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Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer as modalidades gímnicas de solo. � Descrever as ginásticas de aparelho, suas características e modalidades. � Identificar as modalidades que compõem o grupo de ginástica não competitiva. Introdução As modalidades gímnicas se manifestam de diferentes formas, seja no âmbito lúdico, de prática ou no alto rendimento. Em seu processo de desenvolvimento histórico, a ginástica evoluiu até a dimensão que co- nhecemos hoje, com esportes e atividades amplamente realizadas em academias e espaços específicos para práticas corporais diversas. Os exercícios físicos que envolvem práticas ou esportes ginásticos abrangem um grande leque de possibilidades de movimentos e trabalho de valências físicas, desde força e potência até coordenação e equilíbrio. Além disso, podem ou não utilizar diversos tipos de aparelhos (as moda- lidades que não fazem uso são as atividades de solo). Vale observar que, além das modalidades competitivas de ginástica, que realizam campeo- natos mundiais e integram os Jogos Olímpicos, também são reconhecidas pelo órgão internacional as práticas de caráter não competitivo, a exemplo da Ginástica Para Todos (GPT), de grande importância no processo de popularização e difusão da ginástica pelo mundo. Neste capítulo vamos descrever as modalidades ginásticas de solo e as modalidades ginásticas de aparelho, com suas características e exemplos, além de apresentar as modalidades não competitivas. Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática2 Modalidades gímnicas de solo A ginástica é reconhecida como um esporte extremamente abrangente, envol- vendo os mais diversos movimentos, valências físicas, elementos e aparelhos em suas distintas modalidades. Entre elas, é muito comum a prática de co- reografias no solo. A seguir, vamos abordar cada uma delas, com um breve relato histórico, além da apresentação dos seus principais objetivos e das suas características mais peculiares. Ginástica artística A ginástica artística é caracterizada como uma modalidade gímnica que en- globa diversos aparelhos (NUNOMURA; PIRES; CARRARA, 2009), sendo que uma de suas vertentes é o solo. O solo consiste na execução de acrobacias e movimentos gímnicos realizados por meio de uma coreografia ditada por uma música. Os movimentos empregados consistem basicamente em deslo- camentos, saltos, rodantes, rolinhos, execução de elementos de dança, entre outros. Além do solo, também trabalha com os seguintes aparelhos: cavalo com alças, barra fixa, barras paralelas, barras assimétricas, argolas, trave e mesa. A forma de realizar o aquecimento na ginástica artística varia conforme a modalidade específica. As que envolvem maior participação dos membros superiores normalmente demandam alongamentos e exercícios de mobilidade para essas articulações. O mesmo conceito se aplica às modalidades que exigem mais dos membros inferiores. Além disso, são realizados exercícios de aquecimento (corridas, saltos, etc) para aumentar a frequência cardíaca e o aporte sanguíneo para os músculos. A ginástica artística integra os Jogos Olímpicos desde o ano de 1900, em Paris, como parte da rotina geral; desde o ano de 1932, em Los Angeles, como modalidade individual para os homens e desde o ano de 1952, em Helsinque, para as mulheres. O Campeonato Mundial de Ginástica Artística, realizado desde 1903, também é um evento de extrema importância na modalidade. As competições podem ser disputadas de forma individual ou por equipes, com julgamento das notas sob responsabilidade de comissões de arbitragem que avaliam as atletas através de um código de pontos. Os árbitros consideram o valor da série e a execução da série. A nota final será a soma desses dois critérios. 3Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática Algum tempo atrás a Ginástica Artística era conhecida como Ginástica Olímpica. Confira nesse artigo de Myriam Nunomura, Vilma Leni Nista-Piccolo e Grupo Eunegi, na Revista Brasileira de Ciência e Movimento, uma análise das definições e algumas peculiaridades sobre cada uma delas. https://goo.gl/8mG9sG Ginástica rítmica A ginástica rítmica é uma das modalidades de solo mais difundidas e co- nhecidas no mundo. É praticada somente por mulheres, apesar de existir um movimento propondo implantar a ginástica rítmica masculina. Essa modalidade é caracterizada pela execução de movimentos de beleza, elasticidade, equilíbrio e desenvoltura, combinando elementos de ginástica e dança, podendo utilizar aparatos como fitas, arcos, bolas, cordas e maças (LANARO; BÖHME, 2001). O aquecimento envolve basicamente exercícios de alongamento muscular, corridas, saltos e movimentos específicos com cada um dos aparelhos a serem utilizados. É esporte olímpico desde o ano de 1984, em Los Angeles, e tem seu cam- peonato mundial realizado desde o ano de 1963. Também a ginástica rítmica pode ser disputada por equipes ou individualmente, julgada por duas equipes de arbitragem, os árbitros de dificuldade e os árbitros de execução, com a nota final correspondendo à soma desses dois critérios. Ginástica acrobática A ginástica acrobática envolve a realização de diversos movimentos acrobá- ticos, como saltos, giros, rodantes, além de movimentos de sustentação. É sempre realizada com algum parceiro, não usa aparelhos e envolve valências fundamentais na ginástica, como força, equilíbrio e coordenação. Os aquecimentos são semelhantes àqueles executados na modalidade de solo da ginástica artística, com alongamentos, exercícios de resistência, mobilidade e aquecimento geral. https://goo.gl/8mG9sG Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática4 É uma das modalidades de solo que não integra o calendário olímpico, mas realiza seu campeonato mundial, organizado pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), desde 1974. As provas são executadas em um tablado de doze metros quadrados e a comissão de arbitragem avalia a execução de séries estáticas, dinâmicas e mistas, com a realização de figuras, lançamentos e diagonais. Ginástica de trampolim Criada em 1936, nos Estados Unidos da América, por George Nissen, a ginástica de trampolim consiste na realização de uma série de saltos acrobáticos de alto grau de dificuldade, com movimentos envolvendo giros nos eixos longitudinal, laterolateral e anteroposterior. No Brasil, a modalidade foi promovida pelo professor José Filho, a partir de 1975. O aquecimento envolve exercícios de alongamento e uma sequência de saltos menos complexos. Foi integrada aos Jogos Olímpicos recentemente, no ano de 2000, nas Olimpíadas de Sydney, na Austrália, enquanto o campeonato mundial da mo- dalidade é realizado desde 1964. Utiliza como aparelho somente o trampolim (também conhecido como cama elástica), que consiste em uma tela de nylon com área de 5 m x 3 m. Os árbitros julgam elementos da série livre e da série obrigatória, com nota final resultante desses dois critérios. Os ginastas podem se apresentar individualmente ou na forma sincronizada, em que os atletas realizam uma mesma série de saltos ao mesmo tempo, mas em trampolins diferentes. A ginástica de trampolim (Figura 1) é uma das modalidades mais apreciadas pelo público. Isso porque as apresentações envolvem movimentos de grande comple- xidade e o atleta atinge alturas consideráveis devido à capacidade de propulsão do trampolim. 5Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática Ginástica circense As modalidades de origem circense integram a categoria de exercícios de Educação Física relacionados a atividades expressivas e artísticas. Datam de muitos anos mas sofrem preconceito, marginalizadas por parte da população, que considera seus praticantes como desocupados, pessoas de baixo nível, pedintes, vagabundos, entre outros adjetivos pejorativos. Esse cenário está mudando. Países da Europa tem atletas reconhecidos em gruposde ginástica circense que realizam excursões por todo o mundo. Além disso, algumas escolas vêm implantando a prática circense nos currículos escolares. No Brasil, embora a mudança seja mais lenta e recente, também há escolas que começam a incorporar essa prática aos seus programas pedagógicos (BORTOLETO, 2003). Essa modalidade aproveita uma extensa variedade de movimentos influen- ciados por diferentes práticas corporais (GONÇALVES; LAVOURA, 2011). Existem as práticas que envolvem o equilíbrio, como as pernas de pau e o monociclo; as que envolvem os malabarismos, com a utilização de bastões e arcos, por exemplo; as acrobáticas de solo, com a execução de pirâmides humanas e paradas de mão; e as acrobáticas aéreas, com movimentos no trapézio e no tecido. Figura 1. Ginástica de trampolim. Fonte: Eugene Onischenko/Shutterstock.com. Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática6 A ginástica circense não é uma modalidade olímpica e nem mesmo de ginástica reco- nhecida pela FIG. No entanto, sem dúvida, é uma prática muito rica em possibilidades de variação e criação de movimentos com implementos externos. Dentre as atividades circenses mais conhecidas e que mais despertam a curiosidade do público, as pernas de pau têm grande destaque. Confira nesse artigo, publicado por Marco Antonio Coelho Bortoleto, na Revista Motriz, um pouco sobre a definição, as possibilidades de aplicação e as consequências da prática dessa modalidade de origem circense. https://goo.gl/TgRmkt Duas práticas de origem circense vem se tornando cada vez mais popu- lares em academias ou espaços de apresentação. Estamos falando do Tecido Circense e da Lira Circense. O Tecido Circense consiste na realização de acrobacias em suspensão em um tecido, com giros, inversões do corpo ou mesmo saltos (SOARES; BORTOLETO, 2011). O tecido fica preso pelas suas extremidades e o artista realiza movimentos atrelado ao mesmo, sem equipamentos de segurança (alguns utilizam resina para aumentar a aderência com o tecido), dependendo exclusivamente de sua capacidade e habilidade para evitar possíveis acidentes. Já a lira circense consiste na execução de movimentos acrobáticos com a utilização de um arco suspenso. O atleta realiza movimentos de suspensão no arco, o que exige muito da força muscular e do equilíbrio. Assim como no Tecido Circense, não existe um aparato de segurança que mantenha o executor preso ao arco em caso de uma eventual queda. Além do tecido e da lira, podemos citar outros aparelhos comumente uti- lizados na ginástica circense: monociclo, trapézio, perna de pau e malabares. https://goo.gl/TgRmkt 7Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática � Monociclo — caracteriza-se por ter apenas uma roda e exigir muito do equilíbrio do praticante. Seu surgimento tem relação com os primeiros modelos de bicicleta, em que havia uma grande diferença no diâmetro da roda traseira em relação à dianteira. O condutor fica sentado em um banco ligado à única roda, com os pés apoiados nos pedais. É necessário movimento constante para se manter equilibrado. As apresentações costumam ser enriquecidas pela realização simultânea de exercícios de malabares ou ainda pelo equilíbrio em bases reduzidas. � Trapézio — consiste em uma barra de ferro acoplada em duas cordas suspensas no teto ou no alto de uma estrutura metálica. O atleta se mantém suspenso utilizando as mãos ou os membros inferiores enquanto realiza movimentos pendulares com o trapézio. A partir dos movimentos pendulares, realiza transições de um trapézio para outro, com ou sem o auxílio de um companheiro. Para fins de segurança, há uma tela de nylon que faz o papel de trampolim, caso um dos atletas caia do trapézio. � Perna de pau — caracteriza-se pelo uso de um aparato que aumenta a estatura do atleta circense, exigindo muito do equilíbrio para se manter em pé. A perna de pau pode ser utilizada de duas formas distintas: com apoio somente para os pés ou com apoio para os pés e para as mãos (maior comprimento). A segunda forma é de mais fácil execução mas é pouco comum nos circos. � Malabares — consiste na manipulação de alguns objetos (pinos, bolas, argolas, etc) que são arremessados para o ar, de uma mão para outra, sem que o executante os deixe cair. Essa modalidade exige muito da coordenação motora e da habilidade em equilibrar objetos por parte do atleta circense. O nível de dificuldade varia de acordo com o número de objetos manipulados ou com a destreza que exigem como, por exemplo, no uso de objetos em chamas. As formas de aquecimento empregadas na ginástica circense não diferem tanto daquelas utilizadas nas demais modalidades de ginástica. Normalmente desenvolvem-se exercícios de alongamento, mobilidade e aquecimento espe- cíficos (movimentos presentes em cada prática). Com relação ao processo de aprendizagem, é importante que os atletas possam começar experimentando formas mais simples de execução, como por exemplo, a utilização de uma perna de pau menor ou, ainda, com uma base maior, para que o equilíbrio seja mais fácil. Com o tempo, o atleta é capaz de avançar, passando dos processos mais simples para os mais complexos. Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática8 Modalidades de ginástica de aparelhos Vimos que existem diversas formas de praticar ginástica sem o uso de apa- relhos específicos. Contudo, cabe ressaltar que as modalidades que exigem esses aparatos são muito populares e tem importância gigantesca na Educação Física e no meio esportivo. Vamos abordar agora essas modalidades e suas particularidades, conhecendo as principais características e como os atletas ou alunos interagem com os aparelhos. Seu uso em exercícios de ginástica, exigindo movimentos específicos e coordenados dos executantes, foi implementado pelo alemão Friedrich Ludwig Christoph Jahn (1778-1852), um dos maiores influenciadores da escola alemã de ginástica, considerado o pai dos aparelhos de ginástica. Com o tempo, se tornou cada vez mais popular e passou a realizar competições específicas para cada aparelho. As modalidades de ginástica que necessitam de aparelhos envolvem di- ferentes categorias de ginástica artística, exceto o solo, sendo elas: o cavalo com alças, as argolas, as barras paralelas, a barra fixa, as barras assimétricas, a trave olímpica e o salto sobre o cavalo. Vamos abordar a seguir a principais características de cada um, dimensões, principais atletas e principais movi- mentos realizados numa rotina de exercícios. Cavalo com alças O cavalo com alças consiste em um corpo estreito, com duas alças acopladas em sua parte superior. Fica a 1,5 metro do chão, tem 1,6 metro de comprimento e 35 centímetros de largura. As alças estão a 12 centímetros do corpo do apa- relho e estão separadas entre si por uma distância de 45 centímetros. É de uso exclusivo da categoria masculina, sendo um esporte olímpico desde a primeira edição dos jogos, no ano de 1896, em Atenas. A característica fundamental dessa modalidade é que, ao longo de toda a série, somente as mãos do atleta podem tocar o aparelho. Portanto, a exigência de força e resistência muscular é enorme, bem como coordenação para realizar os complexos movimentos exigidos. São realizados movimentos de giros, tesouras, volteios, parada de mãos e saltos (saída do aparelho), sendo que diversos atletas acreditam que esse é o aparelho da ginástica artística com maior grau de dificuldade entre todos. Descontos ao longo da série são computados em caso de falta dos movimentos obrigatórios, toques de pernas no cavalo, perda de postura de pernas e perda de contato com o aparelho. O chinês Xiao Qin e o húngaro Zoltan Magyar são dois dos principais nomes do esporte. 9Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática Argolas Esse aparelho consiste em duas argolas suspensas em uma grande estrutura de ferro, situadas a 2,75 metros do solo e distanciadas entre si por 50 centímetros. A estrutura de ferro tem 5,8 metros de altura. Assimcomo o cavalo com alças, é de uso exclusivo da categoria masculina e é um esporte olímpico desde o ano de 1896 nos jogos de Atenas. As argolas são de execução extremamente difícil e exigem altos níveis de força e potência muscular, bem como de con- trole, já que não pode haver movimento excessivo das argolas, o que gera descontos na nota final do ginasta. Outro critério importante de desconto é o tempo mínimo de sustentação em posições estáticas, que deve ser de dois segundos. Tempos inferiores caracterizam a posição como não mantida. O atleta alcança a posição inicial nas argolas com auxílio do treinador, e durante a rotina, executa movimentos como crucifixo, vela e parada de mãos, além de saltos, que caracterizam a saída do atleta. Dentre os nomes mais importantes do esporte, podemos citar o italiano Yuri Cechi, o chinês Yibing Chen e o brasileiro Arthur Zanetti, campeões mundiais e olímpicos na modalidade. Barras paralelas Esse aparelho consiste em dois barrotes em paralelo, fixados a dois suportes de metal. As barras possuem 3,5 metros de comprimento e estão situadas a 1,75 metro do solo. Ainda, a distância que separa as barras é de aproximadamente 50 centímetros, mas passível de alteração, considerando-se dimensões físicas do atleta. Assim como os dois aparelhos citados anteriormente, teve sua pri- meira aparição nas olimpíadas de Atenas em 1896 e é de execução exclusiva dos homens. Também exige muito da força e equilíbrio do atleta, que executa movimentos como giros, parada de mãos, elementos de sustentação e saltos. Caso não percorra toda a extensão das barras, o competidor será penalizado com perda de pontos. Dentre os atletas reconhecidos na modalidade, podemos citar o chinês Li Xiaopeng e o japonês Sawao Kato. Barra fixa Também essa modalidade teve início já na primeira edição dos jogos olímpicos e é executada somente por homens. Consiste em barra fixa numa estrutura metálica, a 2,8 metros do solo, com 2,4 metros de comprimento. Exige muita velocidade do atleta na execução dos movimentos, com o corpo em movimento constante durante toda a série. Alguns elementos básicos presentes na rotina de Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática10 exercícios de barra fixa são os giros ao redor da barra, as trocas nas pegadas, as largadas e as retomadas da barra. Os movimentos são executados tanto no sentido anterior quanto no sentido posterior, sendo as séries curtas, com tempo limite de 30 segundos. Podemos citar, como grandes nomes da modalidade, os japoneses Takashi Ono e Mitsuo Tsukahara. Barras assimétricas As barras assimétricas consistem em duas barras fixadas em uma estrutura de metal, em diferentes alturas. Essas alturas podem variar, mas a primeira costuma ficar a 2,36 metros do solo e a segunda a 1,57 metro. O compri- mento de ambas é sempre de 2,4 metros. É uma modalidade olímpica desde os Jogos Olímpicos de Berlin, no ano de 1936, e pode ser executada somente por mulheres, criada como variação das barras paralelas masculinas. Exige muito da velocidade, força e coordenação da executante, tendo implementos de segurança para possíveis quedas, como colchões. Dentre os movimentos e elementos que compõe uma rotina nas barras assimétricas, podemos citar a transferência do corpo da barra superior para a inferior, a transferência do corpo da barra inferior para a superior, giros e movimentos de largada e retomada de uma mesma barra. A atleta pode sofrer descontos em sua pontuação em caso de quedas, postura desalinhada do corpo e pausas entre os exercícios. Algumas das atletas de maior destaque nessa modalidade são as romenas Nadia Comaneci e Daniela Silivas. Nadia Comaneci foi uma das maiores ginastas da história do esporte. Ela é mundial- mente reconhecida por diversos feitos ao longo de sua carreira e talvez um dos mais marcantes, tenha sido em Montreal, no Canadá, no ano de 1976, quando pela primeira vez na história, uma ginasta conseguiu a marca de uma nota perfeita, uma nota dez. Confira no vídeo disponível no link a seguir o desempenho da romena nas barras assimétricas. https://goo.gl/obycxT https://goo.gl/obycxT 11Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática Trave olímpica A trave consiste em uma barra com 5 metros de comprimento e apenas 10 centímetros de largura, situada a 1,25 metro do chão. Teve sua estreia em Jogos Olímpicos no ano de 1952, em Helsinque, na Finlândia. Modalidade exclusiva da categoria feminina, se caracteriza pela imensa exigência de equilíbrio e coordenação por parte da ginasta. Alguns dos elementos que compõe a série na trave são os giros de 360 graus, os saltos na trave, giros e saltos para sair e entrar na trave. No caso de desequilíbrios exagerados, queda da trave ou ainda a falta de elementos obrigatórios, a atleta sofrerá descontos na sua pontuação final. O tempo limite para a atleta realizar a sua série é de um minuto e meio. Dentre os grandes nomes do esporte que podemos citar, temos a romena Nadia Comaneci e a holandesa Sanne Wevers. Salto sobre o cavalo Essa modalidade da ginástica artística apareceu pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 1896, para os homens, e nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, para as mulheres. Consiste na realização de uma corrida de aproximação e na execução de um salto sobre uma mesa, finalizando com a aterrissagem sobre um colchão. Há uma pequena pista para a corrida de aproximação, com 25 metros de comprimento. A mesa está situada a 1,25 metro do solo para as mulheres e a 1,35 metro para os homens. Logo em frente a ela, existe um pequeno trampolim, utilizado para projetar o atleta sobre a mesa. Essa modalidade envolve diversas valências, como velocidade, potência e coordenação do atleta, para realizar desde a corrida até os movimentos acrobáticos sobre a mesa e a aterrissagem. O atleta escolhe previamente um salto, com valor de nota já estabelecido em um código de pontuação. Os saltos são movimentos acrobáticos que envolvem giros nos três planos espaciais, sendo que o atleta pode ser descontado por pequenas variações na execução do movimento ou por uma aterrissagem desequilibrada. O espanhol Gervasio Deferr e a chinesa Fei Cheng são grandes nomes que podem ser lembrados nessa modalidade. Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática12 Modalidades de ginástica não competitiva Nos dois tópicos anteriores desse capítulo, vimos algumas características e curiosidades das modalidades competitivas de ginástica, sejam de solo ou de aparelhos, olímpicas ou não. Entretanto, existem também modalidades de ginástica que não tem caráter competitivo, extremamente importantes e valiosas para os professores de Educação Física. Vamos conhecer agora um pouco dessas modalidades, suas particularidades e características a serem exploradas. Além de todas as modalidades de ginástica reguladas e controladas pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) e que realizam competições pró- prias, como campeonatos mundiais ou os próprios Jogos Olímpicos, existem as que se desenvolvem única e exclusivamente com o intuito de fortalecer corpo e mente. As modalidades não competitivas são muito mais acessíveis para a população, porque não exigem resultados e alto rendimento daqueles que a praticam. Por isso, diferem das modalidades competitivas, que acabam excluindo uma grande parcela da população. Vale observar, porém, que tam- bém a ginástica não competitiva, mesmo que em menor escala, preza pela boa execução de determinados movimentos e pelo bom desempenho dentro de uma determinada rotina de exercícios. Ginástica de academia Dentre as práticas mais populares e mais difundidas no mundo, podemos destacar as modalidades praticadas em academia. Diferentes tipos de aula e atividade acontecem nesses espaços, com destaque para a ginástica localizada, o jump, o spinning, a dança e o treinamento funcional. Muitas dessas aulas envolvem sistemas prontos e fechados, em que o professor simplesmente reproduz os exercícios,sem liberdade de criação ou condução da aula. São os casos, geralmente, de aulas de ginástica localizada, jump e spinning. As aulas normalmente são conduzidas com um alongamento ou aquecimento inicial, com intensidade leve, seguidos da parte principal, com exercícios mais complexos e de maior intensidade. Ao fim, normalmente são empregados exercícios de alongamento. Aulas de treinamento funcional e dança dão maior liberdade para o professor empregar métodos diferentes em cada sessão, de acordo com sua formação e suas experiências prévias. Nessas aulas, costumam ser aplicados exercícios para o refinamento da técnica. 13Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática As aulas de ginástica de academia podem trabalhar diferentes valências físicas, de acordo com o tipo de modalidade em questão. A resistência mus- cular, a resistência cardiorrespiratória, a potência muscular e a coordenação costumam ser bastante solicitadas. Ginástica laboral A ginástica laboral é a estratégia de exercícios físicos empregada no ambiente de trabalho, com o objetivo de trabalhar os músculos e estruturas sobrecarre- gadas durante as atividades diárias. Dessa forma, é possível prevenir possíveis lesões decorrentes dos movimentos laborais ou amenizar desconfortos ou distúrbios que já existem, melhorando, em última instância, o desempenho e a produtividade de uma empresa. Essa modalidade de ginástica é cada vez mais comum em diferentes setores da indústria pois, além de proteger o funcionário, promove um ambiente de trabalho mais leve e agradável, fazendo com que ele se perceba valorizado pelo empregador. A forma como a ginástica laboral é trabalhada varia de acordo com a demanda dos funcionários. Pode ser necessária a maior utilização de exercícios de aquecimento antes do turno de trabalho de indivíduos que tenham que lidar com carregamento ou manipulação de grandes cargas, ou pode ser necessária a maior utilização de exercícios de relaxamento e alívio de tensão muscular, no caso de indivíduos que trabalhem longos períodos na frente de um computador. As aulas de ginástica laboral normalmente são conduzidas em períodos curtos (de 10 a 15 minutos) e envolvem exercícios de alongamento, mobilidade articular, realização de movimentos contra uma resistência, educação postural e relaxamento muscular, aliviando possíveis tensões nas estruturas, bem como preparando as mesmas para suportar a jornada de trabalho. Hidroginástica A hidroginástica é uma das modalidades de ginástica não competitiva mais praticadas no mundo, principalmente pelo público da terceira idade. Essa modalidade consiste em atividades de resistência muscular e resistência cardior- respiratória, realizadas através de movimentos repetitivos em meio aquático. Pode ser aplicada uma sobrecarga através de palmares e halteres propícios para o uso na água, aumentando dessa forma a intensidade dos exercícios. Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática14 No meio aquático, os exercícios envolvem muito menos impacto e por isso são comumente indicados para a população idosa, que já sofre com desgastes articulares e com perda de densidade mineral óssea, precisando de alternativas para realizar um bom trabalho de fortalecimento muscular e cardiorrespiratório sem agravar sua condição ou expor os praticantes a riscos desnecessários. As aulas de hidroginástica normalmente começam com movimentos básicos de aquecimento, tanto para as articulações quanto para o aumento do fluxo sanguíneo. A parte principal vai tratar dos movimentos específicos voltados para aquela aula (normalmente são escolhidas algumas articulações para um plano de aula) com a utilização de uma resistência externa para elevar o grau de dificuldade desta etapa. Na parte final, é indicado realizar uma atividade de volta à calma, com exercícios de relaxamento. A aula costuma ser conduzida com o auxílio de um aparelho de som e o professor demonstra os exercícios, que devem ser reproduzidos pelos alunos em ordem sequencial. Ginástica Para Todos A Ginástica Para Todos (GPT) é uma modalidade de ginástica não competitiva reconhecida pela FIG e proporciona a realização de importantes festivais em todo o mundo. Como o nome já sugere, a prática pode ser desenvolvida por qualquer pessoa, pois tem caráter demonstrativo, e não competitivo. Nessa prática, podemos identificar diferentes elementos de todas as modalidades de ginástica existentes, como dança, expressões folclóricas e culturais - tudo o que puder ser realizado pelos indivíduos e elaborado por sua criatividade. O intuito explícito da GPT é promover o exercício gímnico com lazer, diversão e liberdade de criação. A GPT não tem características fechadas de estrutura de aula, já que pri- vilegia a liberdade dos alunos para criarem coreografias com determinados elementos. É comum, em aulas de GPT, oportunizar um primeiro momento de interação social entre os alunos, seguido por um momento de apresentação ao tema da aula (assunto e movimentos a serem trabalhados), um momento de aprendizagem e de desenvolvimento dos elementos e, por fim, um momento de apresentação daquilo que foi desenvolvido. Essa modalidade trabalha diferentes valências da aptidão física, como resistência cardiorrespiratória, coordenação, agilidade e capacidade de expres- são corporal, além de propiciar o trabalho de diversos aspectos psicossociais, como a autossuperação individual e coletiva, o trabalho em grupo, a interação sociocultural e o bem-estar. 15Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática Contorcionismo O contorcionismo é a modalidade de ginástica que consiste na execução de movimentos em graus de flexibilidade extremos, além da manutenção de posições nesses graus severos. É uma prática que exige muito treinamento e até mesmo condições corporais específicas, como indivíduos que possuam hiperlassidão ou afrouxamento ligamentar. Não é uma forma comum de gi- nástica e não é tão aplicável na prática quantos as demais, já que sua execução normalmente é observada no ambiente circense. Podemos observar elementos de contorcionismo em menor escala em práticas como a Yoga ou o Pilates. O contorcionismo exige movimentos pouco comuns, como girar a hiperex- tensão de coluna até o sujeito tocar as pernas ou o solo, movimentos de flexão e abdução severos do quadril até o sujeito conseguir passar a perna por trás do pescoço, hiperextensão horizontal dos ombros até o sujeito conseguir cruzar posteriormente os braços, entre outros. Como é possível perceber, a principal valência trabalhada no contorcio- nismo é a flexibilidade, por meio de treinamentos sistemáticos que envolvem alongamento em graus limítrofes. Indivíduos que treinam essa modalidade normalmente realizam longas sessões de aquecimento, específicas para cada articulação do corpo, com o intuito de prepará-lo para a exigência extrema dessa prática. O Cirque Du Soleil é um dos conjuntos de ginástica circense e contorcionismo mais conhecidos no mundo. Suas apresentações são reconhecidas como verdadeiros espetáculos, acompanhadas por multidões nos mais diversos países, inclusive o Brasil. No site oficial, é possível ver algumas informações sobre o grupo e também sobre futuros eventos programados para as apresentações. https://goo.gl/zyB0dh Neste capítulo, aprendemos sobre a relevância das atividades gímnicas não competitivas, absolutamente presentes em nosso dia a dia, como alterna- tivas muito interessantes para a população em geral. Também conhecemos as modalidades competitivas, que são a representação da ginástica quando https://goo.gl/zyB0dh Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática16 pensamos em rendimento. Vale lembrar que é possível aplicar os conceitos das modalidades competitivas em outros contextos, desde que exista a adaptação necessária para tal. O professor de Educação Física deve conhecer, compre- ender e incluir os mais variados tipos de atividades relacionadas à ginástica dentro das suas aulas, pois dessaforma elas serão mais ricas em conteúdo e consequentemente em vivências e aprendizados para os seus alunos. BORTOLETO, M.A.C. A perna de pau circense: o mundo sob outra perspectiva. Motriz, v. 9, n.3, p. 125–133, set./dez. 2003. GONÇALVES, L. L.; LAVOURA, N. T. O circo como conteúdo da Cultura Corporal na Educação Física escolar: possibilidades de prática pedagógica na perspectiva histórico- crítica. Revista Brasileira de Ciência e Movimento,. v. 19, n. (4, 2011. LANARO FILHO, P.; BÖHME, M. T. S. Detecção, seleção e promoção de talentos es- portivos em ginástica rítmica desportiva: um estudo de revisão. Revista Paulista de Educação Física,. v. 15, n. (2, 2001. NUNOMURA, M.; NISTA-PICCOLO, V. L. Ginástica olímpica ou ginástica artística? Qual a sua denominação? Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 12, n. 4, p. 69-74, dez. 2004. NUNOMURA, M.; PIRES, F. R.; CARRARA, P.. Análise do treinamento na ginástica artística. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 31, n. 1, 2009. SOARES, D. B.; BORTOLETO, M. A. C.. A prática do tecido circense nas academias de ginástica da cidade de Campinas-SP: o aluno, o professor e o proprietário. Revista Corpoconsciência,. v. 15, n. (2, 2011. Leitura recomendada SILVA, L. R. V. et al. Avaliação da flexibilidade e análise postural em atletas de ginástica rítmica desportiva: flexibilidade e postura na ginástica rítmica. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 7, n. 1, 2008. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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