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QUADRAGÉSIMO EXAME DA ORDEM UNIFICADO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL QUESTÃO 51 Felipe propôs ação de reparação de danos contra Gustavo fundada em responsabilidade extracontratual, em razão de Felipe ter sido atacado pelo cachorro de Gustavo, enquanto transitava pela rua perto de sua casa. Em primeira instância, os pedidos formulados por Felipe em sua petição inicial foram julgados totalmente procedentes. Depois da publicação da sentença de procedência, Gustavo interpôs apelação para buscar a reforma integral da sentença. Simultaneamente, Felipe opôs embargos de declaração contra a sentença para obter a majoração dos honorários de sucumbência, considerando que não foi fixado o percentual mínimo previsto no Art. 85, §2º, do Código de Processo Civil. Sobre essa situação hipotética, assinale a afirmativa que apresenta, corretamente, a conduta que você, como advogado(a) do embargado, deverá adotar. a) Apresentar nova apelação após o julgamento dos embargos de declaração opostos por Felipe, independentemente do resultado do julgamento dos embargos de declaração. b) Complementar ou alterar as razões de apelação, se houver o acolhimento dos embargos de declaração opostos por Felipe. c) Ratificar as razões de sua apelação após o julgamento dos embargos opostos por Felipe, sob pena de não conhecimento do recurso de apelação. d) Apresentar nova apelação após o julgamento dos embargos de declaração opostos por Felipe se os embargos de declaração forem acolhidos. LETRA “B” CORRETA. FUNDAMENTO: ART. 1.024, §4º DA LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015 (CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL). Vejamos: Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. § 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente. § 2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocraticamente. § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º. § 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação. A afirmativa correta é a letra b) "Complementar ou alterar as razões de apelação, se houver o acolhimento dos embargos de declaração opostos por Felipe." Isso se deve ao disposto no artigo 1.024, §4º do Código de Processo Civil (CPC), que estabelece que se o acolhimento dos embargos de declaração implicar modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. Portanto, caso os embargos de declaração de Felipe sejam acolhidos e isso resulte em modificação da decisão embargada, você, como advogado(a) do embargado, deverá complementar ou alterar as razões de apelação para adequá-las à nova situação. Lembrando que os embargos de declaração, também denominados embargos declaratórios ou aclaratórios, representam um recurso no âmbito do Direito brasileiro, utilizado por uma das partes de um processo judicial com o intuito de solicitar ao juiz ou tribunal que esclareça aspectos específicos de uma decisão proferida. Essa solicitação é fundamentada na alegação de erro material, omissão, contradição ou obscuridade presentes na decisão objeto dos embargos. Tal recurso tem por desígnio primordial eliminar eventuais dúvidas ou contradições que possam subsistir na decisão judicial, visando a conferir maior clareza e compreensão dos fundamentos que a embasam. O erro material refere-se a equívocos de natureza factual ou aritmética que possam ter influenciado de alguma forma na decisão proferida. A omissão ocorre quando o julgado deixa de abordar questões relevantes para a resolução da controvérsia ou de se pronunciar sobre pedidos específicos das partes. A contradição manifesta-se quando há incoerência entre os fundamentos adotados na decisão ou entre partes do próprio julgado. Por fim, a obscuridade diz respeito a aspectos da decisão que apresentam dificuldades de compreensão ou interpretação.