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LLPT_LinguaPortuguesaFonologia_impresso-32

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termos usados para “não vozeado” e “vozeado” são surdo e sonoro, mas 
tais termos podem não ser adequados, pois tudo que tem som é sonoro. 
Por exemplo, em dois sons não-vozeados fricativos pronunciados 
demoradamente, um pós-alveolar e outro labiodental, o primeiro tem mais 
sonoridade, chama mais a atenção: experimente pronunciar 
cuidadosamente “enxada” e “enfado”.
Dois dos traços atribuídos às vogais, as posições da língua na boca, 
horizontalmente (anterior ou frontal, central, posterior) e verticalmente 
(alto / fechado, médio-fechado, médio-aberto, baixo ou aberto) 
correspondem, nas consoantes, ao ponto ou zona de articulação. Os outros 
dois traços têm a ver com a ressonância, ou seja, com as cavidades (faringe, 
fossas nasais, formas internas da boca, lábios). 
A ressonância é comumente ORAL, pois já determinada pelas formas 
tomadas no espaço bucal em virtude das posições da língua. Além disso, 
pode ter ressonância acrescida (a) nasal (Nasal, Não Nasal), combinadas 
com a (b) labialidade (Arredondado, Não Arredondado). Isto acontece 
porque os lábios, ao modificarem a forma da saída da cavidade bucal, 
acrescentam ou não espaço, que cria caixa de ressonância. 
A palavra pabo, acima, nos faz pensar em “pata”, “bata”, “tapa”, “taba”, 
“Fado”, “pato”. Também em inglês, a oposição simbolizável por /p/ e /b/ 
existe. Entretanto, em português é importante na distinção o traço de 
vozeamento (nas outras coisas, nos outros traços /p/ e /b/ são iguais), em 
inglês é importante a aspiração. Daí o repetido exemplo do brasileiro que, 
ouvindo “Go to the gate B” (pronunciado [geit pij], foi para o portão P... que 
seria pronunciado [phij], ou seja com um sopro mais forte na explosão 
bilabial. 
Há falantes do inglês que distinguem os fonemas e em “mat”, 
'esteira', e “met”, passado de 'encontrar', respectivamente, por pronunciarem 
a vogal da primeira palavra de forma tensa, mas, a da segunda, de forma 
lassa, relaxada. Línguas cariris distinguiam séries de vogais orais simples, 
nasalizadas e faringalizadas; línguas semitas como o hebraico, o árabe e o 
aramaico usam a faringalização para distinguir os ambientes “enfáticos” (o 
aumento relativo da parte posterior da boca em comunicação com laringe 
produz certo efeito de ressonância, uma consoante articulada assim 
influencia o timbre da vogal). A maior parte dos traços é comum a muitas 
línguas, mas elas os enfeixam de forma diferente.
A língua é vista como sistema com subsistemas, um dos quais é o 
fonológico. E em cada sistema (isto é, língua, idioma... ou dialeto) há uma 
fonologia específica desse sistema. Se você compara os sons de “pata”, 
“bata”, “tapa”, “taba”, “fado”, “pato”, nota que a oposição entre [p] e [b] é 
funcional, tem utilidade, e que a um dos fonemas é correlacionado o outro. 
Se não fosse assim, teríamos licença para, em uma mesma palavra, 
realizar /b/ ora com vozeamento, ora sem.
Da mesma forma, em italiano:
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