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TÓPICO 01: DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO Imagine-se na condição de ter que se dirigir a um lugar que você não conhece em sua cidade. Você pede uma informação a um transeunte e toma o ônibus e a direção indicada por ele para chegar aonde você deseja. Você desce do ônibus e verifica que chegou exatamente aonde pretendia chegar. Sua sensação é de alívio, pois a informação dada foi precisa, e você obteve o que queria. A linguagem que a pessoa utilizou para lhe dar a informação é a denotativa, em que o significante (a palavra, escrita ou falada, imagem ou som) propicia a maior aproximação possível entre o significado (a ideia mental que fazemos quando lemos ou ouvimos um texto) e o referente (o objeto real sobre o qual fala o discurso). Assim, todos os textos referenciais se esforçam para que o leitor ou ouvinte tenha a noção mais clara possível, de maneira mais aproximada, do fato acontecido. Isso ocorre com a linguagem jornalística, técnico-científica, didática, jurídica etc. Embora elas nem sempre sejam claras como deveriam, os seus produtores se esforçam para ser o mais objetivos possível. A linguagem literária, por outro lado, funciona de forma diferente. Veja, por exemplo, os seguintes versos de Henriqueta Lisboa: Esta é a graça dos pássaros: cantam enquanto esperam. E nem ao menos sabem o que esperam. (“Esta é a graça”, in Flor da morte) COMENTANDO A POESIA No fragmento acima, o texto aparentemente nos fala de uma característica dos pássaros, embora possa parecer estranho os pássaros assumirem traços próprios dos seres humanos. Entretanto, o sentido do cantar dos pássaros pode perfeitamente ser ampliado para o “canto” da poesia e do poeta, por exemplo, e nos remeter à ideia do fazer artístico. O pássaro seria então a representação do artista, e o canto seria sua obra. Temos aí uma linguagem propositalmente ambígua, polissêmica. Não há, da parte da poeta, intenção de deixar as coisas bem claras. A indefinição é que confere a esse tipo de linguagem uma dimensão de amplitude, que desafia o leitor a buscar o significado, que acaba sendo produto de alguma subjetividade do receptor. Essa é a linguagem conotativa. PARADA OBRIGATÓRIA O texto abaixo é um verbete do Dicionário de termos literários, de Massaud Moisés. Leia-o e compare-o com o texto de nossa aula, para TEORIA DA LITERATURA I AULA 02: CONOTAÇÃO, RECEPÇÃO, AUTORIA 11 impresso_parcial.pdf 01.pdf