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Crítica à Igreja na Idade Média

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com elhos 
e [os] panos dos cristãos meter só sa 
capa. 
Quisera eu assi ora deste nosso 
Papa 
que me talhasse melhor aquesta 
capa.
(In Lopes 2002:53)
Queria portanto que esse nosso 
Papa 
cortasse melhor esta capa.
PARADA OBRIGATÓRIA
Antes de mais nada, é bom alertar o leitor de que as paráfrases aqui 
propostas têm apenas valor didático, pois os filólogos ainda não 
conseguiram resolver grande parte dos problemas que as cantigas 
oferecem (ver os comentários de Lopes, ib.). Feita a ressalva, não há 
necessidade de absoluta precisão para entender que o eu poético do 
segundo poema considera o papa e seus príncipes, os cardeais, um bando 
de ladrões. Estamos diante, portanto, de um poema que veicula uma 
crítica comum da época, denunciando o achaque que o papado impingia 
aos cristãos em geral, em especial aos próprios reis.
Em termos literários, chamaríamos a atenção para os versos finais de 
cada estrofe dos dois poemas analisados. O seu paralelismo e a sua repetição 
são marcas da poética trovadoresca. Além do fecho lógico que dão à estância, 
enfatizando a ideia central do poema, esses refrões são altamente poéticos e 
musicais, confirmando assim a estreita ligação entre a palavra e a música nas 
cantigas dessa escola literária.
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Professor José Carlos Siqueira de Souza
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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