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Aula 2 - PrincApios bAsicos da nutriAAo animal

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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 10 
secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: Zootecnia II 
 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA NUTRIÇÃO ANIMAL 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
A alimentação dos animais representa um aspecto fundamental na pecuária, 
respondendo por aproximadamente 70% dos custos totais de produção, independen-
temente do objetivo (seja para produção de carne, leite, lã, etc.). Todos os tipos de 
animais – de estimação, de criação, selvagens ou nativos – precisam de uma dieta 
balanceada para seu correto desenvolvimento e saúde. Fora de seus ambientes na-
turais, a dieta dos animais depende quase inteiramente da ação humana. Essa gestão 
inclui o planejamento meticuloso da alimentação, garantindo que seja fornecida em 
quantidades e proporções ideais, não apenas para a manutenção básica, mas tam-
bém para promover o crescimento, a produção de leite, carne, lã, entre outros produ-
tos, atendendo às necessidades de energia, proteínas, vitaminas, minerais, e outros 
nutrientes essenciais. 
 
 
2. DEFINIÇÃO DE TERMOS NA NUTRIÇÃO ANIMAL 
 
No âmbito da alimentação e nutrição animal, é comum a utilização cotidiana 
de certos termos, por vezes de maneira imprecisa. A adoção de terminologia ade-
quada, tanto na escrita quanto na fala, é vital para o progresso dos conceitos e para 
a assimilação precisa e direta dos princípios da nutrição animal. A seguir, são apre-
sentados alguns conceitos fundamentais para facilitar a compreensão tanto deste ma-
terial quanto de futuras referências. 
 
Alimento: refere-se a qualquer substância consumida por animais que pode 
ser metabolizada e utilizada pelo organismo, contribuindo para sua manutenção, sa-
úde e produção. Esses alimentos são compostos por nutrientes essenciais que de-
sempenham funções críticas no corpo do animal. 
Nutriente: é um componente específico dos alimentos, de natureza química 
definida, que, ao ser integrado ao metabolismo celular, sustenta a vida do animal. Os 
nutrientes incluem água, carboidratos, proteínas, vitaminas, lipídios (ou gorduras) e 
AULA 2 
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DISCIPLINA: Zootecnia II 
 
minerais. É importante destacar que o valor nutricional é proveniente dos nutrientes e 
não do alimento per se, permitindo a substituição de um alimento por outro, desde que 
o suprimento de nutrientes seja mantido. 
Alimentação animal: engloba o estudo da composição dos alimentos e das 
necessidades nutricionais dos animais, bem como as metodologias para fornecer di-
etas equilibradas de forma nutritiva e econômica. Este termo também pode se referir 
ao ato de ingestão dos alimentos. O objetivo primário da alimentação é satisfazer as 
demandas nutricionais dos animais, promovendo manutenção e produção eficientes. 
Além da importância vital para a saúde dos animais, há também um aspecto econô-
mico significativo, considerando que os custos alimentares podem representar entre 
60 a 80% do investimento total no ciclo produtivo, dependendo do sistema de produ-
ção adotado. Em síntese, a alimentação animal implica na provisão criteriosa de ali-
mentos, respeitando as necessidades específicas de cada espécie e categoria animal. 
Nutrição: envolve o conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que 
permitem aos animais metabolizar os alimentos, abrangendo desde a ingestão até a 
utilização celular dos nutrientes, essenciais para manutenção, crescimento, produção 
e reprodução. 
Digestão: é o processo pelo qual o alimento é quebrado em nutrientes, atra-
vés de mecanismos físicos e químicos, permitindo a absorção celular no trato gastroi-
ntestinal e o transporte desses nutrientes para serem metabolizados no organismo. 
Este processo é crucial para a manutenção da vida animal, envolvendo reações que 
decompõem e sintetizam substâncias para o uso celular. 
Digestibilidade: refere-se à eficiência com que um animal aproveita os nutri-
entes dos alimentos, uma propriedade inerente ao alimento e não ao animal. 
Anabolismo e catabolismo: são processos metabólicos opostos, onde o pri-
meiro envolve a síntese de moléculas complexas a partir de moléculas simples para 
construir tecidos e órgãos, enquanto o segundo refere-se à quebra de moléculas com-
plexas em formas mais simples para liberação de energia. 
Excreção: é a eliminação de resíduos não absorvidos ou subprodutos meta-
bólicos, essencial para a limpeza e funcionamento saudável do organismo. 
Ração: é a totalidade do alimento fornecido a um animal em 24 horas, muitas 
vezes confundido com alimentos concentrados completos. 
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Ração balanceada: é uma mistura de alimentos que satisfaz integralmente 
as necessidades nutricionais dos animais. 
Dieta: consiste nos vários componentes alimentares e suas quantidades for-
necidas, podendo variar de acordo com as necessidades específicas de cada catego-
ria animal, incluindo dietas balanceadas, hipercalóricas ou hipocalóricas. 
Dieta balanceada: é aquela que atende exatamente às necessidades nutrici-
onais de um animal, conforme determinado pela análise das exigências nutricionais e 
da composição dos alimentos. 
Ingrediente: é qualquer elemento que faz parte de uma ração, dieta ou su-
plemento, sendo todos os alimentos considerados ingredientes de uma dieta, embora 
nem todos os ingredientes sejam necessariamente alimentos. Estes são categoriza-
dos em volumosos, concentrados, aditivos e suplementos. 
NDT: nutrientes digestíveis totais. 
Alimento volumoso: é caracterizado por sua alta composição em fibras, com 
mais de 25% de fibra detergente neutra ou mais de 18% de fibra na matéria seca, 
resultando em uma menor densidade de nutrientes como proteínas, carboidratos não 
estruturais e lipídios. Animais dependentes desse tipo de alimento precisam consumir 
grandes quantidades para sua manutenção. 
Alimento concentrado: apresenta uma menor quantidade de fibra (menos 
de 25% de FDN ou menos de 18% de fibra bruta), sendo assim mais rico em energia 
ou proteínas. Ele se divide em concentrados proteicos, com mais de 20% de proteína 
bruta na matéria seca, e concentrados energéticos, com menos de 20% de proteína 
bruta. 
Suplemento alimentar: é uma adição à dieta principal, consistindo em maté-
rias-primas ou misturas que fornecem nutrientes específicos (aminoácidos, vitaminas, 
minerais) e podem incluir aditivos. 
Aditivos: são componentes adicionados à alimentação que, apesar de não 
serem nutritivos, melhoram as características dos alimentos ou sua eficácia, como 
corantes e emulsionantes. 
Conversão alimentar (CA): é um indicador da eficiência com que o animal 
transforma o alimento consumido em produtos (carne, leite, lã), onde valores altos 
indicam menor eficiência produtiva. Para calcular a CA segue-se a fórmula: 
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Eficiência alimentar (EA): reflete a quantidade de produto animal gerado por 
unidade de alimento consumido, sendo um indicativo importante da produtividade. É 
o contrário da CA. No mesmo exemplo supra, é calculada através de: 
 
Fórmula: refere-se à composição quantitativa dos componentes de uma ra-
ção ou suplemento. 
Exigência nutricional: é a necessidade específicade nutrientes de uma es-
pécie e categoria animal para manutenção, crescimento e reprodução ótimos. 
Deficiência nutricional: ocorre quando há uma falta ou insuficiência na in-
gestão de um ou mais nutrientes essenciais, afetando o desempenho do animal. 
Carência nutricional: descreve os sintomas manifestados pelo animal devido 
a uma deficiência nutricional prolongada, podendo surgir mesmo que o animal inicial-
mente não apresente sintomas. Isso destaca a importância da suplementação ade-
quada de vitaminas e minerais. 
 
 
3. CONSUMO DE ALIMENTOS 
 
O consumo alimentar é um elemento crucial para o desempenho dos animais, 
pois é através dele que são fornecidos todos os nutrientes necessários para o orga-
nismo. A quantidade de alimento ingerido tem um impacto direto na disponibilidade de 
nutrientes, sendo um fator decisivo na otimização da produção animal. Para potenci-
alizar o fornecimento nutricional, é essencial não só aumentar a quantidade de ali-
mento disponibilizado, mas também garantir que este seja rico em nutrientes e possua 
alta digestibilidade, melhorando assim a eficiência na utilização desses nutrientes. Es-
tratégias que visam o aumento do consumo alimentar devem ser cuidadosamente pla-
nejadas para alcançar a máxima produção. 
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O consumo de alimentos refere-se à quantidade de ração que o animal ingere 
em um dia, comumente medido em quilogramas de matéria seca por dia ou em per-
centual do peso vivo ou do peso metabólico. 
Dentro do campo da nutrição animal, o termo "consumo voluntário", ou ad 
libitum, é utilizado para descrever a ingestão de alimento quando este está constan-
temente disponível, exigindo facilidade de acesso e um ambiente confortável. No en-
tanto, na prática, o consumo voluntário pode ser limitado por fatores como competição 
entre os animais e condições de estresse, comuns em ambientes de produção. 
Existe também o conceito de "consumo potencial", que difere do consumo 
voluntário por representar a quantidade ideal de alimento necessária para satisfazer 
todos os requisitos nutricionais dos animais. Esse consumo é teórico e idealmente 
deve ser inferior ao consumo voluntário, assegurando que os animais possam atender 
suas necessidades diárias sem restrições. Caso o consumo potencial não seja alcan-
çado, pode haver um déficit nos nutrientes essenciais, afetando negativamente o bem-
estar e a produtividade dos animais. 
Na terminologia específica da nutrição animal, os conceitos de 
"fome" e "apetite" são distintos e geram confusão. Para esclarecer, 
"fome" é definida como o desejo ou impulso de comer, motivado por 
necessidades imediatas, enquanto "apetite" se refere ao impulso de 
consumir alimentos ou nutrientes específicos para satisfazer as deman-
das nutricionais do organismo. Assim, um animal pode não sentir fome mas ainda 
assim ter apetite por certos nutrientes que estão ausentes ou insuficientes em sua 
dieta. 
Os processos de seleção e domesticação de animais para produção zootéc-
nica transformaram suas tendências naturais de consumo para atender às demandas 
de produção, como no caso da produção leiteira. Na natureza, uma vaca consome o 
necessário apenas para sua manutenção e para produzir uma quantidade limitada de 
leite suficiente para a alimentação de seu filhote. Contudo, através da seleção gené-
tica, vacas foram adaptadas para produzir quantidades significativamente maiores de 
leite, exigindo, por isso, dietas mais ricas e em maiores quantidades. Por exemplo, 
para manter uma produção leiteira eficiente, recomenda-se o fornecimento de 1 kg de 
concentrado (com 18 a 20% de proteína bruta) para cada 3 kg de leite produzido. Esta 
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lógica aplica-se igualmente à produção de carne em animais de corte e à produção 
de ovos em galinhas poedeiras. 
O questionamento sobre o que restringe o consumo de alimentos nos animais 
leva a uma análise de fatores físicos, fisiológicos e psicogênicos que influenciam a 
ingestão de alimentos. Para desenvolver estratégias nutricionais eficazes, como aque-
las voltadas à maximização do consumo, é crucial compreender esses aspectos. Exis-
tem várias teorias que tentam explicar os padrões de consumo alimentar nos animais 
e os mecanismos que os regulam, destacando a importância de um enfoque holístico 
que considere todas as variáveis envolvidas. 
 
3.1 Fatores que influenciam na regulação do consumo 
 
Entre os fatores que impactam a regulação do consumo de alimentos em ani-
mais, os aspectos físicos são relativamente mais simples de entender. A limitação de 
espaço no trato digestivo, como o rúmen dos ruminantes e o estômago dos monogás-
tricos, significa que uma vez cheio, o animal interrompe a ingestão de alimentos. Esse 
mecanismo é mediado pela liberação de hormônios em resposta à distensão das pa-
redes do estômago, levando à sensação de saciedade. Alimentos volumosos, devido 
ao seu tamanho maior e consequente demora na digestão, tendem a ocupar mais 
espaço e por mais tempo, influenciando diretamente na quantidade de alimento con-
sumido. 
Além disso, a cinética da digestão e o trânsito dos alimentos 
pelo sistema digestivo, incluindo o tempo de retenção e as taxas de de-
gradação, são fatores físicos importantes que afetam a regulação do 
apetite. 
Entretanto, nem sempre a plenitude física do trato digestivo é o único limitante 
para o consumo de alimentos. Em cenários onde a dieta é altamente concentrada em 
nutrientes, o organismo pode atender às suas necessidades energéticas antes de 
atingir a capacidade máxima de ingestão, reduzindo o consumo mesmo que ainda 
haja espaço no sistema digestivo. A energia, nesse contexto, é um fator chave que 
influencia a redução imediata no consumo de alimentos. O desbalanceamento entre 
a energia e outros nutrientes, como proteínas e minerais, pode levar a casos de des-
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nutrição mesmo quando há abundância de alimento, se o animal satisfizer seu requi-
sito energético mas não os outros nutrientes essenciais. Forbes (1995) citado por Bu-
eno (2019) elaborou um modelo teórico que ilustra a relação entre as concentrações 
de um nutriente específico e o consumo de matéria seca. 
O consumo voluntário de alimentos pelos animais tende a se ajustar às quan-
tidades que satisfazem suas necessidades nutricionais essenciais. Quando os nutri-
entes são oferecidos em quantidades levemente superiores às necessárias, o impacto 
no consumo é mínimo. No entanto, se as concentrações de nutrientes são exagera-
damente altas, ao ponto de serem potencialmente tóxicas, ou se são extremamente 
baixas, observa-se uma redução significativa na ingestão de alimentos. Um exemplo 
ilustrativo é o de um animal que pode parecer bem nutrido por acumular reservas de 
gordura devido a uma dieta rica em energia, mas que sofre de anemia por deficiência 
de minerais essenciais, como ferro. Em situações de deficiência nutricional leve e tem-
porária, os animais podem aumentar seu consumo alimentar na tentativa de compen-
sar as lacunas nutricionais. 
O comportamento alimentar dos animais também é moldado pelas caracterís-
ticas intrínsecas dos alimentos e pelas condições ambientais. As propriedades orga-nolépticas dos alimentos, como textura, odor, sabor e aparência, podem estimular ou 
reprimir o apetite, variando significativamente entre espécies. Adicionalmente, fatores 
psicogênicos relacionados ao ambiente, tais como conforto térmico, interações sociais 
e condicionamento, exercem um papel crucial na regulação do consumo diário de ali-
mentos. 
A seleção de alimentos por parte dos animais é influenciada por uma combi-
nação de fatores, com os sentidos sensoriais desempenhando um papel-chave na 
pré-ingestão. Olfato, visão e tato são essenciais na avaliação preliminar do alimento, 
enquanto o paladar é fundamental após a ingestão para a identificação de sabores e 
influencia as preferências alimentares futuras. 
Entre as espécies animais, os ovinos destacam-se pela exigência quanto à 
qualidade dos alimentos, selecionando itens com melhores características organolép-
ticas quando há variedade disponível. Por outro lado, suínos demonstram menos se-
letividade, consumindo uma ampla gama de alimentos. Eles são notáveis pela sua 
eficiente conversão alimentar, transformando a dieta consumida em carne e gordura 
de forma mais eficaz que outras espécies. 
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3.2 Digestão 
 
3.2.1 Processos físicos da digestão 
 
A digestão é um conjunto de processos tanto físicos quanto químicos que 
transformam o alimento em nutrientes disponíveis para serem absorvidos e metaboli-
zados. Inicialmente, a digestão começa com uma etapa física, que varia conforme o 
método que cada espécie utiliza para capturar e ingerir sua comida. Por exemplo, 
equídeos e ruminantes menores usam os lábios para agarrar a forragem. Equídeos 
cortam a vegetação com um movimento de cabeça lateral após prenderem com os 
incisivos, enquanto os ruminantes menores aplicam pressão com os incisivos inferio-
res contra uma superfície dura para arrancar o alimento. Grandes ruminantes utilizam 
a língua para levar a forragem à boca, onde é cortada ou arrancada. Suínos introdu-
zem comida na boca através de movimentos labiais e linguais, sendo capazes de sor-
ver líquidos pela junção dos lábios. A forma como as aves capturam alimentos é de-
terminada pela estrutura específica de seus bicos, que é adaptada ao tipo de dieta, 
engolindo o alimento com movimentos rápidos da cabeça, apoiados pela gravidade. 
Uma vez capturado o alimento, a mastigação varia de acordo com a dentição 
do animal. Essa etapa tem como objetivo principal quebrar o alimento e misturá-lo 
com saliva. 
Os herbívoros realizam uma trituração mais intensa, atra-
vés de movimentos mandibulares circulares. Os ruminantes se 
distinguem por mastigar o alimento duas vezes: uma rápida, logo 
após a captura, para facilitar a deglutição, e outra mais lenta, 
após a regurgitação, do conteúdo do rúmen. 
Finalmente, os alimentos mastigados e misturados com saliva são engolidos, 
iniciando-se voluntariamente e completando-se por um reflexo automático. 
 
3.2.2 Processos químicos da digestão 
 
Durante a digestão, os alimentos passam por diversas alterações químicas, 
desencadeadas pela ação de sucos digestivos específicos. Entre os principais sucos 
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secretados por animais domésticos estão a saliva, o suco gástrico, o suco duodenal e 
o suco intestinal. 
 
Saliva 
Essencial na preparação inicial do alimento para digestão, a saliva mistura-se 
com o alimento para formar um bolo alimentar, tornando-o mais fácil de engolir graças 
à sua composição rica em água e mucina, que atua como lubrificante. Contém tam-
bém ureia, amônia, vários sais e a enzima amilase (ptialina), embora esta última não 
esteja presente em todas as espécies, como cães, gatos e ruminantes. Em ruminan-
tes, a saliva desempenha um papel imprescindível no equilíbrio do pH, graças aos 
altos níveis de bicarbonato de sódio e fosfatos, contribuindo para a produção diária de 
até 150 litros de saliva. 
 
Suco gástrico 
Este suco é secretado pela mucosa do estômago e compõe-se de ácido clo-
rídrico, mucina, pepsina, lipase gástrica, renina, catepsina, entre outras substâncias. 
A secreção de ácido clorídrico varia conforme o volume e tipo de alimento consumido, 
desempenhando papéis essenciais na solubilização de minerais, ativação da pepsina, 
e na ação antisséptica contra micro-organismos presentes nos alimentos. A mucina, 
um composto viscoso, protege o revestimento estomacal, neutralizando o ácido clorí-
drico e inativando enzimas. Dentre as enzimas digestivas presentes, a pepsina é a 
principal proteolítica, atuando em um pH ácido e degradando proteínas em polipeptí-
deos menores, embora não afete certas proteínas como protaminas e mucina. A ca-
tepsina, ativa em um intervalo de pH mais alto que o da pepsina, e a renina, particu-
larmente importante na digestão de caseína em ruminantes lactentes, também são 
componentes críticos. A lipase gástrica atua sobre gorduras de baixo ponto de fusão, 
mas é menos eficiente que a lipase pancreática. 
 
Suco pancreático 
O suco pancreático é um líquido transparente com pH entre 7,8 e 8,2, funda-
mental para liberar as enzimas necessárias à completa digestão dos alimentos. Con-
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tém enzimas proteolíticas inativas (trypsinogen, chymotrypsinogen, procarboxypepti-
dase) que são ativadas no intestino. Além disso, inclui amilase, lipase e lecitase pan-
creáticas. 
Essas enzimas, uma vez ativadas, degradam proteínas e seus produtos par-
cialmente digeridos, processados previamente por enzimas estomacais. A tripsina, 
eficaz em pH de 8 a 9, decompõe proteínas em polipeptídeos e aminoácidos. A qui-
miotripsina atua de maneira similar, também ajudando na coagulação do leite, similar-
mente à renina e pepsina gástricas. A carboxipeptidase ataca ligações peptídicas na 
extremidade aminoácida. 
A amilase pancreática transforma amido em dextrina e maltose, funcionando 
de modo mais eficiente que a amilase salivar. A lipase pancreática quebra lipídios em 
componentes menores, com sua ação potencializada por sais biliares e íons de cálcio. 
A lecitase auxilia na esterificação de ácidos graxos, produzindo ésteres de colesterol. 
 
Suco entérico 
O suco entérico, um líquido espesso de cor turva ou amarelada e ligeiramente 
ácido (pH de 5,5 a 6,5), é composto por muco e células da mucosa esfoliadas. Resulta 
da mistura do suco duodenal, alcalino e rico em mucina, contendo amilase e entero-
quinase (ativadora de enzimas pancreáticas), e do suco intestinal, de cor amarelada, 
com sais, mucina, enzimas, lipídios e colesterol. 
Dentre as enzimas vitais do suco entérico estão aminopeptidases, tripeptida-
ses, dipeptidases, nucleotidases, nucleosidases, maltases e lipase intestinal. Amino-
peptidases desdobram proteínas e peptídios, enquanto tripeptidases e dipeptidases 
liberam aminoácidos. Nucleotidases e nucleosidases separam ácido fosfórico e divi-
dem nucleosídios em bases purinas e pirimidinas. Maltases transformam maltose em 
glicose, e a lipase intestinal, embora menos eficaz que a pancreática, processa lipí-
dios. 
 
4 PARTICULARIDADES DIGESTIVAS DOS ANIMAIS 
 
Equídeos 
 
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Equinos, possuem processos enzimáticos semelhantes aos onívoros, mas se 
distinguem pela digestão microbiana no intestino grosso. Apesar de produzirem ptia-
lina na saliva, sua ação amilolítica é limitada, servindo primariamente para umedecer 
e lubrificar o alimento, facilitando sua ingestão. Um cavalo pode produzir até 50 litros 
de saliva diariamente por cada 10 kg de matéria seca consumida. 
O estômago dos equinos, proporcionalmente menor, ocupa cerca de dois ter-
ços de sua capacidade máxima, esvaziando-se 6 a 8 vezes ao dia. Isso leva a uma 
passagem rápida do alimento e, combinado a um pH gástrico menos ácido, diminui a 
eficiência da ação enzimática estomacal. 
No intestino delgado, o processo digestivo é semelhante ao de outros animais, 
mas a distinção maior está na digestão que ocorre no intestino grosso, onde o bolo 
alimentar pode permanecer por até 24 horas. Aqui, a fermentação microbiana se as-
semelha à do rúmen, embora com menor densidade de microrganismos no cólon em 
relação ao ceco. Aproximadamente 30% dos carboidratos solúveis e amido chegam 
ao intestino grosso, com predominância de carboidratos fibrosos que são fermentados 
em ácidos orgânicos essenciais para a energia do animal. 
A degradação proteica ocorre principalmente no estômago e intestino del-
gado. No entanto, no intestino grosso, microrganismos transformam o nitrogênio em 
proteínas microbianas. A eficiência na utilização dessas proteínas pelos equinos é 
debatida, já que não são adequadamente degradadas para absorção como aminoáci-
dos, e a alimentação com fontes de nitrogênio não proteico pode levar a riscos de 
intoxicação por amônia. 
Ademais, a microbiota intestinal contribui para a síntese de vitaminas B e K, 
embora essa produção seja menos aproveitada devido à localização tardia e à falta 
de absorção eficiente, sugerindo a necessidade de suplementação vitamínica na dieta 
dos equinos. 
 
Aves 
Diferentemente de outros animais domésticos, as aves não possuem dentes, 
utilizando-se das funcionalidades do bico para capturar e fragmentar alimentos, ape-
sar de não serem capazes de mastigar. Possuem um paladar menos apurado e um 
olfato simples. A geração de amilase salivar é um fenômeno raro, com o ganso sendo 
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uma exceção. O processo de deglutição nas aves ocorre através de movimentos brus-
cos da cabeça. 
Anatomicamente, as aves possuem um papo, ou inglúvio, uma extensão do 
esôfago. A atividade glandular do papo varia entre as espécies, sendo ausente em 
galinhas, mas presente em pombos, onde sua secreção é conhecida como "leite de 
pombo", embora essa denominação seja imprecisa. Alimentos úmidos passam pelo 
inglúvio mais rapidamente que os secos. 
O estômago das aves divide-se em proventrículo, responsável pela secreção 
de suco gástrico, e a moela, que é muscular e auxilia na trituração dos alimentos, 
compensando a ausência de mastigação. 
Os sucos digestivos das aves são similares aos de outros animais. Nos cecos, 
localizados na porção final do intestino, ocorre a absorção de água. Apesar da possi-
bilidade de fermentação nesta região, sua importância para a nutrição das aves é con-
siderada limitada. 
 
Ruminantes 
Na alimentação dos ruminantes, ocorre inicialmente uma fase de mastigação 
rápida para fragmentar o alimento, facilitando sua ingestão. Posteriormente, a rumi-
nação acontece de forma mais lenta após a regurgitação, durante a qual o alimento é 
mais finamente triturado e misturado com uma quantidade significativa de saliva. Esta 
etapa é essencial para manter um ambiente favorável no rúmen para os microrganis-
mos. Ruminantes possuem um sistema digestivo único com quatro compartimentos: 
rúmen, retículo, omaso e abomaso, este último funcionando de forma similar a um 
estômago glandular convencional. Após o nascimento, os compartimentos anteriores 
ao abomaso estão inicialmente subdesenvolvidos, começando a se tornar operacio-
nais nas primeiras semanas de vida e alcançando pleno funcionamento entre a dé-
cima e a décima segunda semana. 
O processo digestivo nos ruminantes começa no rúmen e no retículo com a 
decomposição microbiana dos alimentos, uma atividade sobre a qual o animal não 
tem controle direto. No omaso ocorre principalmente a absorção de água, enquanto o 
abomaso é o local onde se inicia a digestão química e enzimática. O rúmen funciona 
como um grande fermentador, retendo os alimentos por longos períodos e expondo-
os a enzimas microbianas capazes de quebrar uma variedade de nutrientes, inclusive 
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aqueles resistentes às enzimas digestivas do animal, como a celulose e a hemicelu-
lose. Essa fermentação produz ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), sendo os prin-
cipais o acético, o propiônico e o butírico, que se tornam uma fonte de energia vital 
para os ruminantes. 
As proteínas presentes na dieta são em grande parte decompostas em prote-
ínas microbianas no rúmen. Os microrganismos também sintetizam proteínas a partir 
de compostos simples, como a amônia, facilitando a inclusão de fontes de nitrogênio 
não proteico na dieta dos ruminantes. No entanto, essa inclusão deve ser monitorada 
para evitar intoxicação por amônia, pois os ruminantes, assim como os animais mo-
nogástricos, precisam de aminoácidos essenciais. Estes são adquiridos tanto das pro-
teínas microbianas sintetizadas no rúmen quanto das proteínas da dieta que não são 
degradadas nesse compartimento. Cerca de 85% da proteína metabolizável nos ru-
minantes provém de fontes microbianas, sublinhando a importância dessa interação 
simbiótica entre o hospedeiro e sua microbiota intestinal. 
 
 
5. DIGESTIBILIDADE DE ALIMENTOS 
 
Para avaliar adequadamente a dieta de animais, é importante entender a 
quantidade de nutrientes da dieta que são realmente utilizados pelo corpo dos ani-
mais, já que o organismo não aproveita 100% do alimento ingerido. A parte do ali-
mento que é efetivamente utilizada pelos animais corresponde à fração digestível. 
Obter essa informação requer a realização de uma análise da digestibilidade do ali-
mento, a qual determina o coeficiente de digestibilidade. Esse coeficiente indica a 
quantidade de alimento (ou nutriente, ou dieta) ingerido que não é eliminado pelas 
fezes, sugerindo que foi absorvido pelo organismo do animal. É calculado como: 
 
Essa equação é válida para o cálculo de qualquer nutriente digestível, utili-
zando sempre as quantidades do mesmo nutriente. Por exemplo, se há intenção de 
calcular a digestibilidade da proteína bruta (PB) de dada dieta, a equação seria a se-
guinte: 
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Atualmente é preferível expressar o coeficiente de digestibilidade como uni-
dade adimensional. No entanto, muitos ainda usam, talvez pela praticidade, a expres-
são em percentagem ou em g/kg, bastando multiplicar o valor adimensional por 100 
ou por 1000, respectivamente. 
Na prática, opta-se por expressar o coeficiente de digestibilidade como uma 
unidade sem dimensão. Porém, é comum a utilização de percentuais ou a conversão 
para g/kg, multiplicando o valor sem dimensãopor 100 ou por 1000, respectivamente, 
devido à sua conveniência. O princípio da digestibilidade aparente, embora fundamen-
tal e amplamente aplicável devido à sua simplicidade, apresenta limitações por não 
considerar certas nuances. Um desses problemas é que as fezes não consistem ape-
nas em resíduos indigestos dos alimentos; elas também incluem materiais de origem 
endógena, como células epiteliais descamadas, enzimas e muco. Ignorar os compo-
nentes endógenos nas fezes faz com que a digestibilidade aparente seja subavaliada 
em comparação com a digestibilidade verdadeira (ou real), que pode ser expressa 
como: 
 
 
Ainda que o conceito de digestibilidade verdadeira (ou real) seja mais acu-
rado, ele não está isento de problemas, como a perda de energia na forma de gases 
e calor. Essas perdas são particularmente notáveis em ruminantes devido ao volume 
substancial de gases produzidos pela fermentação microbiana intensa dos alimentos 
no rúmen. Durante esse processo, uma fração da matéria orgânica é liberada como 
gás, resultando em perdas que não são contabilizadas nas fezes ou absorvidas pelo 
organismo, o que pode levar a uma sobreestimação da digestibilidade da dieta. 
Existem várias metodologias para avaliar a digestibilidade de dietas, nutrien-
tes específicos ou componentes alimentares. Métodos in vivo são considerados os 
mais precisos, mas também são os mais exigentes em termos de trabalho e custo, 
especialmente para o estudo de múltiplas dietas. Em situações onde é necessário 
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avaliar um grande volume de dietas, métodos in vitro e in situ podem oferecer vanta-
gens significativas. 
 
5.1 Digestibilidade ou degradabilidade? 
 
Ainda que na literatura especializada exista uma certa mis-
tura na utilização dos termos digestibilidade e degradabilidade, eles 
se distinguem principalmente pelas fontes das enzimas que decom-
põem as moléculas dos alimentos, liberando os nutrientes de forma 
que possam ser absorvidos pelo animal. Digestibilidade refere-se à decomposição das 
moléculas por enzimas produzidas pelo próprio animal, enquanto degradabilidade diz 
respeito à ação de enzimas microbianas. Existem termos específicos baseados no 
local onde as populações microbianas se estabelecem, como a degradabilidade rumi-
nal ou cólo-cecal, indicando, por exemplo, que a degradabilidade ruminal é a porção 
do alimento ou nutriente que é metabolizado durante a passagem pelo rúmen, bene-
ficiando tanto os microrganismos presentes quanto o animal hospedeiro. Contudo, é 
importante notar que nem toda parte solubilizada é necessariamente absorvida. 
 
5.2 Digestibilidade ou disponibilidade? 
 
Por outro lado, disponibilidade é frequentemente confundida com digestibili-
dade, mas são conceitos distintos. Digestibilidade é o processo pelo qual a molécula 
é quebrada até seus componentes serem capazes de absorção, podendo ser resul-
tado da ação de enzimas específicas, ataque ácido, ou solubilização por hidrólise. 
Disponibilidade, em contraste, se refere à fração de um nutriente que está apta para 
ser absorvida pelo organismo. Por exemplo, uma proteína pode ser digestível e seus 
aminoácidos, uma vez digeridos, estão prontos para absorção e uso pelo corpo. No 
entanto, esses aminoácidos, se digestíveis, são desnaturados e perdem suas propri-
edades nutricionais. Assim, ao discutir a fração de um aminoácido que é efetivamente 
utilizada pelo organismo, o termo apropriado é a disponibilidade desse aminoácido. 
Esta nomenclatura também se aplica a minerais e outros nutrientes quanto à sua ab-
sorção e processamento metabólico. 
 
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5.3 Digestibilidade da energia 
 
Embora a energia não seja classificada como um nutriente por definição, seu 
papel é frequentemente equiparado ao de um, dada a essencialidade de compreender 
o conteúdo energético dos alimentos para atender às necessidades dos animais. 
Cada composto orgânico contém energia química, acessível ao animal através do me-
tabolismo. A quantidade total de energia presente nos alimentos é indicada por meio 
das unidades de energia bruta (EB), representando o calor gerado pela combustão 
completa de todas as moléculas orgânicas presentes no alimento, e pode ser medida 
em calorias (cal, kcal, Mcal) ou, mais apropriadamente, em joules (J, kJ, MJ). Há uma 
relação constante entre essas unidades: 
1 cal = 4,184 J 
 
A parcela da energia dos alimentos que pode ser absorvida é conhecida como 
energia digestível (ED), podendo ser quantificada nas mesmas unidades menciona-
das. No caso de ruminantes, existe ainda outra maneira de expressar a energia diges-
tível, através dos nutrientes digestíveis totais (NDT), embora seu uso tenha diminuído. 
Pode ser convertida para ED: 
1 g NDT = 4,409 kcal de ED = 18,447 kJ 
 
Portanto, NDT é a soma dos nutrientes digestíveis do alimento, em quantida-
des, expresso em g (ou kg), ou em proporções (em porcentagem) e é estimado pelas 
fórmulas: 
NDT= PBd + FBd + ENNd +2,25 × EEd 
ou 
NDT= PBd + FDNd + CNFd +2,25 × EEd 
 
Os componentes que contribuem para o NDT incluem a proteína bruta diges-
tível (PBd), a fibra bruta digestível (FBd), os extrativos não nitrogenados digestíveis 
(ENNd), o extrato etéreo digestível (EEd), a fibra em detergente neutro digestível 
(FDNd) e os carboidratos não fibrosos digestíveis (CNFd). Devido à inadequação da 
FB em refletir o verdadeiro conteúdo de fibras nos alimentos, prefere-se a segunda 
abordagem para estimativa. O valor 2,25, que multiplica o conteúdo de EEd, reflete o 
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fato de que os lipídios contêm aproximadamente 2,25 vezes mais energia bruta do 
que outros componentes orgânicos. No entanto, essa é apenas uma estimativa apro-
ximada, uma vez que a energia resultante da combustão completa de diferentes com-
postos orgânicos varia significativamente, por exemplo, as proteínas têm 5,6 Mcal/kg, 
os carboidratos variam entre 3,7 e 4,2 Mcal/kg, e os lipídios entre 9,6 e 9,4 Mcal/kg. 
A determinação da energia bruta é realizada com facilidade utilizando um ca-
lorímetro. Contudo, devido à ampla variação na digestibilidade e no metabolismo dos 
diferentes alimentos, a aplicação de energia bruta na formulação de dietas não é acon-
selhável. Animais de produção exigem quantidades significativas de energia, tornando 
crucial uma avaliação mais precisa da energia alimentar. A partição da energia é ilus-
trada na Figura 1. 
 
Figura 1 – Partição de energia no animal. 
 
Fonte: Bueno, 2019. 
 
A representação gráfica, referida como figura 1, ilustra que subtraindo a ener-
gia das fezes da energia bruta, obtém-se a energia digestível (ED) dos alimentos. A 
energia disponível para o metabolismo do animal, denominada energia metabolizável 
(EM), é calculada pela subtração da energia perdida em gases de fermentação e na 
urina da ED. Durante o metabolismo, ocorre a produção de calor, e ao descontar esta 
energia, chega-se à energia líquida (EL) que está efetivamente à disposição do animal 
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tanto para sua manutenção (ELm) quanto para sua produção (ELp), abrangendo ga-
nho de peso, produção leiteira, postura de ovos, crescimento fetal, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 
 
1 - Qual a principal função da saliva na digestão dos ruminantes? 
a) Lubrificar o alimento para facilitar a deglutição 
b) Decompor carboidratos complexos em açúcares simples 
c) Neutralizar ácidos no estômago 
d) Equilibrar o pH do rúmen 
 
2 - O que significa "consumo voluntário" na nutrição animal? 
a) A quantidade de alimento que um animal ingere quando restrito 
b) A ingestão de alimento quando este está constantemente disponível 
c) O consumo alimentar medido em porcentagem do peso metabólico 
d) A ração diária imposta aos animais 
 
3 - O que é energia metabolizável (EM) em animais? 
a) A energia obtida após subtrair a energia das fezes da energia bruta 
b) A energia total contida em um alimento e medido por calorimetria 
c) A energia disponível após subtrair perdas por gases e urina da energia digestí-
vel 
d) A energia usada exclusivamente para crescimento e reprodução 
 
4 - O que é fome e como se diferencia de apetite em animais? 
a) Fome é o desejo impulsionado pela necessidade de nutrientes específicos; 
apetite é geral e menos específico. 
b) Fome é a necessidade de comer por energia; apetite é o desejo de consumir 
tipos específicos de alimentos. 
c) Fome é o impulso geral de comer; apetite é o desejo de consumir nutrientes es-
pecíficos. 
d) Não há diferença, ambos referem-se ao mesmo comportamento alimentar. 
 
 
Vá no tópico VÍDEO COMPLEMENTAR em sua sala virtual e 
acesse o vídeo “Princípios da nutrição animal”. 
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5 - Qual o papel dos microrganismos no sistema digestivo dos ruminantes? 
a) Produzir enzimas digestivas essenciais para a quebra de celulose 
b) Absorver nutrientes não utilizados para excreção 
c) Sintetizar vitaminas e decompor alimentos em ácidos graxos de cadeia curta 
d) Neutralizar toxinas no alimento antes da digestão 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
1) ANDRIGUETTO, José Milton et al. As bases e os fundamentos da nutrição ani-
mal. Reimpressão. São Paulo: Nobel, 2006. 
2) BUENO, Ives Cláudio da Silva. A importância da nutrição animal. In: ARAÚJO, Lú-
cio Francelino; ZANETTI, Marcus Antônio (Eds.). Nutrição Animal. Barueri: Ma-
nole, 2019. 
3) PESSOA, Ricardo Alexandre Silva. Nutrição animal: conceitos elementares. 1. ed. 
São Paulo: Editora Érica, 2014. 
4) TEIXEIRA, A. S. Alimentos e alimentação dos animais. Lavras: UFLA/FAEPE, 
1998. 
 
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