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termos usados para “não vozeado” e “vozeado” são surdo e sonoro, mas tais termos podem não ser adequados, pois tudo que tem som é sonoro. Por exemplo, em dois sons não-vozeados fricativos pronunciados demoradamente, um pós-alveolar e outro labiodental, o primeiro tem mais sonoridade, chama mais a atenção: experimente pronunciar cuidadosamente “enxada” e “enfado”. Dois dos traços atribuídos às vogais, as posições da língua na boca, horizontalmente (anterior ou frontal, central, posterior) e verticalmente (alto / fechado, médio-fechado, médio-aberto, baixo ou aberto) correspondem, nas consoantes, ao ponto ou zona de articulação. Os outros dois traços têm a ver com a ressonância, ou seja, com as cavidades (faringe, fossas nasais, formas internas da boca, lábios). A ressonância é comumente ORAL, pois já determinada pelas formas tomadas no espaço bucal em virtude das posições da língua. Além disso, pode ter ressonância acrescida (a) nasal (Nasal, Não Nasal), combinadas com a (b) labialidade (Arredondado, Não Arredondado). Isto acontece porque os lábios, ao modificarem a forma da saída da cavidade bucal, acrescentam ou não espaço, que cria caixa de ressonância. A palavra pabo, acima, nos faz pensar em “pata”, “bata”, “tapa”, “taba”, “Fado”, “pato”. Também em inglês, a oposição simbolizável por /p/ e /b/ existe. Entretanto, em português é importante na distinção o traço de vozeamento (nas outras coisas, nos outros traços /p/ e /b/ são iguais), em inglês é importante a aspiração. Daí o repetido exemplo do brasileiro que, ouvindo “Go to the gate B” (pronunciado [geit pij], foi para o portão P... que seria pronunciado [phij], ou seja com um sopro mais forte na explosão bilabial. Há falantes do inglês que distinguem os fonemas e em “mat”, 'esteira', e “met”, passado de 'encontrar', respectivamente, por pronunciarem a vogal da primeira palavra de forma tensa, mas, a da segunda, de forma lassa, relaxada. Línguas cariris distinguiam séries de vogais orais simples, nasalizadas e faringalizadas; línguas semitas como o hebraico, o árabe e o aramaico usam a faringalização para distinguir os ambientes “enfáticos” (o aumento relativo da parte posterior da boca em comunicação com laringe produz certo efeito de ressonância, uma consoante articulada assim influencia o timbre da vogal). A maior parte dos traços é comum a muitas línguas, mas elas os enfeixam de forma diferente. A língua é vista como sistema com subsistemas, um dos quais é o fonológico. E em cada sistema (isto é, língua, idioma... ou dialeto) há uma fonologia específica desse sistema. Se você compara os sons de “pata”, “bata”, “tapa”, “taba”, “fado”, “pato”, nota que a oposição entre [p] e [b] é funcional, tem utilidade, e que a um dos fonemas é correlacionado o outro. Se não fosse assim, teríamos licença para, em uma mesma palavra, realizar /b/ ora com vozeamento, ora sem. Da mesma forma, em italiano: 29