de outros 
mamíferos) parece aumentar o 
risco desses desfechos. 
 
A introdução alimentar 
também impacta positivamente 
ou negativamente na 
microbiota e em outros 
parâmetros da criança, sendo 
um dos fatores primordiais e 
decisivos na qualidade de vida e 
no estado de saúde, tanto na 
infância quanto na vida adulta. 
Sabe-se que a oferta de 
alimentos in natura, ricos em 
fibras alimentares e nutritivos 
favorece a composição da 
microbiota, ao passo que o 
consumo de alimentos ultra 
processados prejudica esse 
sistema. 
 
 
 
Há de se admitir que o 
momento em que a modulação 
da composição da microbiota é 
mais possível é justamente na 
infância, onde essa microbiota 
encontra-se em 
desenvolvimento. Nesse 
cenário, hábitos que impactam 
positivamente na microbiota 
são cruciais na infância e até 
mais determinantes da 
composição da microbiota 
 
 11 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
quando em comparação com os 
eventos que ocorrem na vida 
adulta. 
 
Além desse aspecto, 
como mencionado 
anteriormente, a introdução 
alimentar inicia o vínculo do 
individuo com o alimento, 
podendo favorecer o 
estabelecimento de uma relação 
confortável ou desconfortável, 
que pode se perdurar e refletir 
nas escolhas alimentares na 
vida adulta. Aspectos sobre 
introdução alimentar serão 
abordados a seguir. 
 
 12 
 
 13 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
2 INTRODUÇÃO ALIMENTAR 
 
 
Após o nascimento, os 
recém-nascidos são alimentos 
com leite materno ou com 
fórmulas que tendem a ter 
composição semelhante ao leite 
materno. Não é indicada a 
oferta de leite de outros 
mamíferos, como de vaca, nesse 
período da vida. 
 
De um modo geral, como 
discutido em materiais 
anteriores desse curso, o 
aleitamento materno deve ser 
priorizado sempre que possível, 
haja vista que é mais rico em 
nutrientes e substâncias 
benéficas (exemplo: fator bífido 
que estimula o crescimento de 
bifidobactérias no intestino, e 
anticorpos que fortalecem o 
sistema imunológico da criança 
e a protegem de infecções). 
Em razão de sua 
relevância, sugere-se que, se 
possível, a primeira 
amamentação ocorra 
imediatamente após o parto, 
caso as condições da mãe e do 
bebê sejam favoráveis para tal. 
Ademais, o contato pele a pele 
da mãe e do bebê (sem 
panos/roupas entre eles) após o 
parto, por pelo menos uma 
hora, favorece a secreção de 
hormônios que permitem a 
“descida do leite” e que 
diminuem o sangramento pós-
parto. 
 
Apesar de sua 
importância, a duração do 
aleitamento materno parece ser 
menor do que o recomendado 
no Brasil, sendo que duas em 
cada três crianças menores de 
 
 14 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
seis meses já receberam outro 
tipo de leite, especialmente o de 
vaca. Outra questão 
problemática é que é comum 
incluir outro ingrediente a esse 
leite, como farinha e açúcar. 
 
A recomendação é que o 
aleitamento materno seja 
exclusivo nos seis primeiros 
meses de vida, sendo que a 
introdução a alimentos sólidos 
deve ocorrer apenas após esse 
período. Isso porque o trato 
gastrointestinal não é 
completamente maduro até os 
seis meses de vida, sendo que 
algumas enzimas digestivas não 
têm ação ótima até essa data, a 
exemplo da lipase pancreática. 
 
Vale salientar que, até os 
seis meses de vida, o 
aleitamento materno deve ser 
exclusivo, não havendo 
necessidade de ofertar nada de 
forma complementar, nem ao 
menos água, água de coco, chás, 
sucos, outros leites, papinha, 
mingau etc. Mesmo em regiões 
mais quentes, não há 
necessidade de ofertar nenhum 
alimento além do leite materno, 
pois este é suficiente para 
suprir a criança com nutrientes 
e hidrata-la. Em dias mais 
quentes, é possível que a 
criança mame mais para saciar 
a sede – situação que é 
perfeitamente normal. 
 
A oferta de outros 
alimentos, além do leite 
materno, pode ser prejudicial 
ao bebê – comprometer a saúde 
intestinal, prejudicar a 
absorção de nutrientes (ex.: 
ferro e zinco), prejudicar a 
saúde renal (risco de moléculas 
muito grandes precisarem ser 
excretadas pelos rins), 
aumentar o risco de doenças 
(ex.: alergias alimentares, 
diarreia, infecções etc.), entre 
outros. 
 
Não se deve preocupar 
também em ofertar alimentos 
extras para crianças 
prematuras, haja vista que o 
leite de mães de crianças 
prematuras tende a ser 
diferente – “mais reforçado” 
para atender às necessidades 
adicionais dessa criança. 
Algumas mães podem pensar 
que o seu leite é “fraco” ou 
“ralo” por compara-lo 
esteticamente com o de outro 
mamífero, mas, na realidade, o 
leite materno é de boa 
qualidade – apenas 
influenciado por algumas 
questões, como dieta da mãe, o 
que interfere no seu aspecto. 
 
 
 15 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
A maior parte do leite 
materno é produzida ainda 
durante a mamada, sendo que, 
após algum tempo, o leite passa 
a ficar mais branco ou amarelo, 
em razão do aumento do teor de 
gorduras na sua composição. 
Por esse motivo, é preciso 
deixar que a criança mame 
bastante em uma mama antes 
de oferecer a outra, de modo 
que ela usufrua de toda a 
composição nutricional do leite 
materno em cada mamada. 
 
Após tanto tempo de 
aleitamento materno exclusivo, 
fica claro que a introdução 
alimentar a alimentos sólidos é 
um fenômeno complexo. Isso 
porque é algo completamente 
novo e desconhecido à criança, 
podendo despertar curiosidade, 
mas também receio e recusa. 
Além disso, é preciso que esse 
processo ocorra de forma 
gradativa e que alguns cuidadossejam adotados para que a 
experiência seja o mais 
agradável e confortável possível 
à criança. Não há uma única 
forma de conduzir a introdução 
alimentar, mas há algumas 
propostas de estratégias e 
possibilidades de conduta. 
 
Dicas de como conduzir a 
introdução alimentar e a 
alimentação na infância 
 
 
 
A princípio, recomenda-
se ofertar um alimento por vez, 
de modo a identificar a 
aceitação da criança. Nesse 
sentido, é interessante evitar 
combinações de alimentos nas 
primeiras ofertas, ex.: banana 
amassada com abacate, pois, 
em caso de recusa, não se 
saberá se a criança não gostou 
do abacate, da banana ou da 
combinação. 
 
Além disso, deve-se 
evitar adoçar, salgar ou 
temperar os alimentos. Quanto 
mais natural for o alimento, 
mais fácil de identificar se a 
criança gostou ou não do 
alimento em si, e não do 
acompanhante (sal, açúcar e 
tempero). 
 
Mesmo quando a criança 
não gosta do alimento ofertado, 
 
 16 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
é preciso oferta-lo novamente e 
de formas diferentes para testar 
se há aceitação de outro modo. 
Por exemplo, caso a criança não 
tenha gostado de banana 
amassada crua, pode-se ofertar 
a banana cozida, purê de 
banana e, posteriormente, 
preparações com o alimento, 
como bolo de banana. Contudo, 
de um modo geral, aconselha-se 
que os primeiros alimentos 
ofertados sejam na forma in 
natura. 
 
Recomenda-se, ainda, 
ofertar os alimentos na sua 
forma original, sem amassar ou 
picar, de modo que a criança 
possa conhecer o formato dos 
alimentos, gerando maior 
interação e engajamento. 
Contudo, deve-se ter cautela 
com pedaços grandes que 
possam levar a criança a se 
engasgar. Deve-se ofertar 
pedaços pequenos que a criança 
possa segurar com as próprias 
mãos. 
 
Além disso, é 
recomendado que a criança se 
alimente sozinha, com as 
próprias mãos, de forma a 
sentir o alimento – não 
somente o sabor, mas também a 
forma, a textura, o cheiro etc. 
Esse hábito facilita a construção 
de uma relação relaxada e 
descontraída com a 
alimentação. Esses são alguns 
dos princípios do método BLW, 
do inglês: Baby Led Weaning – 
que é um dos métodos 
apontados para “desmame” do 
bebê. 
 
Vale ressaltar que o 
termo desmame não é o mais 
indicado, pois dá a entender 
que o aleitamento materno 
deve ser suspenso após a 
introdução alimentar, o que não 
é verdade. O aleitamento 
materno é recomendado de 
modo complementar até os dois 
anos de vida da criança ou mais, 
não havendo limite máximo 
para tal, podendo se estender 
até quando estiver confortável à 
mãe e ao bebê, sem causar 
prejuízos a nenhum dos dois. 
Inclusive, caso a criança aceite 
pouco dos alimentos sólidos, 
pode-se estimular a mamada. 
 
Infelizmente, sabe-se 
que a realidade no Brasil é 
diferente, sendo que apenas 
uma em cada três crianças 
continua o aleitamento 
materno complementar até os 
dois anos de idade. Essa é uma 
questão crítica, pois o 
aleitamento materno não é só 
importante pela questão 
 
 17 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
nutricional e redução do risco 
de doenças, mas também 
porque os movimentos que a 
criança faz durante o 
aleitamento são exercícios para 
a boca e os músculos do rosto, 
reduzindo o risco de problemas 
com respiração, mastigação, ao 
engolir, na fala e no 
alinhamento dos dentes. 
 
Como mencionado 
anteriormente, passado o 
período de aleitamento 
exclusivo, inicia-se a 
introdução alimentar e, para 
tal, é preciso incentivar 
autonomia alimentar à criança, 
seja pelo método BLW ou 
outros. A criança com 
autonomia alimentar tende a 
tornar-se um adulto com boa 
relação com a comida. Dentre 
as formas de incentivar a 
autonomia alimentar, 
destacam-se: 
 
 Oferecer várias 
opções saudáveis à 
criança e deixar que 
ela escolha a que 
mais lhe agrada; 
 Permitir que a 
criança ajude na 
escolha dos 
alimentos que serão 
adquiridos, como 
frutas e legumes; 
 Quando possível, 
permitir que a 
criança ajude de 
algum modo no 
preparo das 
refeições (cautela 
para não oferecer 
riscos à criança, ex.: 
fogo, faca etc., mas 
processos simples, 
como amassar); 
 Incentivar que a 
criança 
experimente novos 
sabores, cheiros e 
texturas; 
 Alimentar-se 
sozinha (de 
preferência com as 
próprias mãos, mas 
pode-se usar 
instrumentos, ex.: 
colher própria para 
bebês); 
 Comer juntamente 
com a família; 
 Criar um ambiente 
favorável no 
momento da 
alimentação – 
respeitando o 
tempo da criança e 
fazendo-a 
protagonista do ato 
de comer; 
 Observar as 
sensações de fome e 
saciedade da 
 
 18 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
criança – ofertar 
alimentos no 
momento de fome e 
não “obrigar” a 
criança a comer 
mais depois que ela 
alcança saciedade. 
Normalmente, 
quando saciada, a 
criança vira o rosto 
ou não abre mais a 
boca para se 
alimentar. 
 
Além dos métodos acima 
citados, orienta-se que a criança 
seja apresentada a maior 
variedade de alimentos 
possível, em especial aqueles 
que são tradicionalmente 
consumidos pela família e que 
sejam facilmente disponíveis na 
região, de modo a respeitar a 
cultura e os costumes. 
 
De um modo geral, 
recomenda-se a oferta inicial de 
alimentos in natura e/ou 
minimamente processados – os 
primeiros (in natura) são 
aqueles obtidos diretamente 
das plantas ou dos animais e 
não sofrem qualquer alteração 
após deixar a natureza e os 
segundos (minimamente 
processados) passam por 
alguma modificação mínima, 
como limpeza, remoção de 
partes indesejáveis, divisão, 
moagem, secagem, 
fermentação, pasteurização, 
refrigeração, congelamento ou 
outros processos que não 
envolvam a adição de sal, 
açúcar, óleos, gorduras ou 
qualquer outra substância ao 
alimento original. 
 
 
 
Como exemplo desses 
alimentos (in natura e 
minimamente processados), 
destacam-se: leguminosas (ex.: 
feijões, ervilha, lentilha, grão de 
bico), cereais (arroz, milho, 
produtos à base de farinhas de 
mandioca, trigo, centeio, aveia 
etc., como macarrão), raízes e 
tubérculos (mandioca, batata), 
legumes e verduras, frutas, 
carnes e ovos, laticínios, 
oleaginosas etc. Esses 
alimentos devem ser a base da 
alimentação da criança e da 
família. 
 
Ressalta-se que se deve 
ter cuidado para não ofertar 
alimentos em pedaços grandes, 
 
 19 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
duros ou secos que possam, de 
alguma forma, fazer a criança 
engasgar. 
 
Outros alimentos não 
recomendados para crianças 
são café e chás, como chá mate, 
verde e/ou preto. Além disso, 
sugere-se que alguns alimentos 
não sejam ofertados até os dois 
anos da criança, como mel, 
melaço e rapadura. 
Sempre que possível, se 
deve priorizar alimentos 
orgânicos, isto é, sem adição de 
agrotóxicos e outros produtos 
químicos, de forma a evitar 
intoxicação, alergias e demais 
agravos à saúde da criança. 
 
Ademais, sempre que 
possível, deve-se evitar salgar, 
temperar muito e/ou adoçar os 
alimentos, dando prioridade 
para ofertar os alimentos à 
criança no seu sabor original, 
até para que se consiga 
compreender quando a criança 
gosta ou não do alimento em 
questão. 
 
Em relação aos 
alimentos processados, são 
aqueles que recebem 
modificações, incluindo a 
adição de sal, açúcar, óleo e/ou 
outros ingredientes, como 
conserva de legumes, extrato de 
tomate, carnes salgadas, peixes 
conservados em óleo, água e/ou 
sal, queijos e pães. 
 
Na introdução 
alimentar, as crianças podem 
consumir alimentos 
processados, mas de forma 
moderada e em menor 
quantidade quando em 
comparação aos alimentos in 
natura ou minimamente 
processados. 
 
Dos alimentos 
processados listados 
anteriormente, os mais 
indicados para fazer parte da 
introduçãoalimentar são os 
pães e os queijos, devendo-se 
evitar os conservados em sal, 
açúcar e óleo. 
 
Quanto aos alimentos 
ultra processados, que são 
aqueles que levam a adição de 
diversos ingredientes, 
incluindo aditivos alimentares 
(adoçantes, aromatizantes, 
corantes e conservantes), estes 
não devem ser oferecidos a 
crianças – nem na introdução 
alimentar e nem depois, 
devendo ser evitados também 
na fase adulta. 
 
São exemplos de ultra 
processados: refrigerantes, 
 
 20 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
sucos industrializados, chás 
industrializados, bebidas 
energéticas, bebidas com sabor 
de chocolate e de frutas, 
biscoitos, salgadinhos de 
pacote, sorvetes, chocolates, 
balas, guloseimas, bolos e 
misturas para bolos, pães 
doces, gelatinas em pó, cereais 
matinais, barra de cereais, 
achocolatados, queijo 
processado UHT, queijo 
cheddar, temperos prontos, 
maionese, molhos prontos, 
produtos congelados (ex.: 
lasanha, tortas, pizza, nuggets, 
salsinha, hambúrguer, iogurte 
com corante e/ou adoçante, 
entre outros). 
 
Os alimentos ultra 
processados comumente 
apresentam adoçantes – mais 
um motivo pelo qual devem ser 
evitados para crianças, 
inclusive durante a introdução 
alimentar. Isso porque 
adoçantes não são 
recomendados para crianças, já 
que não há respaldo científico 
suficiente sobre o efeito dessas 
substâncias para esse público. 
 
O fato de os alimentos 
ultra processados serem muito 
doces, salgados ou temperados 
também implica na sua não 
utilização por crianças. Isso 
porque deve-se evitar 
acostumar o paladar infantil 
com sabores muito intensos e 
predominantes, o que evitaria o 
consumo de alimentos com 
muito açúcar, sal ou temperos, 
inclusive na vida adulta. 
 
Para esclarecer melhor a 
diferença entre os tipos de 
alimentos, o Guia Alimentar 
para Crianças Menores de Dois 
Anos, do Ministério da Saúde, 
exemplifica que o morango é 
um alimento in natura, a geleia 
caseira de morango é um 
alimento processado (adição de 
açúcar e cozimento) e o petit 
suisse de morango é um 
alimento ultra processado. O 
último, inclusive, é rico em 
açúcares e aditivos alimentares, 
sendo inadequado para 
crianças, apesar de muito 
ofertado para esse público 
(Figura 1). 
 
 
Figura 1. Exemplo de alimento in 
natura, processado e ultra 
processado do Guia Alimentar para 
Crianças Menores de Dois Anos do 
Ministério da Saúde. 
 
 
 21 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
Além de todos os seus 
malefícios, há resíduos de 
agrotóxicos também nos 
alimentos ultra processados. 
Assim, não há lógica em 
substituir alimentos com 
agrotóxicos por orgânicos, e 
continuar o consumo de 
alimentos ultra processados. 
Infelizmente, é comum 
ofertar alguns alimentos ultra 
processados para crianças, 
apesar do seu teor nutricional 
inadequado. Os alimentos 
desse tipo que devem ser 
evitados e o porquê é 
apresentado no Quadro 1. 
 
Quadro 1. Alimentos que devem ser evitados para crianças e 
o porquê. 
 
ALIMENTOS QUE DEVEM SER EVITADOS PARA CRIANÇAS 
Ricos em açúcares Ricos em açúcares, sal e/ou gorduras 
Achocolatados 
Biscoitos e bolachas doces e salgados 
simples (como biscoito maria, maizena, 
cream cracker, água) ou com recheio e 
cobertura (como biscoitos recheados, 
wafer) 
Cereais matinais Bolinhos industrializados 
Bebidas açucaradas ou gaseificadas 
(evitar, em especial, as bebidas à base 
de cola, mate, chá preto e guaraná, que 
deixam a criança agitada e prejudicam 
o aproveitamento de nutrientes) 
Batatinhas de pacote 
Farinhas de cereais instantâneas com 
açúcar (de arroz, milho e outros) Empanado de frango tipo nugget 
Gelatina em pó com sabor 
Macarrão instantâneo (massa e 
tempero) 
Geleia de mocotó industrializada Pão de forma, bisnaguinha e pão de 
queijo pronto para assar 
Guloseimas, como balas, chicletes, 
pirulitos e chocolates Salgadinhos de pacote 
Iogurte com sabores e tipo petit suisse Salsicha 
Leite fermentado Sorvete industrializado 
 
 
 22 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
Ainda na linha de raciocínio dos alimentos ultra processados, 
é interessante evitar as papinhas industrializadas por diversos 
motivos: a textura das papinhas não favorece o desenvolvimento da 
mastigação, o sabor é um conjunto de diversos alimentos, o que 
dificulta a percepção de diferentes sabores, não favorecem a tradição 
e a cultura alimentar da família e da região e, por fim, o 
aproveitamento nutricional dos nutrientes provenientes de alimentos 
in natura é melhor quando em comparação ao das papinhas. 
 
Quando na aquisição de alimentos industrializados, vale a 
pena conferir a lista de ingredientes do produto, devendo-se evitar 
aqueles com vasta lista de ingredientes com nomes desconhecidos. O 
Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois Anos, do Ministério 
da Saúde, faz a comparação da lista de ingredientes entre o macarrão 
comum e o macarrão instantâneo. Essa comparação é apresentada no 
Quadro 2. 
 
Quadro 2. Comparação da lista de ingredientes do macarrão 
comum e do macarrão instantâneo. 
 
MACARRÃO 
COMUM 
MACARRÃO INSTANTÂNEO 
Sêmola de trigo, 
corantes naturais de 
urucum e cúrcuma. 
Farinha de trigo, gordura vegetal, sal, alho em pó, 
regulador de acidez, carbonato de potássio e de sódio, 
estabilizante tripolipofosfato de sódio, 
pirofosfatotetrassódico e fosfato de sódio monobásico, 
corante sintético idêntico ao natural betacaroteno. 
*Além do tempero, que apresenta mais de 11 
ingredientes. 
 
Com base no Quadro 2, 
é possível perceber que o 
macarrão comum contém 
apenas três ingredientes, ao 
passo que o macarrão 
instantâneo apresenta mais de 
20, sendo vários deles com 
nomes desconhecidos 
(substâncias artificiais) – os 
quais teriam potencial 
prejudicial à criança. 
 
Dicas de como preparar e 
de como ofertar alimentos 
específicos na introdução 
alimentar 
 
Leguminosas 
 
 23 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
 
 
O grupo das 
leguminosas inclui todos os 
tipos de feijão (branco, carioca, 
feijão-de-corda, feijão-fava, 
fradinho, jaloroxo, mulatinho, 
preto, rajado, roxinho, 
vermelho), além de ervilha, 
grão de bico, soja e lentilha. 
 
Esse grupo é rico em 
proteína vegetal e fibras 
alimentares, além de 
micronutrientes como ferro, 
zinco e vitaminas do complexo 
B. Percebe-se que é um grupo 
alimentar muito nutritivo, o 
qual deve estar presente na 
introdução alimentar e, 
posteriormente, na dieta da 
criança. 
 
Após os seis meses de 
idade, estes alimentos podem 
ser ofertados amassados (ex.: 
com garfo) para evitar o risco de 
engasgamento, sendo que, após 
os oito meses de idade, já se 
pode tentar ofertar o grão 
inteiro, sem amassar, para 
avaliar a aceitação da criança. 
Algumas situações 
podem ocorrer com o consumo 
de leguminosas na introdução 
alimentar, como pedaços da 
casca de feijão nas fezes ou 
maior presença de gases. 
Nenhuma dessas condições é 
motivo para suspender o 
consumo do feijão ou ofertar só 
o caldo. A primeira situação é 
normal (pedaço de cascas de 
feijão nas fezes) por certa 
imaturidade do trato 
gastrointestinal, ao passo que a 
segunda (gases) pode ser 
minimizada deixando o feijão 
de molho por oito a doze horas. 
 
Cereais 
 
 
 
O grupo dos cereais 
inclui os diversos tipos de arroz, 
aveia, centeio, milho, trigo, 
triguilho (trigo para quibe) e os 
diferentes tipos de farinha (ex.: 
fubá, flocão, amido de milho, 
farinha de trigo). Além desses, 
os alimentos feitos com esses 
ingredientes, como as massas, 
 
 24 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
também fazem parte desse 
grupo. 
 
Os cereais são fontes de 
carboidratos, incluindo fibras 
alimentares, e vitaminas e 
minerais (ex.: complexo B, 
vitamina E, magnésio etc.), 
desde que sejam consumidos na 
versão integral,caso contrário 
serão menos nutritivos. 
 
No que concerne à 
introdução alimentar, deve-se 
evitar exceder no consumo 
desses alimentos nos lanches, 
preferindo o consumo de frutas, 
por exemplo, nessas refeições, 
ao invés de pães. 
 
Quando oferecer pães à 
criança, deve-se priorizar os 
caseiros ou feitos em padarias 
ou armazéns, desde que não se 
utilize misturas prontas para 
elaborar esses pães, caso 
contrário serão entendidos 
como ultra processados. 
 
Em relação à pipoca 
(proveniente de uma variedade 
de milho), ela não deve ser 
oferecida para crianças com 
idade inferior a dois anos, pois 
é dura e confere risco de 
engasgamento e sufocamento. 
 
Além desses, deve se ter 
cautela com produtos 
alimentícios que são vendidos 
como “cereais”, mas são ultra 
processados, como cereais 
matinais, biscoitos, barra de 
cereal, farinhas instantâneas 
para o preparo de mingau, 
lasanha, pizza, macarrão 
instantâneo etc. Em suma, é 
importante ter o hábito de ler a 
lista de ingredientes, devendo 
evitar aqueles com mais de 
cinco ingredientes na 
composição, especialmente se 
forem de nomes desconhecidos. 
 
Vale salientar que não há 
necessidade de retirar o glúten 
durante a introdução alimentar, 
pois não há comprovação 
científica do benefício de tal 
prática, sendo recomendada 
apenas para crianças que 
apresentem alergia ou 
intolerância ao glúten. 
 
Tal como mencionado 
em tópicos anteriores, deve-se 
ter cautela com pedaços 
grandes e alimentos 
duros/crocantes para crianças 
em fase de introdução 
alimentar, de modo a não 
causar engasgamento ou 
sufocamento. 
 
 
 
 25 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
Raízes e tubérculos 
 
 
 
Esse grupo é composto 
por batata (doce, inglesa e 
baroa), cará, inhame, 
mandioca, farinha de 
mandioca, fécula de batata, 
polvilho e outras farinhas à base 
de raízes e tubérculos, sendo 
que a composição nutricional 
desses alimentos é semelhante 
à dos cereais. 
 
Esses alimentos tendem 
a ser bem aceitos por crianças, 
inclusive pela sua textura e 
gosto, sendo interessantes na 
introdução alimentar e na 
alimentação infantil. Apesar de 
serem consumidos apenas no 
almoço e no jantar em algumas 
regiões, em outras estão 
presentes também no café da 
manhã, ceia e lanches. 
 
É importante mencionar 
que produtos ultra processados 
à base desses alimentos não 
devem ser ofertados a crianças, 
a exemplo de batata chips, 
batata palha e batata congelada 
pronta para fritar. 
 
Legumes e verduras 
 
 
 
Os legumes e as verduras 
são fontes de diversos 
nutrientes, inclusive pelo fato 
de termos uma ampla variedade 
destes alimentos no Brasil. No 
que concerne à composição 
nutricional, as folhas verde 
escuras (verduras) são ricas em 
vitamina K, E, A, ferro, cálcio, 
magnésio e outros. Os legumes, 
a depender do tipo, são fontes 
de nutrientes específicos – por 
exemplo: a abóbora é rica em 
vitamina A, a cenoura é rica nas 
vitaminas A e C, o brócolis é rico 
nas vitaminas C e K, e assim por 
diante. 
 
Apesar de abundantes e 
variados, evidências indicam 
que a população brasileira 
consome pouco desses 
alimentos. Incluí-los na 
introdução alimentar é, 
inclusive, uma forma de 
aumentar o consumo desses 
 
 26 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
alimentos desde a infância, 
tornando sua ingestão um 
hábito para a vida adulta 
também. 
 
É comum ouvir pessoas 
dizerem que crianças não 
gostam de legumes e verduras, 
mas, o que é mais comum de 
acontecer é essas crianças nem 
terem oportunidade de 
experimentar esses alimentos 
porque eles não foram 
oferecidos pelos responsáveis. 
Nesse sentido, é importante 
estimular o seu consumo desde 
a introdução alimentar. 
 
Outro ponto importante 
de discussão é que a criança 
tende a imitar os pais e 
familiares, logo, se a criança 
percebe que ela é a única a 
consumir verduras e legumes, 
ela abandonará o hábito 
eventualmente. Nesse cenário, 
é importante que os indivíduos 
que convivem com a criança 
tentem manter uma 
alimentação saudável, de modo 
a servir como exemplo e 
inspiração para a criança. 
 
Quanto mais variada for 
a oferta de legumes e verduras, 
melhor, sendo que se pode 
preparar estes alimentos das 
mais diversas formas, inclusive 
oferta-los crus. Contudo, se 
deve ter cautela com crianças 
mais novas que têm dificuldade 
em mastigar alimentos crus, 
mesmo que estejam ralados. 
Conforme a criança vai 
crescendo, pode-se ofertar 
esses alimentos de maneira 
gradativa. 
 
Frutas 
 
 
 
Tal como os legumes e as 
verduras, a frutas são ricas em 
nutrientes, como vitaminas 
(ex.: C, A e complexo B). 
Quanto mais variada a oferta de 
frutas, melhor. Deve-se 
estimular o consumo de frutas 
da época e da região, não 
havendo restrição quanto à 
inclusão de frutas na 
introdução alimentar da 
criança. 
 
Não se deve incluir 
açúcar nas frutas para não 
habituar o paladar da criança 
com o excesso de doces e para 
que a criança passe a 
 
 27 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
reconhecer o sabor natural dos 
alimentos. 
 
As frutas podem ser 
amassadas com garfo, raspadas 
ou ofertadas em pedaços 
pequenos de modo que a 
criança possa segurar com as 
próprias mãos. Frutas 
pequenas ou com caroço (ex.: 
uva) exigem maior atenção, 
pois podem provocar 
engasgamento – deve-se retirar 
as sementes e cortar em 
pedaços bem pequenos (dividir 
cada fruta em 2 a 4 pedaços). 
 
As frutas ainda podem 
ser assadas ou cozidas, desde 
que não haja inclusão de 
açúcares e/ou adoçantes. Uma 
opção para deixar a fruta cozida 
mais doce é cozinha-la no suco 
de laranja (ex.: maçã). 
Submeter as frutas a algum 
processo de cocção pode ser 
uma boa forma de conservar os 
alimentos, por exemplo fazer 
um purê de banana quando a 
fruta estiver muito madura. 
 
Deve-se ter cautela ao 
ofertar açaí à criança – é preciso 
ter muita clareza sobre a sua 
procedência, pois há risco de 
contaminação do produto por 
barbeiros contaminados com o 
parasita que transmite a 
Doença de Chagas 
(Trypanosoma cruzi). 
 
Vale ressaltar que é 
melhor ofertar a fruta in natura 
ao invés do suco, pois a criança 
exercita sua musculatura ao 
mastigar, há mais fibras na 
fruta, o excesso de suco pode 
dar saciedade demais à criança 
e reduzir seu consumo 
alimentar, a criança pode se 
acostumar a se hidratar com 
suco ao invés de água, dentre 
outros problemas. Nesse 
cenário, o Guia Alimentar para 
Crianças Menores de Dois Anos 
não recomenda a oferta de 
sucos para crianças com menos 
de um ano de idade. Após essa 
idade (entre um a três anos), 
pode-se oferecer no máximo 
120 ml de suco de frutas natural 
e sem açúcar por dia, apesar de 
continuar não sendo 
necessário. Caso seja ofertado, 
recomenda-se seu consumo no 
final da refeição, e não durante, 
para não atrapalhar o consumo 
alimentar. 
 
Aventa-se que as 
recomendações acima se 
referem a sucos naturais de 
frutas sem adição de açúcar, 
não sendo recomendado suco 
em pó, refresco ou néctar. 
 
 
 28 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
Carnes e ovos 
 
 
 
Esse grupo inclui as mais 
diversas carnes (bovina, suína, 
peixes, frutos do mar, aves etc.) 
e ovos, os quais são ricos em 
vitaminas (ex.: complexo B e 
vitaminas lipossolúveis) e em 
minerais (ex.: ferro, zinco, 
selênio). Todos os alimentos 
desse grupo podem ser 
oferecidos a crianças, devendo-
se varia-los o máximo possível. 
 
No passado, era 
recomendado evitar carne de 
porco, peixe e clara de ovo no 
primeiro ano de vida, mas hoje 
já se sabe que eles já podem ser 
ofertados após os seis meses de 
idade, sendo, inclusive, 
considerados como bastante 
nutritivos para a criança. 
 
Alguns cuidados ao 
ofertar carnes e ovossão: nunca 
os ofertar crus ou mal passados 
para crianças, retirar todas as 
espinhas de peixe (se possível, 
utilizar apenas cortes/tipos sem 
espinhos, ex.: cação, pintado, 
pirarucu, tambaqui, jaú e 
bagre), não usar óleos em 
excesso na preparação, não 
aquecer demais ou deixar 
queimar, e não adicionar 
temperos prontos. 
 
Uma dica para favorecer 
a introdução alimentar desse 
grupo é oferta-los cozidos, 
refogados ou ensopados, pois 
ficam mais úmidos e mais fáceis 
de cortar, auxiliando sua 
ingestão. Quanto aos ovos, 
várias formas são bem aceitas 
pelas crianças, como mexido, 
cozido, pochê ou na forma de 
omelete. 
 
Vale mencionar que 
alimentos ultra processados à 
base de carne não devem ser 
ofertados, como nuggets, 
hambúrguer, salsicha, linguiça, 
salame, presunto, mortadela, 
apresuntado, fiambre, carnes e 
peixes empanados, e afins. 
 
Laticínios 
 
 
 
 29 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
Apesar de outros 
laticínios fazerem parte da 
introdução alimentar e da 
alimentação da criança, o leite 
mais importante para a criança 
menor de dois anos é o 
materno, como ressaltado 
inúmeras vezes ao longo desse 
material. 
 
A partir da introdução 
alimentar, no sexto mês de vida, 
pode-se ofertar também leites 
de outros mamíferos, 
coalhadas, iogurtes naturais 
sem açúcar e queijos, já que 
esses alimentos são ricos em 
proteínas, gorduras, vitaminas 
lipossolúveis, cálcio e outros. 
 
Uma combinação 
comum para a população 
brasileira é a de café com leite, 
porém, essa não deve ser 
ofertada para crianças com 
idade inferior a dois anos, pois 
a cafeína pode deixar a criança 
agitada – por esse motivo 
também não se recomenda o 
consumo de chá mate, chá 
preto, chá verde, chocolate, 
guaraná e refrigerantes à base 
de cola e de guaraná. 
 
Não são todos os chás 
que são proibidos até os dois 
anos de idade, sendo que o Guia 
Alimentar para Crianças 
Menores de Dois Anos pontua 
que os chás de camomila, erva-
cidreira e hortelã podem ser 
ofertados a partir dos dois anos, 
desde que sem adição de 
açúcar/adoçante e não sendo 
substitutos de nenhuma 
refeição. Apesar de não constar 
no Guia, um cuidado adicional 
seria não ofertar os chás 
próximos de grandes refeições, 
já que eles podem conter fator 
anti-nutricionais (ex.: taninos), 
os quais afetam a absorção de 
nutrientes, em especial de 
minerais. 
 
É válido mencionar que 
produtos ultra processados á 
base de laticínios não são 
aconselhados, como leites 
aromatizados, achocolatados de 
caixinha, bebidas lácteas 
adoçadas, iogurtes adoçados, 
com sabor e coloridos 
artificialmente, iogurtes com 
mel e tipo petit suisse, queijos 
cheddar e fundido. 
 
Oleaginosas 
 
Compõem esse grupo as 
castanhas de caju, do Brasil e de 
baru, amêndoa, avelã, pistache, 
noz-pecã e amendoim. O último 
(amendoim) é, na verdade, uma 
leguminosa, mas pode ser 
considerado como oleaginosa 
 
 30 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
em razão de sua composição 
nutricional. As oleaginosas são 
muito nutritivas, ricas em 
vitaminas (exemplo: vitamina E 
e complexo B) e em minerais 
(exemplo: selênio), além de 
serem fontes de ácidos graxos. 
 
Contudo, deve-se ter 
cautela na oferta desses 
alimentos à criança, pois são 
muito duros e podem causar 
engasgamento, não devendo ser 
ofertados inteiros. É possível 
tritura-los ou pica-los em 
tamanhos bem pequenos e 
oferecer à criança, desde que 
não sejam açucaradas ou 
salgadas. 
 
Condimentos naturais, 
especiarias e ervas frescas 
e secas 
 
Os 
temperos/condimentos 
naturais conferem sabor, aroma 
e também nutrientes à 
introdução alimentar da 
criança, a exemplo de: alecrim, 
açafrão da terra (cúrcuma), 
canela, cebolinha, cheiro-verde, 
chicória do Pará, coentro, 
cominho, cravo, gengibre, 
louro, manjericão, orégano, 
pimentas de diversos tipos, 
salsa, sálvia e tomilho. Além 
desses, cebola, alho, limão, 
laranja, azeites e óleos também 
podem ser usados no preparo 
dos alimentos. 
 
Quanto aos temperos e 
molhos prontos 
industrializados, esses não 
devem ser utilizados de 
maneira alguma, pois são ricos 
em sódio, gorduras e aditivos 
alimentares. 
 
Mesmo com os temperos 
naturais, deve-se ter cautela 
com o excesso, pois, se o 
alimento estiver muito 
temperado na introdução 
alimentar, não se saberá ao 
certo se a criança não gostou do 
alimento ou do tempero em 
caso de recusa, dificultando a 
compreensão sobre as 
preferências e aversões da 
criança. 
 
É importante ressaltar 
que a comida da criança deve 
conter o mínimo de sal possível 
e que o açúcar não deve ser 
oferecido até os dois anos de 
idade, incluindo alimentos 
açucarados, como doces e 
guloseimas. 
 
Água 
 
 
 31 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
 
 
A criança passa a beber 
água a partir dos seis meses de 
idade, não sendo necessária a 
oferta de água antes desse 
período (aleitamento materno 
exclusivo). Na introdução 
alimentar, a criança deve 
começar a receber água e a 
sugestão é que seja ofertado um 
copo de água no intervalo entre 
as refeições. 
 
É importante mencionar 
que se deve oferecer água à 
criança, pois ela pode ainda não 
perceber a sensação de sede e 
não solicitar água aos 
responsáveis. Uma estratégia é 
deixar sempre um copo ou uma 
garrafinha com água acessível à 
criança (deve-se deixar o 
recipiente tampado, mas 
visível). Crianças que residem 
em locais mais quentes podem 
apresentar mais sede quando 
em comparação com crianças 
que habitam locais com clima 
mais ameno. 
 
Consistência 
 
No início da introdução 
alimentar, a criança deve 
receber a comida amassada 
com um garfo, evoluindo 
gradativamente para alimentos 
picados em pedaços pequenos, 
raspados e/ou desfiados, de 
modo que a criança aprenda 
gradualmente a mastigar. 
Posteriormente, pode-se 
oferecer alimentos que a 
criança consiga pegar na mão, 
em pedaços um pouco maiores. 
Finalmente, quando a criança 
estiver mais acostumada, pode 
consumir a comida da família, 
fracionando os pedaços dos 
alimentos quando necessário. 
 
Deve-se evitar usar 
preparações feitas em 
liquidificador, mixer e passadas 
na peneira, pois, caso a criança 
se habitue apenas a 
consistência líquida, ela terá 
maior dificuldade em aceitar 
alimentos sólidos no futuro, 
tendo, inclusive, maior risco de 
engasgamento. 
 
Uma boa consistência 
para a introdução alimentar é 
aquela que não escorre da 
colher, que é firme e que dá 
certo trabalho à criança ao 
mastigar – processo que ajuda 
no desenvolvimento da face e 
dos ossos da cabeça. 
 
 32 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
O Guia Alimentar para 
Crianças Menores de Dois 
Anos, do Ministério da Saúde, 
traz uma figura exemplificando 
como deve ser a evolução da 
consistência ao longo da 
introdução alimentar (Figuras 
2 e 3). 
 
 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
33 
 
 
 
Figura 2. Evolução da consistência dos alimentos ao longo da introdução alimentar da criança. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
34 
 
 
 
 
Figura 3. Evolução da consistência dos alimentos ao longo da introdução alimentar da criança. 
 
 35 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
Utensílios 
 
Deve-se usar utensílios 
adequados à idade, resistentes e 
em tamanho condizente com a 
idade da criança. Não se deve 
utilizar utensílios descartáveis 
de plástico, pois eles podem 
quebrar e machucar a criança. É 
preciso evitar copos que já 
venham com canudo na sua 
composição, em razão da 
dificuldade em limpa-los e no 
risco microbiológico associado. 
Deve-se evitar mamadeiras. 
 
Temperatura 
 
Antes de ofertar a 
comida à criança, deve-se 
assegurar de que ela não está 
muitoquente, de modo a não a 
machucar. Se for preciso, esfrie 
a comida mexendo-a com a 
colher, mas não soprando com 
a boca, pois há risco de 
contaminação microbiológica 
na segunda prática (soprar). 
 
Posição da criança 
 
A criança deve estar 
sentada e com as costas 
apoiadas durante a 
alimentação. O responsável 
deve sentar-se de frente para 
ela, de modo que a criança não 
tenha que posicionar a cabeça 
para baixo, para cima ou para o 
lado para que consiga se 
alimentar. Essa posição ainda 
permite que a criança se 
relacione com o cuidador que a 
está alimentando. 
 
Horários 
 
É importante que a 
criança tenha uma rotina e se 
alimente dentro de intervalos 
regulares, apesar de não haver 
necessidade de rigidez de 
horário. Deve-se evitar oferecer 
alimentos entre as refeições 
(“beliscadas”), de modo a não 
prejudicar o apetite da criança. 
 
Dicas sobre o que não fazer 
 
Alguns hábitos, apesar 
de comuns, são inadequados e 
podem prejudicar a introdução 
alimentar da criança, dentre 
eles, destacam-se: 
 
 Não forçar a criança 
a comer; 
 Não oferecer 
atrativos como TV, 
celular, tablet 
enquanto a criança 
come; 
 Não utilizar 
aparelhos 
eletrônicos 
 
 36 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
enquanto oferece 
comida à criança; 
 Não alimentar a 
criança enquanto 
ela anda e brinca 
pela casa; 
 Não esconder 
alimentos que a 
criança não gosta 
em preparações; 
 Evitar frases como: 
“se raspar o prato 
todo, vai ganhar 
sobremesa!”, “vou 
ficar tão triste se 
você não comer!”, 
“se você não comer, 
não vai brincar!”, 
“por favor, só mais 
uma colherzinha!” 
 
Exemplos 
 
O Guia Alimentar para 
Crianças Menores de Dois 
Anos, do Ministério da Saúde, 
traz alguns exemplos de como 
deve ser a introdução alimentar 
da criança de acordo com a sua 
idade – Figura 4 (6 meses de 
idade), Figura 5 (7 a 8 meses 
de idade), Figura 6 (9 a 11 
meses de idade) e Figura 7 (1 a 
2 anos de idade). 
 
 
Figura 4. Exemplo de introdução alimentar para crianças de seis meses. 
 
 
 37 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
 
Figura 5. Exemplo de introdução alimentar para crianças de sete a oito meses. 
 
 
Figura 6. Exemplo de introdução alimentar para crianças de nove a onze meses. 
 
 38 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
 
Figura 7. Exemplo de introdução alimentar para crianças de um a dois anos. 
 
 
 
 
 39 
 
 40 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
3 DESMAME 
 
 
Tal como a introdução 
alimentar é complexa, o ato do 
desmame também é. Esse 
processo é natural, mas não 
ocorre de forma abrupta, mas 
sim gradativamente. 
 
Nesse processo, a mãe 
assume a liderança em impor 
alguns limites de acesso às 
mamadas, quando almeja 
deixar de amamentar. De forma 
gradativa, há a suspensão 
completa da amamentação. 
 
Conforme apresentado 
anteriormente, sugere-se que o 
desmame ocorra apenas após o 
segundo ano de vida da criança. 
Nesse momento, a criança já 
apresenta uma alimentação 
variada e, por esse motivo, se 
interessa menos pelas 
mamadas. 
 
Sabe-se que o 
aleitamento materno não 
ocorre apenas por questões 
nutricionais, mas também 
psicológicas. A criança cria 
vínculo com a mãe durante a 
amamentação e, por isso, a 
interrupção da prática pode 
gerar desconforto a ambos – 
mãe e bebê – apesar de 
eventualmente ser necessária. 
Quanto mais segura for a 
relação da mãe com o bebê, 
 
 41 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
mais fácil é o desmame, pois a 
criança aceita outras formas de 
conforto. 
 
A questão social também 
é relevante nesse aspecto. 
Quando a criança brinca, 
interage com outros indivíduos 
e tem outras atividades no seu 
dia-a-dia, mais fácil é o 
desmame. Não obstante, 
quando a criança prefere outras 
atividades, como brincar, ao 
invés de mamar, é um sinal de 
que ela está preparada para o 
desmame. 
 
Caso a mãe queira ou 
precise fazer o desmame 
mesmo sem a criança estar 
preparada, sugere-se planejar o 
processo com calma, haja vista 
que a criança necessitará de 
muita atenção e suporte, 
devendo-se evitar permanecer 
longos períodos sem a criança 
nesse momento. 
 
O Guia Alimentar para 
Crianças Menores de Dois 
Anos, do Ministério da Saúde, 
não aconselha a aplicação de 
métodos que alterem o sabor do 
leite e/ou façam a criança 
rejeitar as mamadas (ex.: 
colocar pimenta nos mamilos 
para alterar o sabor ou fazer 
curativos nos mamilos fingindo 
para a criança que está 
machucada). 
 
Introdução alimentar 
inadequada, obesidade e 
desnutrição 
 
Infelizmente, é comum 
crianças que recebem alimentos 
ultra processados, 
hipercalóricos, ricos em 
açúcares refinados, gorduras 
saturadas e sódio ainda na 
introdução alimentar. Esse é 
um problema multifatorial, que 
pode ser impulsionado por falta 
de instrução, de tempo (alta 
jornada de trabalho e longo 
tempo de deslocamento) e por 
questões socioeconômicas. 
Como resultado, observa-se 
aumento das taxas de 
sobrepeso e de obesidade 
infantil. 
 
É preciso admitir que as 
crianças do Brasil não têm as 
mesmas condições, inclusive no 
que tange ao acesso à uma 
alimentação saudável. Os 
alimentos ultra processados, 
como o macarrão instantâneo, 
tendem a ser mais baratos que 
alguns alimentos in natura, o 
que faz com que o seu consumo 
aumente, favorecendo o 
desenvolvimento da obesidade 
 
 42 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
infantil em classes mais 
vulneráveis. 
 
Aventa-se que o 
sobrepeso e a obesidade não 
impedem que a criança 
desenvolva deficiências 
nutricionais – pelo contrário – 
haja vista que muitos desses 
alimentos hipercalóricos são 
pouco nutritivos (a exemplo dos 
alimentos ultra processados). 
 
Apesar da redução do 
índice de desnutrição nos 
últimos tempos, há de se 
admitir que grande parcela das 
crianças ainda sofre com essa 
condição, o que aumenta o risco 
de mortalidade infantil. Além 
das causas listadas acima 
(como socioeconômicas), a 
presença de doenças (exemplo: 
desordens disabsortivas) 
predispõe ao maior risco de 
desnutrição e de deficiências 
nutricionais. 
 
Dentre as deficiências 
nutricionais mais comuns na 
infância, destacam-se: anemia 
ferropriva (principal deficiência 
nutricional a nível mundial) e 
hipovitaminose A. 
 
 
 
 43 
 
 44 
INTRODUÇÃO ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO ATÉ OS 2 ANOS 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Chatoor, I. Quando seu filho não quer comer (ou come 
demais): O guia essencial para prevenir, identificar e tratar 
problemas alimentares em crianças pequenas. Ed: Manole; 
2017. 
 
Junqueira, P. Por que meu Filho Não Quer Comer? Uma Visão 
Além da Boca e do Estômago. Ed. Idea; 1º Edição. 2017. 
 
Ministério da Saúde. Guia Alimentar para Crianças Menores 
de Dois Anos. 2019. 
 
Morris, S.E; Junqueira, P. A Criança que Não Quer Comer: 
Compreenda as Interconexões do seu Universo Para 
Melhor. ED. Idea; 1ª Edição. 2019. 
 
Vitolo, Márcia Regina. Nutrição da gestação ao 
envelhecimento. 2ª Ed. 2014. 
 
 
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