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LLPT_Teoria_da_Literatura_impresso-14


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TÓPICO 01: DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Imagine-se na condição de ter que se dirigir a um lugar que você não 
conhece em sua cidade. Você pede uma informação a um transeunte e toma o 
ônibus e a direção indicada por ele para chegar aonde você deseja. Você 
desce do ônibus e verifica que chegou exatamente aonde pretendia chegar. 
Sua sensação é de alívio, pois a informação dada foi precisa, e você obteve o 
que queria.
A linguagem que a pessoa utilizou para lhe dar a informação é a 
denotativa, em que o significante (a palavra, escrita ou falada, imagem ou 
som) propicia a maior aproximação possível entre o significado (a ideia 
mental que fazemos quando lemos ou ouvimos um texto) e o referente (o 
objeto real sobre o qual fala o discurso). Assim, todos os textos referenciais 
se esforçam para que o leitor ou ouvinte tenha a noção mais clara possível, 
de maneira mais aproximada, do fato acontecido. Isso ocorre com a 
linguagem jornalística, técnico-científica, didática, jurídica etc. Embora elas 
nem sempre sejam claras como deveriam, os seus produtores se esforçam 
para ser o mais objetivos possível.
 A linguagem literária, por outro lado, funciona de forma diferente. Veja, 
por exemplo, os seguintes versos de Henriqueta Lisboa:
Esta é a graça dos pássaros: 
cantam enquanto esperam.
E nem ao menos sabem o que esperam.
(“Esta é a graça”, in Flor da morte)
COMENTANDO A POESIA
No fragmento acima, o texto aparentemente nos fala de uma 
característica dos pássaros, embora possa parecer estranho os pássaros 
assumirem traços próprios dos seres humanos. Entretanto, o sentido do 
cantar dos pássaros pode perfeitamente ser ampliado para o “canto” da 
poesia e do poeta, por exemplo, e nos remeter à ideia do fazer artístico. O 
pássaro seria então a representação do artista, e o canto seria sua obra.
Temos aí uma linguagem propositalmente ambígua, polissêmica. Não 
há, da parte da poeta, intenção de deixar as coisas bem claras. A indefinição é 
que confere a esse tipo de linguagem uma dimensão de amplitude, que 
desafia o leitor a buscar o significado, que acaba sendo produto de alguma 
subjetividade do receptor. Essa é a linguagem conotativa.
PARADA OBRIGATÓRIA
O texto abaixo é um verbete do Dicionário de termos literários, de 
Massaud Moisés. Leia-o e compare-o com o texto de nossa aula, para 
TEORIA DA LITERATURA I
AULA 02: CONOTAÇÃO, RECEPÇÃO, AUTORIA
11
	impresso_parcial.pdf
	01.pdf

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