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Estudo Tecido Conjuntivo

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Beatriz Nunes
UNIVASF, TURMA X
Tecido conjuntivo
1. Conhecer a origem embrionária do tecido conjuntivo;
O mesoderma é a camada que dá origem a quase todos os tecidos conjuntivos do
corpo. Com exceção da cabeça, em que células progenitoras específicas
originam-se do ectoderma por meio das células da crista neural. Assim, via
proliferação e migração das células mesodérmicas e da crista neural surge o tecido
conjuntivo primitivo, mesênquima. Este contém células pequenas e fusiformes, que
formam uma rede celular tridimensional devido a finos prolongamentos
citoplasmáticos que entram em contato com prolongamentos semelhantes em
células vizinhas. Enquanto o espaço celular contém substância fundamental
viscosa, onde se observam fibras de colágenos e reticulares, ambas delgadas e
esparsas.
2. Estudar os tecidos
conjuntivos propriamente dito;
Tecido Conjuntivo Frouxo é
celularizado com fibras colágenas
delgadas e relativamente esparsas.
A substância fundamental ocupa a
maior parte do volume, apresenta
uma consistência viscosa e
gelatinosa. Tem a função de difundir
oxigênio e nutrientes a partir do
pequenos vasos que seguem o seu
percurso através desse tecido, e atuam também na difusão de dióxido de carbono e
restos metabólicos de volta aos vasos. É o tecido em que os microorganismos são
destruídos com auxílio das células do sistema imune, é permeado também por
células errantes transitórias que migram dos vasos sanguíneos. A matriz
extracelular do Tecido Conjuntivo Denso Não Modelado é composta
principalmente de fibras colágenas de diferentes espessuras dispostas em diversas
direções. Devido à orientação diversa de suas fibras colágenas este tecido resiste a
pressões mecânicas e trações originadas de várias direções. As células residentes
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são as mesmas encontradas no tecido conjuntivo frouxo, com grande predomínio de
fibroblastos e fibrócitos.
A pele possui uma camada espessa de tecido
conjuntivo denso não modelado chamada camada
reticular da derme que proporciona resistência a
lacerações e também uma camada denominada
submucosa, presente em órgãos ocos que
possibilitam resistência ao estiramento e a
distensões fortes. O tecido conjuntivo denso modelo caracteriza-se uma matriz
extracelular não fibrilar, fibras dispostas em séries
paralelas e densamente a fim de proporcionar força
máxima ao tecido. Os tendões são estruturas
semelhantes a cordas que insere o músculo ao
osso. Consistem em feixes paralelos de fibras
colágenas. Entre esses feixes, encontram-se fileiras
de fibroblastos que, no tendão, são denominadas
tendinócitos. Os tendinócitos são circundados por
MEC especializada, que os separa das fibrilas
colágenas responsáveis pela sustentação de carga. Em cortes transversais parece
estrela e em cortes paralelos ao eixo longitudinal filamentos citoplasmáticos finos. A
estrutura do tendão é circundada por uma cápsula fina de tecido conjuntivo, o
epitendíneo, no qual as fibras colágenas não estão tão bem ordenadas. Em geral, o
tendão é subdividido em fascículos pelo endotendíneo, uma extensão de tecido
conjuntivo do epitendíneo, e contém os pequenos vasos sanguíneos e nervo. Os
ligamentos, assim como os tendões, consistem em fibras colágenas e fibroblastos
dispostos paralelamente. No entanto, as fibras dos ligamentos exibem um arranjo
não tão regular como o dos tendões. Os ligamentos unem um osso a outro. Alguns
dos ligamentos associados à coluna vertebral (p. ex., ligamentos amarelos) contêm
muito mais fibras elásticas que fibras colágenas. Esses ligamentos são
denominados ligamentos elásticos. As aponeuroses assemelham-se a tendões
largos e planos. As fibras das aponeuroses estão dispostas em múltiplas camadas,
esses em cada uma das camadas estão dispostas em arranjos regulares. Esse
arranjo ortogonal também é encontrado na córnea e é responsável pela sua
transparência.
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3. Conhecer as fibras do tecido conjuntivo (colágenas, reticulares e
elásticas);
As fibras colágenas representam os componentes estruturais mais abundantes do
tecido conjuntivo. São flexíveis e têm resistência à tração notadamente alta. Na
microscopia óptica, as fibras colágenas aparecem como estruturas onduladas de
largura variável e comprimento indeterminado. Coram-se facilmente pela eosina e
por outros corantes ácidos. Além disso, podem ser coradas com o corante azul de
anilina. Quando examinadas com o MET, as fibras colágenas são vistas como feixes
de subunidades filamentosas finas. Essas subunidades consistem em fibrilas
colágenas. Nos tecidos em desenvolvimento ou imaturos, as fibrilas podem ser
finas, com apenas 15 ou 20 nm de diâmetro. No tecido conjuntivo denso modelado
em tendões ou em outros tecidos que estão sujeitos a estresse, podem medir até
300 nm de diâmetro. As fibrilas colágenas coradas com ósmio ou outros metais
pesados examinadas ao MET exibem uma sequência de bandas transversais, que
se repetem a cada 68 nm ao longo do comprimento da fibrila, tal padrão de
bandeamento reflete subunidades da estrutura da fibrila, especificamente o tamanho
e o formato da molécula de colágeno; além disso, reflete o arranjo das moléculas
que formam a fibrila. A molécula de colágeno (também denominada tropocolágeno)
mede cerca de 300 nm de comprimento por 1,5 nm de espessura e apresenta uma
cabeça e uma cauda. Em cada fibrila, as moléculas de colágeno estão alinhadas
cabeça com cauda em fileiras que se sobrepõem em um quarto do comprimento da
molécula em relação às moléculas das fileiras adjacentes. Uma molécula de
colágeno consiste em três cadeias polipeptídicas, conhecidas como cadeias alfa. As
cadeias alfa se entrelaçam, formando uma tríplice hélice dextrogira.
Cada terceiro aminoácido na cadeia é sempre uma
molécula do aminoácido glicina, exceto nas
extremidades das cadeias alfa. Com frequência, uma
molécula de hidroxiprolina ou hidroxilisina precede
cada glicina na cadeia, e cada glicina é frequentemente
seguida de uma prolina. A glicina, um dos menores
aminoácidos existentes, é essencial para a
conformação da tríplice hélice da molécula de
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colágeno. Ao lado da hidroxiprolina e da prolina, a glicina é essencial para a
conformação da tríplice hélice. Em associação à hélice estão grupos de açúcares
unidos a resíduos de hidroxilisila. Por causa desses grupos de açúcares, o colágeno
é adequadamente descrito como uma glicoproteína. A molécula de colágeno pode
ser homotrimérica (consistindo em três cadeias alfa idênticas) ou heterotrimérica
(consistindo em duas ou até mesmo três cadeias alfa geneticamente distintas).
a. Entender a biossíntese do colágeno;
A produção de colágeno fibrilar (I, II, III, V e XI) envolve uma série de eventos que
ocorrem no interior do fibroblasto, que leva à produção de pró-colágeno, o
precursor da molécula de colágeno. A produção do prócolágeno ocorre em
organelas citoplasmáticas envolvidas por membrana, enquanto a montagem das
moléculas de colágeno para formar as fibrilas ocorre nos espaços extracelulares.
A degradação proteolítica ocorre fora das células por meio da atividade de enzimas
denominadas metaloproteinases da matriz (MMPs; do inglês, matrix
metalloproteinases). Tais enzimas são sintetizadas e secretadas na MEC por várias
células do tecido conjuntivo (fibroblastos, condrócitos, monócitos, neutrófilos e
macrófagos), algumas células epiteliais (queratinócitos na epiderme) e células
cancerosas. As MMPs incluem colagenases (que degradam os colágenos dos tipos
I, II, III e X), gelatinases (que degradam a maioria dos tipos de colágenos
desnaturados, a laminina, a fibronectina e a elastina), estromelisinas (que degradam
proteoglicanos, fibronectina e colágenos desnaturados), matrilisinas (que degradam
o colágeno do tipo IV e os proteoglicanos), MMPs tipo membrana (que são
produzidas por células cancerosas e apresentam atividade fibrinolítica pericelular
potente) e metaloelastases dos macrófagos(que degradam a elastina, o colágeno
do tipo IV e a laminina).
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b. Compreender a localização dos principais tipos de fibras
colágenas;
Tipo I: tecido conjuntivo da pele, osso, tendão, ligamentos, dentina, esclera, fáscia e
cápsulas de órgãos (responde por 90% do colágeno corporal) Proporciona
resistência a força, tensão e estiramento.
Tipo II: Cartilagem (hialina e elástica), notocorda e disco intervertebral Proporciona
resistência à pressão intermitente.
Tipo III: Proeminente no tecido conjuntivo frouxo e órgãos (útero, fígado, baço, rim,
pulmão etc.), músculo liso, endoneuro, vasos sanguíneos e pele fetal Forma fibras
reticulares, dispostas em uma rede frouxa de fibras delgadas; proporciona uma
estrutura de sustentação para as células especializadas de vários órgãos e vasos
sanguíneos.
Tipo IV: Lâminas basais dos epitélios, glomérulos renais e cápsula do cristalino
(lente do olho) Proporciona sustentação e fornece uma barreira de filtração.
Tipo V: Distribuição uniforme por todo o estroma de tecido conjuntivo; pode estar
relacionado com a rede reticular; localizado em fibras reticulares da polpa vermelha
do baço Localizado na superfície das fibrilas colágenas do tipo I, juntamente com o
colágeno dos tipos XII e XIV para modular as
propriedades biomecânicas da fibrila.
As fibras reticulares e as fibras colágenas do
tipo I compartilham uma característica
importante porque ambas são constituídas
por fibrilas colágenas. Diferentemente das
fibras colágenas, formadas por colágeno do
tipo I, as fibras reticulares são compostas por
colágeno do tipo III. Cada fibrila que constitui
uma fibra reticular exibe um padrão de
bandeamento de 68 nm (igual às fibrilas
colágenas do tipo I). As fibrilas apresentam
pequeno diâmetro (cerca de 20 nm), são
ramificadas e, em geral, não formam fibras
espessas. Nas preparações de rotina coradas por H-E, não é possível identificar
positivamente as fibras reticulares. Quando vistas à microscopia óptica com técnicas
especiais, as fibras reticulares exibem um aspecto filiforme. No tecido conjuntivo
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frouxo, tramas de fibras reticulares são encontradas no limite entre o tecido
conjuntivo e o epitélio, bem como circundando adipócitos, pequenos vasos
sanguíneos, nervos e células musculares. São também encontradas nos tecidos
embrionários. A prevalência de fibras reticulares constitui um indicador de
maturidade tecidual. São proeminentes nos estágios iniciais da cicatrização de
feridas e na formação de tecido fibrótico, no qual proporcionam uma força mecânica
inicial para a MEC recém-sintetizada. Tipicamente, as fibras elásticas são mais
delgadas que as fibras colágenas e estão dispostas de modo a formar uma rede
tridimensional. Como a elastina é aproximadamente 1.000 vezes mais flexível que o
colágeno, as fibras elásticas estão entrelaçadas com fibras colágenas para limitar a
distensibilidade do tecido e evitar a laceração por estiramento excessivo. As fibras
elásticas não se coram bem pela eosina e, portanto, nem sempre podem ser
distinguidas das fibras colágenas em preparações de rotina coradas por H-E. A
elastina (tropoelastina, 72 kDa) é uma das proteínas mais hidrofóbicas no corpo.
Caracteriza-se pela existência de regiões hidrofóbicas (que representam mais de
80% de toda a estrutura) alternando com regiões hidrofílicas. A elastina também
contém dois grandes aminoácidos peculiares: desmosina e isodesmosina, que são
responsáveis pela ligação covalente das moléculas de elastina entre si. Essas
ligações covalentes unem quatro moléculas de elastina por meio de ligação cruzada
com a desmosina ou com a isodesmosina. A elastina é codificada por um dos
maiores genes do genoma humano. O gene da elastina (ELN) é constituído por
aproximadamente 48 quilobases de DNA genômico no cromossomo 7. Além das
microfibrilas de fibrilina, várias proteínas associadas estão envolvidas na regulação
e na montagem das fibras de elastina. Essas proteínas incluem:
● EMILINA-1 (proteína localizada na interface da microfibrila de elastina, 106
kDa) é uma glicoproteína encontrada na interface elastina-microfibrila de
fibrilina. A EMILINA-1 mais provavelmente regula a produção de agregados
de elastina durante a formação das fibras.
● MAGP-1 (glicoproteína associada à microfibrila, 20 a 30 kDa), outra
glicoproteína, é um componente de quase todas as microfibrilas de fibrilina
associadas à elastina. A MAGP-1 se liga a moléculas de elastina, fibrilina 1 e
várias proteínas da matriz extracelular. Tanto a EMILINA-1 como a MAGP-1
desempenham importante papel na regulação da elastogênese.
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A tradução de RNA mensageiro (mRNA) ocorre na superfície do RER, e as cadeias
polipeptídicas de tropoelastina são liberadas para o lúmen do RER. A tropoelastina
é, então, transportada para o complexo de Golgi, no qual sofre pouquís-sima
modificação pós-tradução, e depois é secretada para o espaço extracelular. A
secreção de tropoelastina ocorre apenas em regiões específicas da membrana
plasmática. Essas regiões correspondem a acúmulo extracelular de microfibrilas de
fibrilina que formam um arcabouço no qual a elastina é depositada. Na presença de
MAGP-1, a tropoelastina é depositada em pequenos grumos que gradativamente se
fundem para formar fibras de elastina amorfas que incorporam microfibrilas de
fibrilina à sua estrutura (ver Figura 6.15). A síntese de elastina acompanha a
produção de colágeno, e ambos os processos podem ocorrer simultaneamente em
uma célula.
4. Conhecer a composição da MEC;
A matriz extracelular (MEC) é uma rede estrutural complexa e intrincada, que
circunda e sustenta as células no tecido conjuntivo. Contém uma variedade de
fibras, como fibras colágenas e elásticas, que são formadas a partir de diferentes
tipos de proteínas estruturais. A MEC proporciona um suporte mecânico e estrutural,
bem como resistência à tração para o tecido. Além disso, atua como barreira
bioquímica e participa da regulação das funções metabólicas das células
circundadas pela matriz. A MEC ancora as células dentro dos tecidos por meio de
moléculas de adesão entre elas e a célula, e fornece vias para a migração celular,
exerce efeito regulador sobre o desenvolvimento embrionário e a diferenciação
celular, pois a matriz é capaz de se ligar a fatores de crescimento e retê-los, os
quais, por sua vez, modulam o crescimento celular. Além disso, a MEC contém
vários tipos de proteoglicanos (p. ex., agrecano e sindecano), glicoproteínas
multiadesivas (tais como fibronectina e laminina) e glicosaminoglicanos (p. ex.,
sulfato de dermatano, sulfato de queratano e ácido hialurônico). Os últimos três
grupos de moléculas constituem a substância fundamental. A substância
fundamental é viscosa e clara, parece escorregadia e tem alto teor de água,
consiste predominantemente em: proteoglicanos, macromoléculas de grande
peso molecular, formadas por um eixo proteico central; moléculas de
glicosaminoglicanos (GAGs; do inglês, glycosaminoglycan molecules), ligadas de
modo covalente aos proteoglicanos; e glicoproteínas multiadesivas. Os GAGs
são os heteropolissacarídeos lineares mais abundantes da substância fundamental.
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Essas moléculas representam longas cadeias de polissacarídeos não ramificados,
compostos por unidades repetidas de dissacarídeos. As unidades dissacarídicas
contêm um de dois açúcares modificados – N-acetilgalactosamina (GalNAc) ou
N-acetilglicosamina (GlcNAc) – e um ácido urônico, que pode ser o glicurônico ou o
idurônico. Os GAGs (com exceção do ácido hialurônico) sofrem modificações
pós-tradução. Por ação enzimática, essas moléculas ligam-se covalentemente a um
eixo proteico, formando agregados moleculares de grande peso molecular,
denominados proteoglicanos. Os GAGs têm carga elétrica altamente negativa, em
virtude dos grupos sulfato e carboxila localizados em muitos dos açúcares. Essas
cargas elétricasnegativas explicam a afinidade dessas moléculas por corantes
básicos. A alta densidade de cargas elétricas negativas (poliânions) também atrai a
água, formando um gel hidratado. A composição gelatinosa da substância
fundamental possibilita a rápida difusão de moléculas hidrossolúveis. Ao mesmo
tempo, a relativa rigidez dos GAGs fornece um arcabouço estrutural para as células.
O GAG hialuronano trata-se de uma molécula rígida e extremamente longa,
composta por uma cadeia de carboidratos de milhares de açúcares, enquanto há
apenas várias centenas (ou menos) de açúcares em outros GAGs. As moléculas de
ácido hialurônico são muito volumosas (100 a 10.000 kDa) e podem reter um grande
volume de água, não sofrem modificação pós-tradução e é o único GAG não
sulfatado. O ácido hialurônico
distingue-se também por não formar
proteoglicanos. Contudo, por meio de
proteínas ligantes especiais, os
proteoglicanos ligam-se indiretamente
ao ácido hialurônico, formando
macromoléculas gigantes,
denominadas agregados de
proteoglicanos. No tecido conjuntivo,
os GAGs estão ligados, em sua
maioria, a proteínas centrais (eixo proteico), formando proteoglicanos. Os GAGs se
estendem perpendicularmente a partir do eixo proteico, formando uma estrutura
semelhante a uma escova. A ligação dos GAGs ao eixo proteico requer um
trissacarídeo específico, composto por dois resíduos de galactose e um resíduo de
xilose. O trissacarídeo de ligação está acoplado ao núcleo de proteína por meio de
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uma ligação O-glicosídica. O eixo proteico é rico em resíduos de serina e de
treonina, os quais possibilitam múltiplas ligações com os GAGs. O número de GAGs
ligados ao núcleo proteico varia de 1 (i. e., decorino) a mais de 200 (i. e., agrecano).
Uma proteína central pode ter GAGs idênticos ligados a ela (como no caso do
fibroglicano ou versicano) ou moléculas de GAGs diferentes (como no caso do
agrecano ou sindecano). Os proteoglicanos são encontrados na substância
fundamental de todos os tecidos conjuntivos, e também como moléculas inseridas
na superfície da membrana de muitos tipos celulares. Os proteoglicanos
transmembrana, como o
sindecano, conectam as células
a moléculas da MEC.
Como um exemplo dessa
função, o sindecano é expresso
na superfície dos linfócitos B em
duas etapas diferentes de seu
desenvolvimento. As moléculas
de sindecano são inicialmente
expressas durante o
desenvolvimento inicial, quando
os linfócitos estão aderidos a
proteínas da matriz da medula
óssea, enquanto sofrem
diferenciação. A perda da
expressão desse proteoglicano
coincide com a liberação dos
linfócitos B na circulação. A
segunda ocasião em que os
linfócitos B expressam
sindecano é durante a sua diferenciação em plasmócito no tecido conjuntivo. O
sindecano fixa o plasmócito às proteínas da MEC do tecido conjuntivo. O agrecano
é outro proteoglicano extracelular importante. Suas moléculas são ligadas de modo
não covalente à longa molécula de ácido hialurônico (semelhante às cerdas de uma
escova para lavar garrafas); essa organização é efetuada por proteínas ligantes.
Múltiplas cadeias de sulfato de condroitina e sulfato de queratano estão ligadas de
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modo covalente a cada proteína central de agrecano por meio de trissacarídeos As
glicoproteínas multiadesivas representam um grupo pequeno, mas importante, de
proteínas que residem na MEC. São moléculas com vários domínios multifuncionais,
que desempenham um importante papel na estabilização da MEC e na sua
interação com a superfície celular. Contêm locais de ligação para várias proteínas
da MEC, tais como colágenos, proteoglicanos e GAGs; além disso, interagem com
receptores de superfície celular. As glicoproteínas multiadesivas regulam e modulam
as funções da MEC relacionadas com o movimento e a migração das células, e
também estimulam a
proliferação e a diferenciação
celulares.
A fibronectina (250 a 280 kDa)
é a glicoproteína mais
abundante no tecido conjuntivo.
As fibronectinas são moléculas
diméricas formadas a partir de
dois peptídios semelhantes
ligados por pontes de dissulfeto
a uma extremidade
carboxiterminal, formando
braços longos de 50 nm. A
laminina (140 a 400 kDa) é
encontrada na lâmina basal e
na lâmina externa. Contém locais de ligação para moléculas de colágeno do tipo IV,
sulfato de heparano, heparina, entactina, laminina, e para o receptor de laminina na
superfície celular. A tenascina (280 kDa/monômero) é expressa durante a
embriogênese. Sua síntese é desativada nos tecidos maduros e reativada durante a
cicatrização de feridas. A tenascina também é encontrada nas junções
musculotendíneas e em tumores malignos. A tenascina é uma molécula dimérica
ligada por ponte dissulfeto, que consiste em seis cadeias unidas em suas
extremidades aminoterminais. A osteopontina (44 kDa) é encontrada na MEC do
osso. Liga-se aos osteoclastos e os fixa na superfície óssea subjacente. A
osteopontina desempenha um importante papel no sequestro do cálcio e na
promoção da calcificação do MEC.
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5. Estudar as principais células que compõem o tecido conjuntivo e
suas funções.
Os fibroblastos são responsáveis pela síntese
de colágeno, pelas fibras elásticas e
reticulares e pelos complexos de carboidratos
da substância fundamental. As pesquisas
sugerem que um único fibroblasto é capaz de
produzir todos esses componentes da MEC.
Os fibroblastos residem em estreita
proximidade com as fibras colágenas. Nas preparações de rotina coradas por H-E,
com frequência, apenas o núcleo pode ser visto. O núcleo aparece como uma
estrutura alongada ou discoide, algumas vezes com um nucléolo evidente. Os
prolongamentos achatados, finos e de coloração pálida que formam a massa do
citoplasma não costumam ser visíveis, em grande parte pelo fato de estarem
recobertos com as fibras colágenas. Em algumas amostras especialmente
preparadas, é possível distinguir o citoplasma da célula dos componentes fibrosos.
O miofibroblasto é uma célula do tecido conjuntivo alongada e delgada, que não é
facilmente identificada nas preparações rotineiras coradas por H-E. Caracteriza-se
pela existência de feixes de filamentos de actina associados à proteína motora
miosina não muscular. Nos miofibroblastos, a expressão de alfa-actina de músculo
liso (α-SMA; do inglês, α-smooth muscle actin) – uma isoforma da actina encontrada
nos músculos lisos dos vasos sanguíneos – é regulada pelo TGF-β1. O local no qual
as fibras de actina se fixam à membrana plasmática também funciona como uma
junção entre a célula e a MEC, e é denominado fibronexo. Além dos perfis de RER
e do complexo de Golgi, o miofibroblasto contém feixes de filamentos de actina
dispostos longitudinalmente, e corpúsculos densos semelhantes aos observados
nas células musculares lisas. Assim como a célula muscular lisa, o núcleo
frequentemente exibe um perfil de superfície ondulado, um fenômeno que está
associado à contração celular. O miofibroblasto difere da célula muscular lisa, uma
vez que carece de lâmina basal (as células musculares lisas são circundadas por
uma lâmina basal ou externa). Os macrófagos do tecido conjuntivo, também
conhecidos como histiócitos teciduais, derivam de células sanguíneas denominadas
monócitos.
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Os monócitos migram da corrente sanguínea para
dentro do tecido conjuntivo, no qual se diferenciam
em macrófagos. Ao microscópio óptico e com o uso
de corantes convencionais, os macrófagos teciduais
são difíceis de identificar, a não ser que exibam
evidências óbvias de atividade fagocítica – por
exemplo, material ingerido visível dentro de seu
citoplasma. Outra característica que ajuda a
identificar os macrófagos consiste em seu núcleo
endentado ou reniforme. Os macrófagos têm
proteínas específicas em sua superfície, conhecidas como moléculas do complexo
principal de histocompatibilidade II (MHC II; do inglês, major histocompatibilitycomplex II), que possibilitam a sua interação com linfócitos T auxiliares CD4+ .
Quando os macrófagos fagocitam uma célula estranha, antígenos – polipeptídios
curtos (com comprimento de 7 a 10 aminoácidos) da célula estranha – são exibidos
na superfície de moléculas MHC II. Se um linfócito T CD4+ reconhecer o antígeno
apresentado, ele se torna ativado, deflagrando uma resposta imune (APC´S). Os
macrófagos chegam ao local de lesão tecidual depois dos neutrófilos e sofrem
diferenciação. Depois de 24 h, os monócitos dos vasos sanguíneos alcançam o
local de lesão e diferenciam-se em macrófagos, permanecendo até a resolução da
inflamação. No início, o objetivo dos macrófagos é destruir os microrganismos que
sobreviveram ao ataque dos neutrófilos. Simultaneamente, os macrófagos são
ativados pela interação de várias moléculas produzidas pelos neutrófilos e pelos
microrganismos invasores. Durante esse processo, os macrófagos passam por uma
série de modificações funcionais, morfológicas e bioquímicas desencadeadas por
várias ativações de genes.
● A ativação pela gamainterferona (IFN-γ), pelo fator de necrose tumoral
alfa (TNF-α; do inglês, tumor necrosis factor α) ou pelo
lipopolissacarídeo (LPS) bacteriano resulta no macrófago classicamente
ativado ou macrófago M1, que em resumo desencadeiam inflamação
crônica e lesão tecidual.
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● Esses macrófagos têm a capacidade de destruir microrganismos no local de
inflamação por meio da produção de óxido nítrico (NO; do inglês, nitric
oxide) e outros intermediários.
● Interleucina (IL)-12, que estimula os linfócitos T auxiliares CD4+.
● T auxiliares secretam IL2, que estimula a chegada dos linfócitos T citotóxicos
CD8+ ao local de inflamação.
Durante esse período, os macrófagos são ativados pelas citocinas IL-4, IL-5, IL-10
ou IL-13. Esses tipos de células são designados macrófagos alternativamente
ativados ou macrófagos M2, estes últimos são antiinflamatórios porque ajudam na
resolução do processo inflamatório. Os macrófagos M2 também secretam
componentes da MEC (p. ex., fibronectina e outras glicoproteínas multiadesivas), e
promovem o reparo de feridas em virtude de suas atividades anti-inflamatória,
proliferativa e angiogênica. Os macrófagos M2 também são eficientes no combate
às infestações parasitárias (i. e., esquistossomose). Os mastócitos são células
grandes e ovoides do tecido conjuntivo (20 a 30 μm de diâmetro), com núcleo
esférico e citoplasma preenchido por grânulos grandes e intensamente basófilos.
Não são facilmente identificados em cortes de tecidos humanos, a não ser que
sejam usados fixadores especiais para preservar os grânulos. Após fixação, os
grânulos dos mastócitos podem ser demonstrados com corantes básicos, como azul
de toluidina; este cora intensamente os grânulos de modo metacromático, visto que
eles contêm heparina, um proteoglicano
altamente sulfatado.
A maioria dos mastócitos do tecido conjuntivo
da pele, da submucosa intestinal e dos
linfonodos mamários e axilares contém
grânulos citoplasmáticos com estrutura
interna semelhante a uma rede. Essas
células contêm as enzimas triptase e
quimase associadas aos grânulos, e são
designadas mastócitos MCTC ou mastócitos do tecido conjuntivo. Por outro lado,
nos pulmões e na mucosa intestinal, os mastócitos contêm grânulos com uma
estrutura interna semelhante a um rolo. Essas células produzem apenas triptase e
são denominadas mastócitos MCT ou mastócitos da mucosa. Na mucosa nasal são
encontradas concentrações quase equivalentes de cada um dos dois tipos.
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● A histamina, uma amina biogênica que aumenta a permeabilidade dos
pequenos vasos sanguíneos, causando edema no tecido circundante e
reação cutânea demonstrada por sensação de prurido.
● A heparina, um GAG sulfatado que atua como anticoagulante, cuja expressão
é limitada essencialmente aos grânulos dos mastócitos e basófilos. Quando
se une à antitrombina III e ao fator plaquetário IV, a heparina pode bloquear
numerosos fatores de coagulação.
● Serinoproteases (triptase e quimase). A triptase é seletivamente concentrada
nos grânulos secretores dos mastócitos humanos (mas não nos basófilos). É
liberada pelos mastócitos, juntamente com a histamina, e serve de marcador
da ativação dos mastócitos. A quimase desempenha um importante papel na
produção de angiotensina II em resposta à lesão tecidual vascular
Os basófilos são granulócitos que circulam na corrente sanguínea e representam
menos de 1% dos leucócitos periféricos, eles se desenvolvem e amadurecem na
medula óssea e são liberados na circulação como células maduras. Além disso,
apresentam muitas outras características em comum com os mastócitos, como
grânulos secretores basofílicos, capacidade de secretar mediadores semelhantes e
quantidade abundante de receptores Fc de alta afinidade para anticorpos IgE em
suas membranas celulares. Os adipócitos diferenciam-se das células-tronco
mesenquimatosas e acumulam gradualmente gordura em seu citoplasma.
Localizam-se em todo o tecido conjuntivo frouxo, como células individuais ou em
grupos de células. Quando se acumulam em grande número, formam o tecido
adiposo. Os adipócitos também estão envolvidos na síntese de vários hormônios,
mediadores inflamatórios e fatores de crescimento. Os linfócitos caracterizam-se
pela expressão de moléculas específicas na membrana plasmática, conhecidas
como proteínas de grupo de diferenciação (CD). Os linfócitos T caracterizam-se pela
existência de proteínas marcadoras CD2, CD3, CD5 e CD7 e de receptores de
células T. Os linfócitos B caracterizam-se pela existência das proteínas CD9, CD19
e CD20 e imunoglobulinas IgM e IgG imobilizadas. O plasmócito é uma célula
ovoide relativamente grande (20 μm), com uma quantidade considerável de
citoplasma. O citoplasma exibe forte basofilia, devido à existência de um substancial
RER. Uma vez diferenciado do precursor de seu linfócito B, o plasmócito tem
capacidade migratória limitada e um tempo de sobrevida curto, de 10 a 30 dias
Beatriz Nunes
UNIVASF, TURMA X
apenas. Determinadas células migram rapidamente do sangue para penetrar no
tecido conjuntivo, particularmente neutrófilos e monócitos, em resposta à lesão
tecidual. Em geral, sua existência indica uma reação inflamatória aguda.

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